Feios - Scott Westerfeld

Fonte da imagem: Isabela Borges

Sinopse: Tally está prestes a completar 16 anos, e ela mal pode esperar. Não por sua carteira de motorista – mas para se tornar bonita. No mundo de Tally, seu aniversário de 16 anos traz uma operação que torna você de uma horripilante pessoa feia para uma maravilhosa pessoa linda e te leva para um paraíso de alta tecnologia onde seu único trabalho é se divertir muito. Em apenas algumas semanas Tally estará lá.
Mas a nova amiga de Tally, Shay, não tem certeza se ela quer ser bonita. Ela prefere arriscar sua vida do lado de fora. Quando ela foge, Tally aprende sobre um lado totalmente novo do mundo dos bonitos – que não é tão bonito assim. As autoridades oferecem a Tally sua pior escolha: encontrar sua amiga e a entregar, ou nunca se transformar em uma pessoa bonita. A escolha de Tally faz sua vida mudar pra sempre. (Skoob)

WESTERFELD, Scott. Feios. Feios #1. Galera Record: 2011. 348 p.

Antes mesmo de iniciar o blog, pensei muito sobre qual seria o livro inicial. Não é fácil quando existem vários livros especiais para comentar.

Escolhi começar com o último que li: Feios, de Scott Westerfeld.

No início, pensei se tratar de um livro de melodrama adolescente, inserido num contexto futurístico. Em relação à isso, não me enganei completamente, exceto pelo fato de que o livro vai muito mais a fundo, e aborda questões sobre as consequências do desejo pela perfeição.

A ficção científica se passa 300 anos após o fim dos "enferrujados" - humanos que viviam em construções com bases de ferro - em uma sociedade na qual todos são considerados feios, até que, aos 16 anos, passam por uma cirurgia que os transformam em "perfeitos".

Tally está prestes a completar 16 anos, e ainda mais ansiosa para ir para Nova Perfeição - a parte da cidade reservada aos perfeitos -, já que seu melhor amigo passou pela cirurgia, deixando-a sozinha em Vila Feia. Nesse momento, ela conhece Shay que, mesmo tendo pensamentos muito diferentes dos seus, torna-se sua amiga. Shay não se mostra empolgada para a data da cirurgia, o que Tally percebe, mas não consegue compreender. Até que Shay decide fugir da cidade e tenta convercer Tally a ir junto, revelando conhecer uma comunidade que ainda vive de forma tradicional, envelhecendo naturalmente e retirando o necessário para sua sobrevivência da natureza: a Fumaça. Como Tally prefere ficar, Shay deixa um bilhete codificado, que permite apenas à amiga entender como chegar à Fumaça, caso mude de idéia.
 

É então que Tally vê seus sonhos desmoronarem, conhecendo o lado obscuro da organização da cidade que tenta manter a perfeição a qualquer custo. Obrigada a ir para Fumaça, como espiã, Tally se depara com a verdade inimaginada, com a diferença das aparências e atitudes das pessoas, com o trabalho manual e as necessidades mais simples da vida humana, com as relações familiares sem bases em hierarquia, e mesmo com o amor, que encontra ao lado de David.

O livro, narrado em terceira pessoa, tem foco nas características psicológicas de Tally, o que permite sermos inseridos em seu íntimo, como se fizéssemos parte da personagem. Recheado de cenas de ação e aventura, com itens fora de nossa realidade como jaquetas de bungee-jump (sem cordas), pranchas e carros voadores, a leitura se torna dinâmica, sendo possível, inclusive, sentir algumas palpitações nos momentos de maior emoção.

Além disso, é possível perceber como a busca pela perfeição pode afetar a vida das pessoas, como acontece atualmente, quando uma pessoa perfeitamente saudável e naturalmente bonita tem sua auto-estima reduzida, e se submete a procedimentos que acredita ser necessário.