Sinopse: Dramas, confusões e uma boa dose de amor são os ingredientes do novo romance de Sophie Kinsella. Uma divertida crítica aos julgamentos errados que uma boa foto no Instagram pode gerar. Cat Brenner tem uma vida perfeita mora num flat em Londres, tem um emprego glamoroso e um perfil supercool no Instagram. Ah, ok... Não é bem assim... Seu flat tem um quarto minúsculo sem espaço nem para guarda-roupa , seu trabalho numa agência de publicidade é burocrático e chato, e a vida que compartilha no Instagram não reflete exatamente a realidade. E seu nome verdadeiro nem é Cat, é Katie. Mas um dia seus sonhos se tornarão realidade. Bom, é nisso que ela acredita até que, de repente, sua vida não tão perfeita desmorona. Demeter, sua chefe bem-sucedida, a demite. Tudo o que Katie sempre sonhou vai por água abaixo, e ela resolve dar um tempo na casa da família, em Somerset. Em sua cidadezinha natal, ela decide ajudar o pai e a madrasta com a nova empreitada do casal: os dois planejam transformar a fazenda da família em um glamping, uma espécie de camping de luxo e estão muito empolgados com o novo negócio, mas não sabem muito bem por onde começar. E não é justamente lá que o destino coloca Katie e sua ex-chefe cara a cara de novo? Demeter e a família vão passar as férias no glamping, e Katie tem a chance de, enfim, colocar aquela megera no seu devido lugar. Mas será que ela deve mesmo se vingar da pessoa que arruinou sua vida? Ou apenas tentar recuperar seu emprego? Demeter - a executiva que tem tudo a seus pés - possui mesmo uma vida tão perfeita, ou quem sabe, as duas têm mais em comum do que imaginam? Por que, pensando bem, o que há de errado em não ter uma vida (não tão) perfeita assim? (Skoob)
Livro recebido como cortesia da Editora.
KINSELLA, Sophie. Minha vida (não tão) perfeita. Editora Record, 2017. 406 p.
Ainda na adolescência, tive meu primeiro contato com Sophie Kinsella: lembro que O segredo de Emma Corrigan me arrancou gargalhadas e o nome de Sophie ficou marcado desde então como uma das autoras que devo ler sempre que tiver oportunidade. Mais tarde, o primeiro livro que li inteiramente em inglês foi da série Os Delírios de Consumo de Becky Bloom e eu também me diverti muito, mesmo tendo feito a leitura em outra língua que eu ainda não compreendia completamente. Assim, fiquei encantada quando recebi um exemplar de Minha vida (não tão) perfeita da Editora Record e esperava uma leitura tão engraçada quanto as anteriores, mas não foi bem isso que encontrei nesse livro. Como sempre acontece quando as expectativas são grandes, acabei um pouco decepcionada.
Minha vida (não tão) perfeita conta a história de Katie, que sempre sonhou morar em Londres e viver tudo de bom que a cidade oferece. Embora a realidade seja muito mais difícil do que ela deixa transparecer - apartamento pequeno que divide com dois desconhecidos, longe do trabalho, um emprego que não é bem aquilo que ela esperava, nenhum amigo e uma chefe horrível - ela se sente londrina e até adotou uma nova personalidade: Cat. Não bastasse isso, nunca sobra dinheiro para muita coisa e o pior acontece: Cat é demitida. Sem muitas opções, ela volta para a cidade onde cresceu para ajudar seu pai e sua madrasta com seu novo negócio e, por causa das coincidências da vida, é lá que ela tem oportunidade de se vingar da pessoa que mais a prejudicou.
"Morar em Londres é como morar em um set de filmagem, das ruas mais afastadas no estilo dickensiano até os reluzentes prédios de escritórios, passando pelos jardins secretos. Você pode ser quem quiser."
A autora utiliza uma linguagem fácil e gostosa, então é difícil não se deixar envolver por sua história, pelo menos depois de algumas páginas. Isso porque, no primeiro capítulo, Kinsella lança dezenas de informações que poderiam ser melhor trabalhadas no decorrer da leitura, o que dá a impressão de estarmos na companhia de uma protagonista chata e reclamona. Com o decorrer do texto, percebe-se que Katie não é chata, mas fica difícil pensar isso quando ela joga tudo de ruim que acontece em sua vida logo nas primeiras páginas.
Depois desse início "antipático", a leitura logo engrena e passa rápido. Adorei a forma como a autora construiu seu enredo com foco no drama profissional de Katie e inseriu mulheres de garra em toda a história. Tenho que admitir que algumas delas não eram assim tão legais, mas, mesmo no caso daquelas que fizeram algumas vilanias, elas foram as protagonistas do livro, do início ao fim. Tratou-se de um livro sobre elas, sobre tudo de bom ou de ruim que uma mulher pode fazer, sem colocá-las como coadjuvantes ou como frágeis, e acho que o maior exemplo disso foi Demeter, que mesmo no momento de maior fragilidade conseguiu mostrar que não era uma coitadinha.
Demeter, aliás, se tornou minha personagem favorita, por ser inspiradora, inteligente e forte ao mostrar quão duro foi para ela conciliar uma carreira de sucesso com marido e filhos. Difícil, mas não impossível. Só que eu gostei mais ainda dela por se importar com as pessoas, por não se preocupar com rancor, mesmo que em alguns momentos ela tenha demonstrado que não tinha o menor tato para lidar com as pessoas.
O mais importante do enredo criado por Sophie Kinsella, porém, foi a crítica sobre a falsa realidade criada nas redes sociais e a inveja que é gerada por ela. Embora essa crítica tenha sido mais superficial do que eu esperava - já que eu imaginei que tudo aconteceria em decorrência da internet, e não foi bem assim - foi a inveja de uma falsa percepção que movimentou, indiretamente, todos os acontecimentos da obra. De fato, por mais perfeita que a vida de alguém pareça, todo mundo tem seus momentos ruins e, talvez, as pessoas tenham decidido mostrar apenas a parte que gostam.
O problema do livro, para mim, foi que eu esperava me divertir muito com o enredo, mas passei longe disso. Houve uma única cena que me trouxe algumas risadas e senti falta de mais disso. As partes que deveriam ser engraçadas me pareciam tão exageradas que eu só conseguia sentir constrangimento pelos personagens. E me irritou um pouco o fato de que todos pareciam mentir com uma enorme facilidade, inclusive para as pessoas mais próximas, sem se importarem, como se fosse normal. Como as mentiras sempre levavam a mais constrangimento, deveria ser engraçado, mas não era para mim, então elas só me irritaram.
Fora esse humor mal sucedido, Minha vida (não tão) perfeita ainda conseguiu trazer uma história bonitinha, cheia de mensagens importantes e fofa, mas não mais que isso. É uma leitura gostosa e otimista, mas não consegue ser marcante, nem pelo lado do drama, nem da comédia. Ainda assim, só por falar de família, sonhos e das perspectivas frustrantes de viver a vida com olhar na vida dos outros, o livro conseguiu trazer alguma coisa boa e foi uma ótima companhia por um tempo.
Depois desse início "antipático", a leitura logo engrena e passa rápido. Adorei a forma como a autora construiu seu enredo com foco no drama profissional de Katie e inseriu mulheres de garra em toda a história. Tenho que admitir que algumas delas não eram assim tão legais, mas, mesmo no caso daquelas que fizeram algumas vilanias, elas foram as protagonistas do livro, do início ao fim. Tratou-se de um livro sobre elas, sobre tudo de bom ou de ruim que uma mulher pode fazer, sem colocá-las como coadjuvantes ou como frágeis, e acho que o maior exemplo disso foi Demeter, que mesmo no momento de maior fragilidade conseguiu mostrar que não era uma coitadinha.
"É esse o problema de conhecer as pessoas na vida real: não temos o perfil delas ao lado da foto."
Demeter, aliás, se tornou minha personagem favorita, por ser inspiradora, inteligente e forte ao mostrar quão duro foi para ela conciliar uma carreira de sucesso com marido e filhos. Difícil, mas não impossível. Só que eu gostei mais ainda dela por se importar com as pessoas, por não se preocupar com rancor, mesmo que em alguns momentos ela tenha demonstrado que não tinha o menor tato para lidar com as pessoas.
O mais importante do enredo criado por Sophie Kinsella, porém, foi a crítica sobre a falsa realidade criada nas redes sociais e a inveja que é gerada por ela. Embora essa crítica tenha sido mais superficial do que eu esperava - já que eu imaginei que tudo aconteceria em decorrência da internet, e não foi bem assim - foi a inveja de uma falsa percepção que movimentou, indiretamente, todos os acontecimentos da obra. De fato, por mais perfeita que a vida de alguém pareça, todo mundo tem seus momentos ruins e, talvez, as pessoas tenham decidido mostrar apenas a parte que gostam.
"Acho que finalmente descobri como me sentir bem em relação à vida. Sempre que vir alguém muito feliz, lembre-se: essa pessoa também tem seus momentos não tão perfeitos."
O problema do livro, para mim, foi que eu esperava me divertir muito com o enredo, mas passei longe disso. Houve uma única cena que me trouxe algumas risadas e senti falta de mais disso. As partes que deveriam ser engraçadas me pareciam tão exageradas que eu só conseguia sentir constrangimento pelos personagens. E me irritou um pouco o fato de que todos pareciam mentir com uma enorme facilidade, inclusive para as pessoas mais próximas, sem se importarem, como se fosse normal. Como as mentiras sempre levavam a mais constrangimento, deveria ser engraçado, mas não era para mim, então elas só me irritaram.
Fora esse humor mal sucedido, Minha vida (não tão) perfeita ainda conseguiu trazer uma história bonitinha, cheia de mensagens importantes e fofa, mas não mais que isso. É uma leitura gostosa e otimista, mas não consegue ser marcante, nem pelo lado do drama, nem da comédia. Ainda assim, só por falar de família, sonhos e das perspectivas frustrantes de viver a vida com olhar na vida dos outros, o livro conseguiu trazer alguma coisa boa e foi uma ótima companhia por um tempo.