O Conto da Aia - Margaret Atwood

Sinopse: Escrito em 1985, o romance distópico O conto da aia, da canadense Margaret Atwood, tornou-se um dos livros mais comentados em todo o mundo nos últimos meses, voltando a ocupar posição de destaque nas listas do mais vendidos em diversos países. Além de ter inspirado a série homônima (The Handmaid’s Tale, no original) produzida pelo canal de streaming Hulu, o a ficção futurista de Atwood, ambientada num Estado teocrático e totalitário em que as mulheres são vítimas preferenciais de opressão, tornando-se propriedade do governo, e o fundamentalismo se fortalece como força política, ganhou status de oráculo dos EUA da era Trump. Em meio a todo este burburinho, O conto da aia volta às prateleiras com nova capa, assinada pelo artista Laurindo Feliciano. (Skoob)
ATWOOD, Margaret. O Conto da Aia. Editora Rocco, 2017. 368 p.

Escrito em 1985, época em que o termo distopia ainda não era tão familiarizado dos leitores como é hoje em dia, embora já existissem obras desse gênero bem famosas, como O Planeta dos Macacos, A Guerra dos Mundos, Blade Runner, Admirável Mundo Novo, entre outros, O Conto da Aia aborda temas que atingem diversas vertentes do preconceito, racismo, homofobia, totalitarismo, machismo, tudo embalado em uma narrativa cheia de raiva e rancor.

Após três quartos da população feminina ter ficado estéril, devido a doenças sexualmente transmissíveis, além de outras provocadas pela degradação do meio-ambiente, um grupo religioso totalitário aplica um golpe nos EUA, destrói o governo atual e assume o controle do país, mudando, inclusive, o nome para República de Gileade. A primeira coisa que fazem é suprimir os direitos femininos, mas eles também mantém um regime militar extremamente impiedoso e mortífero, além de leis baseadas em um fanatismo religioso que prega o Antigo Testamento Católico. As mulheres que ainda conseguem engravidar, chamadas de Aias, são destinadas a famílias influentes, cuja esposas sejam estéreis.

Existem outras classes de escravidão, uma vez que não existe salário para essas mulheres e elas são mantidas sob cárcere, como as Marthas, que são empregadas domésticas e cozinheiras. As mulheres que não pertencem a famílias influentes e que não podem ter filhos, ou que são lésbicas, são exiladas para locais desconhecidos, chamados de Colônias, onde precisam sobreviver no meio da pobreza e de doenças.

Existem diversas supressões de liberdade e individualidade que são descritas, aos poucos, por Offred, a personagem principal. E, como disse no primeiro parágrafo, sua narrativa é recheada de raiva e rancor, mas também passa pelo medo, pelo desespero, pela repulsa, pela revolta.

O nome Offred é um perfeito exemplo de até onde foi a perda de liberdade. Offred é o nome que a personagem recebe após o regime, após ser presa e doutrinada para obedecer e cumprir suas funções, que quer dizer Of Fred (de Fred), que é o nome do homem da família para onde ela foi enviada para reproduzir, e a quem ela passa a pertencer.

A história utiliza diversas alegorias nos rituais que os personagens são obrigados a realizar, como nas relações sexuais, estupros na verdade, e no parto, que incomodam a ponto de causar uma revolta no próprio leitor. Em algumas partes, fica difícil distinguir até onde as pessoas perderam a capacidade de avaliar o que é insano e o que não é ao viverem da forma que vivem em Gileade.

Nas ruas, médicos que praticavam abortos são enforcados e os corpos deixados pendurados para todos verem. O mesmo com homossexuais ou pessoas que tentaram confrontar o regime totalitário. Não é permitido ler, assistir televisão, com exceção da hora de pronunciamento governamental, a comida é controlada, bem como o dinheiro, os transportes, a comunicação, a movimentação das pessoas. Em todos os lugares podem existir espiões disfarçados, prontos para delatar algo que achem indigno. Furgões negros, chamados de Os Olhos, aparecem do nada e levam embora pessoas que nunca mais aparecem. É um regime de total terror.

Todos esses fatos são narrados por Offred e intercalados com suas lembranças de como era antes do golpe, do marido e da filha pequena que amava e que foram tirados de seu convívio. A esperança de que, de alguma forma, isso mude, é a força que move e mantém a personagem equilibrada e viva.

Também, como disse no primeiro parágrafo, é fácil fazer comparações com nossa própria realidade, como o regime totalitário do oriente médio, a época da ditadura no Brasil, a escravidão colonial, os tribunais de idade média, as perseguições aos judeus, entre outras barbáries históricas. É como se a autora compilasse em uma única história, tudo o que o ser humano fez de abominável nos últimos dois mil anos. E é aterrador constatar como as coisas podem voltar a serem feitas com tanta facilidade.

Sim, porque uma das coisas mais assustadoras da obra é em como o golpe foi iniciado. A autora não descreve que as coisas mudaram de uma hora para a outra. Pelo contrário. Nas lembranças de Offred, é demonstrado como os sinais começam aos poucos, devagar, dias, semanas, meses, atingindo diversas áreas estratégicas da sociedade, até que quando se dá conta do que está acontecendo, já é tarde demais.

O Conto da Aia vai além do gênero distopia. Ele é uma demonstração fidedigna de como o ser humano pode justificar suas atrocidades pela religião, pelo preconceito com gêneros minoritários, pelo machismo pelo sexo mais frágil, e em como, principalmente, ele consegue se adaptar perfeitamente e interagir com essa situação. Assustador!

Tem uma série de TV lançada este ano e que fez enorme sucesso de crítica e público, além de já ter ganho vários prêmios, e estar concorrendo a tantos outros. Mas dela, eu falo em uma postagem exclusiva ;)

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Gone - Lisa McMann

Sinopse: No início Janie acreditava que já sabia o que o futuro lhe reservava e pensou que estava em paz com isto. Mas, o que Janie não suportou, foi ver Cabel afundando com ela. Janie só vê uma maneira de dar a Cabel a vida que ele merece – ela precisa desaparecer. Mas isto pode destruir os dois. Então, um estranho entra em sua vida – e tudo se desfaz. Seu futuro, antes previsto, sofre uma reviravolta trágica e suas escolhas se tornam mais terríveis do que Janie jamais imaginou. Ela só precisa escolher o menor dos dois males. E o tempo está se esgotando… (Skoob)
 MCMANN, Lisa. Gone. Wake #3. Novo Século, 2010. 200p.


No livro anterior, Fade, Janie acreditou que já sabia tudo o que tinha para saber sobre ser uma apanhadora de sonhos. Ela até já estava pensando na decisão que teria que tomar, e ela seguiu essa neste livro. Porém, antes de fazer essa decisão definitiva de como viver, ela vai descobrir que é ainda mais difícil do que parecia. 

Este livro talvez seja mais dramático que os anteriores, pelo menos do que o primeiro. O segundo tinha aquele balanço com romance e alívio cômico, por isso, apesar de ter acontecimentos bem pesados, o terceiro volume acaba parecendo mais dramático, pois tem pouco de qualquer elemento que não seja drama. Isso não foi negativo para mim, acho que é até necessário para terminar a trilogia com poucas páginas.

Eu acredito que dá para se identificar com a indecisão da Janie e a questão de escolher entre duas opções horríveis, por mais que geralmente as nossas não sejam tão ruins quanto as dela. Mais uma vez a série me ganha por mostrar que a vida não tem saída fácil. 

Gone conseguiu dar um final para todos os aspectos da vida da Janie. Só não entendi a última frase, que é bem aberta e daria para pensar que há outra continuação ou que foi a tentativa de chamariz para um spin off que não chegou a acontecer. Eu cheguei a pensar isso, e também pensei que na verdade não haveria necessidade de uma continuação por causa disso, e ela pode estar falando da pessoa mais provável mesmo. Independente, essa frase não interfere no fato de que o livro foi completamente fechado e para mim foi um bom final. Eu sei que muitas pessoas não gostam, mas não sei o porquê (e não fiz questão de ler porque às vezes - muitas - prefiro ficar cega aos supostos defeitos de coisas que eu amo haha). Não me decepcionou em momento algum. Continuo adorando essa trilogia.

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Música do Coração - Katie Ashley

Sinopse: Para Abby Renard, o plano era para ser simples, se juntar a banda de seus irmãos na última etapa da sua turnê de verão, e decidir se ela está finalmente pronta para a ribalta, tornando-se o seu quarto membro. É claro que ela nunca imaginou que tropeçar no ônibus de turnê errado na Rock Nation, teria acidentalmente pousado-a na cama de Jake Slater, o notório vocalista mulherengo da Runaway Train. Quando ele a confunde com uma de suas groupies, Abby rapidamente esclarece que ela com certeza não está na sua cama de propósito.
Jake Slater nunca imaginou que o anjo que caiu na sua cama iria resistir a seus encantos, no mesmo instante o deixou de joelhos. Naturalmente, o fato de que ela parece uma menina certinha do coro poderia ser qualquer coisa, menos o tipo dele. Então, ele está mais do que surpreso quando, depois de apostar com Abby que ela não duraria uma semana no seu ônibus de turnê, ela está mais do que disposta a provar que ele estava errado. Com a vida pessoal de Jake implodindo a sua volta, ele encontra uma improvável aliada em Abby. Ele nunca conheceu uma mulher que pudesse conversar, brincar, ou o mais importante fazer música com ela.
Quando a semana começa a chegar ao fim, nem Abby, nem Jake estão prontos para seguir em frente. Pode, uma cantora de Country querida e um bad boy do rocknroll, de verdade, terem um futuro juntos? (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
ASHLEY, Katie. Música do Coração. Runaway Train #1. Editora Pandorga, 2014. 320 p.


Entre algumas leituras de editoras parceiras que tenho aqui em casa, escolhi passar Música do Coração na frente pela vontade de ler um New Adult. Não sabia muito sobre o enredo antes de iniciar a leitura, mas claro que tinha algumas expectativas. O livro cumpre o que o gênero promete: traz muito romance, algumas cenas mais intensas e, no caso da série Runaway Train, também muita música.

Na trama, Abby pretende se juntar aos seus irmãos para participar dos próximos shows da turnê da Jacob's Leader, mas acaba, por acidente, no ônibus da Runaway Train e, mais especificamente, na cama de Jake. Depois de um início cheio de provocações e esclarecimentos, ela é desafiada a sobreviver no ônibus da banda por uma semana e, como Abby não quer dar o braço a torcer, ela fica e acaba se aproximando de Jake muito mais do que imaginaria.

Música do Coração, de Katie Ashley, é, de fato, um romance bem gostoso de acompanhar. A escrita da autora fisga tanto que, quando se percebe, o livro já acabou. A narrativa intercala o ponto de vista de Abby e de Jake em primeira pessoa e permite conhecer mais profundamente como esses personagens tão diferentes encaram cada situação. É interessante acompanhar a trama dessa forma porque, por mais que não se concorde com algumas atitudes dos personagens, é possível compreender o que os leva a tomar determinada decisão.

"- Então no futuro quando houver momentos em que quiser estrangular Jacob ou quando ele testar o seu amor, apenas se lembre de que perdão é muito melhor do que arrependimento."

Algumas coisas não me agradaram na trama e, apesar de ter a impressão de ser muito crítica em algumas leituras, não consigo não me irritar. A primeira delas é a aposta entre Abby e Jake, a única razão que a fez ficar no ônibus. Acho que a autora poderia ter sido mais criativa e justificado de outra forma essa permanência, por que eu não consigo me convencer de que alguém em sã consciência faria uma aposta para ficar no ônibus de quatro desconhecidos. Além do mais, o que importa o que ele vai achar no fim das contas se ela não aceitar? Não colou muito, mas relevei e continuei a leitura.

O segundo problema foi Jake e o quanto ele foi escroto. Eu definitivamente nem olharia para um cara que fez o que fez e perderia todo o respeito por ele, mas Abby foi bem boazinha e perdoou facilmente - mais de uma vez. Mesmo que ele tivesse uma razão que justificasse algo, acho muito difícil que eu fosse me apaixonar por alguém assim. Criei birra.

Mesmo assim, tenho que admitir que, quando Jake deixou a "ogrisse" de lado para investir de verdade em Abby, ele conseguiu ser mesmo fofo. Acho que se eu não achasse que ele tivesse sido bem reprovável num primeiro momento, até poderia gostar dele. Deixei de lado minha cisma com o protagonista e segui em frente na leitura e, no fim das contas, valeu mesmo a pena.

"- Vê aquela garota. - Apontei para Abby. - Acho que eu a amo e isso faz com que eu aja como um perfeito idiota.
Melody balançou sua mãozinha para Abby.
- É, até você já está apaixonada por ela. E você a conhece há o quê? Cinco segundos? Ela faz isso com as pessoas."

O que mais gostei no livro nem foi romance em si, para ser sincera, mas da amizade entre os caras da Runaway Train, assim como o carinho deles por Abby. Todos eles são fofos ao seu modo, protetores e divertidos, e fiquei feliz em saber que os outros livros da série vão contar a história dos demais integrantes da banda. Adorei A. J. e Brayden e estou bem curiosa para saber mais sobre suas próprias histórias.

Um detalhe encantador da trama que provavelmente vai conquistar a todos é sua musicalidade. Afinal, a série narra tramas de integrantes de uma banda e as passagens do livro são misturadas a uma bela trilha sonora, que descreve os shows da banda e faz menções a músicas bem conhecidas. Para quem gosta, é difícil não ficar cantarolando em diversos momentos.

Apesar dos problemas que mencionei - e de uma série de palavrões, que não me incomodou, mas pode incomodar alguém -, Música do Coração tem uma trama gostosa de acompanhar, cheia de cenas românticas e músicas que têm grandes chances de agradar quem gosta do gênero.

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Conjuntando #72: Leia.Seja.


A Editora Arqueiro convidou os blogs parceiros para fazerem uma blogagem coletiva sobre uma campanha muito legal que está sendo promovida pelo Sindicato Nacional dos Editores de Livros: a Leia.Seja.

A Leia.Seja. busca difundir a mensagem do valor do livro e seu papel transformador na sociedade através de um time de personalidades fantasiadas de personagens clássicos da literatura brasileira e mundial. 

Pedro Bial (Sherlock Holmes), Bela Gil (Capitu), Bernardinho (Capitão Rodrigo), Cauã Reymond (Dom Quixote), Washington Olivetto (Visconde de Sabugosa) e Baby do Brasil (Emília) vestiram sua paixão pelas histórias para transmitir a mensagem de que, ao ler, a pessoa é transportada para quantos lugares, sentimentos e reflexões a imaginação permitir, estimulando a criatividade, a inspiração e o saber. Confira todos os materiais da campanha.

A campanha ganhou visibilidade já na Bienal do Livro do Rio de Janeiro e agora, para celebrar o Dia Nacional do Livro,  os apoiadores da campanha convidam todos a contar quais obras mais marcaram suas vidas.  Para participar, curta a campanha no Facebook e no Instagram e use a hashtag #leiaseja!


E claro que o Conjunto da Obra não poderia ficar de fora. É difícil dizer quais livros mais me marcaram, pois foram vários nos mais diversos momentos e cada um teve uma importância diferente. Com os livros, pude viajar desde mundos mágicos, como Nárnia ou o Mundo Atrás do Espelho, até os cantos mais longínquos de nosso próprio mundo. Conheci culturas diferentes das nossas, aquelas que existem mesmo, mas também pude imaginar outras, criadas pela mente de alguém.

Ler, afinal, é ter contato com as diferenças, é desenvolver a empatia e se tornar uma pessoa melhor. Já dizia Mario Quintana: Livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas. E se eu, de alguma forma, puder ajudar a mudar o mundo - ou as pessoas - por meio de livros, com certeza farei isso.

O que acharam da campanha? Já viram por aí? Quais os livros mais marcaram suas vidas? Conta para a gente!

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Jogo de Espelhos - Cara Delevingne e Rowan Coleman

Sinopse: Naomi, Rose, Leo e Red são adolescentes enfrentando aquela fase em que se relacionar no colégio é tão difícil quanto encarar os próprios problemas. Red tem uma mãe alcoólatra e um pai ausente; o irmão de Leo está na prisão; Rose usa sexo e drogas para mascarar traumas antigos e Naomi se esconde atrás de peruca e maquiagem pesada

Quatro adolescentes tão diferentes viram melhores amigos quando são obrigados a formar uma banda. O que era uma tarefa chata vira a famosa e popular Mirror, Mirror. Através da música, eles encontram um caminho para encarar o mundo de outra forma. 

Mas tudo desmorona quando Naomi some misteriosamente e é encontrada, dias depois, entre a vida e a morte. O acidente desestrutura a banda e, consequentemente, a vida de todos. A sólida relação de amizade que eles achavam estar construindo tinha uma rachadura, e tudo o que restam são dúvidas e vazios. O que aconteceu com Naomi? Foi um acidente ou um ataque? Por que ela fugiria e deixaria a banda para trás? Por que esconderia segredos dos seus melhores amigos? Para desvendar o mistério por trás dessa história, Red e os amigos entram em uma investigação que vai desenterrar seus próprios segredos obscuros e fazê-los confrontar a diferença entre o que eles realmente são de verdade e a imagem que passam para o mundo.
Em seu romance de estreia, a modelo e atriz Cara Delevingne revela mais um talento ao apresentar um olhar fresco e sagaz sobre questões atuais da juventude: amizade, bullying, identidade, gênero, transtornos emocionais, a influência perigosa das mídias sociais nas relações e o poder destruidor da imagem. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
DELEVINGNE, Cara. COLEMAN, Rowan. Jogo de Espelhos. Editora Intrínseca, 2017. 304 p.


Contar uma história sobre adolescência sem cair no clichê ou sem exagerar não é fácil. Por isso, comecei a ler Jogo de Espelhos, de Cara Delevingne e Rowan Coleman, com certo receio. Só que eu não esperava ser surpreendida e fisgada pela trama como fui, o que tornou a leitura tão boa a ponto de já estar listada entre as melhores do ano.

Jogo de Espelhos começa com o sumiço de Naomi, uma das integrantes da banda Mirror, Mirror junto com Red, Leo e Rose. A polícia acha que Nai fugiu para chamar a atenção, como já fez outras vezes, mas os amigos dela sabem que não é verdade, porque tudo mudou para eles depois que a banda foi formada. Quando ela reaparece semanas depois entre a vida e a morte, ninguém tem mais certeza se ela teria motivos para tentar se matar ou se alguém fez aquilo com ela.

"Antes da banda, todos nós estávamos perdidos de algum jeito e, de repente, por algum motivo, nossa vida deslanchou. Juntos, éramos fortes, populares e rock'n'roll pra cacete. Para nós, a Naomi também se sentia assim. Achávamos que ela não precisava mais fugir. Até noite passada."

O livro, narrado em primeira pessoa por Red, baterista da banda, mostra todos os aspectos dos demais personagens sob sua ótica. No início, tive a impressão de que a narrativa era bem despretensiosa e sem grandes novidades, mas realmente me enganei. Cada palavra foi escolhida por um motivo e é importante e, exatamente por isso, achei genial a novidade trazida pelas autoras e a forma como elas criam uma grande reviravolta no enredo. Cheguei a voltar algumas páginas para ter certeza de que eu não estava equivocada, pois elas me levaram a deduzir algo só para depois desconstruir pré conceitos. É provável que minhas afirmações agora pareçam confusas e sem nexo, mas não posso comentar mais nem uma palavra sobre isso para não tirar o brilho da surpresa de quem ler, embora eu quisesse destrinchar nos mínimos detalhes com vocês. Confiem em mim, é a surpresa a parte mais fascinante da história.

"- Rose. - Chego mais perto. - Não quer brigar com você por causa disso, só quero que entenda que eu me preocupo com você, só isso. Eu me importo com você.
- Eu sei. - Ela relaxa, mas não muito. - Só acho que, antes de se preocupar comigo, Red, talvez você devesse se olhar no espelho, sabe? Você também tem algumas questões para resolver, meu bem."

Embora se desenvolva em um contexto adolescente, o livro não se mantém na superfície dessa fase da vida. Nas miscelâneas de uma narrativa leve e divertida, as autoras abordam temas mais complexos e problemas por que passam todos os personagens, como questões de aparência, violência física e psicológica, estupro, alcoolismo, homossexualidade, bullying, distúrbios alimentares, traição, divórcio, depressão, entre outras coisas que moldam as pessoas para a vida adulta. O mais interessante é que, apesar de incluir esses temas, eles não definem os personagens, são apenas uma parte deles entre tantas outras. Cara Delevingne inseriu uma nota na introdução sobre tentar escrever um livro com que todos pudessem se identificar de alguma forma, e acredito que realmente conseguiu.

Além do mais, o livro não se resume a isso. Perpassando todos os assuntos que já comentei, a trama traz ainda o mistério por trás do sumiço de Naomi. Aos poucos, mais evidências aparecem e acompanhar a investigação é bem instigante. Sinceramente, tenho a impressão de que essa investigação deve ter alguns furos, mas o livro me trouxe uma sensação tão boa ao fim da leitura que tive preguiça de pensar sobre isso e optei por ignorar qualquer falha que porventura exista no enredo.

"- Não me importa de onde as pessoas são, qual a cor da pele delas, quanto dinheiro elas têm, se gostam de homens ou mulheres, ou... ou... qualquer uma dessas merdas. Por que as pessoas não podem simplesmente ser pessoas?"

Jogo de Espelhos usa diversas vezes da ilusão para surpreender e mostrar que pode haver algo além daquilo que se pode ver. Por isso, o título não poderia ser mais adequado à trama. Em minha opinião, Cara Delevingne se saiu muito bem em sua primeira "aventura" na literatura, principalmente porque conseguiu construir uma trama instigante, verdadeira e repleta de amor. O livro é uma delícia de acompanhar e, se eu puder dar uma sugestão, é essa: leiam.

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A longa viagem a um pequeno planeta hostil - Becky Chambers

Sinopse: O livro de Becky Chambers é um marco recente no universo da ficção científica. Lançado originalmente através de financiamento coletivo pela plataforma Kickstarter, ele conquistou a crítica especializada e os ainda mais exigentes fãs do gênero, sendo indicado para prêmios respeitados, como o Arthur C. Clarke Award e o Hugo Award. Um dos motivos do sucesso de A Longa Viagem a um Pequeno Planeta Hostil é a abordagem da história. Elementos essenciais em qualquer narrativa sci-fi estão muito bem representados, como a precisão científica e suas possíveis implicações políticas. O gatilho principal é a construção de um túnel espacial que permitirá ao pequeno planeta do título participar de uma aliança galáctica. Mas o que realmente torna único esse romance on the road futurístico e muito divertido são seus personagens. Instigantes, complexos, tridimensionais. A autora optou por contar a história de gente como a gente — ainda que nem todos sejam terráqueos, ou mesmo humanos. A tripulação da nave espacial Andarilha é composta por indivíduos de planetas, espécies e gêneros diferentes, incluindo uma piloto reptiliana, uma estagiária nascida nas colônias de Marte e um médico de gênero fluido, que transita entre o masculino e o feminino ao longo da vida. Temas como amizade, racismo, poliamor, força feminina e novos conceitos de família fazem parte do universo do livro, assim como cada vez mais fazem parte do nosso mundo. (Skoob)
CHAMBERS, Becky. A longa viagem a um pequeno planeta hostil. Editora Darkside, 2017. 352 p.

A longa viagem a um pequeno planeta hostil é uma space trip, onde acompanhamos os relacionamentos entres os tripulantes de diferentes raças e gêneros. É uma narrativa feita sem pressas, sem acontecimentos que causem impacto, sem aventuras ou surpresas, e com diálogos casuais, que tentam criar uma empatia com o leitor. A autora consegue? Acho que sim, principalmente com uma personagem que não está viva, Lovey, a inteligência artificial. É do relacionamento dela com Jenks, o técnico em computação, que surgem os momentos mais emotivos, e é o destino dela que causa uma emoção maior ao final do livro, principalmente porque ela faz uma escolha baseada no bem de outra pessoa, em detrimento do seu próprio bem.

Aqui, preciso fazer uma pausa para evidenciar algo que li constantemente em resenhas de outros blogs e canais, que não condizem com a verdade, talvez por interesses em se evidenciarem para a editora, talvez por desconhecimento (o que acho improvável, vindo de pessoas que leem bastante), enfim, por qualquer que seja o motivo deles.

O problema reside no fato dessas resenhas realçarem a diversidade de gêneros e raças dos personagens como um destaque para a obra, como se a história trouxesse algo de diferente e novo para a ficção-científica. Bem, isso não é verdade. Grandes obras como Duna, O mochileiro da galaxia, Star Wars, Star Trek, A Fundação, A Máquina do Tempo, além de outras mais atuais, como A Guerra do Velho, por exemplo, já possuem esse tipo de diversidade e trazem discussões sobre gêneros de forma tão, ou mais, instigantes quanto A longa viagem a um pequeno planeta hostil.

Em um dos debates que aconteceram, várias pessoas disseram que conheciam essas outras obras e sabiam que elas já tratavam do assunto, ou seja, essa necessidade de destacar em um livro algo que não é novo, não pode ser justificado pelo desconhecimento. A partir do momento que uma pessoa escreve um texto evidenciando algo e ignora referências de outras obras que já fizeram o mesmo há muitas décadas atrás, ela dá a entender que não as conhece, ou se as conhece, então está forçando um ponto de vista apenas como propaganda para dar um merecimento que o livro não possui. Para escrever sobre algo, você precisa dar ao leitor o mínimo de informações necessárias para que ele possa formar uma opinião correta. Quando você não faz isso, você está sendo displicente, ou interesseiro.

A longa viagem a um pequeno planeta hostil é um bom livro, não para qualquer leitor, apesar de não ser a novidade que estão exaltando por aí, e quem está, apenas o faz para ficar bem visto com a editora que vende a obra, ou então porque nunca leu ficção-científica.

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Conjunto de Séries #21: Séries que abandonei

Faz algum tempo que comecei a assistir séries com frequência, especialmente depois que a Netflix entrou na minha vida ♡ Geralmente vejo um ou dois episódios todos os dias antes de dormir e, é claro, também nas horas de descanso, como nos finais de semana.

Mas como acontece com todo mundo, nem sempre uma série consegue me conquistar. Como eu já não tenho mais paciência para ficar enrolando com algo que não me cativa, não é tão incomum eu abandonar algum seriado que não me agrada tanto e é sobre eles que resolvi falar aqui com vocês.

Desde já peço calma, pois não estou dizendo que um seriado é ruim ou que não deve ser assistido. É questão de gosto ou momento e percebi que, para mim, não adianta ficar forçando assistir algo. Então, por favor, não me apedrejem se eu comentar sobre uma série que você gosta muito, ok? É só uma opinião e eu posso mudar de ideia, mas no momento não tem funcionado para mim. Vamos conhecer quais?

Hawaii Five-0


Geralmente eu gosto de séries que têm como foco FBI, CIA ou a polícia mesmo, então comecei Hawaii Five-0 achando que a série estaria cheia de mistérios e aventura.

A série é uma refilmagem de outra homônima da década de 1960/1970 e mostra uma unidade policial de elite montada para combater o crime no Estado do Havaí, onde suspeita-se de corrupção policial.

Até existem algumas cenas de ação interessantes e alguma aventura, mas a série não conseguiu me conquistar. Algumas piadinhas forçadas mais irritaram do que entretiveram e o maior problema mesmo foi que a série não trabalhou muito bem o enredo de pano de fundo. Ou seja, existia um bom mistério que deveria interligar os capítulos, mas assisti a uns dez episódios e essa interligação foi bem pouco trabalhada. Parecia que eu estava assistindo a vários episódios independentes e acabei não ficando curiosa para acompanhar o restante. Por isso, logo deixei de lado para ver outras que me interessassem mais.

Gilmore Girls


Com Gilmore Girls eu fui um pouco mais longe e assisti as duas primeiras temporadas completas. A série, que tem como protagonistas Lorelai, uma mulher que teve filha ainda jovem e deixou a casa dos pais ricos para viver sua própria vida, e Rory, já adolescente, que está se esforçando ao máximo para entrar em uma boa faculdade e para enfrentar a dor e a delícia que é crescer.

O problema, neste caso, é que eu me irrito profundamente com Lorelai, que parece uma adolescente mais mimada que sua própria filha e que, apesar de ter criado uma boa garota, passa alguns ensinamentos que eu não consigo concordar. Sei que muitos são fãs da série e eu gostaria de ter me tornado uma, mas não tive mais paciência para mimimi e, bom, vocês já sabem. Se eu não tivesse abandonado a série, ela não estaria aqui. Talvez um dia eu volte a assistir - até porque fiquei bem curiosa com a nova temporada lançada pela Netflix -, mas por enquanto não dá.

The Good Wife


Tá aí outra série que eu não consegui continuar: The Good Wife. A trama começa com o escândalo de Peter Florick, um procurador do Estado que foi preso por um esquema que envolvia sexo com prostitutas e corrupção, mas se centra em Alicia, a esposa, que precisa enfrentar a traição do marido e as consequências de sua prisão. Para isso, Alicia deixa de lado sua vida como dona de casa para retomar sua carreira como advogada.

Devo dizer que a série é boa, tanto que eu assisti quase três temporadas completas. Cada capítulo conta um caso de tribunal e, como comentei com vocês em outra oportunidade, eu gosto de séries jurídicas. Mas a partir de determinado ponto, o conflito central começou a andar em círculos e, como eu não via mais motivo para tanta enrolação, fui desanimando. Afinal, é meio irritante assistir três temporadas e não saber se Alicia vai ou não deixar o marido depois de tudo o que ele fez e se ela vai ou não ceder à vontade de ficar com Will. Quando vi que a trama não saía mais do lugar, abandonei. Praticidade é tudo, meus amigos. rsrs

Sense 8


Achei Sense 8 uma porcaria, abandonei, pronto, fim, acabou.

Mentira, essa é a pegadinha da lista! Na verdade, comecei a ver a série bem depois que estreou, quando já estavam quase lançando a segunda temporada. E gostei, gostei muito, para ser sincera. Mas aí, quando eu estava no fim da primeira temporada, veio aquela bomba que todos os fãs da série odiaram: o cancelamento. Bom, se eu não ia ter um final decente para a série, para que assistir então? Aí, só de raiva, larguei lá naquele episódio especial de natal. E desde então não vi mais, porque foi como um balde de água fria na minha empolgação. Agora que sei que vão fazer um fechamento razoável, pretendo voltar a assistir, mas como eu sou difícil, Sense 8 vai ter que fazer por merecer. rsrs



E vocês? Gostam das séries que eu mencionei? Já abandonaram alguma?

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Romance entre Rendas - Loretta Chase

Sinopse: Que lady Clara Fairfax é dona de uma beleza estonteante, Londres inteira já sabe. Mas a fila de pretendentes que bate à porta de sua casa com propostas de casamento já está irritando a jovem.
Cansada de ser vista apenas como um ornamento, Clara decide afastar-se um pouco da alta sociedade e se dedicar à caridade. Um dia, numa visita a uma obra social, ela depara com uma garota em perigo e pede ajuda ao alto, sombrio e enervante advogado Oliver Radford.
Radford sempre foi avesso à nobreza, mas, para sua surpresa, pode vir a se tornar o próximo duque de Malvern. Embora queira manter sua relação com Clara no campo estritamente profissional, aos poucos ele percebe que ela, além de linda, é inteligente, sensível e corajosa.
E quando a perspectiva de casamento se aproxima, tudo o que Radford pode fazer é tentar não perder a cabeça por Clara. Será que a herdeira mais adorada da sociedade e o solteiro menos acessível de Londres serão vítimas de seus próprios desejos?
Em Romance entre rendas, livro que encerra a série As Modistas, Loretta Chase nos brinda com uma história envolvente e cheia de paixão, com personagens fortes e marcantes. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
CHASE, Loretta. Romance entre rendas. As Modistas #4. Arqueiro, 2017. 320 p.


Depois de acompanhar as histórias de Marcelline, Sophia e Leonie Noirot, Romance entre rendas era muito esperado por trazer como protagonista uma das personagens mais importantes para a série: lady Clara Fairfax. O livro, com uma boa dose de humor e muito romance, típicos em romances de época, foi uma leitura divertida e gostosa, mas de alguma forma isso não foi suficiente para mim.

Nos outros livros da série As Modistas, Clara já havia deixado claro que queria se casar por amor e, enquanto não havia alguém que fizesse seu coração bater mais forte, ela não podia impedir que os cavalheiros a cortejassem. O problema é que ela já estava cansada de ter que negar pedidos de casamento e, quando uma das meninas da Sociedade das Costureiras para Educação de Mulheres Desafortunadas pede sua ajuda, ela finalmente sente que pode fazer algo de útil em sua vida além de ser apenas uma dama.

Por precisar da ajuda de um investigador, Clara chega ao escritório de Oliver "Corvo" Radford, um advogado irritante e odiável com quem ela já dividiu aventuras de infância e que parece despertar sua pior parte, toda a selvageria e ousadia que ela foi ensinada tão duramente a controlar.

"Com as pernas trêmulas, ela fitou aqueles olhos cinzentos como a tempestade. Embora por fora aparentasse tranquilidade, por dentro seu coração quase explodia. Tudo o que ela conseguia pensar era: Cometi um erro terrível. E imediatamente retrucava: Não me importo."

Estava realmente ansiosa para conhecer a trama de Clara, mas nada do que eu esperava aconteceu, então me senti um pouco enganada. Achei que ela teria auxílio das modistas para enfrentar os contratempos que insistiam em aparecer e viver suas aventuras, mas as garotas só tiveram uma participação bem pequena e irrelevante neste livro. Por conta disso, nem pareceu que se tratava de um livro da mesma série e poderia ser uma trama totalmente independente, pois não faria diferença alguma.

Ainda assim, aventuras não faltaram a Clara, com a diferença que seu aliado dessa vez era Corvo. Gostei que Oliver tirou ela de seu mundinho aristocrata chato e seguro e deu a ela tanta diversão quanto poderia desejar: perseguir bandidos, investigar perseguidores, entre outras coisinhas mais. A interação entre os protagonistas é desafiadora e cheia de provocações inteligentes, o que garante o entretenimento e a diversão.

Além de ver que Clara não é apenas um rostinho bonito e uma cabeça vazia, Corvo percebe que ela é a parceira que nunca pensou em ter - não só na vida, mas em sua profissão também. A química entre os dois é inegável e é interessante ver o quanto um instiga o outro a ser melhor e a se superar.

Como comentei no início da resenha, a trama é divertida e gostosa de ler, mas não sei por que razão não me prendeu tanto quanto eu gostaria. Senti falta de algo mais, aquele sentimento de surpresa que faz o leitor perder o ar ou algo assim. Acho que meu erro pode ter sido emendar a leitura de uma aventura de tirar o fôlego com um romance clichê como esse, ou eu simplesmente não estava muito no clima para romances de época.

De qualquer forma, Romance entre rendas cumpre seu papel de entreter e traz uma história muito fofa e cheia de amorzinho, para os corações que querem algo calmo e delicado.

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Novidades #180: Lançamentos Editoras Parceiras

Oi pessoal, como estão? Hoje é dia de divulgar alguns dos lançamentos anunciados por algumas das editoras parceiras do blog e tem muita coisa boa! Espia só:

Editora Pandorga


 Editora Novo Conceito


Editora Angel





Quem quiser conhecer mais detalhes sobre os livros, basta clicar na capa.

Agora me contem: quais vocês gostariam de ler?

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Fique Comigo - J. Lynn

Sinopse: Teresa Hamilton está tendo um ano difícil - ela está apaixonada pelo melhor amigo de seu irmão, mas ele simplesmente a ignora desde que se beijaram, um beijo verdadeiramente incrível e inspirador. Ela saiu de um relacionamento terrível, e agora uma lesão ameaça terminar sua carreira de bailarina. É hora do Plano B: faculdade. E talvez uma chance de convencer Jase de que o que eles sentem um pelo outro é real.
Jase Winstead guarda um segredo do passado - além da paixão que sente pela linda irmã de seu melhor amigo. Embora ele e Teresa tenham uma atração forte, Jase sabe que suas responsabilidades devem ser prioridade. Certamente não tem tempo para um relacionamento. Entretanto, tudo o que ele consegue pensar é em estar com a única garota que poderia arruinar tudo para ele.
Depois de uma tragédia no campus da faculdade, eles se aproximam mais e mais. É impossível continuar negando seus sentimentos. Jase e Teresa devem decidir o que eles estão dispostos a arriscar para estar juntos e o que estão dispostos a perder se não estiverem... (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
LYNN, J. Fique Comigo. Editora: Novo Conceito, 2017. 384 p.


"- Você não entende, Tess. Não posso ter você.
- Mas você me tem!"

Fique Comigo é o segundo volume da série Wait For You, lançado aqui no Brasil pela Editora Novo Conceito, você pode conferir a resenha do primeiro livro clicando aqui

Teresa é uma bailarina que vê seu sonho de uma vida ir por água abaixo, ela lesionou o joelho e está incapacitada de fazer o que mais ama na vida, dançar. Apesar de sempre ter o apoio incondicional de sua família, ela precisa de um tempo e é por isso que resolve fazer uma faculdade. 

Lá ela reencontra Jase, o melhor amigo do seu irmão e o homem por quem ela tem uma queda, uma queda não, um desfiladeiro. Há mais ou menos um ano atrás, eles esqueceram de quem eram e se deixaram levar pelo momento e, desde aquele beijo, ela não consegue mais tirá-lo da cabeça; porém, esse amor pode estar condenado ao fracasso, antes mesmo que comece. 

Esse é um livro com uma temática bem clichê. Ele é melhor amigo do seu irmão, um pouco enigmático, tem vários problemas em casa; ela, que depois de várias decepções, tenta reconstruir sua vida da maneira que pode. A autora, porém, mais um vez me surpreendeu, trazendo temáticas fortes que me levaram a refletir bastante sobre a questão vivida pela personagem.

"Eu confiava nele e aquilo era importante para mim. Não confiara em nenhum homem depois de Jeremy, nenhum além do meu irmão. Mas confiei em Jase assim que o conheci."

Teresa é uma mulher forte, que sabe o que quer e que não desistirá daquilo que acredita ser o melhor para sua vida. Ela tem alguns traumas e problemas do passado que insistem em não ir embora, porém ela não se deixa abater e continua em frente, não importa o que aconteça.

Jase é um cara bem durão por fora e teve alguns momentos que isso me incomodou, por ter sido meio babaca, porém eu sabia que ele tinha seus motivos e não estava errada, passei a ver ele como um cara a ser admirado, seu amor pela família é incrível e por isso ele ganhou um lugar no meu coração.

A construção dos personagens foi incrível, a autora desenvolveu muito bem suas características e peculiaridades, aqui temos a participação dos personagens do livro anterior e eles foram importantes para o desenvolvimento da trama.

Fique Comigo fala reconstrução pessoal, amor, superação e descobertas. Desde o primeiro livro sabemos o que ocorreu com a Teresa, porém esse foi um aprofundamento da sua real situação e tudo o que aqueles momentos difíceis deixaram como consequência em sua vida. Ela precisa enfrentar seus medos, não só por si mesma, mas também para ajudar alguém que está passando por uma situação parecida com a que ela viveu.

"O cara por quem tive uma queda durante anos, que eu amava, me amava também. E era o tipo de amor bom, o tipo que cuida e floresce, não o que magoa e destrói."

E em momentos como esse percebi o quão forte ela era, porque não é só ir lá e fazer, é você abrir feridas do passado que vão te causar dor para ajudar alguém que precisa de você e que está passando por uma situação que ninguém deve passar sozinho.

Esse foi um livro que mexeu bastante com meus sentimentos, porque me vi no lugar dos personagens e eu não sei se teria a força que tiveram para tocar tudo adiante, eu passei a ver situações como esta de uma maneira diferente, porque quando estamos como observadores é fácil julgar e dizer que não deixaria alguém fazer algo assim com você. Porém, quando a situação acontece, não se tem absolutamente nenhum controle e se abrir com uma outra pessoa pode ser mais difícil do que parece. Foi isso que observei aqui, contar para alguém não mostra que é fraco, apenas que mostra o quão forte você é.

O livro segue o mesmo padrão de edição do livro anterior, folhas amareladas e letras confortáveis, a narrativa é feita em primeira pessoa por Teresa e novamente senti falta de um segundo ponto de vista. Esse livro é clichê? Sim, mas traz uma bonita mensagem e que vale a pena ler com certeza, por isso se você gosta de romances não deixe de conferir Espero Por Você e Fique Comigo.

"Você me atraiu e abriu caminho até meu coração. Provavelmente da primeira vez que nos beijamos isso aconteceu e achei que poderia lidar com tudo."


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Desafio de Escrita #1: Fim e recomeços


Resisti ao impulso de manter meus olhos fechados por mais tempo. Eu sabia que estava evitando a luz do dia, embora estivesse sentada naquele banco do parque exatamente para encontrar o sol que aparecera naquela manhã, depois de uma semana inteira de nuvens e escuridão.

Poderia parecer presunção, mas era como se o clima da última semana refletisse meu estado interior. Nuvens e lágrimas que eu pensei que nunca deixariam de verter dos meus olhos se agitavam em uma constante dentro de mim. Mas ali estava eu, depois de dias difíceis, no parque perto de casa, buscando o sol e minha luz própria.

Foi difícil deixar meu apartamento e sair para ver o mundo e respirar. Por outro lado, era bom sentir outras coisas novamente, como a brisa do início do outono, que deixava meu corpo arrepiado e era um bom contraponto às temperaturas ainda altas, ver o verde que me cercava e as pessoas que passavam de um lado para o outro sem compromisso e sem preocupações aparentes.

Era difícil entender como tudo podia mudar em tão pouco tempo. Foi doloroso vê-lo partir. Depois de anos dividindo a vida e os sonhos, não achei que fosse acabar assim, com poucas palavras e uma mala que retirava do meu alcance qualquer vestígio de sua presença. Doeu, como nunca doeu antes, ver os planos de um futuro se desfazerem sob os meus olhos sem que nada pudesse ser feito para evitar o fim. Ele não queria mais, não me queria mais, e pensar nisso era como cravar uma faca em meu peito, tão doloroso que tornava difícil respirar.

Ainda que a dor não fosse desaparecer tão fácil, eu já não era mais uma menininha e sabia que precisava seguir em frente. Eu me doei por inteiro, amei profundamente, mas não foi suficiente. Chorar não resolveria nada, mas eu expurguei o máximo da dor que consegui nos últimos dias e estava pronta continuar agora. Sem ele.

Levantei-me do banco e iniciei uma caminhada leve, observando tudo ao meu redor. Havia tanto verde ali, tanta vida, não fazia sentido eu desperdiçar a minha com tristeza. Pássaros cantavam em alguma árvore ali perto, abelhas passavam de flor em flor e borboletas pousavam em todos os cantos. Perceber essa explosão de cores trouxe algum acalento, ainda que eu não soubesse a razão. Não importava a razão, afinal, porque eu só estava ali para me sentir viva de novo, e era dessa forma que eu me sentia.

Pouco depois de um Jacarandá, uma roseira me chamou a atenção. Repleta de flores de pétalas lilás, as cores se destacavam do entorno, por serem tão diferentes das rosas mais comuns. Nunca havia visto rosas tão bonitas, nem tão hipnotizantes. Embora com certeza aquelas rosas não estivessem ali por minha causa, minha intuição me dizia que eu tinha sido levada a elas para compreender que pode haver beleza mesmo no momento mais triste e que só é preciso abrir um pouco a mente e o coração para enxergá-la.

Com um sorriso no rosto, iniciei meu caminho de volta para casa. Eu sabia que a dor não havia sumido e sabia que ela poderia durar por algum tempo ainda. Sabia também, porém, que a vida nos leva por caminhos surpreendentes e eu estava preparada para as novas surpresas que a vida tinha para me dar.

~~*~~*~~

Este conto faz parte do Desafio de Escrita, e foi escrito a partir do tema 4 (Você passeia em um parque e encontra a rosa mais bonita que já viu). Espero que gostem!

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Valerian - Pierre Christin e Jean-Claude Mésières

Sinopse: Fruto da imaginação transbordante de Pierre Christin e Jean-Claude Mézières, os personagens de Valerian e Laureline surgiram pela primeira vez nas páginas de PILOTE, em 1967. Por sua inventividade e audácia, a série rapidamente se tornou referência absoluta para os leitores de histórias em quadrinhos de ficção científica. (Skoob)
CHRISTIN, Pierre e MÉZIÈRES, Jean-Claude. Valerian. Editora SESI-SP, 2017. 160 p.

Em 1967, quando não existia Star Wars ou Star Trek, Christin e Mézières lançaram a primeira história das aventuras de Valerian em uma revista francesa. Três anos mais tarde, seria publicado o primeiro álbum. Um diferencial da narrativa, além de ser de ficção-científica, era que Valerian não viajava apenas pelo espaço para resolver suas missões, mas também através do tempo, visitando outras eras, bagunçando um pouco a cronologia. Sem mencionar seu estilo valentão, charmoso e inteligente, que aliado a Laureline, uma garota que ele conhece em uma de suas missões e que vira sua parceira e paixão, compõe um personagem completo e complexo.

Laureline foi uma adição acertada feita pela dupla de autores, principalmente por sua personalidade atrevida, que provoca Valerian e o força, naturalmente, a ser mais flexível e criativo em diversas situações. Tanto que em 2007, os álbuns passaram a ter o título de Valerian e Laureline, algo justo e que demorou mais do que merecia.

Por viajar entre planetas por épocas diferentes, as aventuras do casal são das mais diversas e incríveis possíveis. A imaginação rola solta, mas tudo em um ambiente onde os caos se mistura com a harmonia, onde o futuro se mistura com o passado, onde civilizações avançadas se misturam com cidades destruídas.

Um diferencial nas histórias, além das situações fantásticas, é que os problemas enfrentados nunca são de solução fácil e direta. Valerian e Laureline sempre precisam vencer diversos desafios, desvendar vários enigmas e enfrentar mais do que um inimigo, para conseguirem resolver a missão. Isso torna a leitura instigante.

Os desenhos, em alguns momentos, lembram muito os traços dos gênios Uderzo e Goscinny, os criadores de Asterix e Obelix, o que não é uma surpresa, uma vez que todos eles são franceses e da mesma geração. As cores são excassas, pasteis, e os traços simples, mas que conseguem transmitir, perfeitamente, tudo o que ocorre, bem como tudo com que os personagens interagem e o que eles sentem.

É preciso dizer, também, que Valerian e Laureline são responsáveis por inspirar quase todas as ficções-científicas posteriores, principalmente Star Wars. As semelhanças são enormes, algumas, até, idênticas.

Quanto ao filme, que seria uma adaptação de O Império dos Mil Planetas, que está neste álbum, bem, com exceção do casal de protagonistas, todo o resto é diferente. Luc Besson é um diretor que imprime sua personalidade nas películas que dirige. Por isso, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas é algo original, criado pelo diretor, e não uma adaptação. É notória a paixão que ele demonstra ter pelos personagens, mas eles são vistos através de seus olhos, e não através dos olhos dos criadores dos personagens.

Como adaptação, é uma das que mais modificou a história original, mas como aventura, para o fã de ficção-científica, é um deleite passar duas horas e meia entre o incrível!

Quanto ao álbum, a edição está maravilhosa e é uma obrigação tê-la na estante de qualquer amante de quadrinhos e viagens espaciais.

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Promoção: Sorteio de Halloween


Como já é tradição, o Gettub convidou 40 blogs parceiros, que reuniram mais de 40 livros e 500 marcadores para 6 ganhadores! Mas se você não gosta do gênero terror, pode participar do mesmo jeito, porque separamos 2 kits com gêneros diversos ;)

Como todos os nossos sorteios, para participar, você precisa ler atentamente as regras e preencher os formulários de cada kit. Neles, existem entradas obrigatórias, que valem um ponto; opcionais, que valem cinco pontos; e uma entrada diária, que vale cinco pontos por cada vez que você a cumprir em cada formulário. Quantos mais pontos você somar, mais chances tem de ganhar. Mas se não entendeu bem como funciona, basta assistir ao vídeo abaixo, onde explicamos o funcionamento dos formulários.


REGRAS

01. O vencedor precisa residir, ou ter endereço de entrega, em território nacional; 
02. O período de inscrição será do dia 15/10/2017 ao dia 31/10/2017; 
03. Cada BLOG PARTICIPANTE ficará responsável pelo envio de seus respectivos prêmios; 
04. O prazo de envio é de até 30 DIAS ÚTEIS;
05. Os BLOGS PARTICIPANTES não se responsabilizam por danos, extravios ou retornos das encomendas; 
06. Os vencedores terão um prazo de 48 HORAS, após receber o e-mail avisando do resultado, para entrarem em contato com o GETTUB. Caso contrário, o sorteio de quem não responder será refeito;
07. No e-mail constará a LISTA DE LIVROS do kit de cada ganhador, além do NOME, URL e E-MAIL DE CONTATO de cada BLOG RESPONSÁVEL pelo envio de cada livro; 
08. O contato com os vencedores será feito POR E-MAIL, apenas;
09. O resultado da promoção será divulgado no dia 01/11/2017;
10. Este sorteio é de caráter recreativo/cultural, conforme item II do artigo 3º da Lei 5.768 de 20/12/71 e dispensa autorização do Ministério da Fazenda e da Justiça, não está vinculada à compra e/ou aquisição de produtos e serviços e a participação é gratuita;
11. O blog GETTUB se reserva o direito de dirimir questões não previstas nestas regras.

KIT 1


Anna vestida de sangue + 15 marcadores | Livros e Tal
Social Killers | I Love My Books
Os crimes da rua Morgue + 20 marcadores | Tamires de Carvalho
O iluminado | GETTUB
Exorcismo | Roendo Livros
Legião + 40 marcadores | Amo Livros
Carrie a Estranha | Ventos do Outono

KIT 2


Coração Satânico | Pausa para Pitacos
A batalha dos mortos + 30 marcadores | Caçadoras de Spoiler
Horror na colina Darrington + 10 marcadores | Feed Your Head
Na escuridão da mente | Refúgio Literário
Cujo | GETTUB
O vilarejo | Hollywood é aqui!
Exorcismo + 10 marcadores | Não Leia!

KIT 3


A hora do lobisomen | Eu Pratico Livroterapia
O vilarejo + 20 marcadores | Conduta Literária
Contos de um natal sem luz + 10 marcadores: Pétalas da Liberdade
Contos de terror | Livros, Lápis e Afins
Noturno | GETTUB
Exorcismo + 20 marcadores | Traveling Between Pages
A estrada da noite + 20 marcadores | As 1001 Nuccias

KIT 4


Exorcismo | Resenhando Sonhos
O médico e o monstro + 20 marcadores | Rotina Agridoce
Wytches | Birosca Geek
Donnie Darko + 25 marcadores | Entre Páginas
Frankenstein | GETTUB
Histórias assustadoras + 20 marcadores | Stalker Literária
Mensageiros da morte + 10 marcadores | Alegria de Viver e Amar o que é Bom

KIT 5


Red Hill | Lost Word
A viúva | Conjunto da Obra
Sussurro + 7 marcadores | Papeando Livros
Mr. Romance | GETTUB
Condão | GETTUB
Menina má | Passaporte Literário
25 marcadores | Milkshake de Palavras
20 marcadores | Livros e Seriados
15 marcadores | Leitura Descontrolada
50 marcadores | GETTUB

KIT 6


Branco como a neve + 10 marcadores | Livro Lab
The little prince | Tudo que Motiva
Princesa de Papel | GETTUB
Tannod + 18 marcadores | Uma Conversa sobre Livros
Filme Noturno | Perdida na Biblioteca
Querido dane-se | GETTUB
30 marcadores | Literalizando Sonhos
15 marcadores | Seguindo o Coelho Branco
30 marcadores | Cantinho Cult
25 marcadores | Ei Nati!

a Rafflecopter giveaway

 

BOA SORTE, e qualquer dúvida, deixe um comentário!

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Fade - Lisa McMann

Sinopse: Para Janie e Cabel a vida real está se tornando mais difícil do que os sonhos. Eles estão tentando (em segredo) passar um tempo juntos, mas ainda não tiveram esta sorte.
Coisas perturbadoras estão acontecendo em Fieldridge High, mas ninguém quer falar a respeito. Quando Janie penetra os pesadelos violentos de um colega de classe, o caso finalmente se torna claro, mas nada sai como planejado.
A cabeça confusa de Janie e o comportamento chocante de Cabe têm graves consequências para ambos.
Pior ainda. Janie Descobre a verdade sobre si mesma e sua habilidade. E é desolador.
Realmente desolador. Não só o seu destino está selado, como o que está por vir é muito mais sombrio do que seu pior pesadelo... (Skoob)
MCMANN, Lisa. Fade: Desvanecer. Wake #2. Novo Século, 2010. 240p.


É a primeira vez que eu escrevo uma resenha para uma continuação, então pode sair bem ruim. Eu vou omitir muitas coisas para não estragar nem esse livro nem o anterior, Wake.

Tudo que eu havia gostado no primeiro livro continuou aqui. E aconteceu também várias descobertas sobre o poder da Janie de ver sonhos, tanto boas quanto ruins. Por incrível que pareça tem coisas boas nisso, apesar de, na minha opinião, não chegarem nem perto da metade dos pontos negativos. O que aliás é algo que eu adoro nessa série porque é bem comum a pessoa só se incomodar com a parte sobrenatural dela bem no início, quando ela descobre ou é mordida, etc. e aqui a Janie viveu com isso a vida toda e sempre odiou e mesmo agora que está entendendo melhor, ela continua não gostando. E também é bem mais difícil de controlar do que a sua sede por sangue, por exemplo. Você não vai encontrar pessoas sangrando todo dia, mas tem uma grande chance de encontrar pessoas dormindo, pelo menos para uma estudante, como ela.

E por falar em estudo, eu comentei na resenha passada que queria ver a vida dela após formatura, mas esse livro ainda continua no último ano dela. Eu não me decepcionei nem um pouco, porque isso abriu várias possibilidades.

Esse livro foi um mais pesado que o primeiro, que já tinha uns assuntos complicados que adolescentes têm que lidar. Eu gosto muito disso na trilogia.

Eu achei um segundo livro ótimo, que não perdeu em nada para o primeiro. Já comecei a ler o último, logo que terminei esse, assim como fiz antes, e por enquanto parece que vai continuar a ser muito bom. Só posso esperar por um bom desfecho.

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Tempestades de Sangue - Kel Costa

Sinopse: Até onde você iria para proteger aqueles que ama?
Na continuação da série Fortaleza Negra, ninguém está completamente a salvo. Mas a coragem e a determinação de Sasha a transformam em uma destemida guerreira, capaz de suportar as piores adversidades.
A adrenalina está de volta neste romance vertiginoso!
Mais intenso.
Mais sangrento.
Mais apaixonante.
Porque o medo não terá espaço na luta pela sobrevivência.(Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora. 
COSTA, Kel. Tempestades de Sangue: A Vingança dos Mitológicos. Fortaleza Negra #2. Ler Editorial, 2017. 320 p.


Tempestades de Sangue, de Kel Costa, é a continuação do livro Fortaleza Negra, que nos apresentou um enredo próprio com vampiros. Na trama, em algum momento da década de 1980, os vampiros se mostraram aos humanos e passaram a governar os países, reduzindo as diferenças sociais e intrigas políticas. Todo o resto da história é exatamente igual ao nosso, inclusive com músicas e filmes que conhecemos, por exemplo.

No primeiro livro, esse contexto é apresentado ao leitor, mas, por ter muito enfoque no romance e na nova vida de Sasha dentro da Fortaleza, o livro não conseguiu se aprofundar em questões políticas e históricas que rondam a existência dos mestres. Tempestades de Sangue supriu muito bem essa lacuna, com flashbacks e conversas que narram desde o surgimento dos primeiros vampiros e mitológicos até sua participação em importantes momentos históricos. Além disso, o ressurgimento de Rurik, o mestre proscrito, contribuiu para esclarecer os problemas políticos internos dos próprios mestres e revelar aquilo que eles mantiveram em segredo dos humanos até que fosse impossível ignorar: a aliança de Rurik com os mitológicos.

Se em Fortaleza Negra os ataques dos mitológicos se restringiam às cidades desprotegidas, o segundo livro veio para mostrar que lugar nenhum está protegido da mente engenhosa de Rurik. Ainda não acho que as reais intenções do segundo mestre estejam claras, e espero que isso seja melhor trabalhado no próximo livro da série, mas é fato que ele deseja enfraquecer/destruir seus irmãos por algum motivo.

"- Não acreditei quando me deparei com seu cheiro naquela caverna. - Fechei os olhos ao sentir os dedos dele percorrerem meu rosto. - Não conseguia entender sua presença naquele lugar. - Ele segurou meu queixo e me fez olhar para ele. - Você está bem?"

Kel Costa trabalhou muito bem na construção do enredo, ao utilizar elementos que já haviam sido mencionados de forma superficial no primeiro livro para torná-los essenciais nesse segundo volume. Foi o caso, por exemplo, do tráfico de sangue e da Exterminator, que colocaram a protagonista em grandes apuros, mas que garantiram boa parte da ação da trama.

A ação, dessa vez, foi o ponto alto da história. Ela já estava presente no primeiro livro, mas tomou uma proporção muito maior. Acredito que o fato de a protagonista ter buscado se tornar mais forte e destemida fez tudo ser mais interessante, pois neste livro ela fez parte da ação e não ficou só como a donzela indefesa. Além disso, Sasha também não se tornou uma super-heroína com poderes que surgiram do nada. Muito pelo contrário, a autora conseguiu enfatizar suas limitações como humana, sem ir de um extremo ao outro, que era o que eu temia e que colocaria toda a história a perder.

Sasha cresceu muito em relação ao livro anterior. Ela continua irritante e impulsiva, mas depois de todas as suas perdas, suas ações são menos egoístas. Ainda acho que ela não sabe com quem está lidando ao tratar com os mestres e que alguns castigos por ser tão petulante foram bem merecidos - não que ela precise se ajoelhar e lamber o chão que eles pisam, mas a garota vê um deles e quer medir forças, rá! Porém, é indiscutível que ela melhorou substancialmente de lá para cá e que as confusões continuam a persegui-las, mesmo quando ela não contribui para isso.

"Tive que parar de falar quando Mikhail me puxou pelos cabelos e me calou com um beijo. Meus pés chegaram a sair do chão quando ele colou meu corpo ao dele. Sua boa cobriu a minha, os lábios movendo-se junto com os meus. Racionalmente, eu queria bater nele. Mas simplesmente não conseguia ignorar o efeito que o toque dele causava em mim."

O romance, embora tenha menor importância em Tempestades de Sangue, ainda está presente. O relacionamento de Sasha e Mikhail se aprofundou bastante, com conversas mais abertas e DRs relevantes, ainda que o mestre não se abra ainda por completo. Achei Mikhail bem mais fofo agora, embora seu jeito durão precise reaparecer de vez em quando. Kel Costa com certeza sabe criar uma cena intrigante e envolvente, e por isso acho difícil que alguém não se envolva nessa história.

Um presente trazido pela autora nesse volume foi a alternância de pontos de vista entre os capítulos, que permitiu visualizar os acontecimentos pelos olhos de outros personagens. Essa alternância já existia no primeiro livro, mas não achei tão relevante naquele volume. Quem se destacou nesses momentos, sem dúvidas, foi Kurt, o amigo de Sasha com um tombo pelo mestre malvadão Klaus. Kurt finalmente deixou de ser invisível aos olhos do mestre, e tenho certeza que esse núcleo ainda tem muito para mostrar.

Existem ainda outros elementos importantes no enredo, como a família de Sasha, as consequências dos ataques para os moradores da Fortaleza, o sofrimento contido de Victor, irmão dela, entre outras coisas. E tenho uma coisa a dizer: que crueldade que é o último capítulo do livro. É instigante, cheio de mistérios, mas terminar daquele jeito é sofrível. Quem quiser ler a série, tenha em mente que é muito importante ter o terceiro volume em mãos antes de terminar esse.

Depois de Tempestades de Sangue, a série Fortaleza Negra tem tudo para se tornar uma das minhas favoritas de fantasia, mas tudo vai depender do caminho que Ruínas de Gelo tomar. Felizmente já tenho o livro em mãos e devo ler em breve, então conto para vocês nas próximas semanas o que achei do fechamento da série.



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