Memórias de um Sargento de Milícias - Manuel Antônio de Almeida



Sinopse: Na história de Leonardo - que gosta muito mais de se divertir do que de trabalhar - o autor faz uma irresistível e bem-humorada crônica sobre o cotidiano das classes baixas do Rio de Janeiro na época de dom João VI. (Skoob)

Um dos clássicos da literatura brasileira, Memórias de um Sargento de Milícias foi publicado inicialmente em 1852 em folhetins semanais do jornal Correio Mercantil. O livro, apresentado pela primeira vez nesta forma em 1854, narra a história de Leonardo, e os fatores de sua vida que o levam a se tornar um Sargento de Milícias. A história se passa na época do Brasil Colônia, após a vinda do Rei D. João VI para o Brasil.

Os pais de Leonardo - o qual era tratado apenas como o menino no início do livro -, portugueses, se conheceram durante a viagem para o Brasil e logo providenciaram o filho. Alguns anos após o nascimento, uma traição separa-os, e o menino é deixado sob cuidados do padrinho.

O que o menino sabia fazer de melhor, desde que nascera, era aprontar. Suas "diabruras" aflingiam a todos, mas o padrinho pouco se importava - pelo contrário, achava graça e nada fazia a respeito, além das vontades do menino. Tal postura influenciou o comportamento de Leonardo adulto: "constituiu-se um completo vadio, vadio mestre, vadio-tipo".

Então, já jovem, algumas coisas começam a mudar na vida de Leonardo. Ao conhecer Luisinha, um novo e bom sentimento é despertado no rapaz. Esse sentimento, porém, vem acompanhado de um sentimento não tão bom: o ciúme de José Manoel, outro pretendente de sua amada. A perda de seu padrinho também é um dos pontos que mais influencia as muitas mudanças que ocorrerão na vida de Leonardo.

Me surpreendi por gostar tanto da história. Normalmente leio os clássicos por achar os enredos interessantes, mas me peguei ansiosa para continuar a leitura e saber o que aconteceria na sequência.

No primeiro terço do livro, achei a narração cansativa, por contar, com detalhes, a infância de Leonardo e as diversas peças que o mesmo pregava, sendo um pouco repetitiva. Além disso, o autor desvia várias vezes do foco principal para contar as histórias paralelas da vida de quase todos os personagens, o que permite ver que todas elas estão amarradas umas às outras.

Como não suporto deixar um livro pela metade, persisti. E valeu muito a pena. A partir do momento em que a narração foca a juventude de Leonardo, a história fica mais movimentada. Os romances, e os constrangimentos em virtude desses, são fofos e divertidos. O que eu mais achei interessante foi a malícia quase inocente de narrar os namoricos, ao supor algo nas entrelinhas, para livre interpretação do leitor.

A linguagem é muito fácil, apesar de ter sido escrito há quase 160 anos. Isso ocorre em virtude de ter-se utilizado o linguajar coloquial da época, havendo dificuldades apenas nas expressões e algumas gírias usadas que, no caso do livro que dispus para ler, eram resolvidas com base em notas de rodapé.

Gostei muito do livro, mesmo. Tive vontade de dar uns cascudos no Leonardo algumas vezes, mas acabei sendo conquistada por ele. Para quem gosta de livros do gênero, sem tantos mistérios e com nada de fantasia, recomendo muito.

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Vencendo o Passado - Zibia Gasparetto

Sinopse: Quantas vezes você se atormenta recondando acontecimentos desagradáveis do dia-a-dia que gostaria de se esquecer, mas que reaparecem como fantasmas interioes ? Neste livro, os protagonistas enfrentam esse desafio com sucesso. Mas você terá ainda de enfrentar os seus. (Skoob)
GASPARETO, Zibia. Vencendo o passado. Vida e Consciência: 2008. 388p.

Antes de começar a resenha, gostaria de fazer algumas observações.
Como a maioria dos que lêem o blog, sempre gostei de ler. Isso não é novidade. E é claro que tenho meus livros, séries e estilos literários favoritos. Mas nem por isso, nunca fui preconceituosa com algum livro. Quer dizer, não gosto muito de autoajuda. Não compro, nem procuro em bibliotecas, mas já li, e posso voltar a ler. O que estou querendo mostrar é que leio todos os livros que tenho oportunidade, sempre que tenho acesso, independente de gostar da sinopse ou da capa. Faço isso, porque já descobri histórias fantásticas lendo livros sem tantos "atrativos", ao tempo em que me decepcionei com outros que tinham tudo para ser fabulosos. Então gostaria de pedir que não estranhem se eu vir a resenhar livros que a maioria diria que não tem vontade de ler. Como é o caso, acredito eu, do livro que posto hoje.

Vencendo o Passado, de Zibia Gasparetto narra a história de uma família que vivia em meio a problemas. Carolina e Adalberto, filhos de Ernestina e Augusto César, tinham uma relação complicada com os pais, e também um com o outro. Os problemas eram, em sua maior parte, silenciosos. Não havia diálogo dos pais com os filhos. Carolina não aceitava as imposições de seu pai, e mal aturava a submissão de sua mãe, o que lhe rendia castigos. Ao mesmo tempo, Adalberto fingia aceitar todas as ordens que recebia, enquanto fazia o que bem entendesse quando estava sozinho. O que importava era que as aparências fossem mantidas.

Mas tudo começa a mudar quando o avô de Carolina fica muito doente. Com sua morte, a família sai da pequena cidade de Bebedouro para ficar alguns dias com Guilhermina e Odete, mãe e irmã de Augusto César, na capital. A tristeza, no entanto, abate muito as duas e, quando volta para casa, Augusto César resolve deixar Carolina na cidade, para lhes fazer companhia.

Durante o tempo que passa com a avó e a tia, Carolina encontra um rapaz... O rapaz que já tinha encontrado outras vezes, quando seu espírito deixava seu corpo. O rapaz que se apresentara como Marcos - e que agora dizia se chamar Sérgio.

Aos poucos Carolina percebe, então, que as situações que vive no presente são consequências de atos seus em outras vidas;  tanto o comportamento incompreensível de seus pais ou o amor que sente por Sérgio. E percebe que as coisas são do jeito que são por um motivo: ela deve consertar seus erros do passado para ser feliz.

Os livros de Zibia Gasparetto, como todos bem sabem, tem por base para todas as histórias o espiritismo. Para quem acredita, a leitura fluirá facilmente. Para quem não acredita, é como se fosse todo um novo mundo criado por Zibia, como ocorre em tantos outros livros por aí.

A história é ótima, leve, e mesmo nos momentos mais "sombrios" - quando Carolina descobre a razão de viver como vive - a forma como a autora coloca no texto não nos causa más impressões. Por ser um livro com tal toque religioso, há muita inocência nos personagens, que buscam sempre o bem, mesmo quando agem de maneira equivocada, e que aprendem a aceitar uns aos outros com o passar das páginas.

O que mais estranhei no livro foi a maneira superficial com que as situações são narradas, os poucos detalhes que se dão sobre os personagens, e os diálogos que pareciam um pouco repetitivos. Não que isso atrapalhasse a leitura, pelo contrário. Mas é um pouco diferente dos livros que leio normalmente, que dão detalhes o suficiente para dar mais convicção à história.

Foi uma leitura realmente diferente. Não, não entrou para os meus favoritos. Mesmo assim eu gostei. E, para quem gosta desse tipo de leitura, ou até quem gosta de diversificar, eu recomendo.

Beijos, e bom feriado! ;)

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Aura Negra - Richelle Mead

Sinopse: A Escola São Vladimir está em alerta após um ataque dos sanguináreos Strigoi. Os Guardiões admirados por suas habilidades e seus grandes feitos, se preparam para entrar em ação. A escola envia seus alunos para um hotel de luxo e bem protegido, porém um imprevisto obriga Rose a deixar a segurança de seu lar e impedir que o pior aconteça. Apenas quando a vida de seus amigos está por um fio é que a heroína descobrirá força dentro de si. (Skoob)
MEAD, Richelle. Aura Negra. Academia de Vampiros #2. Nova Fronteira: 2010. 304 p.

Obs.: Para aqueles que ainda não leram O beijo das Sombras, este post contém spoilers.

"As coisas morrem. Mas nem sempre elas permanecem mortas. Acreditem em mim, eu sei do que estou falando."

Após perceber que Victor Dashkov gostaria de utilizar os poderes de Lissa de maneira egoísta e equivocada, usando meios radicais para isso e incentivando, inclusive, sua filha Natalie a se tornar Strigoi para ajudá-lo, finalmente a rotina de Rose volta ao normal. Lissa está tomando remédios que impedem os efeitos colaterais de sua magia e mantém sua mente estável.
Rose agora precisa fazer o exame que perdeu quando fugia da escola São Vladimir. Dimitri, seu instrutor, a leva para fora do campus, em um encontro com um dos grandes exterminadores de Strigoi da história, mas o que encontram no local é uma cena devastadora, que estremece todas as crenças do mundo Moroi. Há humanos trabalhando ao lado dos Strigoi. 

"Isso muda tudo, não é? - perguntei.
Muda, sim - disse ele. - Muda tudo."

A luz do dia já não é mais segura. As magias protetoras, agora podem ser quebradas. O clima de medo e pânico atinge a todos, e levanta questões sobre os costumes que até então eram ignoradas. Deve a magia dos Moroi ser usada para ataque?

Em razão do caos que se instaurou na sociedade Moroi, os alunos da escola e suas famílias deverão passar as férias de inverno em uma estação de esqui em Idaho. A união de todos os guardiões em um só lugar será a maneira mais eficiente de manter todos a salvo.

Para Rose, no entanto, isso não significa ficar fora de problemas. Além de ter que encarar sua mãe, Janine Hathaway, de quem guarda profundo ressentimento, o não-relacionamento com Dimitri, os ciúmes dele com Tasha, e uma tentativa falha de namoro com seu amigo Mason, Rose acaba deixando escapar informações importantes que levam Mason a tomar uma atitude arriscada: juntar um grupo de amigos e partir na busca de Strigoi.

O livro é emocionante e rico em detalhes. Li ele há algum tempo, mas ao relê-lo, pude perceber pequenos aspectos que antes não havia dado tanta atenção e que realçam ainda mais a ligação de toda a história da série. A autora não deixou de comentar os aspectos vampirescos, mas isso é apenas uma peça que ajuda a tornar toda a trama plausível, e não a característica central dela. Lissa aparece mais como um plano de fundo, principalmente por estar um pouco afastada de Rose. Alguns personagens novos aparecem, como Janine, Tasha e Adrian, que conseguem nos provocar sentimentos ambíguos.  Nesse livro Adrian, me passou a impressão de ser um cara metido, arrogante, e não gostei quase nada dele. (Essa impressão, entretanto, muda mais tarde.)

O enredo do livro é muito mais emocionante e apaixonante se comparado ao primeiro, e alguns acontecimentos, importantíssimos e, por vezes, tristes demais, modificarão para sempre a vida de nossos queridos personagens. Richelle Mead fez um trabalho maravilhoso ao escrever Aura Negra e outro ainda melhor com Tocada pelas Sombras, próximo livro da série, que comentarei aqui em breve.

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O Filho Eterno - Cristovão Tezza

Fonte da Imagem: Livro sem Capa
Sinopse: Em "O Filho Eterno", Tezza expõe as dificuldades, inúmeras, e as saborosas pequenas vitórias de criar um filho com síndrome de Down. Aproveita as questões que aparecem pelo caminho nestes 26 anos de seu filho Felipe para reordenar sua própria vida: a experimentação da vida em comunidade quando adolescente, a vida como ilegal na Alemanha para ganhar dinheiro, as dificuldades de escritor com trinta e poucos anos e alguns livros na gaveta, a pretensa estabilidade com o cargo de professor em universidade pública. (Skoob)
TEZZA, Cristóvão. O filho eterno. Record: 2007. 222 p.

Muito diferente da maior parte dos livros que já li, O Filho Eterno, de Cristovão Tezza, publicado em 2007, não é, por isso, menos interessante. Tenho que admitir que não se trata de um livro que nos faz perder o sono de curiosidade, mas o aspecto extremamente sincero dos relatos do autor nos faz querer entender qual o propósito daquilo que escreve.

A história, apesar de classificada como romance e de ser narrada em terceira pessoa, é dita por muitos como um relato auto biográfico de Tezza. A narração em terceira pessoa, em razão disso, serve como um amparo à imagem do autor: é que o livro nos mostra, sem pudores, os pensamentos mais sombrios de um pai em relação às consequências do nascimento de um filho com síndrome de Down.

O início se dá no momento do nascimento - a ideia do pai de que sua vida está começando naquele momento, os planos para um futuro com o filho, a ansiedade na sala de espera. Despido de máscaras, Tezza narra as ações automáticas que o pai espera de todos à sua volta, a vida que leva quase como um espectador, a falta de saber como reagir com a notícia de um filho - como era chamado até então - mongol. Conta também sobre o fato de ser escritor que tem seus escritos diversas vezes recusados pelas editoras, de continuar tentando mesmo assim, e de ser sustentado pela mulher, ao tempo em que lembra seus ideais da juventude e o que esperava para si próprio.

O pai aprende, entretanto, que nada disso é fácil, mas é recompensante. Percebe que ama o filho independente das diferenças, e conta que, mesmo com a mentalidade sempre infantil e a ingenuidade de Felipe, ambos descobrem um gosto em comum: o futebol.

Em razão de ser um livro totalmente introspectivo, há momentos em que temos que voltar para ler um trecho novamente, principalmente considerando algumas figuras de linguagem pouco comuns utilizadas pelo autor. É exatamente por isso, contudo, que o texto se torna tão intenso e único. Uma leitura diferente, mas que vale a pena conferir.

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Marcada - P.C. Cast e Kristin Cast

Sinopse: No primeiro volume da série House of Night, começa com a protagonista Zoey Redbird, que era uma garota comum, de 16 anos, até ser marcada pela Deusa Nyx. Esse mundo é igualzinho o nosso, mas os vampiros existiam desde antigamente e conviviam pacíficamente com humanos até agora. A partir daí, sua vida muda completamente e ela tem que ir morar na House of Night, porque se não, seu corpo pode rejeitar a transformação, e ela irá morrer. Porém, ela era diferente dos outros calouros (vampiros antes de completar a transformação), pois sua marca de lua crescente era completa, e tem uma estranha conexão com a Deusa Nyx.
Zoey vai descobrir que mesmo não sendo mais humana, sua vida estará longe de ser fácil, pois terá que aprender a controlar poderes que nem sabia que tinha, mas agora, com novos amigos e uma nova vida a apoiando. O que ela não conta é com um novo inimigo misterioso e poderoso, que está mais próximo do que Zoey imagina. (Skoob)
  CAST, P.C. CAST, Kristin. Marcada. House of Night #1.

Enquanto espero ansiosamente pelo lançamento do oitavo livro da série The House of Night, gostaria de apresentar, àqueles que não conhecem, o primeiro livro: Marcada.

Descendente Cherokee, Zoey Redbird tem dezesseis anos quando é marcada como vampira pela deusa da Noite, Nyx. Torna-se vital para ela que vá para a Morada da Noite - ficar perto de vampiros adultos até que possa se transformar, ou morrer, caso seu corpo rejeite a transformação - deixando tudo o que foi a sua vida até ali para trás.

A deusa vampírica marca Zoey de uma maneira especial, e lhe confere poderes que ela nunca poderia imaginar, permitindo que domine os cinco elementos: terra, água, fogo, ar e espírito.

"Acredite em si mesma, Zoey Redbird. Eu a marquei como minha. [...] Você é especial. Aceite isso sobre si mesma, e começará a entender que há um verdadeiro poder em sua singularidade."

Deixando os problemas familiares e a escola onde nunca se encaixou, Zoey encontra amigos na Morada da Noite, junto com os quais passará a enfrentar desafios ainda maiores do que poderia imaginar.

Não é necessário muito para se prender ao livro. O primeiro capítulo já cumpre essa função perfeitamente. A narração, feita em primeira pessoa, confere ao leitor a visão de Zoey sobre sua vida até ser marcada, sua família, o carinho pela sua avó, o namorado humano que muda de atitude durante a trama e prova que a ama, um garoto novato, novo foco de seu interesse que lhe traz ainda mais confusão, e os amigos, que mostram estar sempre dispostos a ajudá-la. O que mais atrai o gosto pela personagem principal é o fato de ela não ser perfeita, e errar - muito.

Além de vampiros, a história apresenta fantasmas e outros seres sobrenaturais sem, no entanto, perder o foco. As autoras também não criam situações fora do contexto para que a trama fique bem amarrada, apenas utilizam aquilo que já foi apresentado ao leitor, desde o primeiro livro, que permite que exista sentido em toda a série.

Como o livro aborda a força e amor da deusa como da luz, ele não exclui existir também forças das trevas. Em razão disso, algumas passagens me deixaram "tensa", em razão de não saber o que esperar de tais forças, que são apresentadas lentamente durante a série.

Outro ponto interessante é que, como primeira impressão, acredita-se que Marcada trata-se de uma mistura entre histórias de vampiros diversas e elementos da série Harry Potter, em razão da magia utilizada pelos vampiros. Essa semelhança, entretanto, se esvai aos poucos, na velocidade em que novas idéias nos são propostas.

Marcada oferece uma ótima leitura, muito envolvente e, o que é melhor, com um enredo totalmente fora da realidade.

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O Beijo das Sombras - Richelle Mead

Crédito da Imagem: Nuvem Literária

Sinopse: Lissa Dragomir é uma adolescente especial, por várias razões: ela é a princesa de uma família real muito importante na sociedade de vampiros conhecidos como Moroi. Por causa desse status, Lissa atrai a amizade dos alunos Moroi mais populares na escola em que estuda, a São Vladimir. Sua melhor amiga, no entanto, não carrega consigo o mesmo prestígio: meio vampira, meio humana, Rose Hathaway é uma Dampira cuja missão é se tornar uma guardiã e proteger Lissa dos Strigoi - os poderosos vampiros que se corromperam e precisam do sangue Moroi para manter sua imortalidade.
Pressentindo que algo muito ruim vai acontecer com Lissa se continuarem na São Vladimir, Rose decide que elas devem fugir dali e viver escondidas entre os humanos. O risco de um ataque dos Strigoi é maior, mas elas passam dois anos assim, aparentemente a salvo, até finalmente serem capturadas e trazidas de volta pelos guardiões da escola.
Mas isso é só o começo. Em O Beijo das Sombras, Lissa e Rose retomam não apenas a rotina de estudos na São Vladimir como também o convívio com a fútil hierarquia estudantil, dividida entre aqueles que pertencem e os que não pertencem às famílias reais de vampiros. São obrigadas a relembrar as causas de sua fuga e a enfrentar suas temíveis consequências. E, quem sabe, poderão encontrar um par romântico aqui e outro ali. Mais importante, Rose descobre por que Lissa é assim tão especial: que poderes se escondem por trás de seu doce e inocente olhar? (Skoob)
MEAD, Richelle. O Beijo das Sombras. Academia de Vampiros #1. Nova Fronteira: 2009. 320 p.

Richelle Mead dá uma nova face à literatura vampiresca com este romance: mais ácida, apimentada e inteligente do que nunca, a saga dos Moroi e seus guardiões surpreende pelas reviravoltas e pela ousadia desses cativantes personagens.

Algumas vezes encontramos histórias que nos encantam de tal forma, que sentimos como se fizéssemos parte delas. Livros com enredos tão fantásticos, que não conseguimos acreditar que fosse realmente possível alguém pensar em algo assim - mas alguém teve que pensar para poder escrever, concluímos.

Foi exatamente assim que me senti com a série Academia de Vampiros, da autora Richelle Mead. O primeiro livro - O Beijo das Sombras, sobre o qual falarei hoje - não é assim tão incrível. Mas a continuação da série é completamente surpreendente e apaixonante e vale, portanto, comentar desde o início.

Rose e Lissa são amigas desde a infância. A primeira é dampira, uma mistura entre humanos e vampiros, mais forte fisicamente, que treina, desde muito nova, para ser a guardiã de Lissa quando se formar, a fim de protegê-la de Strigois. A segunda, é uma vampira Moroi, que se especializa num elemento nunca antes descoberto: o espírito.

"Não importa o que aconteça no nosso mundo, algumas verdades básicas sobre vampiros não mudam jamais. Os Moroi são vivos; os Strigoi são mortos-vivos. Os Moroi são mortais; os Strigoi são imortais. Os Moroi nascem; os Strigoi se transformam em Strigoi.

E há duas maneiras de se transformar num Strigoi. Os Strigoi podiam transformar humanos, dampiros ou vampiros com uma só mordida. Os Moroi, tentados pela promessa de imortalidade, podiam se transformar em Strigoi por livre escolha, se eles propositadamente matassem uma pessoa enquanto se alimentavam. [...] Os Moroi que escolhiam esse caminho do mal perdiam a capacidade de se conectarem com a magia de manipular os elementos e outros poderes do mundo. Era por isso que não podiam mais se expor ao sol."

Um laço entre as duas permite que Rose sinta as emoções de Lissa, veja pelos olhos dela, saiba o que está acontecendo com a amiga sem precisar de palavras, sem que isso, no entanto, seja recíproco. Depois de fugir por dois anos, as duas são levadas de volta para a Escola São Vladimir, onde passaram a maior parte de suas vidas, e para onde devem voltar para enfrentar acontecimento sombrios atormentaram ambas no passado.

A história, narrada por Rose, acontece na velocidade ideal para degustarmos cada novidade apresentada pela autora, para digerirmos as surpresas expostas, e para tentarmos desvendar os mistérios, mantidos até o momento certo para aumentar as expectativas de quem lê. Há um pouco de dramas da adolescência, com um amadurecimento perceptível das personagens durante a trama, além de uma pitada, na medida exata, de um romance impecável.

Vale a pena cada minuto de sono a menos para aproveitar a companhia dessa ótima ficção.

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