Sinopse: Two teenagers sisters, separated by death but still connected, work through their feelings of loss over the closeness they shared as childen that was later destroyed by one's mental illness, and finally make peace with each other. (Skoob)GRIFFIN, Adele. Where I Want to Be. Speak, 2007. 176p.
Jane e Lily foram irmãs inseparáveis na infância, mas devido à doença mental de Jane, que sempre a manteve afastada da realidade e do resto das pessoas, e a contrastante personalidade extrovertida de Lily, elas se afastaram ao crescer. Agora que Jane morreu, Lily precisa se adaptar à vida sem ela enquanto reflete no passado.
O livro intercala narração da Lily em primeira pessoa com uma em terceira pessoa que conta o ponto de vista da Jane. O livro no final tem algumas perguntas e uma delas é o porquê da narrativa da Jane ser assim e o que isso diz sobre a personagem, o que me fez mudar de ideia sobre isso, porque eu achei que era só porque ela estava morta e seria mais realista assim, e já que estava falando dos pensamentos dela antes da morte, não precisaria ser ela falando do além. Ou que podia ser até a própria Lily, mas acho que assim não porque ela não saberia tudo aquilo, apesar de que tem livros que os narradores-personagem advinham os pensamentos dos outros ou inventam. Mas ler essa pergunta me fez pensar que o motivo talvez era que a Jane é introspectiva e nunca gostou de falar de si, e nem mesmo agora durante a morte. Então, até pode ser ela, mas ela preferiu escrever como narrador observador para não se expor tanto assim. Sei lá, mas é legal ter todas essas possibilidades.
O livro mostra muito bem como é conviver com alguém que tem uma doença mental, ao mesmo tempo que mostra como é ser a pessoa que tem. Por isso foi de novo uma ótima ideia a narrativa ser feita dessa forma. A gente vê uma grande diferença entre como as duas veem as coisas. E o jeito descritivo da autora também ajuda muito nisso.
"A maioria dos pertences da Jane são de segunda mão. Os velhos cavalos de pelúcia da mamãe, Rags e Patches, caídos lado a lado de sua penteadeira empoeirada. O modelo do sistema solar de papai está também cheio de poeira, assim como o assento da cadeira de balanço do vô, que minha avó deu a Jane depois que ele morreu. Jane gostava de estar rodeada por coisas de outras pessoas. Elas a confortavam, eu acho, quando as pessoas não podiam."
Além das irmãs, tem um pouco dos pais, claro, e até dos avós. E outros conhecidos. Outro ponto legal é que vários dos problemas que elas têm são comuns de irmãs, mas são acentuados pelas circunstâncias. E os momentos bons também.
O livro é um pouco triste, mas também é bonito. É uma visão de problemas psicológicos e até de luto (quando fala que Lily e os pais estão simplesmente ignorando o assunto, se mantendo ocupados para não sentir) que não vemos muito. Jane tem uma vida comum no geral, ela não passou por nada pior que a maioria das pessoas, nem tenta lidar com seus problemas psicológicos de maneiras destrutivas. Ela só é diferente por dentro e nas poucas vezes que externaliza isso. Não tem nenhum fascínio das pessoas por ela, ou bullying. Infelizmente, ele não foi lançado no Brasil. Eu achei esse original numa biblioteca do Sesc, se alguém tiver uma próxima para procurar.