Inocência - Visconde de Taunay

Sinopse: "Inocência" é um marco do Romantismo e também um dos melhores exemplos de literatura regionalista, revelando detalhadamente a vida sertaneja do interior do Mato Grosso na metade do século passado. Fiel à tendência romântica, o romance possui no seu núcleo uma história de amor impossível: a jovem cabocla Inocência está prometida por seu pai ao rude sertanejo Manecão, mas apaixona-se pelo forasteiro Cirino, gerando uma série de conflitos devido ao rigoroso código de honra da época. (Skoob)

Clássico do Romantismo brasileiro, Inocência, de Visconde de Taunay, possui todos os atributos inerentes a esse movimento literário: uma donzela apaixonada, um homem que a idolatra, demonstrando a idealização do amor e da mulher, e a valorização da natureza. Passando-se no século XIX, no interior do Brasil, a obra retrata o cotidiano simples e os modos modestos de vida, as dificuldades dos viajantes, o tratamento dispensado à mulher e o convívio diário com doenças e males que atingiam a população.

Cirino, pseudomédico, viaja pelo sertão do Mato Grosso a curar doentes. A caminho da próxima vila, depara-se com Sr. Pereira, que volta da cidade frustrado por não conseguir encontrar o remédio que sua filha precisa para as sezões (febres) da maleita (malária). Sr. Pereira mal podia acreditar em sua sorte: leva Cirino à sua fazenda, pede que se instale por lá e diz que avisará os doentes da região a fim de que venham até ele e que não precise parar de trabalhar. Pouco depois da chegada de Cirino à fazenda, surge também um novo visitante. Meyer, um alemão que está no Brasil para pesquisar insetos, abriga-se também nas terras de Sr. Pereira. 

“Com efeito, de volta à sala dos hóspedes, não pôde mais conciliar o sono e, sem que houvesse conseguido fruir um só momento de descanso, viu raiar a aurora. Parecia-lhe que o peito ardia todo em chamas a subirem-lhe às faces, abrasando-lhe o pensamento.
Aquele venusto rosto que contemplara a sós; aqueles formosos olhos, cujo brilho a furto percebera, aquele colo alabastrino que a medo se descobrira, aquelas indecisas curvas de um corpo adorável, todo aquele conjunto harmonioso e encantador que vira à luz de frouxa vela, fatalmente o lançavam nesse pélago semeado de tormentas que se chama paixão!”


Logo que se põe a cuidar da filha de Pereira, Inocência, sob olhares fiscalizadores do pai; que não podia deixá-la sozinha com um homem, Cirino logo se vê apaixonado pela moça. Sr. Pereira, que desconfia das intenções do ingênuo Meyer, mal consegue perceber as de Cirino, que consegue furtivos encontros com Inocência. Cirino, entretanto, nada podia esperar com ela, pois já estava prometida a Manecão, e palavra é a moeda mais valiosa do sertão.

Diferente do que encontrei em Memórias de um Sargento de Milícias, Inocência não traz tantas novidades, e é até previsível. Mas não, por isso, deixa de ser uma leitura bem agradável. Claro que, por se tratar de um clássico, requer um pouco de paciência para nos adequarmos à linguagem, mas há tanta riqueza cultural nessas obras que eu acredito que valha a pena. Além do mais, depois que se acostuma à escrita, vemos como a forma de narração é bela e musical. Mesmo as expressões regionalistas utilizadas nos diálogos não causam prejuízo a essa característica.

O romance se desenvolve de maneira meio irreal, mas, como não sabemos o que era viver naqueles tempos, não há como julgar se poderia ou não ter acontecido. Não me identifiquei tanto com o casal principal, o que não me impediu de torcer por eles e tentar encontrar uma solução para o desafio dos dois.

Como todo clássico, deve-se saber apreciar. Eu mesma só comecei a gostar deles quando me livrei de certos preceitos que adotava sem perceber, e não tenho me arrependido disso. Inocência é um livro interessante de conhecer, mas não se pode esperar cair de amores.
j
j

25 comentários:

  1. Oi Julia!
    Apesar de ser um clássico eu nunca tinha ouvido falar nesse livro...
    A história parece interessante, mas acho que eu desistiria de ler por causa da linguagem :(
    Beijos,
    Sora - Meu Jardim de Livros

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  2. De todos os movimentos literários, o que eu mais gosto é o Romantismo. Mas confesso que li pouquíssimas obras da época, aliás, li poucas obras de qualquer movimento literário, haha. Mas concordo com você: era outra época, outros valores e visões, então temos que saber apreciar. E eu admito que ainda não consegui me livrar de alguns pré-conceitos para mergulhar de verdade num clássico como esse!

    beijo

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  3. Nossa Julia eu não conhecia esse livro, sou meio por fora de clássicos, só conheço os que li quando estava no Ensino Médio.
    Parabéns pela resemha.
    Beijos.

    Books e Desenhos

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  4. Nossa
    Vendo esses livro só me lembro do meu ensino medio
    E já perdi as contas de quantas vezes assisti meus professores falando desse livro
    Mas nunca li Oo'

    http://pocketlibro.blogspot.com/

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  5. Ah que pena... Mas a sua resenha me deixou curiosa mesmo assim! Ainda não li esse clássico. :s
    Bjss!

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  6. Oi Julia xD
    Nunca ouvi falar nesse livro. Como vc deve ter percebido, n sou mt fã de clássicos.
    A capa é simples mas achei bem bonita, acredito que seja da mesma editora da ultima versão de Lucíola.
    Li que vc n se identificou com o casal principal, digo que isso já é meio caminho andado pra eu desistir da leitura hehe
    bjs!

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  7. Oi Julia!
    Fiquei com vontade de ler o livro! Apesar de ser previsível, como você disse, gostei da história!
    Acho legal quando deixamos nossos preconceitos de lado e, mesmo que o livro não entre pro ranking dos favoritos, toda leitura é válida!
    Beijos!

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  8. Ler um classico requir muita paciencia mesmo. A linguagem eh mais rebuscada e as vezes torna a leitura dificil e cansativa. Li Inocencia entre trancos e barrancos e assim como voce nao me identifiquei muito com o casal principal.
    Para quem quer se arriscar na leitura de classicos brasileiros esse eh sem duvida leitura obrigatoria, apesar de nao ser das mais agradaveis, rrsrsrsrsrs.

    Beijos.
    Caline
    Mundo de Papel

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  9. Também não conhecia o livro... e confesso que não fiquei com muita vontade de ler. Mas sua resenha está linda, como sempre ;p

    Beijos.

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  10. Me sinto envergonhadinha por nunca ter lido nada do Visconte...hahaha! Mas amei o post! Confesso que de literatura brasileira, eu estou por fora. Gosto de alguns clássicos, mas preciso ler mais, não sei mesmo o motivo de ter parado de ler, há taaaaaanto tempo! :D

    Mas sobre essa coisa dos preceitos, é a pura verdade, especialmente com clássicos. Você PRECISA ser transportar para uma determinada época e compreender que as coisas funcionavam de outro jeito. Se conseguir fazê-lo e ainda sim não gostar, aí é outra história, questão de gosto. Geralmente eu adoro, amo coisas antigas, hahaha!

    E jura que não sabia que os moicanos eram uma tribo indígena?? Poxa, haha! Eu assisto "O Último dos Moicanos" desde criança, lembro que sempre passava na Globo, mas admito que também só descobri pelo filme, se fosse pelo cabelo, só...nunca imaginaria, hahah!! E eu super recomendo o filme, fácil de assistir, comovente, super interessante...muito legal! =D

    Beijão!!!!

    PS: também não sei a razão de tantas mudanças de livro para filme. Sei que são mídias diferentes, mas tem muita coisa que pode ser facilmente adaptada para as telonas, mas que o pessoal muda mesmo assim. Acho que NUNCA entenderei, hahah!

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  11. Preciso tomar vergonha na cara e dar mais chances para os clássicos brasileiros.
    Gostei da resenha e espero poder lê-lo em breve.

    p.s: O namorido diz que eu já tenho livros de mais também, e que eu devo terminar de ler os que ainda faltam ser lidos para poder comprar novos. Mas por sorte, vira e mexe ele me dá algum rsrs #e isso é ótimo srs

    :**

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  12. Julia,
    Estávamos com enfoque em romantismo no último semestre na escola e, confesso que já gostei mais dessa escola literária.
    Há uns dois anos, lia Camilo Castelo Branco (um dos mais doídos e difíceis, romantismo português), José de Alencar e até a fase romântica de Machado de Assis que, apesar de ser considerada a mais fraca, eu amava... Tinha também Alexandre Dumas Filho, na corrente francesa e, nossa, como eu adorava essas histórias de amores perfeitos e complicados (ou não)! hahah
    Hoje acabei me cansando deles, mas tenho vontade de ler "Inocência" pela notável riqueza da escrita e a própria temática meiga, de romance interiorano. Às vezes faz bem, não?
    Gostei da sua resenha :)

    Beijinhos,
    Ana - Na Parede do Quarto

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  13. OI Ju!
    Eu amoo clássicos do romantismo brasileiro! Li vários por conta própria e mesmo q as histórias sejam mto clichê, eu me divirto!

    Eu ainda não li esse livro e nenhum outro desse autor, mas fica a dica. Assim que eu tiver tempo de voltar a ler meus clássicos, vou procurá-lo.

    BjoO
    Pri
    Entre Fatos e Livros

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  14. Os clássicos realmente devem ser valorizados pelo que são, jóias literárias que nos permitem conhecer a fundo a história sobre um povo, região, um tempo, e mesmo quando vem com uma linguagem mais diferenciada não é nenhum impedimento pois é sempre bom enriquecermos nosso vocabulário! Gostei da história do livro e dos pontos observados na resenha, parece ser interessante e sem dúvida uma leitura muito válida!

    Bjs!

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  15. Hey (:
    Sabe, eu não tenho muita paciência pra livros clássicos UAHSUAHS verdade, eu sei que eles são muito bons, mas eu realmente não gosto de ler :S Mas esse parece ser bacana, gostei da sua resenha.

    Beijos, Vanessa.
    This Adorable Thing

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  16. Que bom que você se rendeu aos clássicos. Estes são maravilhosos, se quisermos. Este livro não é muito conhecido, pois quando se estuda Romantismos, devemos ler por obrigação José de Alencar,Manuel Antônio de Almeida , e o pobre do Taunay fica esquecido. Já li este, faz tempo, mas ainda lembro um pouco da trama.
    Adorei sua resenha, bju Ju.

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  17. Oii Julie! Nunca tinha ouvido falar desse livro, rs ;x
    E realmente nao chamou muito a minha atenção, fiquei meio com o pé atrás, acho que não seria um livro que eu pegaria pra ler por livre e espontânea vontade rs

    Beijos, nanda
    www.julguepelacapa.blogspot.com

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  18. Nunca ouvi falar desse livro oO E eu achando que conhecia bem os clássicos da literatura nacional rs

    Mas de qualquer forma, a sinopse não me interessou. Nunca na verdade fui muito fã desses livros que éramos obrigados a ler no colégio...

    Bjs,
    Kel
    www.itcultura.com

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  19. Ah, confesso que não tenho muita paciência para ler clássicos. Que coisa mais horrível de se falar né?! 'Haha. Porém adorei a sua resenha, não é um livro que eu leria no momento, mas quem sabe no futuro :D

    Beijos&beijos
    Book is life

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  20. Apesar de adorar clássicos, nunca tinha ouvido falar desse.
    Se a minha fila de leitura diminuir um pouco, vou procurar lê-lo

    Beijos

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  21. Ei Julia,

    Eu já ouvi falar, mas não cheguei a ler. Teve uma época pré facul que eu só lia clássicos e amava. Depois tomei birra hahaha, tenho que voltar a ler, estou muito pop depois do blog :P

    bjos

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  22. Clássicos da liter†atura é comigo mesmo. Na primeira vez que o li foi meio assustador por ter sido no ensino fundamental, mas já na faculdade, com outra mentalidade, tirei ótimas conclusões dele. A história é ótima e a linguagem riquíssima, como você disse Julia, um verdadeiro clássico! Um dos livros clássicos da literatura brasileira que eu gosto muito é Dom Casmurro, já leu?

    Beijos!
    http://pronomeinterrogativo.blogspot.com/

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  23. Eu nunca tinha reparado nesse livro, e exatamente por ser um clássico eu não leria. Eu tenho um trauma enorme com eles. Quero ver agora que terei que ler muito deles. :/
    Beijos,K.
    Girl Spoiled

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  24. Envergonhadamente, admito que os Clássicos nunca me chamaram muita atenção. Sério, eu sempre acabo achando os livros clássicos mt boring haha

    Ah, qt ao layout - relaxa, o importante é o blog ter conteúdo! haha

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  25. Não vou mentir, não li muitos clássicos. Aliás, o unico que me vem a mente foi justemente o que você citou. Memórias de um Sargento de Milícias. A linguagem me cansou, em alguns momentos, mas gostei da leitura. Por ser obrigatoria, acho que ainda fiquei com um pé atrás, mas quando lemos um livro por vontade propria, ele pode ser duas vezes melhor. Sua resenha tá super bem escrita, Julia.

    Beijos
    Mulher gosta de falar

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Beijos, Julia G.