A Criança no Tempo - Ian McEwan

Sinopse: Do autor de Reparação e Enclausurado e vencedor do Man Booker Prize, um romance contundente sobre a dor do desaparecimento de um filho. Numa ida rotineira ao supermercado, Stephen Lewis, escritor bem-sucedido de livros infantis, se depara com a maior agonia de um pai: Kate, sua filha de três anos, desaparece sem deixar rastros. Numa imagem terrível que se repete ao longo dos anos seguintes, ele percebe que a garota não vai voltar. Com ternura e sensibilidade, Ian McEwan nos leva ao território sombrio de um casamento devastado pela perda de um filho. A ausência de Kate coloca a relação de Stephen e de sua esposa Julie em xeque, enquanto cada um deles enfrenta à sua maneira uma dor que só parece se intensificar com o passar do tempo. Vencedor do Whitbread Award, A criança no tempo discute temas como ausência, luto, culpa e as marcas indeléveis que um acontecimento pode deixar em uma família. Um romance surpreendente de um dos melhores escritores de sua geração. “Sua obra-prima.” — Christopher Hitchens “Somente Ian McEwan poderia escrever sobre a perda com tamanha honestidade.” — Benedict Cumberbatch “Fiel à realidade psicológica: as belas camadas dos relacionamentos, o amor multifacetado entre pai e filho, marido e mulher… Tão artisticamente concebido quanto pungentemente executado.” — The New York Times Book Review (Skoob)

Livro recebido como cortesia da Editora
MCEWAN, Ian. A Criança no Tempo. Companhia das Letras, 2018. 288 p.


A Criança no Tempo conta a história de Stephen e Julie, um casal que perdeu a pequena filha, Kate, na fila do caixa de um supermercado. O protagonista da história é o pai, que por um acaso é escritor de livros infantis. Apesar de terem se passado dois anos, o homem ainda procura, agora involuntariamente, por crianças pequenas na rua, na esperança de que uma delas seja a filha perdida. A mulher, Julie, é música e entra em uma depressão profunda após o desaparecimento da menina, se isolando do mundo.

“Qualquer menina de cinco anos – embora os garotos também servissem – emprestava substância à sua continuada existência. Nas lojas, ao passar pelos parquinhos, na casa de amigos, ele não podia deixar de procurar por Kate em outras crianças, ou nelas ignorar as lentas mudanças, as competências crescentes, ou deixar de sentir a potência irresistível de semanas e meses, do tempo que devia ser dela. O crescimento de Kate tinha se transformado na própria existência do tempo. Seu crescimento espectral, o produto de uma tristeza obsessiva, era não apenas inevitável – nada era capaz de fazer parar o relógio fibroso – mas necessário. Sem a fantasia de sua continuada existência, ele estava perdido, o tempo pararia. Era o pai de uma criança invisível.”

Após passar por um trauma de tamanha proporção, não é preciso dizer que o mundo do casal é completamente abalado e cada um tenta sobreviver de maneiras diferentes, separados um do outro. O tempo, ou a noção dele, é um pouco perdida, o que simboliza bem a forma como a tragédia afeta os personagens. Vemos, ao mesmo tempo, um pouco do passado, do presente, e até mesmo do futuro, o que pode nos ambientar de maneira fantástica na história ou nos deixar completamente perdidos.

Não vou mentir, para mim a leitura foi muito difícil, um pouco pela temática e um pouco pela forma como o autor nos conta a história. Tem sido um mês difícil para mim nas leituras e a monotonia do livro não ajudou muito. Não é uma história ruim, mas pela sinopse eu esperava mais, achei que ficaria mais envolvida com os personagens e com a trama.

O livro foi escrito na década de 80, então tem muitos elementos aos quais eu não estou acostumada e, por um lado, eu tento ler coisas novas, novos gêneros para não ficar sempre no mesmo clichê mas, por outro, não consegui me concentrar na leitura então tive que reler muitas vezes a mesma página para entender o que estava acontecendo. Isso afetou muito a compreensão da obra como um todo, fazendo com que eu não conseguisse aproveitar a leitura da forma como deveria.

De uma forma geral, o autor descreve muito bem os sentimentos dos personagens e retrata da forma mais autêntica possível como um casal é abalado após a perda de um filho. Eu particularmente nunca passei por nada parecido, mas infelizmente conheço quem já passou por isso, de uma forma diferente, mas a perda de alguém tão querido que ainda tinha uma vida inteira pela frente não é nada fácil. Então, acredito que o autor relatou tudo de forma que pudéssemos realmente compreender os sentimentos dos personagens e o que os levou a se sentir de tal forma.

“Ao ver os rostos dos pais, Stephen não reparava tanto nos efeitos da idade mas na devastação causada pelo desaparecimento de Kate. Ela agora era raramente mencionada, razão pela qual tanto se surpreendera vinte minutos antes. A perda da única neta tinha embranquecido os cabelos do pai em dois meses, enquanto os olhos da mãe se afundaram em meio às rugas. Os anos da aposentadoria haviam sido construídos em torno da neta, para quem aquela sala fora um paraíso de objetos proibidos. Ela podia passar meia hora sozinha, o queixo apoiado no aparador, costurando obscuros diálogos em que fazia as vozes da bicharada em chiados agudos. Exceto pelos sinais físicos, Stephen não flagrara o sofrimento de seus pais. Eles não desejavam deixar o fardo dele ainda mais pesado. Era típico daquilo que os unia o fato de nunca terem sido capazes de chorar juntos por Kate. Pronunciar seu nome, como o pai fizera, significava romper uma regra não escrita.”

Foi a primeira obra de Ian McEwan que li e espero ter a oportunidade de ler outra história do autor para entender melhor seu estilo. A Criança no Tempo, para mim, foi uma leitura difícil e pesada, mas para quem gosta do estilo vale muito a pena.
Ale Afonso
Ale Afonso

12 comentários:

  1. Pena ter sido uma leitura difícil, mas é um tema que mexe muito com qualquer um ainda mais se tratando de criança e que acontece e muito na realidade ouvimos muitas historias de crianças desaparecidas é muito triste isso. Acompanhar o sofrimento do casal deve ter deixado a leitura emotiva, ainda mais que abala a relação dos dois um ocorrido desses.

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  2. Acredito que leituras assim, doloridas, sempre nos façam pensar sobre nossas próprias vidas. Não pelo fato da perda, mas pelo fato da vida. Da vida que precisa continuar após algo tão forte. Do que fazer dos dias, após algo tão inesperado.
    Tenho namorado este livro desde que li a primeira resenha dele e não vejo a hora de poder conferir.
    A dor e o recomeçar, este livro se resume a isso!
    Lerei!
    Beijo

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  3. Realmente deve ser uma leitura lenta, pesada e triste devido a temática mesmo, mas ainda sim adorei ler a resenha do livro, pois é uma historia bem real de perda, dor e de como essa familia se esta lidando com esse sofrimento mesmo depois ja ter passado dois anos. A capa tocou meu coração, com certeza adoraria ler, daqueles dias mais calmos.

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  4. Ai, pelo visto esse livro já começa deixando o coração partido.
    Não conhecia esse autor, e confesso que estou em dúvida se quero ler algo dele.
    A premissa é interessante, mas me parece que se perdeu no decorrer da história.
    Uma pena que não tenha sido tão interessante quanto parecia.
    Vou pensar mais sobre esse livro, o tema abordado é forte.

    Beijos

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  5. Alessandra!
    Difícil quando a leitura empaca e não consegumos acompanhar o raciocínio do autor, não é mesmo?
    Que situação dolorosa desses pais, nem imagino a agonia e o sofrimento pelos quais eles passaram.
    Fiquei curiosa, mesmo com sua resalvas.
    Desejo um mês abençoado!
    “A gratidão é o único tesouro dos humildes.” (William Shakespeare)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA OUTUBRO - 5 GANHADORES –
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  6. O tema, criança perdida, é sempre doloroso né?
    Nunca li nada desse autor, mas pelo que disse, a escrita dele nesse livro foi pesada e difícil, eu não curto muito livros assim não, mas apesar disso, parece ser um livro inteligente e profundo.

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  7. Olá Alessandra,
    É mesmo meio complicado quando a obra além de abordar um tema triste, com essa carga imensa de sentimentos, é escrita em outra época, dificulta um pouco a leitura, o interessante é conhecer uma realidade anterior a nossa.
    Sobre o enredo, achei ele completamente real, quantas famílias não desmoronam por conta do luto, da perda, e principalmente, por não aceitar e compreender o ocorrido. É uma história triste sim, e sem dúvidas deve mexe com quem lê.
    Beijos

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  8. Por mais interessante que seja, não conseguiria ler, pois sou muito emotiva e não consigo nem imaginar algo assim. A única coisa que gostaria de saber é o final do livro, como termina o casal e se encontram a filha.

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  9. Ao começar a ler a resenha me lembrei de "A cabana" é o mesmo sentimento de perda, no livro não m lembro se o casal ficou separado por um tempo, mas enfim esse deve ser um daqueles livros cheios de emoção e dor (o próprio titulo remete a isso!) e como vc mesmo escreveu cada um passa por momentos assim de forma diferente, mas em todo caso deve ser um livro bem emotivo!

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  10. Oi, Alessandra
    Esse é um livro que exige muito do leitor e trás uma carga emocional muito grande.
    Perdas todos temos, mas perder um filho é terrível a pessoa nunca vai ser a mesma.
    Quero ter oportunidade de ler esse livro.
    Beijos

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  11. Oi Alessandra!
    Não conhecia esse livro ainda, achei a capa fofa demais, pela resenha o enredo tbm parecer lindo.
    Add nos desejados.
    Bjs!

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  12. Não conheço nenhuma obra do autor, mas apesar de a leitura ter sido difícil para você me interessei pela história, costumo gostar de livros que envolvem a psicologia humana. Talvez acabe gostando da leitura então pretendo dar uma chance para ele.

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