Te amo, te odeio, sinto tua falta - Elizabeth Scott


“J,
Estava falando sério outro dia. Odeio você. Queria que fosse diferente, mas não é.
E saber disso – Julia, saber disso torna tudo ainda muito pior. Odeio você por morrer. [...]
Sinto sua falta o tempo todo; como você aplicava henna no seu cabelo porque era terça-feira, como você ria e dizia, “Dez, sua tonta”, quando eu falava alguma besteira, como você sempre sabia, de alguma forma, quando eu precisava de um saco de batatas temperadas da máquina no corredor para enfrentar as últimas aulas no colégio, mas nos últimos dias tenho sentido tanta saudade que é como se sentir saudade resumisse quem sou.” (p. 151)

SCOTT, Elizabeth. Te amo, te odeio, sinto tua falta. Baependi, MG: Editora Underworld, 2011. 180 p.


Amy perdeu sua melhor amiga, Julia, e sua marcação de tempo não pode ser feita de outro modo, senão pelos dias desde que ela se foi. Depois de uma temporada de tratamento em Pinewood, Amy precisa retomar sua rotina, mas algumas coisas são quase insuportáveis sem Julia. Além disso, seus pais parecem querer fazer parte de sua vida como nunca tentaram antes, dando a ela a importância que sempre quis, mas que agora não fazia diferença.

A ideia que tinha de Te Amo, Te Odeio, Sinto tua Falta, de Elizabeth Scott, era bastante diferente do que o livro realmente é, mas não consigo valorar de forma positiva ou negativa essas divergências. Com um toque melancólico, a narrativa é feita em primeira pessoa por Amy, de duas formas diferentes: com foco em seu dia a dia, mas alternando para seus pensamentos mais introspectivos quando ela escrevia cartas destinadas a Julia.

A história traz uma mensagem sobre a amizade, sobre as escolhas e as responsabilidades. Ao abordar o acidente de Julia, a autora demonstra que todos têm seu peso sobre os acontecimentos, inclusive as “vítimas”, e não se pode incumbir apenas uma pessoa de todas as culpas. O livro aborda ainda as formas de seguir em frente, sem necessariamente esquecer, mas buscar uma nova maneira que seja melhor.

Sobre minhas impressões mais pessoais, exasperou-me a imaturidade das personagens. Elas são mostradas na fase da adolescência, com os erros e acertos desse momento. Há, então, muita paquera, drogas e bebidas. Quanto a esses aspectos, a autora tentou não fazer nenhum juízo de valor, mas por isso constavam com uma banalidade que me incomodou.

Enquanto Amy lembrava o passado e a forma como Julia tornava tudo mais fácil e “legal”, ela também começava a reaprender a construir novos rumos. Amy desenvolveu algum tipo de dependência do apoio da amiga antes do acidente, tanto que não se falou de nenhum outro contato social que não fosse superficial. Era quase uma submissão, mesmo que Amy não percebesse, e isso parecia doentio. Aos poucos, contudo, depois de muito sofrimento, a garota demonstra que consegue transformar esse sentimento e viver por si.

Também de um jeito sombrio, Patrick era um garoto sensível e fofo, e sua alma e tristeza pareciam ser um espelho do que sentia Amy. As dores de cada um, e dos dois juntos, deu delicadeza aos sentimentos que se desenvolveram, de maneira tão sutil que o relacionamento quase não se desenvolveu – por mais paradoxo que isso pareça.

Talvez eu não tenha conseguido admirar toda a beleza do texto, mas uma história que poderia ter sido linda se tornou, para mim, indiferente. Foi uma leitura rápida, com contribuição da linguagem utilizada pela autora, mas infelizmente passou longe dos favoritos.



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Leituras do Mês - Dezembro

Mais um mês finalizando, com a diferença de que é Dezembro, e o ano se vai junto com ele.
O lado bom são as férias, as festas, e o verão (para quem gosta, como eu).

Achei que meu mês de Dezembro renderia mais, mas os imprevistos e as tantas coisas para fazer me fizeram ficar apenas na média no quesito leitura, o que não é exatamente ruim.

Enfim... Este post deveria ir ao ar no último dia do mês, mas como é dezembro, pretendo fazer a Retrospectiva literária nesse dia.


As leituras deste mês foram Anjos à mesa, O Presente, Nosso Lar e Esposa 22. São leituras muito diferentes, mas que me agradaram bastante.


  Hey, Mr. Postman:

Também chegaram alguns livros para mim:



Comprei Esposa 22 e Feita de Fumaça e Osso em uma ótima promoção da Saraiva. Dois exemplares do segundo porque pretendo dar um para vocês ;)


Questões do Coração e Cinquenta Tons de Cinza vieram de trocas pelo Skoob. O primeiro livro eu nem tinha tanta curiosidade de ler, mas foi uma ótima oportunidade, e o segundo foi para completar a trilogia, já que minha mãe já tinha comprado os primeiros.


Ganhei ainda de natal O Lado bom da Vida, da minha irmã linda! Só não deu de bater a foto, então vai só a capa mesmo ;)

E vocês, muitas leituras em Dezembro? Presentes?


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Claro que te amo! - Tammy Luciano



LUCIANO, Tammy. Claro que te amo! A felicidade pode chegar quando mais esperamos. Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora, 2013. 320 p.


Piera foi criada apenas por seu pai desde bebê, quando sua mãe a abandonou. Mesmo com essa falta em sua vida, ela se tornou uma garota estudiosa, educada, feliz... até que André, seu noivo, a traiu e terminou o relacionamento de seis anos. Um ano após esse fim, Piera não conseguira superar, e doía mais agora que ele estava se casando com outra – e ela foi assistir ao casamento.

Contudo, agora ela não tinha mais motivos para não seguir em frente. O problema era que alguns acontecimentos pareciam querer abalá-la: depois de tantos anos, sua mãe volta querendo conhecê-la e fazer parte de sua vida. Mas, apesar das reações conflitantes de Piera em relação à mãe, a garota ainda precisa ser paciente em razão da doença que desestabiliza aquela “desconhecida”. No meio disso tudo, um novo amor parece estar surgindo, mas talvez não tenha vindo em boa hora.


“Fiquei com certo medo de meu pai e aquele moço repararem que eu olhava para ele. Tentei fazer cara de paisagem, de fila de banco, de caminhando no supermercado ou de quem olha para um brócolis... Não existe lugar em que as pessoas estão com mais cara de nada do que supermercado. 
[...] 
Fiquei pensando longe, em como seria a vida daquele candidato a médico: Casado? Filhos? Morava onde? Qual a sua rotina? 
Fui viajando no pensamento, longe, sorrindo por dentro, quando me deparei com meu pai e ele me olhando. 
- Então filha, o que você acha? 
- Desculpa, estava distraída. 
- Reparamos.” (p. 70 - 71)


Desde o começo do Conjunto da Obra – e muito antes, aliás –, não faltaram obras nacionais entre minhas leituras. Além de querer conhecer os conflitos criados por autores tupiniquins, conterrâneos, acredito que a abertura que eles nos dão para conhecê-los, discutir suas obras e até opinar – e dar dicas! – sobre elas nos possibilita adentrar e incentivar ainda mais esse mundo literário. Claro que te amo! foi o primeiro livro que li de Tammy Luciano e, ainda que eu tenha gostado da história, a surpresa que esperava da obra não veio.

No início da leitura, estranhei um pouco a forma como se desenrolava a narrativa, em primeira pessoa e bastante reflexiva, com poucos acontecimentos e muitas impressões de Piera sobre aquilo que a rodeava, e também com aquilo que já havia acontecido em sua vida e a maneira como ela encarava isso, tudo nesse entremeio de reflexões. Com o passar dos capítulos, essas reflexões dão mais espaço a acontecimentos novos sem, contudo, serem abandonadas. Trata-se de uma forma bem peculiar de narrativa, que estranha quem não conhece, mas não desagrada.

Não foi exatamente a forma como o texto foi montado que me incomodou, mas em alguns momentos os pensamentos de Piera se tornavam repetitivos. Também achei a garota bastante dramática, devo dizer. Quem, em sã consciência, joga fora uma história linda, que a faz feliz, por medo?

“Por que alguns momentos da nossa vida existem sem a menor necessidade de terem existido? Será mesmo que são assim tão sem sentido quanto parecem? Ou existe motivo até nas experiências rasas e nos encontros fúteis?” (p. 76)

Por outro lado, é preciso ressaltar que Tammy Luciano consegue inserir muitas mensagens lindas e frases de impacto em seu texto. Eu adoro quando frases isoladas conseguem nos fazer refletir mesmo sem conhecer o contexto e, neste caso, pude destacar várias delas. Ainda, a autora conseguiu narrar relações de amor e carinho – entre pai e filha, entre amigas – que pareciam ser naturais, sem inveja ou qualquer coisa ruim. E também conseguiu construir um Doutor muito paciente que, mesmo que quisesse, não conseguia me deixar irritada, de tão fofinho.

O único ponto que posso dizer realmente não ter gostado foi a facilidade com que tudo se destrinchou. O problema de Piera foi sempre a falta de decisão, a necessidade de ter atitude e ela simplesmente não precisou fazer isso. O final foi lindinho, mas ficou devendo nesse ponto.

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Resultado: Promoção Proclamação dos Livros

Olá pessoal, como vai essa quarta-feira (que aqui é de sol intenso)?
Alguém curiosa para saber quem vai levar alguns livros nacionais para casa neste final de ano?


Hoje é dia de divulgar o resultado da Promoção Proclamação dos Livros, feita em parceria com os blogs Obsession Valley e Aritmética das Letras.

Seriam dois sorteados; o primeiro leva para casa dois livros; o segundo, um. E o resultado é...

a Rafflecopter giveaway

Parabéns meninas. Logo receberão um e-mail solicitando os dados para remessa dos livros.

Obrigada pela participação de todos, e não esqueçam que há outras promoções ativas no blog!



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Fazendo meu filme 3 - Paula Pimenta



"'Eu não tenho como varrer meu passado, Leo...', eu tentei abaixar o volume da voz. 'Eu posso destruir as fotos, deletar as provas de que ele existiu, mas os dias que eu vivi, isso eu não tenho como apagar...'" (p. 138)

Este post NÃO contém spoilers dos livros anteriores.

Estou ficando velha. Esta pode ser uma constatação inútil e óbvia, principalmente porque acontece com todo mundo, mas implica em coisas demais. Uma dessas implicações é que estou mudando, amadurecendo, e minhas experiências me tornam mais exigentes. Nem tudo me agrada como antes e, nessa esteira, tenho tido que variar meus estilos literários para redescobrir do que gosto. Literatura adolescente tem ficado cada vez mais de fora, já que a maioria é superficial e cansativa, mas às vezes tenho mesmo que agradecer por ainda deixar espaço para algumas delas.

A série Fazendo meu Filme já tinha me conquistado desde o primeiro livro. A escrita de Paula Pimenta tem um toque de inocência, ao mesmo tempo em que não deixa certa malícia de lado. É dessa forma que acaba nos conquistando, já que ninguém é um extremo ou outro; todos são feitos de momentos e escolhas, que podem ser bons ou ruins, certos ou errados. E é exatamente nesse patamar que a autora consegue colocar seus personagens.

Fani mudou. Todas as suas experiências a levaram a se tornar alguém que não precisava mais se esconder e que, mesmo que continuasse fazendo de todos os problemas uma tempestade, já conseguia resolvê-los sem precisar se desesperar. No entanto, ela ainda precisa descobrir a melhor forma de fazer a coisa certa, pois apenas suas boas intenções não têm sido suficiente.

Fazendo Meu Filme 3 – o roteiro inesperado de Fani foi, sem dúvidas, meu livro preferido até agora. Finalmente algumas coisas que haviam ficado pendentes puderam ser vividas e os sentimentos ao decorrer da leitura ficaram mais sobressalentes. Este é o tipo de livro com o qual o leitor se envolve completamente, sente as alegrias e tristezas dos personagens, ri e chora até cansar, e se sente emocionalmente devastado ao terminar.

Ao mesmo tempo em que foi o melhor, foi também o pior livro da série, em razão das reviravoltas, do sofrimento, e de todo o resto que não era esperado. Longe de ser algo cansativo ou cheio de “mimimi”, com lamúrias e choros; nada disso. Mas isso não quer dizer que tudo sejam flores no caminho de Fani, e ela enfrenta diversos obstáculos para alcançar seu merecido final feliz – que, espero eu, esteja no próximo volume.

A série de Paula Pimenta é encantadora, envolvente, e dificilmente alguém sairá ileso após uma leitura assim. Além disso, é moderna, por utilizar de ferramentas tecnológicas e sociais super em voga para contar sua história. Por mais que seja voltada aos adolescentes, tem uma escrita madura, sem exageros quanto àquela fase tão complicada da vida e, por isso, conquista mesmo aos mais velhos, que se sentirão no mesmo liquidificador emocional que Fani.




~~*~~*~~

#1 Fazendo Meu Filme 1: A estreia de Fani
#2 Fazendo Meu Filme 2: Fani na Terra da Rainha
#3 Fazendo Meu Filme 3: O roteiro inesperado de Fani

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Novidades #61: Janeiro com a Novo Conceito


Mais uma vez o Grupo Editorial Novo Conceito anuncia vários lançamentos para o próximo mês e nos deixa cheios de curiosidade. Em janeiro serão quatro títulos, além de outros que já foram mostrados aqui no blog.

Preciso trazer para vocês outras novidades que tenho preparadas, mas ainda não consegui organizar as postagens, que estão atrasando (sorry!). Logo elas virão, juro ;)


Laura foi enviada para o convento logo depois da morte de sua mãe. Passa a maior parte dos dias em silêncio, e, apesar de ser tolerante e obediente, no fundo da alma não consegue aceitar a ideia de viver ali para sempre. Uma noite, sem maiores explicações, Laura é informada de que seu pai a quer de volta em casa. Feliz da vida, ela começa a se preparar para rever sua irmã mais velha, Beatrice, que há algum tempo deixou de responder suas cartas. O que ela jamais imaginava era chegar durante o velório de Beatrice, que morreu em uma situação inexplicável. Agora, o pai de Laura ordena que ela se case com Vincenzo, noivo de Beatrice, um homem muito mais velho e de aparência repugnante. A sociedade Segreta faz um pacto com Laura e promete ajudá-la a se livrar de Vincenzo – e a descobrir quem matou Beatrice. Sem alternativas, Laura é obrigada a depositar todas as suas esperanças nas mãos dessas mulheres enigmáticas. Mas até que ponto se pode confiar na palavra de alguém?



Imagine o que é perder, em uma única noite, sua casa, seus amigos, Como é possível viver mentindo sobre todas as coisas? Sua escola e até mesmo o seu nome. Aos 14 anos, Ty presencia um crime bárbaro num parque de Londres. A partir desse momento, tudo muda para ele: a polícia o inclui no programa de proteção à testemunha, e Ty é obrigado a assumir uma vida diferente, em outra cidade. O menino ingênuo, tímido, que costumava ser a sombra do amigo Arron, matricula-se na nova escola como Joe... E Joe não poderia ser mais diferente de Ty: faz sucesso com as meninas, torna-se um corredor famoso... Joe é tão popular que acaba incomodando os encrenqueiros da escola. Ser Joe é bem melhor do que ser Ty. Mas, logo agora, quando ele finalmente parece ter se encaixado no mundo, os atentados e ameaças de morte contra sua família o obrigam a viver no anonimato, em fuga constante e sob a pressão de prestar depoimentos sobre uma noite que ele gostaria de esquecer. Um livro – de tirar o fôlego! – sobre coragem e sobre o peso das consequências do que fazemos.

 

Depois de um passado difícil, James foi adotado pelo gato Bob. Agora os dois têm um emprego de verdade (são vendedores ambulantes de revistas) e se tornaram personalidades conhecidas em toda Londres. Bob tem muitos admiradores, que passam todos os dias para vê-lo – alguns deles trazem cachecóis de lã para ajudá-lo a enfrentar os dias mais gelados. Entre truques adoráveis e manhãs de puro mau humor, Bob e James se tornam cada vez mais inseparáveis. Por trás da divertida história de um homem às voltas com seu animal de estimação, o segundo livro de James Bowen fala sobre amizade, ¬ delidade e esperança. Bob se torna a chave que traz James de volta ao mundo, a motivação que faltava para sua decisiva volta por cima. Impossível terminar de ler O mundo pelos olhos de Bob sem querer abraçar seu pet – ou adotar um! Apaixone-se...



Chantagem, mistério, confusões de gênero, coelhos falantes e um assassino autômato: mergulhe na trajetória de Violet Adams, que assume a identidade de seu irmão gêmeo para conseguir uma vaga na mais prestigiada universidade de Londres, que é exclusiva para meninos. Inspirado em clássicos como Noite de reis, de Shakespeare, e A importância de ser honesto, de Oscar Wilde, SOCIEDADE DOS MENINOS GÊNIOS traça um retrato pitoresco e provocativo da aristocracia vitoriana, oferecendo diversão, aventura e uma reflexão bem-humorada sobre a questão do gênero.



Quais vocês mais gostaram?


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Promoção: 2014 com muitos Livros!


2013 está chegando ao fim, e nada melhor do que poder começar 2014 renovando a estante!
Assim, os blogs Além da Contracapa, Conjunto da ObraMinha Vida Literária, My Booklit My Dear Library se reuniram para sortear 5 livros para 2 sortudos!




Confiram as regras:
  • - Ter endereço de entrega no Brasil;
  • - Seguir publicamente todos os blogs via GFC;
  • - Preencher o formulário do Rafflecopter abaixo.


a Rafflecoptergiveaway


Observações gerais:
- A promoção tem início hoje e vai até o dia 31/12;
- O primeiro vencedor terá direito a três livros, sendo também o primeiro a escolher seus títulos, enquanto o segundo ficará com os demais;
- Os vencedores serão contatados via email e terão até 2 dias para enviar os dados para o recebimentos dos prêmios;
- Cada blog será responsável pelo envio de um exemplar, não sendo responsáveis em caso de extravio pelos correios;
- O prazo de envio é de 30 dias. Contudo, salienta-se que o recebimento dos livros pode ser afetado por conta dos eventos de final de ano.


Boa sorte a todos!

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Para Sempre - Kim e Krickitt Carpenter



“Era tudo em que eu conseguia pensar. Não conseguia dormir, não conseguia relaxar e não conseguia me livrar de todo aquele estresse. Embora Krickitt ainda tivesse uma chance de recuperar uma parte da memória perdida, os médicos disseram que havia algumas coisas das quais ela nunca conseguiria se lembrar. A pergunta mais angustiante era ‘Será que eu seria uma dessas coisas?’. Eu rapidamente afastei aquele pensamento. Não conseguia pensar na possibilidade de que a minha esposa não voltasse a se lembrar de mim.” (p. 79)


CARPENTER, Kim. CARPENTER, Krickitt. Para sempre: a história que inspirou o filme. Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora, 2013. 144 p.


Kim e Krickitt Carpenter estavam casados havia apenas 2 meses quando um grave acidente, em novembro de 1993, mudaria para sempre suas vidas. Uma lesão grave na cabeça deixara Krickitt em coma por um tempo e, ao acordar, havia perdido toda sua memória recente, o que a impedia de se lembrar de seu marido – e, menos ainda, que era casada com ele.

Por ser uma espécie de autobiografia, Para Sempre, escrito por Kim e Krickitt Carpenter, não é uma história romantizada e tem uma linguagem que pode ser considerada bem objetiva. No entanto, para aqueles que conseguem sentir, ou ao menos imaginar, o peso, a realidade e o medo daquela situação, faz-se uma leitura de grande relevância.

Na época de lançamento do livro, as muitas resenhas se dividiam em opiniões bastante divergentes, expondo, algumas vezes, a incomodação com o fato de que os personagens mantinham o casamento que, após o acidente, parecia fadado ao fracasso, em virtude de uma promessa que havia sido feita perante Deus. Minha opinião não envereda por esse lado, especialmente porque, como os próprios autores citam no livro, pode não parecer muito nos dias de hoje, mas para quem tem essa crença, por que desistir quando ainda havia chances, por menores que fossem?

Outro ponto além disso: existia o amor. Enquanto Krickitt se recuperava e tentava lembrar do marido, eles pareciam ter chegado ao fim, mas, principalmente para Kim, ainda existia a esperança de fazer aquela relação funcionar, de resgatar o amor que existiu, a esperança de construírem um futuro juntos. Mesmo que não pudessem ser regatadas as memórias de Krickitt, outras poderiam ser construídas.

A leitura pode até parecer frustrante quando alguém espera um romance e encontra uma história mais de fé do que de amor pura e simplesmente. Mas quando a leitura é feita com algum conhecimento do enredo e sem conceitos preestabelecidos, torna-se fascinante o modo como o casal perseverou, quando seria tão mais fácil desistir. E, por ser uma história real, tudo fica ainda mais lindo.



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Top Comentarista - Dezembro + Resultado

Olá queridos, como vão?
Mais uma vez demorei a preparar esse post, mas ainda estou dentro do prazo, então está valendo. ;)
Hoje saberemos que foi o vencedor do Top Comentarista do Mês de Dezembro e que levará para casa o livro A Pousada Rose Harbor.

Dos 8 participantes inscritos para a promoção, 3 participaram ativamente: Ana Lucia, Rita e Gladys Sena. Pontuariam para o Top Comentarista todos os comentários em posts do blog em novembro, conforme as regras AQUI.

Gladys ficou com 18 pontos, Ana Lucia ficou com 19 pontos, e com poucos pontos a mais, Rita foi a vencedora. Se não me engano esse é o segundo prêmio da sortuda aqui no blog neste mês.

Parabéns Rita!
~~*~~*~~

Mas não desanimem! O mês de dezembro também terá top comentarista. Que tal participar e concorrer a um exemplar do livro A menina que semeava?

As regras serão as mesmas:

Aquele que tiver maior pontuação levará o livro para casa. Para concorrer, é preciso seguir o blog pelo Google Friend Connect (clicar em "Participar deste site" na barra lateral direita) e se inscrever no formulário Rafflecopter abaixo:

a Rafflecopter giveaway

A inscrição no formulário é importante para que só haja apuração dos pontos daqueles que têm interesse em participar, então não esqueçam de preenchê-lo.


As regras para contagem dos pontos serão:

1. Comentários em novas postagens valerão 1 ponto;
2. Caso o comentário seja feito no mesmo dia em que a postagem foi ao ar, valerá 1 ponto extra;
3. Só será válido o primeiro comentário do concorrente em cada post.
4. Todos os comentários realizados de 1º a 31 de dezembro serão computados.

ATENÇÃO! Todos os posts realizados no blog em dezembro valerão pontos, inclusive aqueles que já foram ao ar.

A apuração dos pontos e o resultado serão divulgados nas primeiras semanas do mês de janeiro.

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Enjaulado - Pedro Paulo Negrini


"[...] existe uma violência e um ódio que são permanentemente realimentados por causas que acontecem nas ruas, quando os bandidos enfrentam os policiais e por causas que acontecem nos presídios, quando os policiais humilham os bandidos. Há uma violência sem fim que volta a acontecer nas ruas, quando ambos novamente se encontram com ódios reaquecidos." (p. 90)

NEGRINI, Pedro P. Enjaulado: O amargo relato de um condenado pelo sistema penal. Rio de Janeiro: Gryphus, 2002.
 
 
Indicado pelo professor da cadeira de Direito Penal da Faculdade para que criássemos um olhar mais crítico sobre a execução de uma pena, fiz a leitura de Enjaulado rapidamente. É um livro diferente da maioria das obras que costumo ler que, mesmo quando trazem consigo uma base real e histórica, nem sempre me provocam a mesma reflexão como aconteceu neste caso. E, se querem saber, este livro derrubou por terra metade das minhas concepções sobre o Sistema Penal do Brasil.

Rogério foi preso e está ao encargo do Sistema Penitenciário brasileiro. O motivo de sua condenação até é superficialmente comentado no livro, mas não é este o enfoque da obra: ela, diferentemente, tenta mostrar como acontece o cumprimento da sentença após a condenação, sem inserir na narrativa qualquer juízo de valor, ao máximo imparcial. A própria narrativa é fria, sem recursos para causar simpatia ou antipatia, tentando apenas mostrar aquela realidade de forma objetiva.

Enjaulado, de Pedro Paulo Negrini, me surpreendeu, e não sei dizer se positiva ou negativamente. Àqueles que têm em mente que os estabelecimentos prisionais criam uma estrutura social à parte: estão certos. E chega a ir além disso: a falta de qualquer direito e dignidade para os que estão encarcerados cria uma confusão entre o que se pode conceituar “bom” ou “mau”, que reverbera do lado de fora das grades, nas ruas. Há crueldade de ambos os lados, há indiferença e frieza. E, tenho certeza, quaisquer que sejam os conceitos pré criados, ninguém pode passar uma leitura assim sem refletir sobre nossa sociedade.

De todo o livro, a conclusão que posso tirar, mesmo que alguns não concordem, é que não são necessárias novas leis; é necessário apenas que se cumpra o que já existe, dando ao preso a “ressocialização”, que é o objetivo de existirem prisões. Não me entendam mal: não é que eu às vezes não tenha pensamentos bem cruéis para alguns casos; mas como estudante de Direito, percebi que é necessário repensar um conceito que sempre combati, mas que também tomei por muitas vezes como certo: a generalização. Porque nem todos que se encontram na situação de presos foram fúteis ou cruéis, mas não há qualquer tipo de distinção quando estão lá dentro.

Pensei em não publicar esta resenha, mas acho que é interessante para aqueles que gostam de refletir e discutir sobre realidades que batem à porta todos os dias. Para os que pensam assim, a leitura se faz valiosa. Para distração, passar longe é uma ótima idéia ;)


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