Se sou uma espada, sou uma espada de vidro, e já me sinto prestes a estilhaçar.
O sangue de Mare Barrow é vermelho, da mesma cor da população comum, mas sua habilidade de controlar a eletricidade a torna tão poderosa quanto os membros da elite de sangue prateado. Depois que essa revelação foi feita em rede nacional, Mare se transformou numa arma perigosa que a corte real quer esconder e controlar.
Quando finalmente consegue escapar do palácio e do príncipe Maven, Mare descobre algo surpreendente: ela não era a única vermelha com poderes. Agora, enquanto foge do vingativo Maven, a garota elétrica tenta encontrar e recrutar outros sanguenovos como ela, para formar um exército contra a nobreza opressora. Essa é uma jornada perigosa, e Mare precisará tomar cuidado para não se tornar exatamente o tipo de monstro que ela está tentando deter.
AVEYARD, Victoria. Espada de Vidro. A Rainha Vermelha #2. Editora Seguinte, 2016. 496 p.
A Rainha Vermelha foi uma leitura que surgiu de uma forma inusitada: apesar de não ser parceira da
Editora Seguinte ou da
Companhia das Letras, faço parte de um rol de blogueiros para os quais eles oferecem alguns livros para resenha. Eu já tinha visto algumas resenhas por aí, mas não me detive nos detalhes da trama, então quando realmente peguei o livro para ler, fui fisgada facilmente pelas surpresas concebidas por Victoria Aveyard.
Espada de Vidro, segundo volume da série, consegue ser ainda mais intenso que o primeiro livro. É irritantemente viciante, pois as mudanças repentinas tiram constantemente o fôlego do leitor. Em vários momentos me peguei chocada com alguém, com alguma coisa, e simplesmente não conseguia acreditar. Aí, para minha surpresa, Victoria Aveyard chacoalhava a trama toda e – AI MEU DEUS – fui enganada novamente. A leitura foi cansativa, desgastante – e incrível.
"A Mare de Palafiras morreu no dia em que caiu no escudo elétrico. Mareena, a princesa prateada desaparecida, morreu no Ossário. E não sei quem é a pessoa que abriu os olhos no subtrem. Só sei o que ela foi e o que perdeu, e o peso disso é quase esmagador."
Algumas coisas são diferentes do primeiro livro. Mare não é mais só uma menina boba, tem uma segurança que não tinha antes e é perceptível a maturidade que adquiriu no decorrer da história. Ela está mais corajosa, consegue enfrentar quem quer que seja e se posicionar sobre o que acredita. Por outro lado, ela está ferida, foi traída por uma das pessoas em que mais confiava e isso a magoou profundamente. O problema é que agora ela não consegue confiar em ninguém, e é irritante a quantidade de vezes que ela afasta aqueles que, indubitavelmente, só querem o seu bem.
O segundo livro é repleto de ação e aventura, e há poucas cenas em que alguma calmaria acontece. Geralmente os personagens estão em busca de sanguenovos – outros vermelhos com poderes como Mare –, infiltrando-se em cidades, ou em alguma fuga alucinada. Essa construção da narrativa é envolvente e dinâmica e, como já comentei, torna a leitura ainda mais atrativa.
Como no primeiro livro, também há algum romance, suave, discreto, que serve para contrabalancear o enredo, mas está longe de ser o aspecto principal. E há ainda maior cautela agora, existem mágoas demais para ignorar e outras pessoas que podem se machucar.
"Antes, eu acreditava que o sangue era tudo no mundo, a diferença entre a luz e a escuridão, uma divisão irrevogável e intransponível. Tornava os prateados poderosos, frios e brutais, desumanos até, quando comparados aos meus irmãos vermelhos. Mas pessoas como Cal, Julian e até mesmo Lucas me mostraram como eu estava errada. Os prateados são humanos como nós, cheios dos mesmos medos e esperanças. Não estão livres do pecado, mas também não estamos. Nem eu estou."
Victoria também não nos poupa de alguma dor. Eu geralmente adoro quando um autor tem coragem de arriscar seus personagens, e isso também se aplica aqui, mas eu simplesmente não consegui superar o fato de que ela matou meu personagem favorito. Não estou sabendo lidar com isso, e quero deixar registrado que o livro só não entrou para minha lista de favoritos por conta disso.
Não posso comentar nada mais para não soltar spoilers da série, e acreditem em mim, é a surpresa que torna o livro tão fascinante. Para aqueles que desejam livros que vão mudar a sua vida, a série A Rainha Vermelha não se volta a essa finalidade. Mas se o interesse for uma história envolvente, divertida, emocionante e intensa, tudo ao mesmo tempo, a série é mais do que recomendada.