O Diamante - J. Courtney Sullivan

Sinopse: Cinco personagens, separados pelo tempo e aparentemente sem conexão entre si, contam a história da paixão das mulheres pelo diamante aliás, não só das mulheres! Revezando-se em uma ciranda de acontecimentos divertidos, infelizes, revoltantes ou surpreendentes, a extraordinária Frances Gerety que existiu de verdade e outros indivíduos muito especiais mostram que a história de uma sociedade é construída por meio das relações humanas, na intimidade dos lares. As transformações do mundo moderno nem sempre conseguem abalar aquilo em que se acredita com todo o coração mas as decepções com aqueles que amamos... essas podem mudar as nossas opiniões. Um livro diferente, que fala das muitas formas de viver o amor e que deixa no ar uma pergunta: os casamentos são mesmo feitos para durar? (Skoob)
SULLIVAN, J. Courtney. O Diamante. Novo Conceito, 2014. 480 p.

Existem livros que, só pela capa e a promessa que trazem consigo, conseguem me deixar extremamente curiosa pela leitura. Outros simplesmente estão lá, na estante, e por um motivo qualquer, sem razão algum, decido tirá-los de lá e ler. Na grande maioria das vezes, essas escolhas de supetão me surpreendem. Em algumas outras mais raras, os livros dão tantas voltas que fico me perguntando qual, afinal, é o sentido deles. Na primeira metade do livro, achei que O Diamante, de J. Courtney Sullivan, se encaixaria na segunda classe; no entanto, depois que o enredo se desenvolveu, alguns elementos conseguiram me conquistar, ainda que não se possa dizer ser um livro incrível.

A trama se desenvolve com uma estruturação bastante notável: são cinco capítulos centrais que sempre se alternam para contar, cada um, uma história diferente, todas elas interligadas por um único elemento: o diamante. De uma forma que inicialmente parece não fazer qualquer sentido, a única coisa em comum naquelas vidas todas era a importância daquela pedrinha, o símbolo de um relacionamento criado por jogadas de marketing cheias de criatividade.

"A ironia de sua situação não a afetava em nada; era uma mulher solteira cujo maior dom até o momento era convencer casais a firmarem compromisso.
Quando Frances começara a trabalhar na Ayer, em 1943, 103 funcionários estavam servindo na guerra - 10% da agência. [...] De junho de 1942 a setembro de 1943, a propaganda da De Beers ficara limitada a espalhar a notícia sobre a contribuição da empresa para a industrialização de diamantes para a guerra. Após isso, as propagandas de joias retornaram, mas eles tiveram de saber lidar com isso. Em 1945, Frances criara uma nova campanha, bem diferente do que já se tinha visto nas revistas americanas até então. Os anúncios celebravam os casamentos dos soldados que retornavam para suas casas com as garotas que haviam deixado para trás, mostrando ilustrações com cerimônias reais e histórias relativas aos casais. Ao mesmo tempo, eram passadas informações importantes sobre os diamantes."

Em 1947, Frances trabalhava em uma empresa de publicidade responsável por inserir a ideia do diamante no inconsciente da sociedade; em 1972, Evelyn e o marido Gerald sofriam com a decisão do filho do casal de se separar da esposa, o que manteria as netas longe; em 1987, James tentava fazer o melhor que podia para dar tudo a sua esposa Sheila e aos seus filhos, apesar das dificuldades financeiras; em 2001, Delphine se mudou para Nova York com PJ, depois de abandonar seu marido e seu país, a França; em 2012, Kate não se encaixava nos padrões da sociedade e não desejava se casar, mas tinha a missão de ajudar seu primo Jeff a organizar o casamento com Toby.

Aparentemente, a quantidade de tramas contadas no livro impediria o aprofundamento da história de cada personagem e um envolvimento com todos eles. De alguma forma, no entanto, a autora conseguiu desenvolver, nas poucas páginas de cada capítulo, complexidades psicológicas de todos os envolvidos, e impediu que o livro se tornasse superficial.

"Ainda criança, Evelyn encontrara consolo e amigos nas páginas dos livros que amava - a maior parte, romances sobre heroínas destemidas que possuíam grande imaginação. Seu favorito era Little Women. Deve ter lido umas cinquenta vezes. Ela fingia que as irmãs March eram suas irmãs, na verdade.
Na época, ela geralmente conseguia ler dois livros por semana. Adorava os vitorianos, principalmente Dickens e Eliot. Adorava Jane Austen. Sua maior satisfação era passar uma tarde sentada à beira da lagoa lendo a poesia de W.B Yeats ou de Elizabeth Barrett Browning."

Tanta diferença de épocas e de enredos, no entanto, parecia tornar o livro uma colcha de retalhos sem qualquer lógica, causando certa frustração quando os capítulos mudavam. Isso porque, quando aquele enredo finalmente fisgava e se queria saber o que aconteceria em seguida, a trama passava a ser outra. E isso seguiu até o final do livro, sem escape.

O final, porém, surpreendeu. Não fosse por ele, talvez O Diamante se tornasse uma leitura sem qualquer grande atrativo; mas o último elemento a ser revelado demonstrou as grandes coincidências as quais a vida pode levar, e vinculou todas as histórias de uma forma inesperada - e fantástica.

O Diamante é, na verdade, um quebra-cabeças gostoso de acompanhar, que, em alguns momentos, frustra e cansa porque as peças parecem não se encaixar, mas que, ao final, vê-lo completo recompensa.


Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

6 comentários:

  1. Oie.
    Eu tenho esse livro, mas não li ainda. Curti sua resenha, pois a sinopse não revelava muito, então não sabia realmente como era a história. Fiquei mais animada, mas vou deixar para ler mais para frente. =)

    beijos.

    www.leiturasedevaneios.com.br

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  2. nunca imaginaria que o enredo fosse assim. me pareceu um pouco confuso (?) com tantos saltos no tempo, mas pelo visto, a autora soube da um equilíbrio bom ahistória, tanto que o final faz valer a pena. a capa é simples mas agradável.

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  3. Bem legal a resenha!
    Não conhecia este livro, mas lendo a resenha não me interessei pela história do livro, parece ser meio confusa e tal, então não pretendo ler no momento.

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  4. Nossa esse livro parece super interessante, já estava querendo lê-lo a algum tempo e agora depois dessa resenha ficou ainda mais curiosa em conferi isso que você disse.

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  5. Opa, gostei da resenha, Julia! Gostei muito! Tipo, eu tenho esse livro aqui, recebi da NC quando o meu blog ainda tinha parceria com a editora, mas nunca tinha lido resenha sobre ele. A sua foi muito bacana, porque finalmente já posso pensar nos próximos livros da NC que quero ler.

    Um abraço!

    p.s.: aparecerei mais vezes, pode deixar. o carinho é recíproco. ;)

    Blog || FanPage

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  6. Oiee
    Faz tempinho que quero ler esse livro mas sofro desse mesmo problema de abandonar alguns livros na estante e me esquecer deles.Eu tenho certo trauma com capítulos curtos intercalados,quando você fica com aquele gostinho de quero mais tem que esperar a história de todos os outros pra chegar naquela novamente,isso me deixa bem irritada.Mas se você diz que o final vale a pena,então não custa nada ir acompanhando aos poucos o desenrolar de todas essas histórias.
    bjos

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