Where I Want to Be - Adele Griffin

Sinopse: Two teenagers sisters, separated by death but still connected, work through their feelings of loss over the closeness they shared as childen that was later destroyed by one's mental illness, and finally make peace with each other. (Skoob)
GRIFFIN, Adele. Where I Want to Be. Speak, 2007. 176p.


Jane e Lily foram irmãs inseparáveis na infância, mas devido à doença mental de Jane, que sempre a manteve afastada da realidade e do resto das pessoas, e a contrastante personalidade extrovertida de Lily, elas se afastaram ao crescer. Agora que Jane morreu, Lily precisa se adaptar à vida sem ela enquanto reflete no passado.

O livro intercala narração da Lily em primeira pessoa com uma em terceira pessoa que conta o ponto de vista da Jane. O livro no final tem algumas perguntas e uma delas é o porquê da narrativa da Jane ser assim e o que isso diz sobre a personagem, o que me fez mudar de ideia sobre isso, porque eu achei que era só porque ela estava morta e seria mais realista assim, e já que estava falando dos pensamentos dela antes da morte, não precisaria ser ela falando do além. Ou que podia ser até a própria Lily, mas acho que assim não porque ela não saberia tudo aquilo, apesar de que tem livros que os narradores-personagem advinham os pensamentos dos outros ou inventam. Mas ler essa pergunta me fez pensar que o motivo talvez era que a Jane é introspectiva e nunca gostou de falar de si, e nem mesmo agora durante a morte. Então, até pode ser ela, mas ela preferiu escrever como narrador observador para não se expor tanto assim. Sei lá, mas é legal ter todas essas possibilidades.

O livro mostra muito bem como é conviver com alguém que tem uma doença mental, ao mesmo tempo que mostra como é ser a pessoa que tem. Por isso foi de novo uma ótima ideia a narrativa ser feita dessa forma. A gente vê uma grande diferença entre como as duas veem as coisas. E o jeito descritivo da autora também ajuda muito nisso.

"A maioria dos pertences da Jane são de segunda mão. Os velhos cavalos de pelúcia da mamãe, Rags e Patches, caídos lado a lado de sua penteadeira empoeirada. O modelo do sistema solar de papai está também cheio de poeira, assim como o assento da cadeira de balanço do vô, que minha avó deu a Jane depois que ele morreu. Jane gostava de estar rodeada por coisas de outras pessoas. Elas a confortavam, eu acho, quando as pessoas não podiam."

Além das irmãs, tem um pouco dos pais, claro, e até dos avós. E outros conhecidos. Outro ponto legal é que vários dos problemas que elas têm são comuns de irmãs, mas são acentuados pelas circunstâncias. E os momentos bons também.

O livro é um pouco triste, mas também é bonito. É uma visão de problemas psicológicos e até de luto (quando fala que Lily e os pais estão simplesmente ignorando o assunto, se mantendo ocupados para não sentir) que não vemos muito. Jane tem uma vida comum no geral, ela não passou por nada pior que a maioria das pessoas, nem tenta lidar com seus problemas psicológicos de maneiras destrutivas. Ela só é diferente por dentro e nas poucas vezes que externaliza isso. Não tem nenhum fascínio das pessoas por ela, ou bullying. Infelizmente, ele não foi lançado no Brasil. Eu achei esse original numa biblioteca do Sesc, se alguém tiver uma próxima para procurar.

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A volta de Sherlock Holmes - Arthur Conan Doyle

Sherlock Holmes é o detetive mais amado de toda a literatura policial. Este volume de suas façanhas se inicia com seu retorno triunfante após a suposta morte nas mãos do Professor Moriarty! Temos aqui os 13 contos que compõem "A volta de Sherlock Holmes", na sequência em que foram originalmente publicados na Strand Magazine entre 1903 e 1904: A casa vazia, O construtor de Norwood, Os dançarinos, O ciclista solitário, A Escola do Priorado, Black Peter, Charles Augustus Milverton, Os seis Napoleões, Os três estudantes, O pincenê de ouro, O atleta desaparecido, A Granja da Abadia e A segunda mancha. (Skoob)
DOYLE, Arthur Conan. A volta de Sherlock Holmes. Sherlock Holmes #3. Zahar, 2011. 452 p.


Sherlock Holmes está de volta, com seu fiel escudeiro e biógrafo John Watson ao seu lado!

Depois de O problema final em As memórias de Sherlock Holmes e de dez anos sem notícias, com todos os fãs acreditando que ele havia morrido, Arthur Conan Doyle ressuscita esse célebre detetive consultor em A casa vazia, reunidas aqui com outros 13 contos em A volta de Sherlock Holmes.


"Quisera eu ter um desfecho mais feliz para comunicar a meus leitores; mas estas são as crônicas do fato e devo seguir, até sua lúgubre crise (...)."

Sinceramente, acho que todo mundo já está irritado com resenhas de Sherlock Holmes, o único detetive consultor do mundo. Eu mesma, só não parei de ler o livro porque não gosto de parar assim. Foi uma das piores decisões da minha vida literária ter decidido ler todos os 5 livros dessa série, que traz os contos originais de Sherlock Holmes, escritos por Arthur Conan Doyle, nas minhas férias, um atrás do outro. Elas acabaram e ainda falta 2 livros para ler!

Além de que, há o problema de que você fica cansada de ler o mesmo gênero. Ao menos, eu fico. Eu senti como se nada mais fosse me surpreender nessa vida. As boas novas são que irei deixar os outros 2 livros para ler mais para frente e fazer uma desintoxicação com outro gênero, de preferência um bem frívolo. Ainda não decidi minha próxima leitura.

Enfim, Sherlock Holmes. A volta dele. Na minha opinião, antes ele era um ser intocável e agora mostra-se mais humano, mais errado do que o normal, não que seja muitas vezes, apenas mais. Talvez seja Sherlock, talvez algo tenha mudado em todo o período que ele esteve longe, em suas aventuras apenas citadas; ou talvez seja Watson, descrevendo-o de forma mais bruta enquanto escreve a si mesmo mais como um salvador, ressentido por seu velho amigo ter escondido o fato de estar vivo e bem dele. Essas são as minhas próprias teorias sherlockianas, é claro, não fiquei imune a criá-las depois de ler tantas.

"- Seu hábito fatal de olhar para tudo do ponto de vista de uma história, e não como um exercício científico, arruinou o que poderia ter sido uma série instrutiva e até clássica de demonstrações. Você faz pouco caso de um trabalho do maior requinte e delicadeza para se alongar em detalhes sensacionalistas que podem excitar o leitor, mas certamente não o podem instruir.
- Por que você mesmo não as escreve? - perguntei com certo azedume.
- Farei isso, meu caro Watson, farei isso."

Não tenho nem muito sobre o que falar da história. Posso dizer que elas se mantêm constante. Ao longo de 3 livros e 37 contos, a escrita não decaiu, os personagens são bem trabalhados e algumas vezes você consegue descobrir o verdadeiro mistério e vilão/anti-herói da trama, mas na maioria das vezes você não chega nem perto da verdade.

Se As memórias de Sherlock Holmes terminou com a morte de Sherlock, A volta de Sherlock Holmes acaba com a triste notícia de que ele está aposentado, cultivando abelhas em Sussex, como conta nosso caro Watson no ultimo conto, A segunda mancha. Contudo há um quarto livro! O último adeus de Sherlock Holmes, que irei demorar um pouquinho para ler, graças a Deus.

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Book Haul - Julho

Ei pessoal, tudo bem?

Sei que o mês ainda não acabou, mas como não vou passar na caixa postal pelo menos até quarta - que já será agosto -, já dá para mostrar para vocês o que eu recebi durante o mês de julho. Recebi muita coisa boa, entre livros e mimos fofos.


Recebi uma cartinha linda da Rudynalva, do blog Alegria de viver e amar o que é bom, cheia de mimos e artesanatos lindos. Fazia tempo que eu não recebia uma cartinha, então amei demais.


Da Editora Angel, recebi o livro Resultado do meu amor e vários marcadores e bottons. Remeti o livro para a Marlene, que deve resenhar aqui em blog.


Da Editora Arqueiro, chegaram A Duquesa Feia e Uma noiva para Winterborne. Eu pensei seriamente em não ler romances de época por um tempo, mas não resisti em continuar as séries que já comecei.


Da Harlequin, recebi o novo livro da autora Janice Diniz, Bruto e Apaixonado. Fiquei muito feliz que a autora entrou para o catálogo da Harlequin, adorei outros livros que li dela, logo conto o que achei desse.


Por último, recebi um pacote pelo Time de Leitores da Companhia das Letras, com quatro livros. A criança no tempo será resenhado pela Alessandra.


Também vieram De espaços abandonados e Céu sem estrelas.


O último livro do pacote é Um artista do mundo flutuante.

Já conhecem algum desses livros? Quais gostariam de ler?

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A heroína da alvorada - Alwyn Hamilton

Quando a atiradora Amani Al-Hiza escapou da cidadezinha em que morava, jamais imaginava se envolver numa rebelião, muito menos ter de comandá-la. Depois que o cruel sultão de Miraji capturou as principais lideranças da revolta, a garota se vê obrigada a tomar as rédeas da situação e seguir até Eremot, uma cidade que não existe em nenhum mapa, apenas nas lendas — e onde seus amigos estariam aprisionados. 
Armada com sua pistola, sua inteligência e seus poderes, ela vai atravessar as areias impiedosas para concluir essa missão de resgate, acompanhada do que restou da rebelião. Enquanto assiste àqueles que ama perderem a vida para soldados inimigos e criaturas do deserto, Amani se pergunta se pode ser a líder de que precisam ou se está conduzindo todos para a morte certa.
HAMILTON, Alwyn. A heroína da alvorada. Editora Seguinte, 2018. Tradução: Eric Novello. 384 p.


Chegar ao fim de uma série da qual se gostou muito pode ser sempre um problema. Não se trata apenas do conflito entre descobrir o final versus ficar sem mais volumes para ler, mas também aquele medo inevitável de que o desfecho não alcance todo o seu potencial. No caso de A Heroína da Alvorada, foi esse medo que me fez enrolar para ler um livro que eu tinha em mãos havia algumas semanas. Porém, ao concluir esse terceiro e último livro da série A Rebelde do Deserto, a sensação foi de alívio, misturada à emoção de que foi um desfecho perfeito para uma série tão incrível.

Nos primeiros livros, vimos a rebelião avançar, com grandes ganhos e perdas. Agora em meio à guerra, Amani precisa liderar os poucos que escaparam do sultão - após terem sido traídos por alguém em quem confiavam - para encontrar e libertar seus amigos presos em Eremot. O percurso à frente é longo e qualquer perda pode significar o fim de tudo por que lutaram.

"Uma parte de mim seria sempre aquela garota egoísta da Vila da Poeira, tentando sobreviver."

Assim como nos outros volumes, o livro é narrado em primeira pessoa por Amani, com alguns capítulos intercalados que mostram os pontos de vistas de outros personagens em terceira pessoa. O interessante desses capítulos é que eles foram contados como se fossem contos ou lendas, histórias narradas por alguém muito tempo depois que haviam acontecido. Alguns desses trechos intercalados ilustravam passagens de antes da guerra; outros conseguiam nos situar sobre o que estava acontecendo com os personagens mantidos longe de Amani. Essa construção não só deu mais consistência ao enredo criado pela autora, mas também serviu para acelerar o coração do leitor, já que cada um deles implicava alguma reviravolta na história.

O enredo todo, aliás, é cheio de reviravoltas. A autora quase me matou de medo em diversos momentos. O perigo, dessa vez, está em cada canto, já que os inimigos estão espalhados por Miraji; não só o sultão e os abdals, mas também os estrangeiros e os djinnis, nunca se sabe em quem se pode confiar. Trata-se de uma guerra, afinal. E só por ter conhecimento disso, o medo de perder personagens que amamos é uma constante durante a leitura, a tensão é inevitável e, é claro, é impossível desgrudar do livro.

"Continuávamos perdendo pessoas. E não só as nossas. Pessoas que pertenciam a outras. Pessoas cujas vidas não tínhamos o direito de sacrificar."

Eu amei a mistura que a série fez entre tópicos aparentemente diferentes entre si, mas que deram complexidade à trama. No enredo, há muita aventura, ação, fantasia, debate de questões políticas e geográficas, amizade e romance. Mas não é só isso: o enredo, embora não tenha de fato muito a ver com a nossa realidade, mostra a importância de acreditar em algo e lutar por isso e revela que é difícil, sim, mas é importante, e nada mudará se não fizermos nada.

A Heroína da Alvorada resgata ainda personagens que apareceram nos primeiros livros e consegue dar para todos eles um desfecho. Sinceramente, de alguns deles eu até já tinha me esquecido, mas não Alwyn Hamilton, que conseguiu trabalhar com um enredo fechadinho, aparou as arestas e trouxe um pouco de equilíbrio entre o passado sofrido de Amani e seu presente.

"Quem eu pensava que era? A filha de um djinni. Uma rebelde. A conselheira do príncipe. Havia enfrentado soldados, pesadelos e andarilhos. Havia lutado e sobrevivido."

Sinceramente, nem podia imaginar a quantidade de emoções que esse livro me trouxe. É engraçado eu dizer isso porque é "só" uma fantasia, mas a obra envolve de tal modo que eu me senti uma amiga daquelas pessoas do deserto. Foi ótimo acompanhar o amadurecimento da protagonista e a forma como seu sentimento por Jin se tornou tão sólido. Foi maravilhoso ver como ela e Shazad se tornaram amigas, mesmo que a diferença entre elas fosse tão gritante. Eu me apaixonei por cada um desses personagens e por tantos outros, cada um construído com maestria, indivíduos cheios de paixão, de compaixão, de fogo e de brandura, tudo ao mesmo tempo, tão diferentes e tão iguais entre si.

Durante a leitura, eu ri muito - de nervoso e de diversão -, mas também chorei descontroladamente. Terminei o livro com lágrimas nos olhos e emocionada com a forma tocante e verdadeira com que Hamilton encerrou o livro. Amani e seus amigos se tornaram lendas, com suas histórias contadas noites adentro na areia do deserto, mas poucos saberiam de verdade a profundidade da dor e do amor envolvidos nela.

"Nós contínhamos nossas próprias histórias. Milhares de pedacinhos dela morreriam conosco."

Se alguém procura uma boa fantasia para ler, por favor, escolha a trilogia A Rebelde do Deserto. É aquele tipo de história que parece não ter muito de novo a oferecer, mas que, quando se percebe, tomou conta de você por inteiro e A Heroína da Alvorada é o melhor final que a série poderia ter.

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Os quase completos - Felippe Barbosa

Sinopse: O Quase Doutor é um renomado cardiologista que passa os dias em um hospital, mas no fundo é um artista frustrado. A Quase Viúva é uma professora que está de licença do trabalho para ficar com o noivo, em coma após um grave acidente. O Quase Repórter é um jornalista decepcionado com a profissão que sofre há mais de um ano pelo suicídio da esposa. A princípio, a única coisa que essas pessoas têm em comum é a sensação de incompletude e de desilusão com a vida.
Até que, um dia, o Quase Doutor é persuadido por um velho desconhecido a embarcar com ele em um ônibus rumo a uma jornada para se reconciliar com seu passado. Logo a viagem se transforma em uma aventura extraordinária e, em meio a fenômenos como uma chuva de estrelas cadentes, ele precisa fazer escolhas que mudarão seu destino para sempre.
Enquanto isso, eventos misteriosos levam a Quase Viúva a suspeitar que alguém dentro do hospital quer matar seu noivo e uma pesquisa minuciosa do Quase Repórter revela que sua esposa pode ter sido assassinada. Quando os dois tentam descobrir a verdade sobre seus amados, tudo leva a crer que a resposta está dentro do ônibus do Quase Doutor.
Reunidos num lugar que nunca imaginaram existir, os três serão forçados a enfrentar seus maiores medos e verão que, para se tornarem completos, precisarão encarar a batalha mais difícil de todas: aquela que travamos com nós mesmos. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
BARBOSA, Felippe. Os quase completos. Editora Arqueiro, 2018. 384 p.


Em 2017, a Editora Arqueiro, em parceria com a Suzano Papel e Celulose, anunciou o Prêmio Pólen de Literatura, em que o vencedor teria seu livro publicado pela Editora. Assim nasceu Os quase completos, livro de Felippe Barbosa que conta a história do quase doutor, um médico que há muito tempo deixou de lado seu sonho de ser pintor, da quase viúva, cujo noivo está em coma enquanto a data do casamento se aproxima, e do quase repórter, que não consegue superar a perda da esposa e acredita que, diferente do que todos dizem, não se tratou de um suicídio.

Com uma escrita madura e bem desenvolvida, o autor se aprofunda nas dificuldades de se deixar guiar pelos sonhos e de buscar aquilo que se deseja de verdade, geralmente em razão das influências alheias e da necessidade que temos em fazer felizes aqueles que nos rodeiam. Mas a questão que fica nesse contexto é: e a nossa felicidade?

"- Mas... por que raios eu entraria num ônibus qualquer ao lado de um desconhecido?
O estranho abriu ainda mais o sorriso e respondeu:
- A pergunta que deve fazer é: por que não?"

Narrado em primeira pessoa pelo Quase Doutor e pela Quase Viúva e em terceira pessoa nos trechos pelo ponto de vista do Quase Repórter, o livro permite analisar as perspectivas de cada personagem e compreender seus desejos e frustrações. É fácil também se identificar com eles, afinal, quantos de nós não se deixou apenas levar pela vida e, quando percebemos, nos vemos distantes demais de onde gostaríamos de estar?

Embora o leitor não consiga entender a relação entre os personagens no início da trama, aos poucos o autor insere aspectos de suas vidas que fazem seus caminhos se cruzarem. É interessante ver as correlações, não imaginadas inicialmente, se interligarem. Em alguns casos, pode ser até uma surpresa para quem lê, mas eu consegui adivinhar antes algumas construções que só seriam reveladas pelo autor mais para frente da história.

"- [...] Nunca se limite ao 'quase'. Não há nada mais depressivo do que beirar um sonho e jamais tentar alcançá-lo."

Tive certa dificuldade em acompanhar as passagens que tratavam do Oitavo Reino ("um local onde toda a sua vida é perfeita", segundo palavras de uma das personagens), pois os trechos de fantasia inseridos em uma trama realista sempre me deixam um pouco entediada. Livros que inserem realismo fantástico dificilmente me prendem e foi exatamente nesses trechos que a história ficou mais arrastada para mim. Por esse motivo, os enredos que mais gostei foram os da Quase Viúva e o do Quase Repórter, que eram mais ligados à realidade.

Ainda que tenha demorado um pouco mais para concluir a leitura por conta desses percalços, acho que a mensagem que fica de Os quase completos é maravilhosa, por fazer refletir sobre os caminhos que deixamos a vida seguir e aquele que queríamos ter seguido. Além disso, a trama se encerra com aquela sensação gostosa de que tudo pode ser melhor, ainda que seja mais difícil.


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Conjunto de Séries #27: Séries que abandonei - Parte 3

Eu sempre vasculho os conteúdos mais diversos da Netflix em busca de algo que me prenda e sempre tento acompanhar pelo menos uma série, pois assisto quase todos os dias pelo menos um episódio. Nessas tentativas de achar algo que me agrade, acabo começando algumas séries que, por um motivo ou outro, mais tarde deixo de lado.

E sobre o tema de hoje, vou mostrar para vocês mais algumas séries que parei de assistir:

Altered Carbon


Altered Carbon mostra uma realidade futura em que a sociedade se acostumou à prática de trocar de corpos, já que a consciência é armazenada em tecnologia. Takeshi Kovacs, protagonista da história, acorda 250 anos depois em outro corpo e, enquanto precisa se adaptar as mudanças na sociedade, é contratado por um homem riquíssimo para descobrir quem cometeu seu próprio assassinato.

A série tem uma proposta interessante, e os vários efeitos visuais e a perspectiva da sociedade futura tinha tudo para me cativar. No entanto, assisti aos cinco primeiros episódios e senti que eles se arrastavam, com detalhes sobre aspectos demais e que não tinham tanta relevância para a trama. Após perceber que a série não me cativou mesmo em tantos episódios, achei melhor deixar de lado.

La casa de papel


É indiscutível o sucesso que alcançou La casa de papel e, na febre da série, comecei a assistir alguns episódios. Na trama, o Professor planeja o maior assalto do século e recruta oito pessoas com certas habilidades e que não têm nada a perder para se infiltrarem na Casa da Moeda.

Gostei de diversos aspectos da trama, mas outros a tornaram frustrante. Espero que os fãs da série não se sintam ofendidos, mas não tenho palavra melhor para descrever a sensação que os episódios me trouxeram. Também assisti 5 ou 6 episódios, porém diversas vezes senti que a trama inseria um "problema" que poderia ser desenvolvido para dar andamento aos capítulos, mas logo em seguida ninguém mais se lembrava daquilo. Pareceu que a trama se perdia - vezes demais, aliás - e aquilo que poderia me prender na verdade me afastou da série.

13 reasons why


Assisti à primeira temporada de 13 reason why com um peso no peito, mas achei as reflexões trazidas pela série bastante válidas. Até comentei sobre ela na coluna Conjunto de Séries e falei sobre o que achei naquela ocasião. Quando a segunda temporada estreou, porém, não gostei do que li sobre o andamento dado à trama e, sem dó, preferi não assistir.

Sim, eu li spoilers, só que eles, em regra, não me atrapalham em nada, geralmente até me instigam a assistir. A série já foi bem pesada na primeira temporada, mas a segunda temporada me pareceu despropositada. E esse foi o problema. Porque assistir uma série pesada com o propósito de levantar discussões, ok. Agora continuar uma história que fica ainda pior feita aparentemente apenas para chocar e aproveitar a onda de sucesso que já tinha, isso não me anima. Optei por parar.



E vocês, acompanham ou já viram algumas dessas séries? O que acharam?

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Entre Irmãs - Frances de Pontes Peebles

Sinopse: Ganhador do Prêmio de Ficção do Friends of American Writers e agora adaptado para o cinema, Entre irmãs é uma história de amor e lealdade, um romance arrebatador sobre a saga de uma família e de um país em transição.Nos anos 1920, as órfãs Emília e Luzia são as melhores costureiras de Taquaritinga do Norte, uma pequena cidade de Pernambuco. Fora isso, não podiam ser mais diferentes.
Morena e bonita, Emília é uma sonhadora que quer escapar da vida no interior e ter um casamento honrado. Já Luzia, depois de um acidente na infância que a deixou com o braço deformado, passou a ser tratada pelos vizinhos como uma mulher que não serve para se casar e, portanto, inútil.
Um dia, chega a Taquaritinga um bando de cangaceiros liderados por Carcará, um homem brutal que, como a ave da caatinga, arranca os olhos de suas presas. Impressionado com a franqueza e a inteligência de Luzia, ele a leva para ser a costureira de seu bando.
Após perder a irmã, a pessoa mais importante de sua vida, Emília se casa e vai para o Recife. Ali, em meio à revolução que leva Getúlio Vargas ao poder, ela descobre que Luzia ainda está viva e é agora uma das líderes do bando de Carcará.
Sem saber em que Luzia se transformou após tantos anos vagando por aquela terra escaldante e tão impiedosa quanto os cangaceiros, Emília precisa aprender algo que nunca lhe foi ensinado nas aulas de costura: como alinhavar o fio capaz de uni-las novamente.
PEEBLES, Frances de Pontes. Entre Irmãs. São Paulo: Editora Arqueiro, 2017. 576 p.


Quando eu terminei de assistir Entre Irmãs — no formato de minissérie que passou na Globo —, fiquei tão mexida com a história das irmãs Luzia e Emília que não consegui parar de pensar na adaptação por muito tempo. Foi só um tempo depois que me toquei que o filme/minissérie foi baseado em um livro, publicado originalmente como A Costureira e o Cangaceiro, e que a Editora Arqueiro havia relançado essa obra tão maravilhosa. Hoje, dias após ter finalizado a leitura, ainda penso nas melhores costureiras de Taquaritinga do Norte com um aperto no peito. 

Emília e Luzia são duas jovens do interior de Pernambuco que foram criadas pela tia Sofia após a morte precoce dos seus pais. As irmãs não podiam ser mais diferentes: além das características físicas totalmente opostas, enquanto o sonho de Emília é se casar um cavalheiro e se tornar uma dama da sociedade para ir embora de uma vez do lugar onde vive, Luzia já aceitou o seu destino desesperançoso. Após um acidente ainda criança, a jovem ficou com o braço deformado e, obviamente, para os padrões daquela época — a história se passa nas décadas de 20 e 30 —, não despertava o interesse de nenhum rapaz. 

Porém, a vida das irmãs toma um rumo totalmente diferente quando um bando de cangaceiros invadem Taquaritinga do Norte. Antônio, o Carcará e líder do grupo, se encanta com a personalidade de Luzia e resolve levá-la consigo. Não gosto muito de dizer que ela foi obrigada a acompanhar os cangaceiros, porque a todo momento Peebles deixa claro através dos pensamentos da personagem que ela foi por livre e espontânea vontade — até hoje não decidi se foi por medo de um dia ficar sozinha ou se foi porque ela também se encantou pelo Carcará. 

Algum tempo depois da partida da irmã, tia Sofia acaba morrendo de desgosto. Sozinha e sem perspectiva nenhuma, Emília é "salva" por Degas Coelho, um estudante de Direito que mora em Recife e é da uma família extremamente respeitada na Capital. Assim, apesar de as coisas não acontecerem exatamente como ela imaginava, Emília se casa com Degas e, num piscar de olhos, se torna a sra. Coelho. Com uma narrativa em terceira pessoa que intercala os pontos de vista entre as duas protagonistas, vamos acompanhando os percalços de Emília para se integrar à sociedade ao mesmo tempo em que Luzia vai se tornando a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros. 

Frances de Pontes Peebles conseguiu, com maestria, intercalar o real com o ficcional. Isso porque, apesar de todos os personagens terem sido criados pela autora, ela inseriu fatos históricos que realmente aconteceram, como a Revolução de 1930 (movimento que chega ao poder encabeçado pelo político gaúcho Getúlio Vargas), o direito do voto feminino até mesmo a atividade da frenologia, uma teoria que dizia que era possível determinar o caráter e o grau de criminalidade das pessoas pela forma da cabeça. O mais legal de tudo é que em nenhum momento essas informações se tornaram cansativas, tudo era parte essencial da história de Luzia e Emília. 

E por falar nas protagonistas, é impossível falar delas sem citar da força que ambas carregam consigo. Luzia, de longe minha personagem preferida, enfrenta não só o machismo dos cangaceiros — em certo ponto, acaba conquistando o respeito de todos —, mas também a caatinga, que era tão impiedosa quanto os homens. Emília, apesar de não passar fome ou sede, acaba se vendo mais sozinha que nunca, pois o casamento não é nem um pouco o que ela esperava. Além disso, tem que enfrentar, a todo momento, uma sociedade hipócrita e cheia de segredos.

Preciso confessar que, no começo, achei muito estranho o fato de a editora ter alterado o nome da obra, principalmente por minhas partes preferidas serem as relacionadas à Costureira e o Carcará, mas o título Entre Irmãs é realmente muito mais pertinente. Apesar de estarem separadas, vivendo vidas totalmente opostas, Emília e Luzia nunca deixavam de pensar uma na outra. Era uma sensação diferente e emocionante vê-las acompanhando a vida de cada uma apenas através dos jornais. O amor, a preocupação, o sentimento de cumplicidade e confiança nunca deixaram de existir, e é justamente por isso que, ao meu ver, o livro juntava a vida das duas.

No Brasil, o cangaço é considerado como um fenômeno de banditismo, por causa dos crimes e da violência extrema cometidas pelos bandos. Mas, pelos olhos de Luzia, eu só conseguia enxergar seres humanos tão frágeis quanto quaisquer outros, que sentiam fome, frio, dor e tristeza. Na maioria das vezes, eles só queriam justiça, e eu conseguia entendê-los. Apesar da matança e da crueldade, eu não conseguia ficar contra o bando de Carcará. Para ser sincera, eu sentia ódio dos políticos por caçarem o bando, ódio das pessoas que julgavam, ódio de quem queria medir a cabeça do Carcará, de Luzia e do resto dos seus seguidores para comprovar o mau-caratismo deles.

Apesar das quase 600 páginas, a leitura flui muito naturalmente. A escrita de Peebles é tão ágil que, quando a gente percebe, 100 páginas já se foram numa velocidade incrível. A história em si não foi nenhuma surpresa para mim — aliás, a adaptação de Breno Silveira segue quase fielmente a saga criada por Frances, o que eu amei —, mas ainda assim me surpreendi. A partir dos detalhes, Frances de Pontes Peebles apresenta uma trama tão bem alinhavada quanto as costuras de Emília e Luzia.

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As memórias de Sherlock Holmes - Arthur Conan Doyle

Sherlock Holmes é possivelmente o detetive mais amado de toda a literatura policial. Esse volume de suas façanhas traz, na seqüência em que foram originalmente publicados na Strand Magazine entre 1892 e 1893, os 12 contos que compõem As memórias de Sherlock Holmes: Silver Blaze, A caixa de papelão, A face amarela, O corretor, A tragédia do Gloria Scott, O Ritual Musgrave, Os fidalgos de Reigate, O corcunda, O paciente residente, O intérprete grego, O tratado naval e O problema final. (Skoob)
DOYLE, Arthur Conan. As memórias de Sherlock Holmes. Sherlock Holmes #2. Zahar, 2010. 408 p.


Nesse segundo livro, que também reúne 12 contos como o anterior, Sherlock mostra-se mais... humano, não uma máquina perfeita e incapaz de errar. Ao narrar seus primeiros casos, num período pré-Watson, antes mesmo de decidir ser um detetive consultor, vemos um Sherlock mais como observador do que um participador ativo, apenas acompanhando os acontecimentos sem interferir neles ou fazendo nenhuma dedução característica sua.

"Como todos os raciocíonios de Holmes, a coisa, depois de explicada, pareceu a própria simplicidade. Ele leu esse pensamento em meus traços e seu sorriso teve uma ponta de amargura.
- Acho que faço uma tolice ao explicar - disse. - Resultados sem causa são muito mais impressionantes."

Teve dois contos que me marcaram durante a leitura: A caixa de papelão e A face amarela.

A caixa de papelão, o  segundo conto dessa obra,  não foi publicado na primeira vez que As memórias de Sherlock Holmes foram reunidas, porque Conan Doyle o considerava muito fortes para os seus jovens leitores. E eu tenho que concordar; a maioria dos casos desse livro teve uma nota sombria. Eu terminei a leitura de A caixa de papelão como se tivesse terminado o livro todo e estivesse em choque, sem saber o que fazer, refletindo sobre tudo o que aconteceu, porque foi tão real que eu não acreditava, parecia até que terminei de assistir o noticiário e visto uma reportagem horripilante e estivesse incapaz de comentar a respeito, porque poderia ser com qualquer um.

Por sua vez, o conto que se segue, A face amarela, me deixou feliz. Foi uma das vezes que Sherlock Holmes esteve errado e eu acho que isso não significava algo ruim, que nenhum mal foi cometido por causa disso.

Em As memórias de Sherlock Holmes, dois personagens merecem destaque: Mycroft Holmes, irmão de Sherlock Holmes, sete anos mais velho e mais inteligente do que o próprio, em que os dois têm uma relação que me lembrou Thor e Loki em Thor: Ragnarok (melhor filme que eu assisti a respeito do relacionamento entre irmãos), discutindo e completando-se enquanto discutem para provar quem estar certo primeiro; e, claro, não tem como não destacar o Professor Moriarty.

"Ele (Moriarty) é o Napoleão do Crime, Watson. É o organizador de metade do que se faz de errado e de quase tudo que passa despercebido nesta grande sociedade. É um gênio, um pensador abstrato. Tem um cérebro de primeira ordem. Permanece estático, como uma aranha no centro de sua rede, mas essa rede tem mil radiações, e ele conhece cada palpitação de cada uma delas."

Enquanto lia, eu fiquei me perguntando porque esse livro chama-se As memórias de Sherlock Holmes, mas só quando cheguei ao último conto, O problema final, eu percebi. É o conto que Professor Moriarty, nêmesis de Sherlock Holmes, aparece pela primeira vez ao leitor. E se você tem algum conhecimento básico da história, mesmo sem ser fã, vocês sabem como termina, com os dois homens mais inteligentes engalfinhando-se até a morte numa cachoeira.

Mas, como bem sabemos (eu adoro supor que todo mundo sabe o que eu sei), esse não é o fim da jornada de Sherlock Holmes, porque ele volta dos mortos para muitos mais casos! Claro, há teorias, como as notas do livro apresentam, que diz que Sherlock Holmes morreu e foi substituído por um sobrinho seu, ou que talvez Moriarty era inocente ou nunca existiu. A minha preferida é a que diz que Moriarty não morreu, porque ele é o Demônio e, dã, ele não pode morrer.

"(...) e lá, no fundo daquele medonho caldeirão de água em torvelinho e espuma fervilhante, haverão de jazer para sempre o mais perigoso criminoso e o mais eminente defensor da lei da sua geração."

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Tag: Fases da Lua


Faz tempo que não posto uma Tag por aqui, mas vi essa no Roendo Livros e fiquei com vontade de responder. Aliás, aceito sugestões de outras para publicar aqui, vocês têm alguma interessante?

Em Fases da lua, são quatro perguntas rápidas relacionadas, é claro, às fases de nosso astro.

🌑 LUA NOVA — Seu mais novo livro, o último que adquiriu/ganhou:


O último livro que chegou - peguei segunda-feita na caixa postal - foi Bruto e Apaixonado, último lançamento da Editora Harlequin. Já li outros livros da autora Janice Diniz que gostei bastante, então estou ansiosa para começar esse.

🌗 LUA CRESCENTE — Uma leitura que começou morna/fria, mas que evoluiu bem:


Eu simplesmente AMO quando não tenho expectativas com um livro e ele me surpreende. Foi assim com O Livro e a Espada, da Editora Arqueiro. A primeira parte da trama me pareceu um pouco mais arrastada, mas as surpresas trazidas pela segunda parte me fizeram adorar a leitura. A resenha foi publicada aqui.

🌓 LUA MINGUANTE — Aquela leitura que começou bem, mas depois foi decaindo:


Infelizmente tive mais de um livro assim esse ano, mas Bela Gratidão foi o pior deles. Não que eu tivesse expectativas, mas a trama começou muito bem - um enredo rico e cheio de temas sérios -, mas perdeu a oportunidade de abordar temas complexos com responsabilidade e se perdeu nos excesso de tópicos. Comentei um pouco mais sobre isso na resenha.

🌕 LUA CHEIA — Um livro completo, cheio de tudo que você ama:


Meus livros favoritos ultimamente têm sido as fantasias, e A heroína da alvorada foi o livro que deixou meu coração mais pleno nos últimos meses. Sabe aquele livro que arrebata, instiga, vira do avesso e consegue encerrar uma série que você ama sem se perder? Então, foi esse. Lua cheia para ele.



E vocês, quais livros encaixariam em cada lua?

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No limite da ousadia - Katie McGarry

Crédito da Imagem: Sometime Luv
Sinopse: No limite da ousadia conta a história de Beth Risk, a amiga durona de Noah, de No limite da atração. Este livro é um spin-off, passando-se no mesmo universo do primeiro, com participações especiais de Isaiah, Noah e Echo.
Se você já é fã de No limite da atração ou está descobrindo este mundo agora, certamente vai se deixar envolver pela paixão perigosa e arrebatadora de Beth e Ryan.
Beth é uma garota durona e tatuada que precisa cuidar da mãe drogada. Quando ela assume um crime para salvar a mãe, seu tio, um rico esportista aposentado, consegue a guarda da sobrinha e a leva para começar uma vida nova na cidadezinha do interior em que ele mora. E assim Beth se vê morando com uma tia que não a quer e frequentando uma escola onde ninguém a compreende. Exceto um único cara, que não poderia ser mais diferente dela...
Ryan é o menino de ouro — um badalado jogador de beisebol, filho de um dos casais mais influentes da cidade. Ele e seus amigos gostam de fazer apostas envolvendo desafios que devem cumprir, e Ryan nunca perde. Por fora o atleta popular que todo mundo adora, ele está prestes a aprender que nem tudo é o que parece.
O que começa como uma aposta se torna uma atração irresistível que nem Beth nem Ryan haviam previsto. Sem se dar conta, o cara perfeito vai arriscar seus sonhos — e sua vida — pela garota que ama. E ela, que não deixa ninguém se aproximar, vai se desafiar a apostar todas as fichas nesse amor.
Com aparições de Noah, Echo e Isaiah, de No limite da atração, este livro conta a história de um amor que vai se construindo aos poucos, num jogo sedutor de vulnerabilidade e confiança. (Skoob)
McGARRY, Katie. No limite da Ousadia. No Limite #2 Editora Record, 2014. 364 p.


"Viver é como estar acorrentada no fundo de uma poça rasa com os olhos abertos e sem ar."

Beth Risk sabe o que é ter uma vida difícil. Sua mãe é alcoólatra e acabou se envolvendo com um homem que bate nela constantemente. Com isso Beth se sente na obrigação de cuidar de sua mãe e se mete em muitas encrencas por conta disso. Beth vai presa ao assumir a culpa no lugar de sua mãe e seu tio consegue a guarda dela a obrigando a viver com ele. Ela se recusa a deixar sua mãe e mesmo tendo uma nova chance para recomeçar sua vida, ela insiste em fugir.

Ryan é jogador de beisebol e sua família é muito influente na cidadezinha onde moram. Ele e seus amigos vivem fazendo desafios uns aos outros e um desses desafios é Ryan conseguir o número de Beth. O que começa com uma aposta acaba se transformando em um sentimento inesperado e difícil de ser deixado de lado.

Ryan e Beth não poderiam ser mais diferentes. Ele tem aparentemente a vida perfeita, mas tudo está perto de desmoronar. Seu irmão foi embora e seu pai controlador insiste em manter as aparências. Ela tem problemas em confiar nas pessoas devido a vida difícil que teve. Ambos tem grandes conflitos e descobrirão um no outro a força necessária para enfrentá-los.

"Amor. Bato a nuca no chão de propósito, frustrada. O Isaiah disse que me amava. Vasculho os corredores empoeirados das minhas emoções e tento me imaginar amando o Isaiah. Tudo que encontro é um vazio oco. O amor é isso? Um vazio?"

Ahh como me apaixonei por essa série ♥ O primeiro livro me conquistou, mas esse ganhou meu coração logo na primeira página! A escrita da autora é deliciosa e a trama carregada de um bom drama que eu adoro. Ultimamente eu tenho me atraído mais por livros com personagens com uma grande bagagem emocional, bem ferrados mesmo rs. Eu sinto que quanto mais conflitos os personagens têm, mais a trama fica interessante e realista.

Aqui nós temos o clássico bad boy e a mocinha popular só que invertido hahahaha. Ryan no caso é a mocinha popular e Beth o bad boy encrenca. Como já mencionei acima, Beth teve uma vida bem difícil tendo que cuidar de sua mãe alcoólatra. Ela se meteu em muitas encrencas por conta disso, inclusive indo presa para livrar sua mãe e tem problemas em confiar e se abir para as pessoas, já que todas as pessoas em quem ela confiou a abandonaram. Ela é rebelde e tem uma personalidade bem forte. Apesar de ser toda durona por fora, Beth só quer se sentir amada e ser ajudada mesmo que ela não admita isso. Já Ryan é o garoto popular, o príncipe perfeito. Sua família é famosa e vive de aparências. Seu pai é controlador e insiste que Ryan faça apenas o que ele acha que é o certo, tomando decisões em seu lugar. Ryan é maravilhoso e é impossível não se apaixonar por ele. O cara certo para Beth.

O romance é apaixonante e muito gostoso de acompanhar. Torci o tempo todo para que eles ficassem juntos e tivessem finalmente um final feliz, principalmente Beth porque já bastava de sofrimento! O livro também trata de temas como problemas familiares, homossexualidade, violência doméstica entre outros. Adoro a forma como a autora aborda temas sérios de forma "natural" e nem por isso passam despercebidos.

"Ele me ama. Eu sei disso. De alguma forma, eu me pergunto se o amor dele é a única coisa que me impede de enlouquecer."

A escrita é maravilhosa! Enredo maravilhoso! Personagens maravilhosos! Eu poderia ficar horas escrevendo sobre esse livro, mas você só vai entender quando ler. Mais que recomendado não só esse volume, mas toda a série. Se você curto um YA cheio de drama e um romance delicioso de acompanhar não perca tempo ♥

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Dias de Despedida - Jeff Zentner


Sinopse: "Cadê vocês? Me respondam."
Essa foi a última mensagem que Carver mandou para seus melhores amigos, Mars, Eli e Blake. Logo em seguida os três sofreram um acidente de carro fatal. Agora, o garoto não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu e, para piorar, um juiz poderoso está empenhado em abrir uma investigação criminal contra ele. Mas Carver tem alguns aliados: a namorada de Eli, sua única amiga na escola; o dr. Mendez, seu terapeuta; e a avó de Blake, que pede a sua ajuda para organizar um “dia de despedida” para compartilharem lembranças do neto. Quando as outras famílias decidem que também querem um dia de despedida, Carver não tem certeza de suas intenções. Será que eles serão capazes de ficar em paz com suas perdas? Ou esses dias de despedida só vão deixar Carver mais perto de um colapso — ou, pior, da prisão? (Skoob)

Livro recebido como cortesia da Editora.
ZENTNER, Jeff. Dias de Despedida. Seguinte, 2017. 392 p.


Carver Briggs passou por um acontecimento que quase ninguém passa na vida. Ele perdeu os três melhores amigos em um acidente de carro e agora tem que lidar com o luto, a culpa e a saudade. Ele tem dezessete anos e já se considera um especialista em velórios. É escritor e estuda na Academia de Artes de Nashville (AAN).

Blake, Eli, Mars e Carver se chamavam de “Trupe do Molho” e cada um tinha um dom especial. Carver, como já foi dito, é escritor; Blake era comediante; Eli era músico e Mars era desenhista. Os quatro eram inseparáveis e já viveram várias aventuras juntos. Tinham um futuro já planejado, mas agora a Trupe do Molho se consiste apenas de um integrante.

“Ajudo a carregar o caixão de Blake até o carro funerário. Pesa uns mil quilos. Um professor de ciências uma vez perguntou para a gente: “O que pesa mais, um quilo de penas ou um quilo de chumbo?”. Todo mundo respondeu chumbo. Mas algumas dezenas de quilos de melhor amigo em um caixão não pesam o mesmo que algumas dezenas de quilos de chumbo ou de penas. Pesam muito mais.”

Após o acidente, Carver começa a ter ataques de pânico e acaba procurando ajuda psicológica para lidar com todos estes acontecimentos. Como se não bastasse, o pai de um dos amigos dele, que é juiz, entra com um processo para culpar o menino pelo acidente que matou seu filho. O que, claro, não colabora nada para o estado já sensível do garoto.

A avó de um dos amigos de Carver o convida para vivenciar o que teria sido o último dia dela com o neto, mas ele tem medo de que não possa aguentar as emoções que podem vir à tona com este “dia de despedida”. Aparentemente, dos familiares dos falecidos, ela é a única que não acredita que tudo tenha sido culpa de Carver.

Sinceramente, não gostei muito do estilo do autor. Entendo que, uma vez que a história é contada através dos olhos de Carver, existe uma carga emocional muito grande, mas alguns trechos do livro eram tão pesados e deprimentes que, ao lê-los, eu mesma me senti mal. Os amigos eram extremamente unidos e, os poucos outros que Carver conhecia, acabaram se virando contra ele após o acidente.

“São 7h17 do primeiro dia de aula da Academia de Artes de Nashville. Jesmyn vai chegar em três minutos. Estou acordado desde as 3h57. Se existe um inferno, imagino que a existência lá seja como um estado perpétuo de ter acordado duas horas e meia antes de precisar ir a algum lugar. Isso sem falar da ansiedade de talvez ir para a cadeia e a ideia de que hoje serão expostas as terminações nervosas da minha perda. Hoje vou lembrar mais da Trupe do Molho do que em qualquer outro momento desde os velórios. E não sei como vou reagir.”

Um ponto que gostei muito foi a amizade e o companheirismo entre Carver e Georgia, sua irmã. Ela sempre esteve lá para ajuda-lo e, nas horas mais difíceis, era para ela que Carver contava tudo e se abria da forma mais sincera possível. A personalidade dela é forte e marcante e, apesar de ser uma personagem secundária, seu papel na história foi muito bem desenvolvido.

Outra amizade que me agradou bastante foi a de Carver e Jesmyn, ex-namorada (ou namorada, não sei) de Eli. Os dois começam a conversar no velório de Blake e a partir daí formaram sua própria trupe (Trupe do Suor). Jesmyn tinha praticamente acabado de se mudar para Nashville para estudar na AAN, então ela também não tinha amigos na escola.

Em geral, a obra foi bem escrita e talvez até agrade a alguns. Mas, do meu ponto de vista, muito drama foi colocado à história sem necessidade. Acredito que, se a história fosse contada de maneira um pouco mais leve, eu teria gostado.


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Conjuntando #75: Filmes

Oi pessoal, tudo bem?

Fiquei pensando em trazer algo diferente para falar com vocês hoje, mas a criatividade não está lá grandes coisas, então decidi conversar sobre filmes que assisti recentemente na Netflix. Enquanto espero por Para todos os garotos que já amei, estou numa "vibe" de ver filmes bem leves, comédias fofinhas e coisas assim. E tenho visto muitas coisas divertidas e gracinhas por aí. Alguns dos que eu me recordo e que podem servir de dica para quem quer alguma coisa nesse estilo para assistir, são esses:

O plano imperfeito


O plano imperfeito é aquele tipo de comédia romântica no maior estilo sessão da tarde. Na trama Harper (Zoey Deutch) e Charlie (Glen Powell) são assistentes do tipo "faz-tudo" e seus chefes não lhes deixam tempo nem para respirar. Para ter um pouquinho de paz, eles se unem como cupidos, com intenção de juntar os dois workaholics. O filme é uma gracinha, daqueles cheios de mensagens sobre aprendizado e amor.


A Chefe


A chefe é uma comédia mulherzinha deliciosa. Na trama, Michelle Darnell é uma das mulheres mais bem sucedidas do país, mas perde tudo depois que é presa por uso de informações privilegiadas. Quando sai da cadeira, é sua antiga assistente, Claire, quem lhe dá abrigo. O problema - ou não - é que o espírito de ricaça e de empresária de Michelle não desapareceu, e ela quer fazer dos brownies de Claire seu atual negócio. O filme é bem divertido, mesmo que seja bem bobo na maioria das partes, e cheio de mensagens sobre família e amizade.


A Barraca do Beijo


Eu vi que A barraca do beijo tem críticas fortes nas redes sociais, mas não vou entrar no mérito delas e abordar apenas o que senti quando vi, ok? Na trama, Elle e Lee são amigos desde que nasceram - até porque nasceram na mesma maternidade, no mesmo dia. O problema é que Elle se apaixona pelo irmão de Lee, Noah, e quebra uma das principais regras que eles estabeleceram para a amizade.

O filme tem sim alguns problemas e várias coisas que eu não gostei, mas no contexto geral foi tão gostosinho que eu ainda acho que vale a pena assistir. É aquele tipo de filme bem adolescente e romântico e mostra que as pessoas podem mudar por aqueles que amam.




E vocês, têm alguma dica de filme fofinho para eu assistir?

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Garota Exemplar - Gillian Flynn

Uma das mais aclamadas escritoras de suspense da atualidade, Gillian Flynn apresenta um relato perturbador sobre um casamento em crise. Com 4 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo – o maior sucesso editorial do ano, atrás apenas da Trilogia Cinquenta tons de cinza –, "Garota Exemplar" alia humor perspicaz a uma narrativa eletrizante. O resultado é uma atmosfera de dúvidas que faz o leitor mudar de opinião a cada capítulo. Na manhã de seu quinto aniversário de casamento, Amy, a linda e inteligente esposa de Nick Dunne, desaparece de sua casa às margens do Rio Mississippi. Aparentemente trata-se de um crime violento, e passagens do diário de Amy revelam uma garota perfeccionista que seria capaz de levar qualquer um ao limite. Pressionado pela polícia e pela opinião pública – e também pelos ferozmente amorosos pais de Amy –, Nick desfia uma série interminável de mentiras, meias verdades e comportamentos inapropriados. Sim, ele parece estranhamente evasivo, e sem dúvida amargo, mas seria um assassino? Com sua irmã gêmea Margo a seu lado, Nick afirma inocência. O problema é: se não foi Nick, onde está Amy? E por que todas as pistas apontam para ele?
FLYNN, Gillian. Garota Exemplar. Editora Intrínseca, 2013. 448 p.


Esse não é um livro novo e como a maioria já sabe, existe até uma adaptação cinematográfica inspirada na obra. Mas não posso deixar de dar minha opinião sobre ele e dizer que se tornou um dos meus favoritos da vida.

Amy e Nick Dunne são casados há cinco anos. E em seu aniversário de casamento, Nick sai para para trabalhar e pouco depois, recebe uma ligação de um vizinho informando que sua porta está aberta. Ao voltar para verificar o que aconteceu, Nick se depara com uma cena de crime, os móveis estão revirados e sua esposa sumiu. Uma grande investigação se inicia e a  cidade toda se envolve nas buscas. Além disso, Amy é filha de dois escritores que tem como personagem principal Amy Exemplar, uma versão "melhorada" de sua própria filha e esse fato colabora ainda mais para que o caso ganhe proporções ainda maiores e seja comentado em todo país.

Bom, esse foi o quarto livro da Gillian Flynn que li e não podia ter ficado mais feliz. Não sei o motivo de ter deixado esse para o final, mas fico feliz por não  ter prorrogado ainda mais a leitura, pois esse livro é maravilhoso, é capaz de provocar diversos sentimentos no leitor e desafiar a mente de uma forma única. A complexidade que a autora nos trouxe nessa obra é genial e capaz de agradar qualquer leitor de thrillers. 


Os personagens são bem trabalhados, o enredo é tão impressionante que é difícil acreditar que tenha saído de uma  cabeça só. A leitura nos mostra um casamento pouco convencional, que passa bem longe de qualquer conto de fadas. Além disso, nos mostra como o ser humano pode ser egoísta, calculista e cruel. 

Nick é um personagem que não demonstra tanto seus sentimentos, ou os demonstra de forma errada, principalmente nessa situação onde sua esposa está desaparecida e ele é o maior suspeito de ter cometido o crime. A forma como ele retrata a esposa não é uma das melhores, mas ainda assim, é difícil acreditar que ele tenha feito algo com ela. Durante a leitura minha opinião sobre ele divergia muito por causa de suas atitudes e foi difícil sentir empatia por ele.

Amy mantém um diário, onde revela um pouco sobre sua vida de casada. Lá ela conta que seu marido não é tão bom assim e que ela não está feliz por ter mudado para a cidade natal de Nick. Também é possível perceber que o casamento dos dois já não é como no começo e Amy quer reviver isso, trazer o marido para perto de si e ele não faz a menor questão que isso aconteça. Os capítulos são intercalados entre alguns dias desse diário, ou seja, conta sobre o que aconteceu antes de Amy sumir e em contra partida, os outros capítulos são narrados em primeira pessoa por Nick, durante todo o período de investigação.

Com esses dois pontos de vista, é bem difícil formar uma opinião. É complicado ter certeza do que está acontecendo e a autora faz questão de misturar um pouco mais as coisas em cada capítulo, então, se em determinado capítulo o leitor forma uma opinião, no seguinte a autora joga uma bomba e mostra que o não é exatamente aquilo que está acontecendo. Os personagens enganam, as evidências não são assim tão confiáveis, mas no final, tudo se encaixa perfeitamente.

Além disso, o livro possui algumas críticas, com relação a relacionamentos abusivos e manipulação da mídia. Essas questões estão presentes em todo momento, trazendo mais peso a obra e complementando o enredo principal. É muito nítida a influência que isso causa pois é retratado de uma forma intensa e real.

O livro é dividido em três partes, já na segunda, a narrativa muda um pouco e a leitura que estava um pouco lenta, ganha um ritmo melhor e mais bombas são jogadas no leitor. Nessa segunda parte eu imaginava o que estava por vir, mas não da forma que veio, então, fiquei extremamente chocada, incapaz de digerir o que estava acontecendo. 

E quando a gente acha que a autora cansou de surpreender, ela vem com a terceira parte, que é outra bomba pra fechar a história. Confesso que eu esperava mais, desejei um final mais explosivo, mas entendi o que a autora quis fazer e aceitei. Enfim, se você nunca leu algo da autora, eu recomendo que não perca mais tempo e comece a ler, garanto que valerá a pena.

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As aventuras de Sherlock Holmes - Arthur Conan Doyle

Sir Arthur Conan Doyle virou uma página na história da literatura policial ao criar Sherlock Holmes, seu maior personagem. Detetive mais amado de todos os tempos, ícone da virada do século XIX para o século XX e símbolo de uma Inglaterra cavalheiresca e genial, mas também problemática e ambígua, Holmes tem agora suas aventuras reunidas numa edição comentada e ilustrada. A série, com todas as histórias protagonizadas pelo detetive e seu fiel escudeiro Watson (a ser publicada em cinco volumes). O primeiro volume traz, na seqüência em que foram originalmente publicados na Strand Magazine entre 1891 e 1892, os 12 contos que compõem "As Aventuras de Sherlock Holmes": Escândalo na Boêmia, A Liga dos Cabeças Vermelhas, Um caso de identidade, O mistério do vale Boscombe, As cinco sementes de laranja, O homem da boca torta, O Carbúnculo Azul, A banda malhada, O polegar do engenheiro, O nobre solteirão, O Diadema de Berilos e As Faias Acobreadas. (Skoob)
DOYLE, Arthur Conan. As aventuras de Sherlock Holmes. Sherlock Holmes #1. Zahar, 2006. 495 p.


Sherlock Holmes, o Grande Detetive, e o nosso caro Watson, o Bom Doutor, não são simples personagens criados pelo Sir Arthur Conan Doyle, mas pessoas reais. Mesmo que seja difícil acreditar que exista alguém como Holmes em nosso mundo medíocre, isso é o que os fãs ferrenhos de Sherlock acreditam. E vocês? E eu?

Eu realmente acredito que Sherlock Holmes é um personagem, e não que Watson é o escritor e Arthur é o agente literário, porque... Como pode haver um Sherlock na vida real? Quem tem habilidades tão notáveis na arte de observação e dedução? Eu me sinto reconfortada pela ideia de que não tem um Professor Moriaty nas sombras, espreitando.

"(...) depois que se excluiu o impossível, o que sobra, por mais improvável que seja, deve ser a verdade."

O livro está cheio de ilustrações e notas, essas que tentam encaixar os fatos fictícios na vida real. Elas são, em sua maioria, para quem é um sherlockiano e acredita em todos aqueles fatos e os estuda, compara todos os seus livros, salvo raras exceções que apresentam histórias interessantes. Eu adoro ler elas para encontrar algo assim, embora saia pulando aquelas que não me agradam.

Ao que parece, o Cânone (história que segue o original) deriva de Sherlock Holmes. Quem diria? Existiam tantas histórias baseadas em Sherlock Holmes, oficialmente lançadas, que eles usaram esse termo para tudo que faz parte desse universo, que não aparece nos livros de Sir Arthur Conan Doyle, é parte do Canon.

Voltando para as notas, achei engraçado uma que falava sobre como Sherlock Holmes não está morto, porque seu óbito apareceria no Times e aqueles que acham que ele é apenas um personagem fictício não serão levado a sério, porque essa obra é séria. Isso é perfeito e eu não sei se rio ou fico admirada com essa devoção. Ambos.

O prefácio escrito por John Le Carré é magnífico, é uma resenha de Sherlock praticamente, é a melhor resenha que eu já li da história e, se não estava animada antes (eu estava), eu teria ficado depois de lê-lo. Eu queria colocá-lo aqui para que o lessem, porque ele é uma análise crítica bem feita e engraçada, que expõe personagens e acontecimentos que é importante para a história.

"(...) as pequenas coisas são infinitamente as mais importantes."

A única coisa que eu tenho discordar desses estudiosos sherlockianos é que Sherlock é apaixonado por Irene. Eu esperava mais daquela que é A Mulher. Ela, inteligente, superou Sherlock e ele guardou uma fotografia dela, contudo isso não significa necessariamente que ele é apaixonado por ela. Por céus, ela só apareceu uma vez, somente nesse caso! Sherlock pode muito bem guardar fotografias daqueles que saem melhor do que ele. Eu prefiro muito mais a teoria que sugere um caso entre Sherlock Holmes e John Watson... aparece até nas notas.

Entramos agoras nas teorias, melhor momento para entrar nelas, e é uma que acho crível. Eu não lembro agora em qual dos 12 casos desse livro que aparece, mas diz claramente que Watson tem um machucado de guerra no ombro, quem conhece a história (leu algo, assistiu... recomendo Sherlock da BBC) sabe que o ferimento dele é na perna, então como? Eu até pensei que estivesse enganada, mas depois surge um anexo que apresenta a teoria de que existem dois Watson, John e James, irmãos gêmeos, que são médicos e foram para a guerra, um voltou com ferimento no ombro e o outro na perna, e ambos já foram colegas de quarto de Holmes. Será?

"- Começo a achar, Waston - disse Holmes - que cometo um erro ao explicar. 'Omne ignotum pro magnifico' (tudo que é desconhecido passa por esplêndido), você sabe, e minha reputação, já modesta, ficará arruinada se eu continuar sendo tão franco."

A narração feita pelo Dr. John Watson, diretamente ou através da imaginação de Sir Arthur Conan Doyle, é o que torna a história instigante para todos apesar da idade e do tempo, concordo com John Le Carré em seu prefácio. Tudo é feito de maneira direita e sem tanto floreio, e é isso que faz a história boa para ler, tudo passa super rápido. Cada conto tem entre 20 e 30 página e a história avança rápido por causa disso, apesar das notas atrasarem um pouco. Mas você pode sempre pular elas como eu.

Eu não sei nem o que falar dos personagens, porque acho que a grande maioria já conhece de alguma forma eles, nem que seja de uma forma bem abstrata. Quem nunca ouviu falar de Sherlock Holmes? A maioria dos romances policiais hoje em dia apresenta uma dupla de personalidades parecidas, em que um é cérebro e o outro o coração. Sherlock está muito longe da compreensão, mas nosso caro Watson é o alvo das nossas empatias e conforme lemos somos ele, somos o protagonista-narrador-leitor, descobrimos como a brilhante mente desse detetive consultor trabalha e qual é o mistério por trás dos casos que chegam a ele.

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Conjunto de Séries #26: Secret City


No último final de semana, procurava uma nova série para acompanhar, mas, sem saber exatamente que tipo de conteúdo eu buscava, com tanto material disponível na Netflix, optei por Secret City por um motivo quase besta: Ana Torv é a estrela principal aqui, assim como era em Fringe, uma série que gostei muito de assistir.

Tendo em vista os motivos pelos quais optei por assistir ao seriado, é perceptível que eu sabia pouco - quase nada mesmo - sobre seu contexto, mesmo porque a série só ficou disponível no streaming no fim de junho, ainda que tenha sido lançada originalmente em 2016. Minha primeira surpresa foi que se trata de uma série australiana, afinal, é comum ver a atriz em produções americanas, como Fringe, já citada, e Mindhuter. A segunda foi o fato de que a série mistura gêneros bem incomuns entre si - como thriller, trama policial, jornalismo investigativo, ameaças terroristas, intrigas políticas e romance - e consegue construir um enredo dinâmico e viciante.

Na trama, a jornalista Harriet Dunkley se sente instigada a investigar um caso quando, ao sair para se exercitar pela manhã, vê o corpo de um homem com o peito aberto ser retirado do lago. Embora a justificativa dada ao acontecimento seja uma briga mal resolvida motivada por drogas, a jornalista não se deixa enganar e suas pistas levam-na a indícios que podem derrubar um de seus principais desafetos: o Senador Mal Paxton. E esse é só o contexto inicial de Secret City.


Perpassada em Canberra, capital da Austrália, a primeira temporada é composta de apenas seis episódios, mas o fato de ser curta não torna a série superficial ou corrida. O enredo tem enfoque naquilo que é de fato relevante e constrói uma rede que instiga o espectador, com mistérios, assassinatos, política, e tudo o mais que tem direito. Alguns poucos personagens são mais aprofundados, como Harriet, Malcom e Kim, mas essa construção é tão profunda que nos sentimos ligados a eles de alguma forma.

Além disso, ninguém é o que parece, e é isso que torna a série mais interessante. Cheios de segredos e traições, os episódios voam e em nenhum momento se tornam cansativos. Alguns espectadores, inclusive, comparam a série a House of Cards e, de fato, as duas são semelhantes no quesito política. Em minha opinião, porém, Secret City é muito mais dinâmica, até porque seus poucos episódios não permitem floreios.

A série foi baseada nos livros The Marmalade Files e The Mandarin Code, de Chris Uhlmann and Steve Lewis, os quais, pelo que pesquisei, ainda não foram publicados no Brasil. A segunda temporada está em produção pelo canal australiano Foxtel e estreia em outubro por lá, mas ainda não há previsão de ser liberada na Netflix.

Para quem procura uma série rápida, mas instigante e cheia de intrigas, vale conferir Secret City.

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Bela Gratidão - Corey Ann Haydu

Sinopse: Um romance sobre amadurecimento e a dureza de crescer em uma cultura que exige das mulheres nada menos que a perfeição. Corey Ann Haydu explora as complexidades da família, os limites do amor e quão duro é crescer em uma cultura que premia a beleza acima de qualquer outra coisa e cobra das mulheres nada menos que a perfeição. Uma leitura atual que dialoga direta e honestamente com a multiplicidade de questões enfrentadas por adolescentes e jovens no mundo todo – a confusão do primeiro amor, os dramas familiares e a construção da própria identidade no meio de toda essa loucura. O livro está cheio de personagens realistas, que tropeçam nos próprios medos e cometem erros com alguns dos quais é impossível não se identificar. Montana e sua irmã Arizona têm um pacto desde que a mãe as deixou: São elas duas contra todo o mundo. Com o pai sempre imerso em relacionamentos tóxicos e uma sucessão de madrastas essa foi a maneira que encontraram de seguir em frente. Mas agora que Arizona foi para a faculdade Montana se sente deixada pra trás e perdida, mergulhando em uma amizade vertiginosa e empolgante com a ousada Karissa. No meio disso tudo, Montana encontra uma distração em Bernardo. Resta saber se Montana têm a confiança necessária no que sentem um pelo outro para encaixar Bernardo na sua vida imperfeita. (Skoob)
HAYDU, Corey Ann. Bela Gratidão. Galera Record, 2017. 432 p.


Bela Gratidão, de Corey Ann Haydu, conta, em primeira pessoa, a história de Montana, uma garota que passa por um período de transformações e, não bastassem as complicações naturais da adolescência, ela carrega diversos problemas e inseguranças: sua mãe foi embora quando era criança, sua irmã mais velha se afastou quando foi para a faculdade, seu pai troca sempre de esposas e acabou de apresentar sua nova noiva - o que abala as mais inocentes expectativas da garota.

O interessante do livro é que ele aborda diversas questões relevantes sobre os problemas que os adolescentes enfrentam, desde a insegurança e os problemas que muitas vezes são causados pelos próprios pais, até as transformações que crescer traz para as nossas vidas e os caminhos que precisamos escolher para adiante. Todo mundo em algum momento percebeu que já não poderia mais manter as coisas como eram antes, e é nessa encruzilhada que Montana se encontra.

A vida da protagonista não parece tão traumática, mas os problemas da falta de estrutura familiar são bem visíveis durante o livro. Além da constante rejeição que ela sente pelo fato de a mãe ter ido embora quando era tão nova, o pai, cirurgião plástico, não parece ver nela muito além de mais uma mulher a ser aperfeiçoada em uma mesa de operação. Além disso, as bases de sua vida - que consistiam na relação com sua irmã - são drasticamente alteradas, então ela precisa reconstruir e redescobrir a si mesma no meio desse turbilhão.

"Ela me ensinou sobre o Diário de Gratidão. Ela escreve uma lista de dez motivos pelos quais é grata todos os dias. Eu tento escrever três."

Questões como amizade, primeiro amor e más influências estão bastante presentes no livro, que mostra o quanto as pessoas que nos cercam nos transformam de algum modo - alguns mais, outros menos. E embora o livro tenha uma sinopse que promete muita coisa ao inserir esses diversos temas, tive a impressão de que a autora se perdeu ao abordar tantas questões, e por essa razão o livro não funcionou para mim.

Enquanto o livro fala das perspectivas da protagonistas pela lógica do cotidiano, Montana narra diversas coisas que não têm a menor importância para a história, o que a torna cansativa em diversos pontos. Além disso, temas pesados e importantes de serem discutidos, como drogas e bebidas, são abordados sem nenhum tipo de mensagem sobre responsabilidade, o que me incomodou um pouco.

Além disso, Montana estava o tempo todo querendo provar algo para alguém, suas ações sempre eram refletidas com base no que alguém pensava. Parecia até que ela mesma não tinha opinião e, quando tinha, tomava atitudes bastante imaturas. O romance, que começou fofinho e doce, se tornou irritante e sem lógica. No momento que o livro teve a oportunidade de mostrar um ensinamento de relevância para adolescentes, a autora optou por simplesmente ignorar e mostrar uma cena de entendimento entre pai e filha - what?

Uma coisa é fato: os personagens conseguem envolver e irritar na mesma medida. Não teve um deles que fosse o queridinho da história e, embora isso possa parecer um ponto positivo (pois a autora conseguiu construí-los de uma forma realista), na verdade foi mais um detalhe que me tornou indiferente à trama.

Bela Gratidão só conseguiu me agradar na capa e na ideia de que existem pequenas coisas pelas quais devemos agradecer todos os dias. Não é um livro ruim, mas também não é bom, e não me acrescentou muito ter lido.

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