O fundo é apenas o começo - Neal Shusterman

Sinopse: Uma poderosa jornada da mente humana, um mergulho profundo nas águas da doença mental.
CADEN BOSCH está a bordo de um navio que ruma ao ponto mais remoto da Terra: Challenger Deep, uma depressão marinha situada a sudoeste da Fossa das Marianas.
CADEN BOSCH é um aluno brilhante do ensino médio, cujos amigos estão começando a notar seu comportamento estranho.
CADEN BOSCH é designado o artista de plantão do navio, para documentar a viagem com desenhos.
CADEN BOSCH finge entrar para a equipe de corrida da escola, mas na verdade passa os dias caminhando quilômetros, absorto em pensamentos.
CADEN BOSCH está dividido entre sua lealdade ao capitão e a tentação de se amotinar.
CADEN BOSCH está dilacerado.
Cativante e poderoso, O Fundo é Apenas o Começo é um romance que permanece muito além da última página, um pungente tour de force de um dos mais admirados autores contemporâneos da ficção jovem adulta. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
SHUSTERMAN, Neal. SHUSTERMAN, Brendan. O fundo é apenas o começo. Valentina, 2018. 272 p.


Sei que a Bela, colunista aqui no blog, recentemente resenhou O fundo é apenas o começo, de Neal Shusterman, mas por coincidência, também estava lendo esse livro e achei importante falar sobre ele novamente, em especial porque minhas impressões foram um pouco diferente das dela. O livro é ótimo e traz reflexões essenciais, mas tive alguns problemas durante a leitura que acho interessante mencionar.

"Fiquei pasmo de ver como as pessoas podem viver assim tão próximas, como é possível estar literalmente cercado por milhares de seres humanos a apenas centímetros uns dos outros - e ainda assim, completamente isolado. Eu achava difícil imaginar uma coisa dessas. Agora, não acho mais."

O fundo é apenas o começo trata as doenças mentais de uma forma muito lúcida. Através da narrativa de Neal Shusterman, é possível entrar na cabeça de uma pessoa que sofre dessa doença e é sufocante, por ser tão real. É como um mergulho aos cantos mais profundos da mente e, assim como o próprio personagem, é difícil ao leitor identificar o que é real ou não, porque ele vive tudo aquilo, mesmo que de uma maneira não convencional.

Acredito que, por ter acompanhado seu filho, Brendan, durante uma jornada semelhante à do personagem do livro, o autor escreva com tanta propriedade sobre o assunto e consiga demonstrar, de fato, o que é a doença mental e como ela pode surgir inesperadamente. Não há rótulos aqui, a doença do protagonista, Caden, não é classificada no livro e, em um trecho do livro, o personagem conversa sobre isso e fica claro que a classificação da doença é só uma tentativa de facilitar o tratamento, já que a mente humana é tão complexa.

"Você sabe que pode tornar o navio de piratas tão real quanto qualquer outra coisa, porque não há mais diferença entre o pensamento e a realidade."

No decorrer do livro, os acontecimentos ficam mais nítidos e as cenas começam a fazer mais sentido. Tudo o que o personagem descreve tem alguma justificativa, tudo se encaixa depois que se compreende o contexto. Acredito que essa construção do texto tenha contribuído em muito para a compreensão do personagem, já que o leitor dá um salto no escuro, sem nenhuma explicação prévia, e só quando já conhece os fatores envolvidos é que compreende o porquê deles. Como já comentei, o livro é ótimo, acho que nunca tinha tido contato com uma trama que me permitisse compreender tão bem o tema quanto essa.

O meu único problema durante a leitura foi o momento. Comecei o livro em uma fase de muito estresse na minha vida, então a mistura de realidade e imaginação e a sensação de angústia pela situação do personagem não ajudaram para que eu me envolvesse com a história. Eu tinha a mesma sensação de afastamento que Caden, o que me impediu de criar vínculos e obstou meu interesse em continuar o livro. Levei semanas para concluir a leitura, ficava dias sem tocar no livro e, só quando estava da metade para o final é que o enredo se tornou mais interessante. Por isso, acredito que a leitura será muito mais prazerosa para aqueles que estejam em uma fase leve e possam se envolver emocionalmente com uma história como essa.

De qualquer forma, O fundo é apenas o começo traz lições importantíssimas e esclarecimentos essenciais para diminuir preconceitos acerca das doenças mentais. Quem tiver interesse em conhecer mais sobre o tema, leitura mais do que recomendada.


Leia Mais
9 comentários
Compartilhe:

O ódio que você semeia - Angie Thomas

Sinopse: Starr aprendeu com os pais, ainda muito nova, como uma pessoa negra deve se comportar na frente de um policial. Não faça movimentos bruscos. Deixe sempre as mãos à mostra. Só fale quando te perguntarem algo. Seja obediente. Quando ela e seu amigo, Khalil, são parados por uma viatura, tudo o que Starr espera é que Khalil também conheça essas regras. Um movimento errado, uma suposição e os tiros disparam. De repente o amigo de infância da garota está no chão, coberto de sangue. Morto. Em luto, indignada com a injustiça tão explícita que presenciou e vivendo em duas realidades tão distintas (durante o dia, estuda numa escola cara, com colegas brancos e muito ricos - no fim da aula, volta para seu bairro, periférico e negro, um gueto dominado pelas gangues e oprimido pela polícia), Starr precisa descobrir a sua voz. Precisa decidir o que fazer com o triste poder que recebeu ao ser a única testemunha de um crime que pode ter um desfecho tão injusto como seu início. Acima de tudo Starr precisa fazer a coisa certa. Angie Thomas, numa narrativa muito dinâmica, divertida, mas ainda assim, direta e firme, fala de racismo de uma forma nova para jovens leitores. Este é um livro que não se pode ignorar. (Skoob)
THOMAS, Angie. O ódio que você semeia. Rio de Janeiro: Editora Galera, 2017. 378 p.


No Brasil, um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos. Em agosto de 2014, Michael Brown foi morto, aos 18 anos, por um policial branco em Ferguson (Missouri). Ele não portava armas e não possuía antecedentes criminais. O júri decidiu não processar Darren Wilson "porque considerou que não existem provas suficientes para processá-lo pelo assassinato". Seis tiros tiraram a vida de Brown. Em julho do mesmo ano, Eric Garner foi asfixiado por um policial branco por cerca de 15 segundos que foram suficientes para matá-lo. O assassinato aconteceu em Nova Iorque. Eric Garner era negro. O policial que cometeu o crime também foi inocentado pelo júri. 

O ódio que você semeia foi inspirado na história desses dois jovens, que deram voz ao movimento global Black Lives Matter (Vidas Negras Importam). O BLM começou nos Estados Unidos, onde ativistas saíam em favor às vítimas da violência policial. Assim como aconteceu com Brown e Garner, Khalil, melhor amigo da protagonista Starr, foi morto à tiros por um policial branco. Starr presenciou tudo. Khalil não estava fazendo nada de errado, não portava armas, era só um adolescente de 16 anos. A partir dessa experiência tão horrível, Starr começa a pensar sobre o que é justiça, se ela realmente existe e, o mais importante, se é válida. 

Nesta história, Angie Thomas aborda vários temas importantes para todo mundo, como racismo, injustiça, lutas diárias, privilégios e muitas outras questões que, sinceramente, precisam ser discutidas. Eu, como pessoa branca, não consigo explicar para nenhum de vocês de forma satisfatória o que foi ler a história de Starr. Quer dizer, meus pais nunca precisaram me ensinar o que fazer se eu fosse parada pela polícia em uma blitz. Eu nunca vi nenhuma pessoa sendo morta. Eu não tenho a mínima ideia de como é o barulho de um tiro. O livro traz, o tempo todo, esse tipo de reflexão e as coisas foram jogadas na minha cara de uma forma que tudo o que eu conseguia pensar é o quão privilegiada sou por não presenciar ou sofrer tanta coisa absurda simplesmente por ser branca, e eu realmente me senti péssima por isso.

Também somos inseridos no dia a dia de Starr, uma adolescente negra que estuda em um colégio branco, filha de um ex-presidiário que deu a volta por cima. Justamente pelo fato de frequentar um colégio fora do seu bairro, a gente consegue mais do que nunca enxergar o choque de duas realidades totalmente diferentes, opostas. Eu não consigo pensar em outra coisa para falar sobre O ódio que você semeia a não ser o quanto ele é importante e bom. A história é sensacional e, o melhor de tudo, real. A narrativa é sem comparações. Os personagens são incríveis. Tudo, tudo é digno nesse livro. 

Eu não sei como a história de Khalil e Starr chegará para outras pessoas, mas provavelmente vai ficar na minha cabeça por muito tempo. Cada capítulo me proporcionou uma emoção diferente e é isso o que eu quero sentir sempre que estou lendo um livro. Eu chorei porque é muito difícil saber de todos os meus privilégios enquanto tantas outras pessoas estão em outros lugares sofrendo, vendo pessoas queridas morrerem, sendo julgadas. 

O ódio que você semeia é um livro difícil, pouco confortável — não digo isso em um sentido pejorativo, e sim porque é uma história extremamente dolorosa —, mas necessário para mostrar que coisas ruins acontecem o tempo todo, mesmo que não aconteçam comigo. Às vezes tudo o que a gente precisa são histórias que nos mostrem a realidade, ainda que não sejam fáceis.

Leia Mais
9 comentários
Compartilhe:

Six of Crows: Sangue e Mentiras - Leigh Bardugo

Sinopse: A oeste de Ravka, onde Grishas são escravizados e envolvidos em jogos de contrabandistas e mercadores, fica Ketterdam, capital de Kerch, um lugar agitado onde tudo pode ser conseguido pelo preço certo. Nas ruas e nos becos que fervilham de traições, mercadorias ilegais e assuntos escusos entre gangues, ninguém é melhor negociador que Kaz Brekker, a trapaça em pessoa e o dono do Clube do Corvo. Por isso, Kaz é contratado para liderar um assalto improvável e evitar que uma terrível droga caia em mãos erradas, o que poderia instaurar um caos devastador. Apenas dois desfechos são possíveis para esse roubo: uma morte dolorosa ou uma fortuna muito maior que todos os seus sonhos de riqueza. Apostando a própria vida, o dono do Clube do Corvo monta a sua equipe de elite para a missão: a espiã conhecida como Espectro; um fugitivo perito em explosivos e com um misterioso passado de privilégios; um atirador viciado em jogos de azar; uma grisha sangradora que está muito longe de casa; e um prisioneiro que quer se vingar do amor de sua vida. O destino do mundo está nas mãos de seis foras da lei – isso se eles sobreviverem uns aos outros. (Skoob)
BARDUGO, Leigh. Six of Crows: Sangue e Mentiras. Six of Crows #1. Gutenberg, 2016. 376 p.


Kaz Brekker não é um simples ladrão ou assassino ou qualquer coisa tipo, ele é pior do que isso: ele é um homem de negócios. Conhecido como Mãos Sujas por todos, por não recusar um trabalho, por nenhum trabalho ser ruim o suficiente pelo preço certo (e talvez um pouquinho a mais), todos que o conhecem sabe que ele é um verdadeiro demônio.

Quando Van Eck, um mercante de trabalho "limpo", o contrata para invadir a Corte de Gelo, uma prisão Grisha (seres humanos com poderes não naturais, acusados por simplesmente existirem) nunca antes invadida, para tirar um cientista que conseguiu criar uma droga capaz de tornar os Grisha ainda mais perigosos e mortais e viciados na primeira dose, Kaz sabe que só é mais um trabalho, como todos os outros, e que, pelo valor adequado, pode ser realizado.

Mas, para isso acontecer, Kaz também precisa da equipe certa para o trabalho.

"Um apostador, um criminoso condenado, um filho desgarrado, uma Grisha perdida, uma garota Suli que se transformou em assassina, um garoto do Barril que se tornou algo pior."

Os primeiros capítulos do livro são a apresentação aos personagens, conforme Kaz os integra na sua equipe, para essa missão quase que impossível - impossível quer dizer apenas "nunca antes feito" e essas pessoas, escolhidas a dedo por Kaz Brekker, tornarão o impossível possível e receberão cada um a sua parte da bolada. Ou morrerão tentando.

A esquipe é formada por: Inej, a Espectro, com passos silenciosos, que descobre todos os segredos para Kaz, e facas perigosíssimas; Jesper, um atirador de elite viciado em jogos de azar, com uma energia que o impede de ficar parado; Ninas e Mathias, dois ex-amantes, dois ex-atual-nêmesis, uma Grisha e seu caçador; Wylan, filho do contratante e seguro deles de que receberam realmente o dinheiro, que deixou a segurança de sua casa para viver no meio do Barril (por quê?); e Kaz, o mais sombrio e perigoso de todos eles, com sua perna problemática e sua bengala com cabeça de corvo.


“-Quem negaria uma bengala a um aleijado?
-Se o aleijado for você, qualquer homem de bom senso.”

“-Não confiaria em você para amarrar meus sapatos sem roubar os cadarços, Kaz."

Uou. U-o-u. Estou sem palavras. Quem precisa de palavras, a propósito? Certamente não eu. Todas que poderiam ser útil para descrever como me sinto depois de ler essa história, Leigh usou. Sem dor nem piedade. Quem precisa delas também? Não Kaz. E eu não sei nem como começar a falar dos personagens, dos seis protagonistas que são igualmente importante e valiosos para a equipe, cada um com a sua história de fundo e narração. A autora soube como criá-los únicos e diferentes e ainda conseguiu fazê-los trabalhar juntos, fazendo-os gradualmente e de forma tão sutil, que eles só percebem quando está lá, na frente deles, que eles se tornaram amigos e confiam um no outro para não serem esfaqueados pelas costas ou enquanto estão dormindo.

Tudo com essa história foi sutil, começando pelo romance. O que eu adorei sobre o romance foi que os beijos foram escassos (se é que teve, eu não lembro), que o amor romântico está nos olhares e no toque demorado e na preocupação - e que eles não pararam o que faziam, no meio da pior e mais perigosa situação possível, para se beijarem e esquecerem tudo ao redor deles.

Six of Crows: Sangue e Mentiras estava na minha lista de leitura a um tempo e eu não estava me sentindo animada para lê-lo, embora ame essas histórias de roubo e planos perfeitos que dão errado. Só conseguir me convencer a ler depois que fiquei curiosa com uma postagem no tumblr, que falava da diversidade LGBTQIA+ no livro (eu não vi tanta assim, talvez no próximo), mas eu amei o que tinha e me arrependo de não ter lido antes.


"Posso te contar o segredo do amor verdadeiro? [...]Muitos meninos trarão flores para você. Mas um dia você vai conhecer um menino que vai aprender a sua flor favorita, a sua canção favorita, o seu doce favorito. E mesmo que ele seja muito pobre para lhe dar qualquer um deles, não importa, porque ele terá dedicado tempo a conhecê-la como ninguém mais fez. Só esse menino merece seu coração."

Sim, romance. Ai. Meu. Coração. Quem precisa de romance nesse mundo frio e nefasto e simplesmente horrível? Eu. Minha sorte que me contento com livros e esse foi um amorzinho, com toda a variedade de casais que eu poderia querer e torcer. Eu amei o fato de não ter triângulo amoroso, a propósito, porque essa parece ser a técnica preferida dos autores de fazer o romance andar. Nós temos Kaz e Inej, Nina e Matthias, e - a surpresa do livro (eu não esperava, acho que ninguém esperava) - Jesper e Wylan. Oh, meu... Ai. Eu estou tendo um ataque de amor pelo Jesper e pelos flertes dele. Melhores partes. Concordo com ele quanto "isso é tão bom quanto brigar, mas um pouquinho melhor"... ele não disse exatamente isso, mas foi isso sim.

Meu único problema foi a política. Eu não entendi muito bem ela, são um monte de nomes no livro que não foram  nem um pouco comuns para mim e, de forma simples, o que eu entendi foi que o lugar de onde eles estão é neutro em relação aos Grishas, usando-os como servos para pagar o que deve, não deve e até com o que eles poderiam sonhar em dever (não existe escravidão em Kerch!), enquanto tem os Fjerdanos que acreditam que eles merecem ser mortos e outro povo que abriga Grishas e os ensina a lutar. Ao menos foi assim que eu entendi. Quem não leu a outra série de Leigh (como eu), talvez se sinta um pouco perdida quanto aos Grishas. E com curiosidade de ler mais os livros dessa autora surpreendente. (Como eu.)

“-Qual é a maneira mais fácil de roubar a carteira de um homem?
-Faca na garganta? - perguntou Inej.
-Arma nas costas? - disse Jesper.
-Veneno no copo? - sugeriu Nina.
-Vocês são todos horríveis - disse Matthias."

O final foi algo meio que esperado, mas você não fica assim como eu fiquei por algo esperado, foi pela ousadia de Leigh Bardugo ao fazer isso - ousadia de alguém digno de ter criado Kaz Brekker.

Fico feliz de o próximo livro ser o último e isso ser uma duologia. Não existe fórmula mágica e se você tenta utilizá-la demais, todos descobrem seu segredo e a graça se perde, os personagens perdem os encantos e a verossimilidade, e você fica enjoada das mesmas coisas. Eu ainda não estou enjoada e mal posso esperar por mais trapaças de Kaz, o aleijado do Barril e Mãos Sujas, e sua pequena e confiável gangue.

Leia Mais
8 comentários
Compartilhe:

Promoção: Aniversário Além da Contracapa


Aniversário tem que ter presente e nos 7 anos do Além da Contracapa eles vão todos para os leitores. O Conjunto da Obra não Poderia ficar de fora, é claro.

E não deixe de acessar o Além da Contracapa para conferir todos os prêmios. 

Regulamento:

A promoção terá início no dia 22 de setembro e término no dia 22 de outubro.

Para participar, basta preencher o formulário abaixo, usando sua conta do Facebook ou seu e-mail, e ter um endereço de entrega no Brasil.

Todas as entradas são opcionais.

O resultado será divulgado no blog e nas redes sociais até três dias após o encerramento da promoção, sendo que o sorteado será contatado por e-mail, tendo o prazo de 48 horas para fornecer seus dados e o blog se responsabiliza por confirmar o recebimento das informações. 

Prêmios

Além da Contracapa: Justiça Ancilar
Alegria de viver e amar o que é bom: Proibido - Tabitha Suzuma
Canto Cultzíneo: A Outra Vida - Suzanne Winnacker
Caverna Literária: Uma Canção para Jack - Celia Bryce
Conjunto da Obra: O Colecionador de Memórias - Cecilia Ahern
Livro Lab: Ferinos: O Encantador de Corvos - Jacob Grey
Meu Epílogo: Homens, Mulheres e Filhos - Chad Kultgen
Minha Vida Literária: Querido Mundo - Bana Alabed
My Dear Library: Dias de Despedida - Jeff Zentner
Prefácio: Vale-presente Saraiva no valor de 30 reais
Queria Estar Lendo: e-book Estrelas Perdidas - Bianca da Silva e e-book Rubi de Sangue - Denise Flaibam
Revelando Sentimentos: Eu, inabalável
Roendo Livros: Tudo Junto e Misturado - Ann Brashares
She is a Bookaholic: O Morcego - Jo Nesbo




primeiro sorteado poderá escolher 6 prêmios entre as 15 opções, o segundo sorteado poderá escolher 5 prêmios entre as 9 opções restantes, e o terceiro sorteado ficará com os 4 prêmios restantes. 

O prazo para envio dos prêmios é de 40 dias úteis. 

A Equipe do Além da Contracapa se reserva ao direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.



a Rafflecopter giveaway

Leia Mais
8 comentários
Compartilhe:

Vidas Muito Boas - J. K. Rowling

Sinopse: “Como podemos aproveitar o fracasso?” “Como podemos usar nossa imaginação para melhorar a nós e os outros?”. J.K. Rowling responde essas e outras perguntas provocadoras em Vidas muito boas, versão em livro do famoso discurso de paraninfa da autora da série Harry Potter na Universidade de Harvard, que chega às livrarias brasileiras no dia 7 de outubro. Baseado em histórias de seus próprios anos como estudante universitária, a autora mundialmente famosa aborda algumas das mais importantes questões da vida com perspicácia, seriedade e força emocional. Um texto cheio de valor para os fãs da escritora e surpreendente para todos que buscam palavras inspiradoras. (Skoob)
ROWLING, J. K. Vidas Muito Boas. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2017. 80 p.


É inevitável me interessar pelas coisas escritas pela mulher que deu vida a um dos meus personagens preferidos — e que provavelmente introduziu várias pessoas no mundo literário. J. K. Rowling é, provavelmente, uma das maiores fontes de incentivo e inspiração que existem, principalmente àqueles que conhecem a sua história e reconhecem a mulher batalhadora que ela é.

Vidas Muito Boas é um livro com pouquíssimas páginas, e se trata de um discurso que a autora fez para uma turma de formando de Harvard em 2008 como paraninfa. Eu não consigo imaginar a emoção que essas pessoas sentiram ao escutar conselhos vindos de uma pessoa que não tinha absolutamente nada — como ela mesma disse, ela era "tão pobre quanto é possível ser na Inglaterra moderna, sem ser uma sem teto" — vencer na vida de forma tão maravilhosa. 

"[...] a felicidade pessoal está em saber que a vida não é uma checklist de aquisições ou realizações. Suas qualificações, seu currículo, não são sua vida..."

Dentre os temas abordados por Rowling em seu discurso, posso destacar a importância da imaginação e o seu poder de nos fazer sentir empatia pelas pessoas, e a valorização do fracasso. Sim, a autora deixa claro que o fracasso, apesar de não ser nem um pouco divertido, é importante para conseguirmos dar a volta por cima ou, em suas próprias palavras, "[...] o fundo do poço tornou-se a base sólida sobre a qual eu reconstruí minha vida".

O livro em si é maravilhoso. A fonte usada foi ideal, as ilustrações deixam tudo muito mais bonito. Vidas Muito Boas é a personificação daquilo que chamamos de livro de cabeceira: inspira e encoraja as pessoas a correr riscos e lidarem com os próprios medos. Afinal, a vida é uma coisa relativamente simples, somos nós quem insistimos em complicá-la.

Leia Mais
8 comentários
Compartilhe:

Para Onde Ela Foi - Gayle Forman

Sinopse: Meu primeiro impulso não é agarrá-la nem beijá-la. Eu só quero tocar sua bochecha, ainda corada pela apresentação desta noite. Eu quero atravessar o espaço que nos separa, medido em passos não em milhas, não em continentes, não em anos, e acariciar seu rosto com um dedo calejado. Mas eu não posso tocá-la. Esse é um privilégio que me foi tirado.
Com a mesma força dramática de Se Eu Ficar, agora pela voz de Adam, Para Onde Ela Foi expõe o desalento da perda, a promessa da esperança e a chama do amor que renasce. (Skoob)
FORMAN, Gayle. Para Onde Ela Foi. Novo Conceito, 2013. 240p.


Esta resenha mencionará acontecimentos importantes sobre Se Eu Ficar.

Para onde ela foi acontece três anos depois do acidente do primeiro livro. A banda do Adam, Collateral Damage, é um sucesso. Porém ele perdeu o amor pela música e desenvolveu uma grande ansiedade de locais públicos, onde tem medo que o reconheçam, e está sempre fumando ou se automedicando. Ele tem uma namorada famosa, mas nunca conseguiu esquecer Mia, musa de todas as letras do álbum que fez eles estourarem. Depois de uma repórter mencionar Mia (que eles sempre conseguiram esconder da mídia) e ele surtar, o empresário diz que ele pode ficar mais tempo em Nova Iorque e ir para Londres onde eles vão ter uma turnê só na próxima noite. Nisso, Adam vai encontrar a Mia e eles vão resolver tudo que ficou inacabado.

Grande parte do livro é no passado, explicando o que aconteceu nesse intervalo de tempo, voltando ao acidente e voltando até o começo do relacionamento. Geralmente são acontecimentos não vistos no primeiro livro. Essa é a primeira continuação de um romance pelo ponto de vista do outro personagem que eu leio e, por ter tantas cenas inéditas, é diferente. Também o tempo que se passou. Não é um reconto do primeiro pelos olhos do Adam.

Eu gostei de ver tudo que o Adam está passando e em contraste também como a Mia está lidando com 1% do que ele está. Tem umas coisas bem realistas, como um membro de um grupo ou banda se tornar maior do que até a própria banda e ser odiado por isso, por mais que ele não tenha culpa. Eu adorei ver mais do que a opinião dele sobre a Mia, é muito mais fácil se identificar com ele assim, e entrar na cabeça dele, talvez até se sentir sufocado junto. Quando eu ler outro livro pelo ponto de vista do namorado, eu espero ver um pouco do que eles vivem fora do relacionamento. A gente até vê o luto dele pela família dela.

O livro tem, digamos, bem menos coisas acontecendo e menos tensão. No presente, ele passa basicamente nesses dois dias restantes dele em Nova Iorque. Por isso ele pode ser menos emocionante de ler, não sei. Eu cheguei a me preocupar que o livro estava perto de acabar e meio longe de finalizar assim, mas eu gostei do final. E o fato de eu ter pensado isso talvez seja até positivo porque o final não estava muito óbvio e o Adam e a Mia conversaram um monte, não foi aquelas resoluções de final de filme que é só fazer um gesto bonito e está tudo perdoado. Acho que o livro pode agradar tanto quem gostou do anterior tanto quem não gostou tanto, porque vi gente que gostou bem mais desse. Também, possivelmente muita gente que gostou do outro pode não gostar tanto assim desse, porque como eu disse ele é mais parado e, além disso, tirando os flashbacks, a história em si é muito diferente.

Leia Mais
9 comentários
Compartilhe:

As primeiras quinze vidas de Harry August - Claire North

Certas histórias não podem ser contadas em uma única vida. Harry está no leito de morte. Outra vez. Não importa o que faça ou que decisões tome: toda vez que ele morre, volta para onde começou; uma criança com a memória de todo o conhecimento de uma vida vivida diversas vezes. Nada nunca muda... até agora. Ele está perto da décima primeira morte quando uma garotinha de 7 anos se aproxima da cama: “Quase perdi você, doutor August. Eu preciso enviar uma mensagem de volta no tempo. O mundo está acabando, como sempre. Mas o fim está chegando cada vez mais rápido. Então, agora é com você.” Este livro conta a história do que Harry faz em seguida, do que fez antes, e do que faz para tentar salvar um passado inalterável e mudar um futuro inaceitável. (Skoob)
NORTH, Claire. As primeiras quinze vidas de Harry August. Bertrand Brasil, 2017. 448 p.


Harry August, filho de Patrick e Harriet August, nasceu por volta de 1920 na Inglaterra e não fez nada realmente incrível, não aprendeu nada de significante além do trabalho do seu pai, sendo preparado desde jovem para substitui-lo, mas isso mudou ao longo de suas muitas vidas... e mortes.

Harry é um kalachakra, um ouroborano, chame do que quiser, nada irá mudar o fato de que ele nasce, vive, morre e nasce novamente, sempre no mesmo dia, no mesmo tempo, com as mesmas condições. Nada muda. Apenas ele.

"Para que eu sirvo?
Ou para mudar o mundo - muitos, muitos mundos, cada um deles alterado pelas escolhas que faço ao longo da vida, pois ações geram consequências, e em cada amor e cada tristeza há um resquício de verdade -, ou para não fazer nada."

Como todo ser igual a ele, Harry passou por três etapas que se define em rejeição, exploração e aceitação. A primeira vida sempre é a mais fácil, mais inocente, quando você não sabe de nada, já na segunda... As memórias da sua vida anterior chegam aos poucos e, aos sete anos, nosso protagonista já se lembra de tudo, é internado num hospício, suicida-se e... revive.

Em sua décima primeira vida, esperando sua décima primeira morte num leito de hospital, uma garotinha de 7 anos aproxima-se e declama que o mundo está acabando, como sempre, só que mais rápido, e que essa mensagem está sendo transmitida através de gerações de crianças para adultos (essa parte não fez muito sentido para mim até ler) e que agora é com ele.

Enquanto tenta descobrir o que isso significa, aprendemos mais sobre os kalachakra, as vidas anteriores de Harry e o fato de que não é a primeira vez que o mundo está acabando. Ele já acabou uma vez. E se reiniciou. O mundo recomeçou do zero, alguns kalachakra se lembram e sempre lembrarão, outros perderam a memória com o tempo, alguns escolheram esquecer, outros nem nasceram.

"Eu sou mnemotécnico.
Eu me lembro de tudo.
Você precisa ter isso em mente, se quer entender as decisões que eu estava prestes a tomar."

Esse livro não é um livro infantil, não é para adolescentes nem jovens adultos, é um livro adulto, completamente adulto, mas não porque tem cenas de sexo explicito (não tem cenas de sexo, nem sugestões... não que eu me lembre), mas porque...  É um livro que nem todos vão conseguir chegar ao fim, porque disseca a humanidade, o que é ser humano, se você está sendo humano, e não tem grandes revelações, contudo algo vai sendo construindo aos poucos... que te faz pensar, refletir. E isso é sempre um perigo.

Eu falo por mim quando digo que, quando leio uma história, eu penso que estou ali, que sou o protagonista (bonzinho) e seria igual; eu seria aquela pessoa que aguenta as torturas, as dores, que faz o certo não importa o quão difícil ele é, que é uma pessoa decente, embora muitos não sejam, mas... Em algum momento, conforme você ler As primeiras quinze vidas de Harry August, você finalmente percebe que não importa o quão "decente" uma pessoa é, ela ainda é humana; ela ainda erra, ainda é corrompida, enganada, iludida; ela ainda quer mais e nunca tem o suficiente. Todos somos humanos e o que não faríamos por simplesmente nos achar no direito?


"É por vingança.
E talvez pela breve compreensão de que esse é o único jeito de recuperar algo que morreu dentro de mim. Uma noção de 'fazer a coisa certa' - como se isso ainda significasse qualquer coisa para mim."

As primeiras quinze vidas de Harry August conta todas as primeiras quinze vidas de Harry August (minha dúvida era se depois da quinze ele morre ou vive, então... leia), então é claro que é um livro minucioso, com detalhes exaustantes e fatos históricos que me fizeram pensar se são reais ou não, se não foram mudados por algum kalachakra... todavia, se você conseguir vencer todos esses obstáculos, leia, não vai te prejudicar em nada (mesmo que os fatos sejam falsos), irá apenas te acrescentar.

Leia Mais
8 comentários
Compartilhe:

Novidades #195: Lançamentos Editoras Parceiras

Oi pessoal, como vocês estão? Hoje vou mostrar alguns dos últimos lançamentos das editoras parceiras do blog e, como sempre, tem muita coisa boa, confiram só.

Quem quiser mais informações sobre os livros, basta clicar sobre a capa:

Editora Arqueiro

 

Editora Intrínseca


Editora Valentina




Quais vocês gostariam de ler?

Leia Mais
10 comentários
Compartilhe:

O fim do mundo é aqui - Amy Zhang

Janie e Micah, Micah e Janie. Desde os primeiros anos da escola. Almas gêmeas em segredo. Melhores amigos que passavam as tardes na pedreira da cidadezinha onde cresceram juntos, a mais profunda de Iowa. Até que Janie desaparece, e tudo o que Micah pensava que sabia sobre sua melhor amiga é borrado de dúvida. Até que Micah acorda no hospital, e não se lembra de nada. Mas para montar o quebra-cabeça do desaparecimento de Janie e entender seu apocalipse particular, Micah Carter precisa recuperar suas lembranças, inclusive as mais difíceis, numa jornada devastadora. Adotando uma narrativa não linear, que vai e volta entre Antes e Depois e alterna as vozes dos dois protagonistas-narradores, Amy Zhang, autora do surpreendente Quando tudo faz sentido, conta a história de uma amizade marcada por obsessões e segredos dolorosos. E, mais uma vez, entrega um romance Young Adult original, sincero, comovente e impossível de largar até a última página. (Skoob)
ZHANG, Amy. O fim do mundo é aqui. Rocco Jovens Leitores, 2018. 272 p.


"Se tem um ponto no qual a ciência e a religião estão de acordo, é o fato de que o mundo vai acabar. Talvez o Sol apague ou a ira de Deus destrua tudo ou um lobo gigante devore a Terra, mas o que se mantém é a ideia constante de entropia. Tudo está desmoronando. Tudo está se encaminhando para o fim."

Janie e Micah são amigos, melhores amigos, muito mais do que amigos, porque eles são uma única alma, apenas em um átomo... e ninguém sabe. Ninguém sabia disso. Eles eram amigos apenas em segredos. Apenas quando eram eles. Não na frente dos outros, não na escola. Lá, eles eram Janie e Micah. Separados. Mas, quando eram só eles, longe de todos, eles não estavam separados, eles estavam juntos, eles eram Janie e Micah, Micah e Janie... até que não mais.

Até que Micah acorda no hospital e ninguém quer lhe dizer o que aconteceu com Janie, por que ele está ali, por que... houve um incêndio? Na nova casa de Janie, que ela odeia? Ele não lembra. Ele não lembra de nada, quase nada. Sofrendo de amnésia seletiva retrógrada, não lembrando de memórias passadas escolhidas a dedo, Micah só quer sua amiga e precisa lembrar, mas lembrar é pior do que esquecer.

Esquecer é fácil, é passar uma borracha, é fingir que nunca esteve lá; lembrar, por outro lado, é sofrer novamente. E dói. Dói, dói e Micah quer que pare, ele quer Janie. Mas ela não está lá.

"Esquecer é fácil. Lembrar é mais difícil, mas não tão apocalipticamente dolorido quanto saber que ainda tem mais por vir."

No início da leitura, eu fiquei um pouco irritada (talvez fosse a intenção do livro), porque Janie quer acreditar em contos de fadas e quer que os outros acreditem, mas... ela não acredita realmente. Lá, lá no fundo, ou talvez nem tentando tanto assim, Janie não acredita. E ignora tudo e qualquer coisa que não se encaixa no seu "mundo perfeito", porque não quer lidar com ele. E eu fiquei triste, porque... Deus, ela só queria ser feliz. Um feliz completo, um feliz de conto de fadas, e não existe tal felicidade. Ou talvez ela exista, mas nos pequenos detalhes, nos átomos e não nas supernovas, estando com as pessoas que você ama agora, nesse instante, e não procurando alguma que você possa amar e que vá ser perfeita, porque não existe perfeição. Mas Janie quer perfeição e eu queria bater nela.

E então, piora. Se eu me senti triste (e com raiva) por Janie não ver a realidade, se recusar a enxergá-la, eu não queria sentir mais nada quando ela começa a ver demais, quando o real é tudo que ela vê e que não há pessoas bonitas, não há pessoas decentes, não há almas maravilhosas. Ou então há. Mas ela não é uma delas, não depois do que acontece, e nunca mais será.

"O que se sente quando o mundo explode, no instante em que explode, é puro nada.
A explosão não dói nem um pouco. Não dói até bater no chão.
De novo."

Eu não esperava essa história. Eu li Quando tudo faz sentido da Amy Zhang e esperava algo na mesma linha e... não é bem assim. A primeira diferença é no narrador, que você sabe quem está narrado, o que não acontece em Quando tudo faz sentido, e não é poético como eu esperava (eu amo narrações poéticas, que parecem poesia, embora não goste de poemas/poesias... vai entender), embora tem seus momentos, porque o livro é narrado por Janie (passado, antes) e Micah (presente, depois), e em alguns momentos há partes do diários de Janie, que são lindos, são contos de fadas desconstruídos, feito com desenhos e costurado com pedaços da alma dela.

Em O fim do mundo é aqui, Amy Zhang traz temas fortes para serem debatidos e vai te conquistado aos poucos, te prendendo numa teia que te faz questionar bondade e maldade, saudável e doentio, culpados e vítimas, e desconstrói esses limites até que você não saiba dizer o que é um ou outro, fazendo-o se sentir desconfortável, porque não é "certo", não deveria ser, tem algo de errado, mas é normal. Está na sua vida, de algum modo, de algum jeito, mesmo que você não perceba. O quê? Amizades tóxicas.

"- Mais do que qualquer coisa.
- Mais do que tudo."

Enquanto eu lia, eu... eu não sei, não lembro o que esperava, mas com certeza não isso. Eu fui ler a sinopse agora do Skoob para colocar na resenha e eu realmente não lembrava dela, acho que nem a li antes; acredito que só vi o novo livro de Amy Zhang e pensei "é esse, eu quero". Eu li essa sinopse agora e está bem claro isso, todavia eu demorei para perceber o tema de amizades tóxicas enquanto lia o livro, porque é difícil notar essas fronteiras, sinceramente, embora devesse ser fácil.

Janie e Micah eram amigos, melhores amigos, não tenho dúvida quanto a isso, é uma das primeiras coisas que você nota quando ler, todavia isso não significa que eles eram bons amigos, que eles não podiam serem melhores. Eu realmente odeio (mais para evito) falar palavrões, mas, sim, não há outra palavra para Janie e Micah, Micah e Janie, do que eles estão f******. Tão, tão, tão...

Sobre o título do livro, O fim do mundo é aqui, eu me senti uma idiota quando entendi, porque é claro que o fim do mundo é aqui, onde mais ele seria?

AVISO: esse livro traz alguns gatilhos, como suicídio, assédio, abuso sexual, bullying, uso de álcool e drogas; se você não se sente confortável com tais temas/menções, é recomendado que você não o leia.

Leia Mais
10 comentários
Compartilhe:

O Problema do Para Sempre - Jennifer L. Armentrout

Foto: Literatura Estrangeira 
Sinopse: Mallory viveu muito tempo em silêncio. Mas o destino lhe reserva um novo desafio. E ela percebe que está na hora de encontrar a própria voz. Já na infância, Mallory Dodge percebeu que só poderia sobreviver se ficasse calada. Teve que aprender a ficar o mais quieta possível. Aprendeu a passar despercebida. A se esconder. Mas agora, após ter sido adotada por pais amorosos e dedicados, ela precisa enfrentar um novo desafio: sobreviver ao último ano do Ensino Médio numa escola de verdade. O que Mallory não imaginava é que logo no primeiro dia de aula daria de cara com um velho amigo que não via desde criança, quando viviam juntos no abrigo. E começa a notar que não é a única que guarda cicatrizes do passado, além de uma paixão adormecida e inevitável. (Skoob)
ARMENTROUT, Jennifer L. O Problema do Para Sempre. Rio De Janeiro: Editora Galera Record, 2017. 392 p.


Gosto muito de ler livros que falam de superação. Quando li a sinopse de O Problema do Para Sempre, não tive dúvidas de que ia gostar da história, mesmo com o clichê da paixão que a personagem provavelmente sentiria pelo amigo de infância que não vê há muito tempo — algo que nos é entregado logo na sinopse. O que me interessou de verdade foi o trauma vivido por Mallory Dodge na sua infância, e como isso seria retratado na fase da vida que ela se encontra na trama. 

No início, tudo o que sabemos sobre Mallory é que ela teve uma infância terrível em um orfanato, onde ela e outras crianças eram abusadas pelo dono do estabelecimento. A protagonista sofreu longos anos até que aconteceu um "acidente" e os médicos que cuidaram dela acabaram se afeiçoando tanto a menina que a adotaram. Mallory teve muita sorte, mas quatro anos após o acontecido, ela não esqueceu nem por um minuto o seu melhor amigo Rider, que era o seu porto seguro, sua fonte de paz, e quem geralmente a salvava de acontecimentos muito ruins.

Depois de quatro anos de tratamentos intensivos, estudando em casa, Mallory decide que está na hora de frequentar uma escola como pessoas normais, pois quer mais que tudo entrar em uma faculdade. O que ela não esperava, obviamente, era encontrar Rider logo no primeiro dia de aula, depois de tanto tempo. Não é difícil de imaginar o desenrolar da história: os dois se reaproximam e um sentimento maior que amizade aparece entre eles — o que, até certo ponto, é normal, já que eles têm uma ligação muito forte.

O que me deixou incomodada com O Problema do Para Sempre não foi o clichê do reencontro e o romance em si. Provavelmente essa foi a parte que mais gostei, porque eu não engano ninguém falando que eu não gosto de clichê sendo que eu claramente adoro. O que me irritou foi que Rider queria porque queria fazer tudo por Mallory, como se ela não tivesse nem um pouco de capacidade de se defender ou fazer qualquer coisa sozinha. Até certo ponto pode ser entendível, visto que na infância tudo era muito confuso e ele protegia a menina de tudo de ruim que acontecia, mas começou a ficar uma coisa muito irritante mesmo. Não sei como autoras ainda não superaram essa coisa machista de todos os personagens masculinos que escrevem!

Um detalhe super importante sobre Mallory é que devido aos traumas, ela desenvolveu uma dificuldade gigantesca de se comunicar com as pessoas, e quando eu digo isso quero dizer que ela não conseguia dar um simples "oi" para uma pessoa que não fosse Rosa e Carl — seus pais adotivos —, Rider e sua melhor amiga. Gostei muito, muito mesmo de como a personagem foi abandonando esse medo aos poucos e ia se tornando um pouco mais sociável, se aproximando mais dos colegas de classe, dos amigos do Rider.

O Problema do Para Sempre é um jovem adulto e como todo livro do gênero, existem algumas partes um pouco mais quentes. A tensão sexual entre Mallory e Rider estava sempre marcada, mas não era o foco das cenas, o que me agradou bastante. A única coisa que me incomodou nesse ponto foi uma sensualização super forçada que Armentrout acrescentou à personagem, uma coisa que não tinha absolutamente nada a ver com ela. 

Uma última coisa que eu preciso falar e que me deixou muito pistola foi uma personagem feminina que aparece em certo ponto da narrativa, Paige. Meu Deus do céu, eu tinha vontade de esfregar a cara da menina no asfalto de tão insuportável e injusta. Parece muito aquelas vilãs de filme de Sessão da Tarde, tipo a Regina George de Meninas Malvadas, que fala coisas muito horríveis para as pessoas e acha que está tudo bem. Em relação aos outros personagens, gostei muito, principalmente de Hector e Jayden, os irmãos adotivos de Rider. Gostei tanto que realmente queria que eles tivessem uma presença maior no livro.

Apesar de alguns pontos negativos, eu realmente gostei de O Problema do Para Sempre. Foi um livro que li num espaço de tempo muito curto, após um período onde eu não estava conseguindo ler nada ou não gostava de nada que estava lendo. Gostei tanto que li o livro em praticamente o dia e realmente fiquei grata por conhecer essa história da Jennifer L. Armentrout. Acho que a única coisa que a gente tem que ter em mente é que não é legal e nunca vai ser um garoto achar que uma mulher não é capaz de fazer as coisas sem algum tipo de ajuda.

Leia Mais
10 comentários
Compartilhe:

Book Haul - Agosto

Oi pessoal, como vocês estão nesse feriadão? Muito bom ter uma folguinha.

Hoje quero mostrar para vocês alguns dos livros que chegaram para mim em agosto.


O primeiro pacotinho recebido foi da Editora Valentina, nova parceira do blog e um dos livros era O fundo é apenas o começo. Estou lendo o livro agora, mas por coincidência a colunista Bela fez resenha dele recentemente.


Também da Editora Valentina recebi Serafina e a capa preta, que parece ser fofinho.


Fiz uma troca no skoob em agosto, e o livro que recebi foi O orfanato da Srta. Peregrine para crianças peculiares. Eu queria mesmo a edição da Intrínseca, mas para conhecer a história esse já é bom o suficiente.


Da Editora Dublinense recebi Brava Serena, do autor Eduardo Krause. Já li outro livro dele que gostei bastante e resenhei aqui, por isso o autor ofereceu um exemplar do novo livro.


Por fim, recebi A Nuvem, da Editora Seguinte, para fazer resenha no blog Roendo Livros. O livro é continuação de O Ceifador, que tem resenha aqui.

Recebi também Love is in the air 3, da Ler Editorial, mas enviei para ser resenhado pela Marlene e esqueci de bater foto antes. De qualquer forma, logo deve ter resenha aqui.

Quais desses vocês têm curiosidade de ler? E quais livros receberam esse mês? 

Leia Mais
11 comentários
Compartilhe:

Flores Partidas - Karin Slaughter

Sinopse: Irmãs. Estranhas. Sobreviventes.
Quando Lydia contou para a irmã que o cunhado havia tentado estuprá-la, Claire não acreditou. Dezoito anos depois, porém, tudo o que Claire achava saber sobre o marido se prova uma mentira. Quando vídeos escondidos no computador de Paul mostram uma face terrível do homem que ela julgava conhecer, Claire percebe que o drama de sua família tem muitas camadas, que precisarão ser descobertas antes que a assustadora verdade por fim venha à tona.
SLAUGHTER, Karin. Flores Partidas. Editora HarperCollins Brasil, 2017. Tradução: Carolina Caires Coelho. 400 p.


Perturbador, não consigo encontrar palavra melhor para definir esse livro. Karin Slaughter com certeza foi minha maior surpresa do ano. Com uma trama cheia de cenas chocantes e reviravoltas, ela aborda de forma maestral uma das faces mais obscuras de um grupo de seres humanos.

Há mais de vinte anos, Julia, filha mais velha da família Carroll, desapareceu. Ela estava voltando de um bar e nunca mais foi vista. Com o passar do tempo, as buscas foram cessando, mas a família manteve a esperança de encontrá-la viva.  Com o desaparecimento, a família foi desmoronando: Claire e Lydia, as irmãs mais novas de Julia, há muito não se falam devido à um desentendimento que tiveram há dezoito anos, os pais acabaram se separando, então pouco a pouco todos perderam contato.

Recentemente, para completar a situação, Paul, marido de Claire, é esfaqueado num assalto e acaba morrendo. No dia do velório, tentam assaltar a casa de Claire, então a polícia aparece e logo depois, um agente do FBI aparece também. A mulher logo estranha a situação, pois o que um agente do FBI estaria fazendo numa cena de tentativa de assalto? Nesse mesmo dia, o sócio de Paul pede alguns arquivos de trabalho e o que Claire encontra são coisas que mudarão seu futuro para sempre. Com isso, Claire procura por Lydia, pois sabe que ela seria a única capaz de ajudá-la a entender o que está acontecendo. Qual a relação entre todas essas coisas? É o que vamos descobrir nesse livro incrível.

Como escrevi lá no começo, ainda não havia lido nada da autora, então fiquei muito surpresa com o livro, eu realmente não esperava que fosse tão pesado. Já tinha lido coisas parecidas, mas nunca com o nível de detalhes que Karin Slaughter inseriu em sua obra. Dessa forma, ela conseguiu explorar intensamente os acontecimentos, colocando elementos chave, o que tornou as cenas bem marcantes. 

Cada personagem tem sua visão de mundo, seus traumas e segredos, o que permite que o leitor faça uma infinidade de suposições durante a leitura. Essas coisas contribuíram para causar aquela confusão que todo amante de thriller ama. Claire e Lydia também estavam confusas sobre todas as descobertas, então, assim como o leitor, levavam um choque atrás do outro.

O livro intercala uma narrativa em terceira pessoa que foca às vezes em Claire e às vezes em Lydia. Para complementar, mesclado a esses capítulos, aparecem algumas cartas do pai dessas mulheres, escritas especificamente para a filha desaparecida. Elas falavam sobre o que estava acontecendo e até sobre alguns planos para um futuro que já era incerto. Portanto, essas partes tiram um pouco o foco das cenas chocantes e as diversas revelações, porém, como é de se esperar, dão um toque maior de tristeza na leitura. 

Por diversas vezes tive vontade de abandonar o livro devido a seu conteúdo explícito, mas fui envolvida pela autora de uma maneira que foi impossível largar a leitura. A necessidade de saber o que aconteceria com todas aquelas pessoas más foi maior que qualquer coisa que eu tinha lido anteriormente. Na metade do livro já tinha acontecido tanta coisa, que achei que o restante ficaria arrastado, mas aconteceu exatamente o contrário, a autora surpreende com mais um acontecimento que mudou totalmente o rumo da história. Isso rendeu muito assunto e também serviu para amarrar todas as possíveis pontas soltas.

Pude sentir uma forte crítica em relação corrupção, que nesse caso atingiu um nível elevado de crueldade. E o machismo também ficou bem evidente na obra, é tudo tão absurdo, que fico com raiva só de lembrar. Esse caso é apenas ficção, mas sabemos que no mundo existem pessoas tão maldosas quanto alguns desses personagens e essa é a pior parte.

Esse livro eu indico somente para aqueles leitores que tem estômago forte, pois contém várias cenas de estupro, tortura, e muito, muito sangue.

Leia Mais
9 comentários
Compartilhe:

Manual para Românticas Incorrigíveis - Gemma Townley

Sinopse: Apesar dos protestos de amigos, Kate Hetherington ainda acredita ser possível achar seu príncipe encantado. Quando encontra um antigo guia, intitulado o "Manual para Românticas Incorrigíveis", Kate decide dar uma chance ao seu romantismo e seguir as dicas do livro para encontrar o parceiro ideal. E este será apenas o começo de uma aventura para a qual nenhum manual terá as respostas. (Skoob)
TOWLEY,  Gemma. Manual para românticas incorrigíveis. Record, 2009. 368p.


Kate é solteira e, segundo seus amigos, "uma romântica incorrigível", que não se contenta em namorar qualquer um e tem mil exigências e sonhos. Vendo um anúncio na Internet (que a convenceu pelo "Está cansada de ser chamada de romântica incorrigível?"), ela compra um manual provavelmente dos anos 1950, 1960, no máximo, que promete o amor ou seu dinheiro de volta.

Eu achei esse livro bem diferente dos outros chick lit que já li. Para começar, ele tem capítulos focados em cada personagem (não todos), apesar de a sinopse e tudo serem só sobre a Kate. Quer dizer, eles deveriam ser só coadjuvantes mas todos têm sua história própria, o que é raro de ver até em outros gêneros quando o livro especifica um único protagonista, tirando livros de fantasia tipo Harry Potter que, por serem mundos enormes, você acaba conhecendo as histórias e mentes de muita gente. Muitas vezes em livros e em filmes (série é um gênero ainda muito fixado em um conjunto, eu nunca vi uma em que os coadjuvantes ou protagonistas menores estão só em função do protagonista) os coadjuvantes só são aprofundados quando é relevante para o personagem principal e tudo que você souber sobre eles é porque ele se interessou em contar. Em comédia romântica, muito dos amigos só estão ali para dar conselhos, por exemplo. Aqui não. Inclusive eles são até personagens superbem construídos e com profundidade. Será que eles chegam a se tornar protagonistas por causa disso e de terem seus capítulos?

A Sal é uma personagem meio inédita para mim. Ela é uma pessoa que vive para preencher uma lista de afazeres que ela deseja e o casamento dela foi praticamente um desses. A gente vê gente fria ou realista, mas é difícil alguém ter tanta consciência do quão pragmático é quanto ela e sem nenhum motivo obscuro. É mais comum serem assim porque têm medo de se magoar, como o Tom. Uma personagem como a Sal não é nem um pouco comum num romance.

Tirando o que falaram da Kate rejeitar pretendentes por motivos exagerados como não gostar de uma cantora ou ir para a faculdade do namorado (e vamos ser sinceros, muita gente faz isso), ela não parece muito louca. Os amigos dela que são muito fechados pro amor e honestamente, pra mim eles que são os estranhos por acharem que por exemplo ela deveria se contentar com algo, como se alguém tivesse necessidade de se casar. Eu concordo com ela, casar por casar não tem nada a ver. Claro, alguns podem não precisar de um grande amor ou outro grande motivo, mas outros precisam.

Também é ótimo como a Kate não vive em função de romance (coisa que termos como esse do título podem sugerir). Ela tem um trabalho bem difícil que adora e odeia ao mesmo tempo e ele vai ocupar várias páginas também. Isso é algo que eu vi no outro livro da Gemma que já li, Curvas de Aprendiz. Só que a personagem daquele nem estava pensando em relacionamentos até um tempo depois de conhecer o personagem.

O livro foi divertido e irônico (principalmente sobre a cultura das celebridades), com alguns clichês do gênero e cenas que você imagina totalmente num filme, mas com consistência, uma história na qual a maioria dos personagens e acontecimentos não são relevantes só para a protagonista, mas poderiam até dar sua própria história, e capaz de emocionar por muito mais razões do que apenas o casal principal.

Leia Mais
11 comentários
Compartilhe:

O fundo é apenas o começo - Neal Shusterman e Brendan Shusterman

Sinopse: Uma poderosa jornada da mente humana, um mergulho profundo nas águas da doença mental. CADEN BOSCH está a bordo de um navio que ruma ao ponto mais remoto da Terra: Challenger Deep, uma depressão marinha situada a sudoeste da Fossa das Marianas. CADEN BOSCH é um aluno brilhante do ensino médio, cujos amigos estão começando a notar seu comportamento estranho. CADEN BOSCH é designado o artista de plantão do navio, para documentar a viagem com desenhos. CADEN BOSCH finge entrar para a equipe de corrida da escola, mas na verdade passa os dias caminhando quilômetros, absorto em pensamentos. CADEN BOSCH está dividido entre sua lealdade ao capitão e a tentação de se amotinar. CADEN BOSCH está dilacerado. Cativante e poderoso, O Fundo é Apenas o Começo é um romance que permanece muito além da última página, um pungente tour de force de um dos mais admirados autores contemporâneos da ficção jovem adulta. (Skoob)
SHUSTERMAN, Neal. SHUSTERMAN, Brendan. O fundo é apenas o começo. Valentina, 2018. 272 p.


"Há duas coisas que você sabe. A primeira: você esteve lá. A segunda: você não pode ter estado lá."

Acho que essa frase resume bem o livro. Você está lá, mas você não pode ter estado lá, mas você está e às vezes não. É totalmente o gato de Schrödinger, o gato morto vivo, sobreposição quântica... entenda como quiser. Ou simplesmente como doença mental.

Você está doente e sabe que está doente, sabe que nada daquilo é real, ao mesmo tempo que sabe que tudo é real, porque é real. Se você acredita que algo é real, então é real. Se você acredita que está no fundo, então você está preso num limbo para toda a eternidade, sem enxergar o tempo passar ou alguma luz chegar em você, por que você lembra? Você está no fundo. E o fundo é apenas o começo. E você está tentando, você se esforça, você não quer ficar ali, mas você não está ali para começo de conversa, então como sair?

"-Por que estou aqui? - pergunto. - Se tudo tem um propósito, com que fim estou neste navio?
Ele volta para suas cartas, escreve palavras e adiciona novas setas sobre o que já está lá, deposita em camadas seus pensamentos tão densos que só ele écapaz de decifrá-los.
-Fim, delfim, golfinho, golfada, entrada, porta: você é a porta para a salvação do mundo.
-Eu? Tem certeza?
-Tanto quanto de estarmos neste trem."

Eu realmente não sei dizer o que Caden tem. No começo, pensei que fosse depressão porque é isso que a sinopse diz (não diz, eu li errado), mas conforme fui lendo outros sintomas vão aparecendo. Ele está em mania, ele está depressivo, ele está tendo alucinações... Cada caso é um caso, como o livro mostra, e nomes são apenas para entender, para que os médicos consigam algum parâmetro para ajudar, e a única coisa que importa é que Caden precisa de ajuda, porque ele não está no controle do navio, apenas navegando sem rumo e sem saber em quem confiar.

Quem é seu amigo? Quem quer o seu bem? Em quem confiar? Quem matar? O papagaio ou o capitão?

Está parecendo um pouco confuso porque estou me sentindo eufórica e não sei como colocar meus pensamentos em ordem, eu sei. Tipo alguém em mania. No livro, há Caden e há Caden, dois personagens que não se conhecem até que o livro avança e percebe que são a mesma pessoa, o mesmo ser, que suas alucinações são a realidade - realidade no sentido que está acontecendo, mas não do jeito que ele imagina, e é isso que você percebe ao ler.

"-E então, por que estou aqui? - pergunto a ele.
-Exatamente - responde o papagaio. - POR QUE você está aqui? Ou devo perguntar: Por que VOCÊ está aqui? Ou talvez: Por que você está AQUI?"

O livro é narrado em terceira e segunda pessoa, mas a transição entre um e outro é tão natural que nem percebi, não me senti nenhum pouco incomodada em nenhum momento, não precisei me acostumar a esse tipo de narração.

Há realidade e fantasia no livro e nada faz sentido ao mesmo tempo que tudo faz. Eu amei a escrita, a confusão ordenada dela. Há ordem no caos. Você percebe isso pelos desenhos confusos, que foram feitos pelo filho do autor quando ele estava fundo demais, como ele tenta comunicar o que sente, porque quando você entende o que as imagens querem dizer, você o entende; enquanto você ler, você o entende.

Você entende quem são os personagens em seus delírios, você cria suposições e entra na mente de Caden e pensa como ele e começa acreditar no que ele diz, começa a perceber como é tão difícil separar realidade de alucinações, porque há ordem no caos e a luz e a escuridão estão lutando sempre e para sempre, e são tão apaixonadas uma pela outra que não conseguem ficar separadas.

"(...) eles não veem o que você vê quando olha nos olhos deles. Verdades que ninguém mais pode ver. Conspirações e conexões tão distorcidas e pegajosas como a teia de uma viúva-negra. Você vê demônios nos olhos do mundo, e o mundo vê um poço sem fundo nos seus."

Meu Deus. É lindo. Eu me senti... não triste, mas tão oprimida ao ler, tão pesada, aquela sensação de estar tão fincada em algo que perdesse de vista o que importa. Eu estava tendo algumas semanas péssimas e nem estava percebendo isso; quando eu percebi foi... uma leveza impressionante. Não estou comparando o que eu estava sentindo com o de Caden, nem de longe é daquele jeito, mas todos tem sua dificuldade e é tão ruim ver isso, tão difícil, e saber, perceber, não torna mais fácil, é apenas mais um passo para baixo para tomar impulso para cima, porque o fundo pode ser apenas o começo, pode ficar pior a cada momento, mas nada o impede de ser o começo para algo melhor, porque se ele é o começo, não pode ser o fim.

Gostaria de fazer uma observação adicional de o que for que você esteja sentindo é válido, não se menospreze. Talvez não seja algo grande do tipo do Caden, como eu disse, mas está tudo bem não está bem; você pode ficar ruim por um simples resfriado ou por algo mais complicado como uma tuberculose, por exemplo, a questão não é o tamanho, mas o simples fato de não estar bem. Se você está se sentindo mal, se você não sabe o que está sentindo, se você apenas sente que algo não está certo, procure ajuda.

Leia Mais
10 comentários
Compartilhe:

Top Comentarista - Setembro



Ei peops, aqui vai novo Top Comentarista, no mesmo modelo dos meses anteriores. Espero que vocês participem bastante!

Para se inscrever é preciso:
  • Seguir o Conjunto da Obra pelo Google Friend Connect (clicar em "Participar deste Site" na barra lateral direita)
  • Ter endereço de entrega em território Brasileiro.
  • Preencher o formulário abaixo.
  • Comentar em todos os posts publicados no mês de setembro, exceto os de lançamentos de novas promoções.

Serão cinco títulos disponíveis:

1. Tartarugas até lá embaixo
2. A mais pura verdade
3. Um verão para recomeçar
4. Como se casar com um marquês
5. Piano vermelho

  • Seguidas todas as regras iniciais, para participar, basta preencher a primeira entrada do formulário. A primeira entrada confirma sua participação no Top Comentarista, enquanto as demais constituem chances extras, sendo opcionais.
  • Serão considerados válidos os comentários nas postagens do mês de setembro se feitos até o dia 1º de outubro. Ou seja, será concedido um dia a mais para que os participantes consigam comentar nas últimas postagens do mês.
  • O participante deve fazer comentários válidos, que demonstrem que a postagem foi lida. Não adianta dizer que está curioso para conhecer a história, isso não é suficiente, e o participante será desclassificado.
  • O vencedor será definido por sorteio, dentre os participantes que comentarem em todas as postagens do mês. Apenas depois de feito o sorteio será conferido se o sorteado comentou em todas as postagens do mês. Caso essa regra não seja cumprida, o mesmo será desclassificado, e um novo sorteio será realizado.
  • O sorteado escolherá o livro que deseja ganhar da lista de livros citada acima.
  • O sorteado será contatado por e-mail, tendo o prazo de 24h para fornecer seus dados. Caso não envie resposta no prazo, será realizado novo sorteio.
  • O prazo para envio dos prêmios é de 60 dias após o recebimento dos dados dos vencedores.
  • O Conjunto da Obra não se responsabiliza por extravio ou atraso na entrega dos Correios. Assim como não se responsabiliza por entrega não efetuada por motivos de endereço incorreto, fornecido pelo próprio ganhador e o livros não será enviado novamente;
  • A Equipe do Conjunto da Obra se reserva ao direito de dirimir questões não previstas neste regulamento.
  • Esta postagem também conta para o Top Comentarista.

a Rafflecopter giveaway
Boa sorte!

Leia Mais
11 comentários
Compartilhe: