Fugitivos - Carlos H. Barros


De onde vem a amizade? O que é necessário para se ter uma vida melhor?
Caio, um carioca de 15 anos, perdeu os pais em uma tragédia e foi morar com a avó em Belo Horizonte. Cheio de traumas, causados pelo incidente que vitimou sua família, ele não tem mais desejo de retomar sua vida. Fernanda, de 15 anos, protege seu irmão Jonas, de 11 anos, do temperamento violento do pai. Ela se apaixona por Caio, e este por ela. O sentimento que nutrem, será o catalizador de uma briga que colocará em risco a segurança dos dois. Gabriel, de 17 anos, e Bianca, sua irmã de 5 anos, perderam a mãe, por ela ser viciada e ter sofrido uma overdose, e o pai está preso. Ficam sob a tutela da Justiça e do irmão mais velho, de 20 anos, que apoia o pai em planos escusos para melhorarem de vida.
Em Fugitivos, acompanhamos o amor nascer entre Caio e Fernanda, e a força da amizade que surge entre os cinco jovens, de forma tão intensa, que o drama de cada um deixa de ser individual e passa a ser de todos. No momento em que suas histórias se misturam, eles precisam fugir para salvarem suas vidas. Nessa corrida emocionante, que atravessa os estados de Minas Gerais, Bahia, Alagoas e Pernambuco, mais de dois mil quilômetros, iremos descobrir seus sonhos, seus medos, suas tristezas e suas alegrias, tudo envolto por muito suspense, perigo, romance e reviravoltas surpreendentes.
BARROS, Carlos H. Fugitivos. Independente: 2014. 665 p.

Antes de conhecer o Carlos colunista, conheci o Carlos autor, que me perguntou se eu gostaria de ler Fugitivos e resenhar o livro no blog. Eu sempre fico muito feliz - muito mesmo! - quando o autor entra em contato, e só recuso de conhecer seu trabalho no caso de saber que não terei tempo, ou quando eu acredito que o estilo do livro não me agradará. A partir desse primeiro contato, tive a oportunidade de conhecer esse cara muito legal e que, melhor ainda, escreve muito bem.

Enquanto leio algo, é bastante comum eu me interromper para analisar a escrita do livro, pensar que certa frase ficaria melhor se elaborada de determinada maneira, pois deixaria aquele trecho mais "natural". Quando esses devaneios acontecem, tenho certeza de que é porque não consegui mergulhar no mundo criado pelo autor, não consegui viver a história junto com os personagens. Felizmente, com Fugitivos, aconteceu exatamente o contrário.

No livro, a escrita é impecável e a narrativa, natural, com uso de algumas gírias e da linguagem cotidiana nos diálogos, colocadas no momento certo, o que transformou as cenas em algo possível de visualizar. A descrição dos cenários é minuciosa, e os acontecimentos são contextualizados com precisão. Por isso tudo, a trama se desenrola como se assistíssemos aos personagens, no local exato onde se encontravam, seus modos de falar e seus trejeitos. Carlos conseguiu desenhar seus personagens, perfis bem traçados para cada um deles.

Quando li pela primeira vez a sinopse, acreditei que os fugitivos seriam apenas adolescentes inconsequentes e irresponsáveis, que partiriam para o mundo simplesmente porque seria o mais fácil. Mas não foi assim, e nisso fui surpreendida. A narração se dá em terceira pessoa, e as cenas podem ser vistas não só em seu exterior, já que o autor explorou o aspecto subjetivo de todos os personagens. Por isso, enquanto se "vê" o que acontece, também é possível compreender como cada um dos garotos se sente.
 
E os personagens não são somente qualidades, ainda que tenham muitas. Como todo mundo, têm fraquezas, medos e dores. Ficou nítida a carga de sofrimento que cada um carregava e, principalmente, o quanto amadureceram por causa dessas experiências. A fuga só aconteceu porque era a única saída, e as muitas páginas de contextualização deixam isso bem claro.
 
Todo o enredo faz com que seja impossível não se envolver com os cinco garotos: Jonas e sua ingenuidade, apesar de tudo pelo que passou; Fernanda, com força e coragem que eu mesma não sei se teria; Gabriel, um rapaz responsável e maduro, calejado pela vida, mas que não se deixou amargurar; Bianca, a menininha mais doce que eu já "conheci"; e Caio, que perdeu tudo, mas não a si mesmo. A amizade e o amor que nasceu entre eles são quase sólidos, e a forma como Carlos construiu a relação entre eles, que poderia mesmo ser verídica, de tão realista, pode facilmente conquistar a todos.
 
"[...] Se aprendi alguma coisa, é que não devemos esperar para resolver nossos problemas afetivos. Achamos que as pessoas que amamos vão ficar à nossa esperar para sempre, mas nem sempre isso acontece, e elas partem."

No entanto, ao mesmo tempo em que essas muitas características me fizeram mergulhar na história, é por causa delas que citarei o principal problema do livro, na minha opinião: ele se tornou extenso e, por consequência, muito pesado - fisicamente falando. Toda vez que pegava o livro para ler, as páginas fluíam rapidamente, e não era raro ler 40, 50 páginas em uma hora ou pouco mais. Mas suas mais de 660 páginas não permitiam que eu o carregasse comigo em minha maratona diária, e o livro se tornou meu companheiro apenas de final de semana. Tive de intercalar Fugitivos com outros livros e demorei muito para terminar a leitura.

É preciso ressaltar, porém, que a história não foi, em nenhum momento cansativa. É detalhista, minuciosa, mas a maneira como é escrita nem nos faz perceber que as páginas passam. Até porque, enquanto os garotos viajam pelo país, conhecemos muitos lugares junto deles, e as aventuras são muitas. Existe reviravoltas, romance, cenas de ação, entre muitas outras coisas. Não dá de cansar com isso gente.

Gostei muito de Fugitivos, de conhecer esses personagens tão fofos - e provavelmente esqueci de falar um monte de coisas que deveria sobre eles, mas tudo bem. O livro será lançado em breve pela Editora Giostri, por isso, quem gostar da temática e tiver oportunidade, é uma obra que vale a pena conhecer.


Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

5 comentários:

  1. Oi Ju
    Eu não conhecia este livro, e essa premissa dele é uma que não me chama muita atenção para ler, sabe.
    Contudo, o livro parece bom e gostei das suas ressalvas.

    Beijinhos

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  2. Tão bom encontrar uma obra que nos faz mergulhar em sua narrativa, mesmo sendo extensa, como você disse. Gostei de saber mais sobre ela. Infelizmente, meu tempo e minha vontade de ler estão dificultando meu ritmo de leitura esses tempos, então seria um livro que eu não leria neste momento. Mas a estória em si é muito interessante e é bom saber que a escrita é melhor ainda <3

    Beijos
    http://mon-autre.blogspot.com/

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  3. Parabéns pelo seu trabalho, sucesso sempre Carlos H. Barros, irei ler o livro pois estou curiosa para saber o final desta jornada dos cinco amigos e sobre o amor entre Caio e Fernanda. Bjs, Gisa e família. adalgizaoliveira@hotmail.com

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  4. Não conhecia o livro nem o autor e pela sua resenha me pareceu ser um livro muito bom.
    Apesar disso, não me chamou tanto a atenção. Não sou muito fã de livros com descrições minuciosas pq a maioria dos que li acabou se tornando se tornando cansativa, e também pelo número de páginas acredito que demoraria muito pra terminar. Posso estar errada, mas por enquanto não pretendo ler.
    Bjo

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  5. Esse livro parece ser muito bom e emocionante. Li diversas resenhas dele e me apaixono cada dia mais. A capa é lindonaa...ansiosa pela leitura.
    Beijos!
    Monólogo de Julieta

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