O Canto Mais Escuro da Floresta - Holly Black

Sinopse: Uma história repleta de magia e mistérios, da autora de As Crônicas de Spiderwick. Hazel e seu irmão, Ben, moram em uma cidade onde humanos e fadas convivem. A magia aparentemente inofensiva desses seres atrai turistas de todas as partes, que querem ver de perto as maravilhas do lugar e, principalmente, o garoto de chifres e orelhas pontudas que descansa em um caixão de vidro. Hazel e Ben eram fascinados pelo garoto quando crianças. Mas, à medida que crescem, as histórias e teorias que inventavam perdem o encanto. Eles sabem que o garoto de chifres nunca acordará... Até que um dia ele acorda. Agora, os irmãos precisam se tornar os heróis que fingiam ser em suas brincadeiras e desvendar os mistérios que envolvem aquele príncipe com chifres. (Skoob)
BLACK, Holly. O Canto Mais Escuro da Floresta. Galera Record, 2017. 294 p.


Apesar de ser reconhecida principalmente por sua série As Crônicas de Spiderwick (que, inclusive, nunca tive interesse de ler), Holly Black é uma autora de muito potencial: escreve extremamente bem e é super criativa. Prova disso é O Canto Mais Escuro da Floresta, uma mistura de fantasia com YA que prende do início ao fim. 

Aqui, conhecemos a história de Hazel e Ben, que moram em Fairfold, uma cidadezinha turística repleta de magia, onde humanos e criaturas místicas convivem em perfeita harmonia. A maioria dos turistas querem dar uma conferida na maior "atração" da cidade: um jovem de chifres e orelhas pontudas que está em sono profundo em um caixão de vidro, no meio da floresta. Até aqui, tudo bem. Eis que começam a acontecer coisas esquisitas em Fairfold a partir do momento que o garoto acorda, sem nenhuma explicação. 

Apesar de parecer um pouco infantil inicialmente, a história contada por Holly Black é muito legal e divertida. A escrita da autora é envolvente demais e o fato de os personagens serem jovens na casa dos 17 anos faz com que o enredo, apesar de toda a magia envolvida, deixa tudo muito mais maduro. Os personagens são muito diversificados, tendo desde pessoas abençoadas por fadas, como Ben, até changelings vivendo como um humano normal, como Jack, cada um com uma personalidade incrível e bem trabalhada. 

Algo que me agradou bastante em O Canto Mais Escuro da Floresta foi a dinâmica entre Hazel e Ben, que cultivam uma cumplicidade desde que eram criancinhas. O mais engraçado é que cada um é importante à sua maneira, mas ambos têm um pouquinho de inveja do que o outro é, então acabam guardando muitos segredos que geram alguns conflitos durante a história. Eu não tenho irmãos de sangue, mas imagino que esse tipo de coisa acaba acontecendo em um momento ou outro, não é mesmo?

A história em si é muito simples, mas é impossível não deixar a curiosidade da gente bem atiçada. Há várias reviravoltas na trama, bem típicas de livro de fantasia, mas nada muito surpreendente — o que não é necessariamente um ponto negativo, ok? Além disso, Holly Black inseriu um tema bastante atual no livro, a sexualidade. Pode parecer bobagem, mas é muito bom ter essa representatividade na literatura. Eu acredito que esse tipo de situação deixa a leitura muito mais interessante e dinâmica.

O Canto Mais Escuro da Floresta é a opção perfeita para quando queremos sair daquela ressaca literária que está durando meses, ou até mesmo quando estamos a fim de ler alguma coisinha mais leve. Holly Black sempre escreve de forma deliciosamente fluida, o que facilita muito as coisas, independe do momento.

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Nossas Noites - Kent Haruf

Sinopse: Em Holt, no Colorado, Addie Moore faz uma visita inesperada a seu vizinho, Louis Waters. Viúvos e septuagenários, os dois lidam diariamente com noites solitárias em suas grandes casas vazias. Addie propõe a Louis que ele passe a fazer companhia a ela ao cair da tarde para ter alguém com quem conversar antes de dormir. Embora surpreso com a iniciativa, Louis aceita o convite. Os vizinhos, no entanto, estranham a movimentação da rua, e não demoram a surgir boatos maldosos pela cidade. Aos poucos, os dois percebem que manter essa relação peculiar talvez não seja tão simples quanto parecia. Neste aclamado romance, Kent Haruf retrata com ternura e delicadeza o envelhecimento, as segundas chances e a emoção de redescobrir os pequenos prazeres da vida que pode surpreender e ganhar um novo sentido mesmo quando parece ser tarde demais. (Skoob)
HARUF, Kent. Nossas Noites. Companhia das Letras, 2017. 160 p.


Com uma capa singela, mas que muito representa sua trama, Nossas Noites, de Kent Haruf, logo me chamou a atenção, mas por um motivo não tão nobre: suas poucas páginas. Pensei que, se o enredo não conseguisse me envolver, ainda conseguiria fazer uma leitura rápida, então por que não arriscar? Felizmente, eu estava muitíssimo enganada ao pensar assim e percebi isso logo que o livro chegou às minhas mãos, visto que havia uma carta da editora dentro dele com ótimas recomendações. Quando cheguei ao fim da leitura, lamentei essas mesmas poucas páginas.

Nossas Noites conta a história de Addie e Louis, dois vizinhos septuagenários que já cumpriram todas as "formalidades" da vida e, agora, parecem não ter uma função bem definida na sociedade. Tudo muda quando Addie bate à porta de Louis com uma proposta inusitada: que ele passe as noites na casa dela para terem um ao outro como companhia, sem outras intenções além de ter alguém ali do lado.

"Não, sexo não. Não é essa a minha ideia. Acho que perdi todo e qualquer impulso sexual já faz muito tempo. Estou falando de ter uma companhia para atravessar a noite, para esquentar a cama. De nós nos deitarmos na cama juntos e você ficar para passar a noite. As noites são a pior parte. Você não acha?"

A leitura do livro se torna interessante desde sua construção textual. Sem aspas ou travessões que demarquem os diálogos, o texto exige do leitor maior atenção a cada parágrafo, para que se possa acompanhar a história em sua plenitude. Isso não atrapalha em nada e ainda nos obriga a reparar em detalhes da escrita que, com a devida marcação, talvez passassem despercebidos.

Para além da forma, o livro conquista muito mais por seu conteúdo. Um romance entre "velhinhos" pode parecer desinteressante num primeiro momento para quem vive em plena juventude, mas acho que li poucas histórias de amor tão tocantes quanto essa. Acompanhar Addie e Louis é transbordar emoção e, por isso, Nossas Noites se torna um daqueles livros que acalenta o coração.

É inspirador ver um romance nascer sem aquela urgência da juventude e se solidificar nos pequenos detalhes do dia a dia. Não há aqui aquela incerteza incômoda de um futuro, já que o futuro não importa mais, apenas um dia após o outro. É lindo acompanhar os dois se redescobrirem um no outro, deixarem a comodidade de lado para viverem coisas novas, se tornarem pessoas melhores quando ninguém espera mais algo diferente nessa fase da vida. Fiquei fascinada pela forma como a obra de Kent Haruf mostra o amor como ele sempre deveria ser: sem pressa, sem posses, sem interesses; somente o prazer de ter aquela pessoa ao seu lado.

"Quem imaginaria que, a essa altura da vida, nós ainda poderíamos ter algo desse tipo? Que afinal ainda existe, sim, espaço para mudanças e entusiamos na nossa vida. E que nós ainda não estamos acabados nem física nem espiritualmente."

Além disso, são mais do que válidas as reflexões que o texto traz, sobre idade e solidão, sobre ideias pré concebidas de que idosos não têm mais vida e nem podem ter e em quanto sofrimento isso resulta. No livro, essas características se personificam em todos os habitantes da cidade e, principalmente, na figura de Gene, filho de Addie, que acha que a mãe "não tem mais idade para isso" e faz de tudo para que Louis se afaste dela.

Nossas Noites me conquistou por sua simplicidade, por tratar do amor em sua forma mais límpida, por mostrar como é importante viver sem se preocupar com outros e que há muito mais maldade no julgamento do que no fato em si.

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Semana Especial Piano Vermelho: Personagens


A Semana Especial voltada a comentar Piano Vermelho continua e, apesar de o blog não ter participado em todos os dias, achei legal trazer algumas postagens para comentarmos em mais detalhes o livro de Josh Malerman. O tema proposto pela Editora Intrínseca para hoje foi os personagens do livro.

Uma das vantagens dos livros de Josh Malerman é sua narrativa com frases curtas e dinâmicas, que sugere mais do que diz de fato. O único problema dessa construção, no que diz respeito aos personagens, é que é difícil um aprofundamento em seus íntimos e em Piano Vermelho essa superficialidade na caracterização dos personagens ficou bastante evidente.

O livro é narrado em terceira pessoa pela perspectiva de Philip Tonka e, em alguns capítulos, por Helen, uma das enfermeiras do hospital militar em que ele foi internado após o acidente no deserto. O problema é que nenhuma das duas narrativas traz empatia pelos personagens, é como se a leitura fosse uma história distante, que se passou com pessoas que desconhecemos, e os fatos são mais interessantes do que as pessoas e suas motivações.

Tive dificuldade, por exemplo, em compreender a real importância que os rapazes da banda tinham para Tonka. Claro que eu sabia que eram importantes e que eles tinham toda uma história antes dos acontecimentos do livro, mas pouco é dito sobre quem eles são de verdade, como Philip se sente em relação a eles. Da mesma forma, tudo o que se sabe sobre o próprio Philip é superficial, já que durante o livro são citados vários marcos da vida do personagem, mas não é tratada a complexidade psicológica que, em algumas leituras, considero valiosa.

No último post que fiz na Semana Especial, comentei que a construção dos personagens foi a principal diferença que percebi entre Caixa de Pássaros e Piano Vermelho. Para quem gosta de uma história cheia de tensão e não está interessado em nuances psicológicas, acredito que a construção dos personagens pouco vai importar. Mas para quem gosta de conhecer as percepções dos protagonistas a fundo, Piano Vermelho pode deixar a desejar.


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Wake - Lisa McMann

Sinopse: Para Janie, uma garota de 17 anos, ser sugada para dentro dos sonhos de outras pessoas está se tornando normal.
Janie não pode contar a ninguém sobre o que acontece com ela - eles nunca acreditariam, ou pior, achariam que é uma aberração. Então, ela vive no limite, amaldiçoada com uma habilidade que não quer e não pode controlar.
Mas, de repente, Janie acaba presa dentro de um pesadelo horrível, que lhe causa um imenso terror. Pela primeira vez, ela deixa de ser expectadora e se torna uma participante...
"Um romance lírico, cujas imagens permanecem com você, muito tempo depois de virada a última página, como o mais memorável dos sonhos."
Cassandra Clare (Skoob)
MCMANN, Lisa. Wake. Wake #1. Novo Século, 2010. 205p.


Eu tenho vontade de ler esse livro há quase sete anos, tanto que comprei a trilogia inteira de uma vez quando teve promoção e eu não costumo fazer isso. Por sinal, a compra foi também há muitos anos (mais de três), então é impressionante que eu só tenha lido agora, mas alguns de vocês devem entender. Tem vários livros para ler, né? Enfim, eu me arrependi de não ter lido antes, mas em parte foi bom porque agora posso publicar essa resenha para vocês e, quem sabe, fazer alguém se interessar por esse livro incrível.

O que sempre me interessou no livro foi a premissa que é superinteressante: entrar nos sonhos das pessoas. Eu tenho em comum com a Janie o fato de odiar sonhos, apesar de, no meu caso, serem os meus próprios. Apesar disso, eu sempre fui bem interessada por eles. Eu tenho uma revistinha de significados de sonhos que veio com uma revista (se eu não me engano, nem era revista minha, mas de uma amiga e eu pedi a revistinha para ela) e olhava várias vezes e ficava irritada que muitos dos meus sonhos não apareciam lá ou o significado de lá não fazia muito sentido, o que já me fez pesquisar até na Internet. 

E o livro consegue usar tudo que é interessante a respeito de sonhos. O fato de que o poder da Janie pode ser mais eficaz para conhecer os segredos de uma pessoa do que o de ler pensamentos, porque nos sonhos há até coisas que as pessoas conseguiram afugentar da mente, e estão apenas no subconsciente e elas podem nem lembrar quando acordarem, ou coisas que elas ainda não descobriram quando estão acordadas, mas que já se mostram nos sonhos. Também o fato de que sonhos podem ser medos e esperanças. Tem sonhos que são mais literais que outros. Até a possibilidade de sonharmos com o que quisermos, que é possível sim.

Eu também adorei para onde a história foi com a Janie aprendendo a lidar com isso e os outros acontecimentos. O livro consegue trazer drama, romance e alívio cômico em doses que eu achei legais. 

A estrutura dele é interessante, falando o dia e horário, para a gente se situar, para saber, por exemplo, o quanto esse poder interfere no sono da própria e também para mostrar quando está contando de algumas das primeiras vezes que ela viu o sonho das pessoas. Os sonhos vêm numa fonte diferente. Eu encontrei uns dois errinhos de revisão só.

No final do livro, veio uma parte com o ponto de vista de outro personagem que me deu medo pela continuação, pois muitos reclamam de continuações do tipo - eu mesma nunca li - , mas logo depois veio o começo do livro seguinte e mostrou que vai continuar sendo em narrador observador e eu quero muito ler os próximos. O presente desse livro se passa no último ano de Ensino Médio da Janie e eu quero muito saber o que ela vai fazer do futuro. E obviamente, como ela continuará lidando com esses sonhos.

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Semana Especial Piano Vermelho: Livros de Josh Malerman

Créditos da Imagem: Editora Intrínseca
A Editora Intrínseca convidou os blogs parceiros para falar um pouquinho sobre Piano Vermelho, de Josh Malerman, na Semana Especial do livro, e o tema de hoje é listar as semelhanças e diferenças com Caixa de Pássaros.

Quem leu minha resenha do livro viu que não gostei tanto quanto achei que ia gostar, ainda mais que eu estava com as expectativas lá em cima depois de ler o primeiro livro do autor publicado no Brasil. Na resenha eu comentei alguns aspectos semelhantes entre os livros do autor, mas na postagem de hoje vamos observar mais detalhadamente esse contexto. Quero destacar que, embora minha opinião não seja tão empolgada sobre Piano Vermelho, ele tem pontos muito positivos que podem fisgar os leitores, mas alguns detalhes não funcionaram tão bem para mim.

Enquanto lia Piano Vermelho, tive a impressão de que Josh Malerman utilizou de alguns artifícios bem semelhantes nos dois livros, como se seguisse uma receita para fazer a história funcionar. As tramas são completamente diferentes entre si, mas é fácil ver marcas do autor por toda a parte.

A primeira delas é que a trama do livro se pauta mistérios envolvendo os sentidos humanos. Em Caixa de Pássaros, os personagens não podem ver a ameaça, pois a visão é o que leva à loucura. Em Piano Vermelho, o autor cria um mistério a partir da audição, pois o desconhecido dessa vez é um som, algo que afeta o corpo humano e inutiliza qualquer tipo de arma.

Nas duas narrativas, Malerman intercala presente e passado para contar suas histórias. Essa construção é interessante pois, enquanto é possível acompanhar os dramas e mistérios do presente, após algum acontecimento marcante ainda não contado, compreende-se, aos poucos, tudo o que levou os personagens até aquele momento. Além disso, cria-se uma tensão sobre a tragédia que ocorreu, o que impulsiona a leitura.

O suspense criado por Josh Malerman, tanto em Caixa de Pássaros quanto em Piano Vermelho, é mais pela perspectiva do que pode ser do que pelo que de fato é. Quero dizer que a tensão da trama não provém de acontecimentos assustadores ou de seres monstruosos, mas pela sensação de medo, principalmente do desconhecido. Sinceramente, acho que esse tipo de suspense é muito mais genial e assustador do que o terror puro e simples, já que mexe com o psicológico e é imaterial, monstros contra os quais não podemos lutar, por não serem visíveis e, às vezes, nem mesmo reais.

Outra semelhança entre as histórias é o final em aberto. O autor dá algumas respostas para os questionamentos que criou, mas deixa ao leitor interpretar seu final. No meu caso, isso funcionou muito bem em Caixa de Pássaros, mas me senti um pouco ludibriada em Piano Vermelho, especialmente porque no último livro o autor criou muito mais detalhes que, mais tarde, não trouxeram resultados. Além disso, nos dois livros, o autor se restringiu a argumentar que alguns mistérios se tratam de coisas que vão além da compreensão humana, o que pode funcionar para alguns leitores, mas para outros não.

Acredito que a maior diferença entre Caixa de Pássaros e Piano Vermelho seja a construção dos personagens. Enquanto no primeiro livro consegui sentir uma forte empatia pela protagonista, Malorie, por sua solidão e seu medo, Philip Tonka não foi tão bem construído ou aprofundado; seus medos estão mais relacionados à vulnerabilidade de ter sido ferido e de estar à merce de pessoas que desconhece, e não tanto por razão do mistério do livro em si.

Para quem gosta de mistérios, tensão e reflexões, com certeza os livros de Josh Malerman são imperdíveis. Porém, para aqueles que gostam de enredos fechadinhos e com explicações para tudo, é bom saber desde já que algumas frustrações podem resultar da leitura.


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Querido Dane-se - Kéfera Buchmann

Sinopse: Sara tem muitos sonhos, mas também vários problemas para enfrentar. Para começar, seu namorado acabou de uma hora para outra com ela e por WhatsApp. Pouco depois, ela descobriu que o desgraçado está namorando uma socialite linda e admirada. Parou por aqui? Não: Sara, que é estilista de formação, mas trabalha como costureira, atualmente está de plantão na casa dessa socialite, arrumando as roupas dela. Enquanto lida com o ressurgimento do ex e tenta voltar a achar graça na solteirice, Sara sofre com seu maior medo: fazer trinta anos sem achar a sua cara-metade. Entre lágrimas e muita risada, no entanto, Sara começa a repensar sua vida. E a perceber que está diante de uma pessoa cujos anseios e gostos conhece pouco: ela mesma. (Skoob)
BUCHMANN, Kéfera. Querido dane-se. Editora Paralela, 2017. 224 p.

O conteúdo de Querido dane-se reflete perfeitamente o título, e em mais de uma vertente. Primeiro, que ele copia o que já existe em dezenas de outras histórias: a garota perdedora de baixa autoestima, traída pelo namorado, com um amigo homossexual e uma amiga doidona, que trabalha para alguém que acha um saco, que sonha casar, que dá a volta por cima devido ao acaso, que encontra o homem dos sonhos no fim e que faz uma viagem em busca de autoconhecimento. Sim, se você lê, já encontrou partes dessa história em vários outras obras. Entretanto, em todos os livros e filmes onde você encontrou essas partes, a personagem sempre tinha algo que Jussara, a protagonista de Querido dane-se, não tem: moral!

Jussara, ou Sara, é uma personagem amoral, ou seja, ela não leva em conta o que é certo e o que é errado, ela só se importa com ela mesma. É egoísta, desleal, imatura, invejosa, é o resultado de alguém que só enxerga o próprio umbigo. Por todo o livro, a soma de seus sonhos é ser famosa e se casar. Mas para explicar melhor, para não acharem que estou com implicância, vou dar alguns exemplos.

Sara trabalha como costureira para uma estilista, que, logo no início da história, reconhece seu talento, a promove e passa uma cliente importante para seu cuidado exclusivo. Mesmo assim, Sara a trata como uma megera, sem qualquer motivo que seja explicado. E quando Sara encontra uma chance de ser famosa, de ter seu trabalho exposto a nível nacional, não pensa duas vezes em passar por cima de sua chefe. E depois de fazer, não se justifica, apenas diz que não se lembrou e deixa por isso mesmo. Fazer o quê?

Sara tem consultas semanais com uma terapeuta, que tenta ajudá-la a se encontrar, a procurar formas de fazer com que ela consiga acertar em sua vida, como escrever um diário onde poderá ler e repensar sobre o que faz. Mas Sara sempre retratada a terapeuta com insultos nesse diário. E mesmo sabendo que a terapeuta irá ler, Sara deixa para lá, não tem problema ofender quem exerce sua profissão, e a quem Sara procurou por ajuda. Entendam que para existir uma antipatia por alguém, precisa existir um motivo. Não é dada nenhuma explicação. É, porque é, porque a mulher é mais velha, porque sabe mais do que ela, porque é alguém que a confronta com uma pessoa que ela não reconhece ou não aceita.

Sara gosta de baladas. Existem duas que chamam a atenção. A primeira, ela conhece um cara, sai com ele, vai para casa, transa com ele e na manhã seguinte tem certeza que ele é o homem com quem quer casar. Não vejo nenhum problema em sexo no primeiro encontro. Se surgir a química, a vontade, se os dois querem, ótimo! O problema que vejo, é que para Sara não é necessário existir um relacionamento onde eles possam se conhecer, onde ela possa conhecer o passado do sujeito, o que ele pensa, quem ele é, para considerar casar com ele. Ela simplesmente considera qualquer homem como um futuro marido. Isso pode ser normal em crianças, não em uma mulher com 26 anos de idade. E também seria normal se a personagem fosse construída em cima de uma personalidade retraída, que não vivenviou experiências, que está descobrindo o mundo. Não é o caso. Ela simplesmente considera que seu futuro depende de um homem.

A segunda balada, Sara vê um grupo de rapazes, entra no meio deles e dá em cima do que seria o centro da turma. Eles dançam, ele dá um comprimido para ela na boca, que é ecstasy. Ela perde os sentidos, acorda na manhã seguinte pelada na cama dele. Ele conta que não aconteceu nada. Ela aceita numa boa. Ele oferece bebida para ajudar a passar o efeito da droga. Ela bebe. Eles transam. Ele oferece um cigarro. Ela recusa. Depois aceita. E ele ensina ela a fumar, com detalhes. Exato. Ele ensina ela a fumar em um livro para adolescentes. E a personagem age como se fumar e beber fosse legal. Depois, ele conta uma história de como ele foi canalha com a noiva que ele tinha, em como, por isso, ela o deixou e em como, por isso, ele se tornou alcoólatra e drogado. Sara ouve, fica com pena dele e considera normal.

Mais exemplos? Tem uma parte que Sara é convidada para o casamento de uma amiga de quem ela não é muito fã, uma vez que ela tem sucesso, e Sara, não. Na parte da cerimônia onde o padre pergunta se tem alguém que saiba algo que possa impedir o casamento, Sara interrompe, manda a amiga tomar no cu, porque ela não merecia casar primeiro que Sara e vai embora. Todos os personagens próximos de Sara a parabenizam pelo que ela fez, como se realmente fosse certo. Vejam bem: ela foi convidada e estragou a cerimônia por ter inveja da outra mulher, e ela considera isso certo. Inclusive, inveja é o principal fator que move Sara. Ela tem inveja da chefe, da cliente, do ex-namorado, da amiga que morava no exterior, de qualquer pessoa que seja ou que tenha algo a mais que ela. Ela orienta sua vida em torno do sonho de se casar, como se isso fosse resolver todos os seus problemas. Mas ela não sonha de forma romântica, mas preocupada com sua idade e com o que as outras pessoas irão dizer, de ser chamada de tia. Ela não procura relacionamentos verdadeiros, apenas aparências, justificativas para uma sociedade que ela mesma despreza.

Esses são apenas alguns exemplos do que você irá encontrar em Querido dane-se. Eu vejo muitas pessoas justificarem a leitura de livros de péssima qualidade como forma de conquista de novos leitores, como porta de entrada para o mundo literário. Acontece que, os fins nunca justificam os meios. A resposta para o aumento de leitores reside em uma boa educação, feita pelos pais, pelas escolas, pelo governo, aliada a histórias de qualidade, que cativem os leitores por seu conteúdo, e não por quem escreve. Ao invés de gastarem energia pregando algo sem sentido, ilógico, as pessoas que defendem livros de péssima qualidade apenas por serem escritos por pessoas com legiões de fãs, deveriam gastar essa energia educando seu público para saberem votar, saberem cobrar por dignidade, por justiça, por seus direitos como cidadão e, também, saberem identificar quando uma história é boa ou apenas construída para se aproveitar de um público fiel e ignorante de que está sendo usado.

Podem dizer: mas que mal há na leitura de um livro de má qualidade? Qual o problema se a pessoa gosta de quem escreve e deseja ter a obra na sua estante? É simples. Livros de muitos youtubers, ou neste caso específico, o livro Querido dane-se, que é a obra sendo resenhada, é direcionada para o público adolescente, que passa por um turbilhão se sentimentos conflitantes, que busca uma identificação, que sofre um bombardeio de hormônios que confundem sua identidade e a forma como enxergam o presente e o futuro. Nessa época da vida, todos os adolescentes são suscetíveis a qualquer tipo de influência. Aí, uma autora cria uma história com uma personagem amoral, que passa uma mensagem deturpada do que é certo e errado, e atinge uma legião de fãs que passam a considerar certo e normal o que estão lendo. Logo, esses jovens, se não possuírem uma bússola afinada que lhes aponte o norte, irão considerar fazer a mesma coisa que leram.

Muitos youtubers afirmam não terem culpa por serem imitados pelos fãs. Isso é uma forma covarde de fugir da responsabilidade. Eles mesmos gostam de se anunciar como influenciadores digitais. Bem, qualquer pessoa que influencie outra de algo, passa a ser indiretamente responsável pelo que essa outra pessoa faz. Então, sim, eles são responsáveis pelo que os fãs fazem, caso os fãs façam algo com base no que eles ensinam, ou pela forma como eles vivem. Neste livro, a personagem aprende a fumar, recebe ecstasy sem saber e quando sabe, age normalmente, transa em todos os primeiros encontros, independentemente de conhecer ou não a pessoa, trai quem é leal a ela, ofende os mais velhos, faz pouco caso de profissionais, e tudo isso de uma forma natural, passando uma mensagem que pode ser interpretada como coisas a serem imitadas. Não há problema se você considera isso normal, se sua vida é dessa forma. O problema é você criar uma personagem que tem esse estilo de vida e fazê-la agir como se fosse normal para um público de milhares de adolescentes em idade de formação de caráter. Se a personagem aprendesse algo no fim do livro, se ela compreendesse que seu estilo de vida é prejudicial, ainda haveria algo a ensinar, mas isso não acontece.

Se você é mãe, ou pai, ou responsável por alguém de menoridade, que está na adolescência, na pré-adolescência ou na infância, cuidado com o que esse(a) jovem lê e vê. Más influências existem em todos os lugares, em todos os convívios, em qualquer tipo de mídia. Fiscalizar e presar por uma informação de qualidade, não é privar de liberdade, mas cuidar para que a pessoa que você ama, e que depende de você, aprenda o que é moralmente certo. No mínimo, que tenha uma mente capaz de discernir, no futuro, sobre como seguir com sua vida. E se mesmo assim essa pessoa que você ama pegar um livro como Querido dane-se para ler, leia também, mostre para essa pessoa o que realmente é certo e errado, mostre para ela que nem tudo o que ela encontrar no livro deve ser feito, que é falta de respeito fazer pouco dos outros, ter inveja, trair, fumar, beber álcool, se relacionar com pessoas que não conhece, que se receber uma droga, deve denunciar, deve recusar, deve se sentir ultrajado se acordar nu na cama de um desconhecido, que não deve considerar essas coisas parte da vida. Eduque!

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Promoção: Aniversário Além da Contracapa


Para comemorar os 6 anos do Além da Contracapa, o blog convidou alguns blogs amigos e editoras parceiras para fazer uma super festa. E os presentes, é claro, vão para os leitores. Aproveitem a festa!

E não deixe de acessar o Além da Contracapa para conferir todos os prêmios. 


Regulamento:

A promoção terá início no dia 22 de setembro e término no dia 22 de outubro.
Para participar, basta preencher os formulários abaixo, usando sua conta do Facebook ou seu e-mail, e ter um endereço de entrega no Brasil.
Todas as entradas são opcionais.
O resultado será divulgado no blog e nas redes sociais até três dias após o encerramento da promoção, sendo que o sorteado será contatado por e-mail, tendo o prazo de 48 horas para fornecer seus dados e o blog se responsabiliza por confirmar o recebimento das informações. 
Prêmios:

Além da Contracapa: Belas Maldições - Terry Pratchett e Neil Gaiman
Alegria de viver e amar o que é bom: O Resgate - Nicholas Sparks
Balaio de Babados: Morrer em Praga - J.B. Gelpi
Caverna Literária: A Ilha da Relíquia Sagrada - Marcello Simoni
Conjunto da Obra: Em meus pensamentos - Bella Andre
Diário de Incentivo à Leitura: Cadu e Mari - A.C. Meyer
Livro Lab: Sombras do Destino - Fernanda França
Livros: Ontem, Hoje e Sempre: A Rainha Vermelha - Victoria Aveyard
Minha Vida Literária: Machamba - Gisele Mirabai
My Dear Library: O Encantador de Flechas - Renan Carvalho
Prefácio: Vale-presente Saraiva no valor de 30 reais
The Tony Lucas Blog:  ebooks "O garoto que só queria ser amado" e "Miguel & Manuela" - Tony Lucas
Roendo Livros: Livro surpresa



primeiro sorteado poderá escolher 6 prêmios entre as 14 opções, o segundo sorteado poderá escolher 5 prêmios entre as 8 opções restantes, e o terceiro sorteado ficará com os 3 prêmios restantes. 

O prazo para envio dos prêmios é de 40 dias úteis. 

A Equipe do Além da Contracapa se reserva ao direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.






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A casa do lago - Kate Morton

Créditos da Imagem: Blog Amiga da Leitora
Sinopse: A casa da família Edevane está pronta para a aguardada festa do solstício de 1933. Alice, uma jovem e promissora escritora, tem ainda mais motivos para comemorar: ela não só criou um desfecho surpreendente para seu primeiro livro como está secretamente apaixonada. Porém, à meia-noite, enquanto os fogos de artifício iluminam o céu, os Edevanes sofrem uma perda devastadora que os leva a deixar a mansão para sempre.
Setenta anos depois, após um caso problemático, a detetive Sadie Sparrow é obrigada a tirar uma licença e se retira para o chalé do avô na Cornualha. Certo dia, ela se depara com uma casa abandonada rodeada por um bosque e descobre a história de um bebê que desapareceu sem deixar rastros.
A investigação fará com que seu caminho se encontre com o de uma famosa escritora policial. Já uma senhora, Alice Edevane trama a vida de forma tão perfeita quanto seus livros, até que a detetive surge para fazer perguntas sobre o seu passado, procurando desencavar uma complexa rede de segredos de que Alice sempre tentou fugir.
Em A Casa do Lago, Kate Morton guia o leitor pelos meandros da memória e da dissimulação, não o deixando entrever nem por um momento o desenlace desta história encantadora e melancólica. (Skoob)

Livro digital recebido em parceria com a Editora
MORTON, Kate. A casa do lago. Editora Arqueiro, 2017. 464 p.


Livros com mistérios facilmente prendem o leitor e A casa do lago, de Kate Morton, é tão cheio deles que fica difícil se desligar da história, mesmo depois que ela terminou. O livro tem um ritmo próprio, um pouco mais lento que os livros de investigação habituais, mas exatamente essa aura mais introspectiva que torna sua leitura tão fascinante. Para alguns leitores, pode não ser tão interessante acompanhar uma trama tão minuciosa, mas, para mim, foi exatamente a riqueza da construção textual que tornou a leitura prazerosa.

A casa do lago intercala sua narrativa, feita em terceira pessoa, em dois tempos: o passado,  que tem uma narrativa não linear, mas se passa principalmente na década de 1930, quando a família Edevane vivia na propriedade conhecida como Loeanneth, até que o filho mais novo, Theo, ainda um bebê, desaparece durante a festa de solstício; e o presente, em 2003, quando Sadie tem de se afastar de sua função como detetive em Londres e vai para Cornualha passar um tempo com o seu avô. Lá, ela se depara com a casa e seus segredos e não consegue se afastar dos mistérios que envolvem a família e, setenta anos depois, tenta descobrir o que aconteceu com o menino.

Acompanhar a investigação do desaparecimento da criança tantos anos depois é bem diferente de um livro de investigação comum, em especial porque a detetive só consegue se basear em detalhes, pequenas pistas ainda guardadas tantos anos depois e, principalmente, em suposições. Trata-se de um exercício de lógica elaborado por Sadie com tão poucos elementos que consegue reunir depois de tantas décadas. A investigação é, na verdade, muito mais um exercício de dedução do que a descoberta de fatos, e isso pode ser um pouco frustrante para quem está acostumado com muito mais ação e aventura na busca por pistas. Aqui, cada detalhe vem ao seu próprio tempo.

"As pessoas poderiam ficar com suas drogas e seu álcool, pensou Sadie, mas não havia nada mais emocionante do que desvendar um quebra-cabeças, particularmente um como aquele, tão inesperado."

Não faltam, porém, reviravoltas à trama. A autora consegue inserir indícios que levam a determinadas conclusões que, mais tarde, mostram-se bastante desacertadas. A pista seguinte contradiz a anterior e as deduções precisam ser reajustadas com frequência, para levar a um final totalmente inesperado. Sinceramente, elaborei inúmeras teorias diferentes das de Sadie, mas tanto eu quanto ela estávamos erradas afinal de contas. Tive a impressão de que haviam camadas de segredos sobre outras camadas, retiradas uma a uma, para então dar um novo sentido a toda a história.

Segredos, aliás, estão presentes em toda a trama. A própria Sadie carrega os seus, que só são esclarecidos ao longo dos capítulos, assim como Alice, que tem seus arrependimentos e sua cota de culpa. Isso sem falar dos demais personagens, a quem é possível conhecer, aos poucos, durante a leitura. A cada um deles é dedicado um capítulo, de forma que é possível entender todos eles em seu íntimo. A narrativa se aprofunda nos sentimentos e medos de cada um e dá forma à complexidade de todos os personagens, o que, em minha opinião, foi o ponto alto da trama.

"- Somos todos vítimas da nossa experiência humana - continuou Alice -, aptos a ver o presente através da lente do nosso passado."

A casa do lago tem uma narrativa densa e cativante, mas é preciso conhecer sua grandeza na lentidão de suas descobertas e na riqueza de seus detalhes. Além disso, traz um fechamento surpreendente e muito bonito, que trata sobre recomeços e novas chances, não importa quanto tempo tenha se passado.

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Promoção: Aniversário Caçadoras de Spoiler



Que tal mais promoção?

Em setembro o blog Caçadoras de Spoiler completou 2 anos e, em parceria com o Conjunto da Obra e vários blogs amigos e escritores maravilhosos, promoverá um mega sorteio.

Vem participar, tem muita coisa, são 6 kits com vários livros e mimos!

Regras:
  • Os participantes devem ter endereço residencial no Brasil.
  • Perfis falsos serão desclassificados.
  • As regras obrigatórias devem ter sido cumpridas, caso contrário o participante será desclassificado.
  • Cada kit, só um ganhador.
  • O ganhador deve responder ao e-mail enviado a ele em até 48h, caso contrário um novo sorteio será realizado.
  • O sorteio será feito automaticamente pelo site do Rafflecopter e o resultado será divulgado no blog.
  • Aonde está visitar a página é para curtir.
  • O envio dos prêmios será feito em até 60 dias úteis e nem o blog, nem as autoras participantes e os outros blogs, nos responsabilizamos por endereço de entrega incorreto ou extravio dos correios.
  • Lembrando que quanto mais regras opcionais você completar, maior a sua chance de ganhar.
  • O primeiro sorteado ganha o kit 1, por assim adiante.
  • O sorteio tem início no dia 20/09/17 e finalizará no dia 30/10/17.
  • Cada blog e autor será responsável pelo envio do seu brinde, portanto os prêmios poderão chegar em diferentes dias.

Kit 1
Caçadoras de spoiler (2)
Kit 2
Caçadoras de spoiler (3)
Kit 3
Caçadoras de spoiler (4)
Kit 4
Caçadoras de spoiler (5)
Kit 5
Caçadoras de spoiler (6)
Kit 6
Caçadoras de spoiler (7)


a Rafflecopter giveaway

Boa sorte a todos!

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Mulher-Maravilha: Sementes da Guerra - Leigh Bardugo

Sinopse: Antes de se tornar a Mulher-Maravilha, ela era apenas Diana.
Filha da deusa Hipólita, Diana deseja apenas se provar entre suas irmãs guerreiras. Mas quando a oportunidade finalmente chega, ela joga fora sua chance de glória ao quebrar uma lei das amazonas e salvar Alia Keralis, uma simples mortal.
No entanto, Alia está longe de ser uma garota comum. Ela é uma semente da guerra, descendente da infame Helena de Troia, destinada a trazer uma era de derramamento de sangue e miséria. Agora cabe a Diana salvar todos e dar seu primeiro passo como a maior heroína que o mundo já conheceu. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora.
BARDUGO, Leigh. Mulher-Maravilha: Sementes da Guerra. Editora Arqueiro, 2017. 400 p.


"Não existe alegria em ter nascido mortal. Você jamais terá que conhecer a aflição que é ser humana. Dentre todas nós, apenas você jamais conhecerá a dor da morte."

Mulher-Maravilha: Sementes da Guerra é o primeiro lançamento da série Lendas da DC, publicada aqui no brasil pela Editora Arqueiro, que traz a história da Diana antes de ser tornar a Mulher-Maravilha. 

Já no começo da trama, somos apresentados a Diana, uma amazona que está participando de uma corrida para mostrar suas habilidades e ganhar o enfim reconhecimento que tanto almeja. Ela é filha da deusa Hipólita, mas quer mostrar que é uma pessoa forte, já que todos a veem como uma pessoa fraca, que no fundo é protegida pela mãe, a também rainha de Temiscira. 

Ela, em um ato impensado, acaba salvando uma jovem de um naufrágio e a leva para a ilha, porém nessa ilha existe regras e uma delas é que nenhum humano pode adentrar e se isso chegar a acontecer, trará consequências inimagináveis para todos o que ali habitam. 

"Cada amazona conquistara seu lugar na ilha. Todas menos Diana, é claro."

Logo as consequências do seu ato chegam, deixando várias pessoas na ilha doente, entre elas sua melhor amiga. Ela então vai em busca do Oráculo, para saber qual a melhor maneira de resolver o problema da ilha e ainda manter suas irmãs vivas. 

Porém, a resposta que ela tem não a deixa satisfeita, a humana que ela salvou é da linhagem de sementes da guerra e a solução para o seu problema no ponto de vista do Oráculo é apenas deixá-la morrer para que tudo volte a ser como era antes. 

Diana não pode aceitar isso, não pode deixa Alia morrer, apenas por nascer em um a linhagem que só traz desgraça e destruição, então ela pega para ela o dever de acabar com a linhagem e salvar a vida da humana a quem ela já estima. 

"Não podemos evitar a forma como nascemos ou o que somos. Mas podemos escolher o rumo de nossas vidas."

Esse livro fala muito sobre descoberta e valores, ver a trajetória da Diana até se torna a Mulher-Maravilha foi incrível. A autora criou uma personagem forte, mas ainda "humana"; ela conservou a inocência de Diana em relação ao mundo exterior, mas lhe deu força o suficiente para vencer suas batalhas. 

Diana parte da ilha, com os braceletes que são sua marca registrada e o laço da verdade, que serão suas armas mais poderosas nessa batalha de gigantes. Esse livro é, sem dúvida, um prato cheio para quem é um amante de super-heróis, e para os que não são também. 

A narrativa é feita em terceira pessoa, a edição está simplesmente encantadora, a capa tem tudo a ver com o livro, as letras estão confortais e não encontrei nenhum erro ortográfico. 

Mulher-Maravilha: Sementes da Guerra em momento algum se torna uma leitura maçante, muito pelo contrário, apesar de ter 400 páginas, é aquele tipo de livro que prende o leitor do início ao fim e deixa aquele gostinho de quero mais. 

Portanto, não deixem de conferir o livro e depois venham me contar o que acharam. 

"Irmã na batalha, sou seu escudo e sua lâmina. Enquanto respiro, seus inimigos não têm refúgio. Enquanto vivo, sua causa é a minha causa."



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Conjunto de Ganhadores #25

Oi pessoal, como estão? Hoje é dia de mostrar mais algumas fotos que recebi de sortudos que ganharam prêmios em promoções aqui no blog.


A primeira foto foi enviada pela Camila, que publicou no Instagram quando recebeu o livro Aconteceu naquele verão, sorteado em parceria com a Editora Intrínseca. Ela já tinha enviado a foto há alguns meses, mas esqueci de publicar por aqui antes.


A Aline recebeu o livro A descoberta da currywurst que ganhou no sorteio Dia dos Pais Literários. A foto também foi publicada no Instagram da ganhadora.


Operação Harém foi o livro recebido pela Sueli na Promoção Leio Nacional. A foto foi enviada para o blog pelo Facebook.


A última foto de hoje foi enviada pela Maria, que ganhou o livro Véu do Tempo no Top Comentarista de Maio aqui no blog.

Meninas, agradeço as fotos e mais uma vez meus parabéns! Obrigada por estarem sempre aqui, saibam que adoro presentear vocês e, se pudesse, presentearia a todos!

Quem ainda não ganhou e não teve oportunidade de enviar fotos aqui para a coluna, lembrem-se que o blog sempre tem promoções ativas. Quem sabe seja sua chance?

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Death Note - Tsugumi Ohba e Takeshi Obata

Sinopse: Sem nada para fazer no Mundo dos Shinigamis, o Deus da Morte Ryuk deixa cair intencionalmente na Terra o seu Death Note. O caderno possui poderes macabros: a pessoa que tem seu nome escrito nele, morre! O Death Note acaba indo parar na mão de Light Yagami. Aluno exemplar, porém entediado, aos descobrir os poderes sinistros do caderno negro, ele decide virar um justiceiro e varrer a criminalidade da face da Terra. As seguintes mortes de criminosos em vários países diferentes acabam chamando a atenção da Interpol, que, por sua vez, pede ajuda ao maior detetive do mundo, conhecido apenas por "L", para resolver o caso. Inicia-se assim um frenético jogo de gato e rato entre Light e seu perseguidor implacável, enquanto Ryuk diverte-se com os acontecimentos que se desenrolam em decorrência do uso do Death Note. (Skoob)
OHBA, Tsugumi e OBATA, Taheshi. Death Note. Editora JBC, 2007. 200 p. 6 Volumes

Desde sua publicação, entre 2003 e 2006, no Japão, o mangá Death Note criou uma legião de fãs e de subprodutos que encheram o mundo. Poucas coisas são tão fascinantes e tão desejadas quanto o poder. Mas, como diz o ditado: “O poder corrompe. O poder absoluto, corrompe absolutamente.”. É sobre isso que trata o mangá.

Kira, ou Light Yagami, tem o poder sobre quem morre desde que encontrou o livro perdido de Ryuk, o shinigami, deus da morte. L, cujo nome ninguém conhece, tem o poder de toda a força policial do planeta. L usa sua inteligência e sua força policial para tentar descobrir quem é Kira e como ele mata os criminosos, enquanto Light usa sua inteligência para descobrir o nome de L e poder usar o caderno para matá-lo.

Por quase todos os volumes, os dois tentam e conseguem adivinhar os passos um do outro. Sempre que L está para chegar até Kira, Kira consegue escapar. Sempre que Kira está para descobrir o nome de L, algo acontece, e ele não consegue. Nesse meio, entram e morrem vários personagens, acontecem perseguições, armadilhas, planos mirabolantes, entre muitas outras coisas.

O ponto central de Death Note, não é o caderno ou o shinigami, mas a personalidade forte de Light e L. Eles são antagonistas que não medem esforços para vencerem a corrida. Não é apenas uma questão de sobrevivência e captura, mas de ego, de provar que um é superior ao outro. A diferença fica nos limites. Light não tem quase nenhum limite. L tem a moral do que é certo e do que precisa fazer para evitar mais mortes, mesmo que sejam de criminosos.

Outro ponto controverso, é sobre a opinião pública. Quando os crimes diminuem em todo o planeta, porque quem pensa em cometer algo fora de lei, tem medo de ser morto por Kira, as pessoas começam a apoiar Kira, começam a vê-lo como um deus, já que ninguém está a salvo de ser punido por ele. Surgem cultos e programas de TV dando apoio aos seus atos.

Mas em nenhum momento, o autor chega a sugerir que Light está certo em fazer o papel de juiz e carrasco. O autor demonstra como é fácil se deixar corromper, como é fácil as pessoas seguirem algo que não é correto, apenas porque se sentem mais seguras no ambiente em que vivem. E como é fácil elas mudarem de ideia.

Entretanto, na metade da história acontece algo, uma perda, que tira muito do impacto da obra até então. Não vou dar pistas do que é, mas posso dizer que é uma derrapada feia, uma vez que a perda é substituída por algo semelhante, mas não tão forte ou carismático. Inclusive, a partir desse ponto, a inteligência que era empregada nos acontecimentos, diminui drasticamente e passa a ser forçada, a não ser tão natural, e a direção até o clímax, passa a ser previsível e com alguns furos que não existiam antes.

Felizmente, o que salva esse final, são as últimas páginas. Conhecemos a surpresa que Ryuk guardava desde o início do mangá e que só esperava o momento certo para anunciar, a explosão da personalidade homicida e paranoica de Light, e a justiça nas mãos de seu algoz, ou talvez não exatamente nas mãos dele.

Death Note, apesar de ser complexo na forma como constrói a caçada a Kira, é um mangá imperdível, uma leitura obrigatória, que demonstra claramente vários aspectos da personalidade humana, bem como suas fraquezas e seus anseios pelo poder, pelo controle absoluto e pelo fascínio sobre a vida e a morte. E, claro, por Ryuk.

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Promoção: Geekerela


Alguém aí curioso com o enredo fofo e geek de Geekerela? Espero que sim, porque o Conjunto da Obra, em parceria com a Editora Intrínseca, vai sortear um exemplar do livro. Gostou?

Para participar é simples! Basta seguir o blog Conjunto da Obra pelo Google Friend Connect (clicar em "Participar deste site" na barra lateral direita) e preencher essa entrada no formulário. Depois, várias outras entradas serão abertas, para quem quiser ter ainda mais chances.

a Rafflecopter giveaway

As inscrições serão feitas por meio da ferramenta Rafflecopter. Para os que ainda têm dúvidas sobre como utilizá-la, podem ver este tutorial aqui. As inscrições são válidas até dia 4 de outubro, e o resultado será divulgado em até 7 dias, neste mesmo post.

Após o resultado, o Conjunto da Obra entrará em contato com o vencedor por e-mail, que deverá ser respondido em até 24 horas. O exemplar será remetido pela Editora Intrínseca.

Boa sorte a todos!

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Volúpia de Veludo - Loretta Chase

Sinopse: Simon Fairfax, o fatalmente charmoso marquês de Lisburne, acaba de retornar relutantemente a Londres para cumprir uma obrigação familiar.
Ainda assim, ele arranja tempo para seduzir Leonie Noirot, sócia da Maison Noirot. Só que, para a modista, o refinado ateliê vem sempre em primeiro lugar, e ela está mais preocupada com a missão de transformar a deselegante prima do marquês em um lindo cisne do que com assuntos românticos.
Simon, porém, está tão obcecado em conquistá-la que não é capaz de apreciar a inteligência da moça, que tem um talento incrível para inventar curvas – e lucros. Ela resolve então ensinar-lhe uma lição propondo uma aposta que vai mudar a atitude dele de uma vez por todas. Ou será que a maior mudança da temporada acabará acontecendo dentro de Leonie?
Volúpia de veludo, terceiro livro da série As Modistas, é uma história de amor envolvente, com personagens femininas fortes e determinadas que transitam com perfeição entre o romantismo e a sensualidade. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora.
CHASE, Loretta. Volúpia de Veludo. As Modistas #3. São Paulo: Arqueiro, 2017. 320 p.


Depois de ler os dois volumes anteriores de As Modistas, estava ansiosa por Volúpia de Veludo, terceiro livro da série de Loretta Chase. Adorei os livros de Marcelline e de Sophia Noirot, mas infelizmente Leonie não me encantou tanto quanto suas irmãs. Não que o livro seja chato ou ruim, pelo contrário, mas não trouxe grande diferenciação quanto aos outros livros da série e se tornou um livro divertido, mas não memorável.

Leonie é a mais nova das Noirots, a ruiva. Com suas duas irmãs afastadas logo após seus casamentos, ela tem que cuidar da Maison Noirot praticamente sozinha e dar conta do trabalho que antes era realizado pelas três irmãs. O problema é que ela é uma mulher prática e racional, leal aos números e à organização, e não está nem perto de alcançar o talento de Marcelline de desenhar vestidos ou a criatividade de Sophia para solucionar os problemas que surgem e girar as circunstâncias ao seu favor. Mesmo assim ela faz seu melhor e quer conquistar a confiança de lady Gladys, só que a interferência de lorde Lisburne, Simon, não a ajuda muito a manter as ideias no lugar.

"Um toque dos lábios dele nos dela. Só isso e o mundo mudou, ficou infinito e aconchegante, oferecendo um vislumbre... de algo. Mas acabou antes que ela pudesse identificar o que divisara ou sentira."

O livro é todo narrado em terceira pessoa pelo ponto de vista dos protagonistas, assim como havia sido com os livros anteriores. Essa composição me agrada bastante, pois é possível acompanhar a forma de pensar dos personagens principais, para além daquilo que eles externam. Senti falta, porém, das outras irmãs Noirots, já que o afastamento durou praticamente toda a trama. Acho que a parceria delas era um ponto alto na trama e, dessa vez, ficou em último plano.

Uma das coisas que gostei em Leonie foi sua força de vontade e sua independência. Apesar de as irmãs estarem afastadas e de ela conhecer suas limitações, ela nunca pensou que não poderia que fazer algo. Ela tinha que fazer e ponto final, pois ninguém faria por ela. Determinação não faltou na protagonista e, embora fosse difícil lidar com tudo o que ela precisava lidar, ela foi até onde era necessário para manter a credibilidade da loja que tanto amava.

Por outro lado, Lisburne não conseguiu me conquistar. Ele até podia ser charmoso, mas o fato de ser um nobre desocupado que não tinha nada para fazer além de aporrinhar Leonie não ajudou. Era como se ele não tivesse nenhum conteúdo além da vontade de levá-la para a cama e praticamente todos os encontros entre eles foram forjados por essa vontade. Faltou aquela sutileza tão típica em romances de época, aquelas coincidências que dão um ar de leveza e romance aos encontros. Somente ao reconhecer e se encantar pelos pontos fortes da protagonista Lisburne se redimiu um pouco. Além disso, seus diálogos com Leonie, cheios de provocações e humor ácido também garantiram alguma diversão.

Apesar de não ter gostado muito de Lisburne no início, achei muito fofo a forma como ele se transformou mais para o fim do livro. Assim como Leonie, ele não era adepto de romances e poesias, mas tornou-se brega e galanteador só para chamar a atenção da modista. Achei muito divertido esse contraponto entre razão e emoção e a forma como a autora demonstrou que algumas coisas podem mudar quando amamos. De forma geral, uma diferença no enredo de Volúpia de Veludo foi a presença das artes. Muito se falou sobre poesia e sobre pinturas, o que foi interessante para conhecer um pouco mais a cultura da época.

O contexto que mais agradou nesse livro, porém, foi a trama de lady Gladys. Acredito que seu enredo teria permitido a criação de um livro próprio, mas a autora optou por colocar a história como plano de fundo do romance entre Leonie e Lisburne e alvo de uma aposta entre os dois. Foi interessante acompanhar os desencontros entre Gladys e lorde Swanton, ainda mais por serem tão opostos e inconvencionais.

Achei um pouco estranha a alteração do nome de uma das irmãs - Sophia, como era chamada nos outros livros, passou a ser Sophy nesse volume. Acredito que tenha sido um problema da tradução, mas estranhei o nome e até conferi nos outros livros para confirmar se não estava imaginando coisas.

A leitura de Volúpia de Veludo é bastante rápida e gostosa, mas, como comentei, não traz diferenças relevantes e não se destaca em relação aos livros anteriores. É uma boa distração em meio a leituras mais densas e vale ser acompanhado por fazer parte de uma série tão divertida e apaixonante. Além do mais, o último livro da série terá como protagonista lady Clara, uma das que mais gosto, e tenho certeza de que será uma ótima leitura.


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Conjunto de Séries #19: Orphan Black


Comecei a assistir Orphan Black meio que por acaso - um domingo a tarde, sem nada de interessante para fazer, acessei a Netflix pela TV e, depois de umas zapeadas, coloquei o primeiro episódio para rodar. E não é que a série aguçou minha curiosidade logo no piloto e eu assisti ela todinha em poucos dias? Para quem gosta de uma história de mistérios e ficção científica, essa é uma ótima opção.

Nessa trama, Sarah vê uma mulher igual a ela se jogar na frente de um trem e decide assumir o seu lugar para tentar se dar bem, mas ela é sugada para dentro de uma confusão que ela não podia imaginar. Sarah descobre que é, na verdade, um clone, e que existem muitas outras iguais a ela. Por isso, ela se une a outras "irmãs" para investigar suas origens e o que está por trás da organização que as criou.

Devo dizer desde logo que o mais interessante na série é a brilhante interpretação de Tatiana Maslany, que dá vida às clones. É inacreditável a forma como a atriz interpreta a tantas personagens completamente diferentes, cada uma com suas próprias expressões e trejeitos, tanto que fui pesquisar os papéis eram realmente interpretados por uma só atriz. Nesta postagem do blog Apaixonados por Séries, que conta 18 curiosidades sobre a série, foram publicados alguns vídeos sobre a forma como eram feitas as gravações. Adorei conhecer esses detalhes e fiquei ainda mais fascinada pela interpretação da atriz ao saber que ela grava e interpreta as cenas praticamente sozinha.


É preciso reconhecer que a série tem altos e baixos e algumas temporadas são mais interessantes que as outras. Acredito que, em alguns momentos, a série falhou em tentar criar outros enredos que se distanciavam do Projeto Leda, ao deixar de lado a questão da descoberta sobre a origem das clones para dar vida a outros tópicos. A terceira temporada, por exemplo, que passa a abordar outro projeto - Castor - foi, na minha opinião, a mais cansativa e menos interessante. O início da quinta temporada, da mesma forma, dava a entender que a série iria desandar, quando passou a mostrar as experiências científicas na comunidade Revival.

Esses momentos não tiram o brilho de Orphan Black, porém. Questões éticas e científicas ligadas ao tema central da trama são discutidas no decorrer da história, assim como a diversidade e aspectos de identidade pessoal. Além disso, os mistérios garantem a atenção do espectador e algumas cenas bem tensas - e algumas até um pouco macabras - deixam o enredo bastante interessante.

Fiquei um pouco triste que o fechamento da série não tenha respondido algumas perguntas que foram levantadas no decorrer da trama, pelo menos que eu me lembre. Por exemplo, como o instituto Dyad sabia sobre Sarah e Kyra, se todas as evidências sugeriam que S. tinha sumido do mapa quando Sarah ainda era criança? Qual era, afinal, o segredo de Siobhan, sobre o qual a mãe "biológica" de Sarah tentou alertar? Esses são só alguns dos questionamentos para os quais eu não lembro de ter visto uma resposta.

Ainda assim, a trama conseguiu ser encerrada satisfatoriamente na quinta temporada, com respostas para as principais perguntas e um encerramento digno para todas as personagens. Até mesmo Rachel, a grande vilã da trama, teve um episódio que justificou grande parte de suas ações e deu a ela uma pequena redenção.

Orphan Black é uma história intrigante, que discute a importância da ciência e o receio de ultrapassar limites, mas vai além, ao tratar de pessoas, independentemente de suas origens.

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A Sereia - Kiera Cass

Sinopse: Anos atrás, Kahlen foi salva de um naufrágio pela própria Água. Para pagar sua dívida, a garota se tornou uma sereia e, durante cem anos, precisa usar sua voz para atrair as pessoas para se afogarem no mar. Kahlen está decidida a cumprir sua sentença à risca, até que ela conhece Akinli. Lindo, carinhoso e gentil, o garoto é tudo o que Kahlen sempre sonhou. Apesar de não poderem conversar pois a voz da sereia é fatal , logo surge uma conexão intensa entre os dois. É contra as regras se apaixonar por um humano, e se a Água descobrir, Kahlen será obrigada a abandonar Akinli para sempre. Mas pela primeira vez em muitos anos de obediência, ela está determinada a seguir seu coração. (Skoob)
Cass, Kiera. A Sereia. Seguinte, 2016. 328 p.


Depois de ler A seleção, Kiera mais uma vez me deixou encantada. Com um romance tão doce e delicado, que me surpreendeu em cada página e ganhou meu coração.

Em A Sereia, conhecemos a história de Kahlen, uma jovem de apenas 19 anos, mas que vive como sereia por 80 anos. Sua vida mudou quando num acidente de navio, perdeu seus pais e irmãos, mas como seu desejo de viver e realizar seus sonhos era tão grande, foi poupada pela água e se viu obrigada a servi-la por um período de 100 anos. Mas isso não foi um problema para a garota, pois sua conexão com a àgua era muito forte, eram como mãe e filha.

A àgua nesta história possui "vida", ela fala com as sereias, e como um ser vivo, precisa se alimentar, de pessoas. Tudo isso para se manter viva e continuar existindo, para que a maioria não sofra sem ela, alguns tem que morrer e a função das sereias é cantar e encantar as pessoas que estão em navios, para que ela se alimente.

Kahlen não está sozinha, a água sempre recruta mais de uma moça. A relação entre as sereias é tão forte, que elas se consideram irmãs e sofrem quando o tempo de serviço de uma delas acaba. Elas tentam viver uma vida normal e se esquecer das mortes que causam, pelo menos até o próximo navio afundar.

A sereia passou por várias décadas, viu o mundo mudar, mas sempre teve medo de se relacionar, pois sua voz é mortal, então prefere ficar afastada, apenas observando tudo ao redor. Mas então conhece Akinli, um jovem simpático que a trata de uma forma muito especial. A garota não fala, só se comunica através de sinais ou escrita, mas ainda assim o romance entre eles é muito fofo e intenso, o carinho entre eles é muito grande, o amor floresce rápido, mas como pode dar certo, se ela ainda tem 20 anos para servir como sereia?

"E de repente percebi o que me deixava tão desconfortável nas aventuras de Elizabeth. As pessoas que ela atraía ficavam fascinadas com as mesmas coisas que fascinavam todo mundo: nossa pele brilhante, olhos sonhadores e um ar misterioso. Mas esse garoto? Parecia enxergar mais do que isso. Me enxergava não só como uma beleza misteriosa, mas como uma garota que ele queria conhecer."


Este foi o primeiro livro escrito por Kiera, mas ainda assim pude ver o grande potencial da autora, com uma escrita simples e cativante, ela consegue levar o leitor para dentro da história e agradar de uma forma muito bonita.

A forma como a água parece ter vida é bem inusitada, mas torna a história ainda mais rica, ela é como uma mãe, ama as sereias, ama os humanos e não gosta de se alimentar deles, só faz isso por um bem maior. Achei isso tão interessante e diferente, os sentimentos dela são bem claros, ela demonstra que precisa ser amada, mas se sente só e por isso parece ter que forçar as sereias a ficarem com ela.

Kahlen é uma personagem maravilhosa, cheia de sonhos. Ela é tão carinhosa com a água e suas irmãs. Fica muito triste quando tem que cantar, porque não é isso que ela quer, ela quer ser feliz, conhecer seu grande amor, sem ter que matar ninguém. Ela só quer ser normal e mostrar toda essa bondade que possui.

As sereias que estão servindo junto com Kahlen também são incríveis, cada uma com o seu jeito, mas todas com o mesmo amor por suas irmãs. No finalzinho do livro as garotas fizeram uma coisa que aumentou ainda mais minha admiração por cada uma delas. Elas realmente fazem de tudo para ver todas felizes!

Enfim, é um livro leve, com algumas partes emocionantes, criaturas místicas e demonstração de muito amor e amizade. Indico para todos que gostam de romance e querem encher o coração de sentimentos bons.

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