Sinopse: Phillip Pullman volta ao mundo da trilogia Fronteiras do Universo, para outra aventura eletrizante envolvendo daemons, aletiômetros, o Magisterium e, claro, o Pó. La Belle Sauvage é o primeiro volume de uma nova trilogia chamada O Livro da Sombras, e se passa dez anos antes dos acontecimentos de A Bússola de Ouro, se centrando em Lyra e Pantalaimon, ainda bebês. Apesar de ser uma história diferente, os fãs de Fronteiras do Universo vão reconhecer muito do mundo e dos personagens que povoam La Belle Sauvage. Enquanto o protagonista, Malcolm, se envolve em uma assustadora aventura para tentar salvar a pequena Lyra das garras do Magisterium, outros mistérios e vilões surgem para complementar a trama que já conhecemos tão bem. (Skoob)
Livro recebido como cortesia da Editora
PULLMAN, Philip. La Belle Sauvage. O livro das sombras #1. Suma, 2017. 434 p.
Admito que, quando recebi La Belle Sauvage como cortesia da Suma, o nome do autor, Philip Pullman, por si só, não me dizia nada. Mas foi só dar uma espiada na sinopse para saber que é ele o responsável pela série Fronteiras do Universo, que começa com A Bússula de Ouro. Não li nenhum de seus livros anteriores, só vi o filme baseado no primeiro deles, e logo a curiosidade para conhecer algo do autor cresceu. Foi nesse contexto que eu comecei a leitura do livro e, se de um lado encontrei detalhes que me surpreenderam, de outro confesso que esperava algo diferente de um autor tão elogiado.
La Belle Sauvage é uma introdução de Fronteiras do Universo, embora tenha sido escrito depois, já que sua trama se passa antes da protagonizada por Lyra. Para quem não leu os livros que já haviam sido publicados, isso não é empecilho algum para a leitura, não há dificuldade em entender o contexto. Até li em outras resenhas que esse volume traz explicações que não existiam nas obras anteriores, como a relação entre as pessoas e seus daemons, a bússula de outro, entre outros. É como um longo capítulo de apresentação, com muitas explicações sobre o mundo criado por Pullman.
Nesse volume, o protagonista é Malcolm, um garoto cheio de energia, muito prestativo e inteligente que se "aventura" com sua canoa, La Belle Sauvage, no rio que margeia sua casa. É comum ele cruzar o rio para ir até o convento e ajudar as irmãs, até que um bebê chega ao local, rodeado de mistérios. O bebê é Lyra, e Malcolm fará de tudo para protegê-la daqueles que querem fazer mal a ela. Acho que a sinopse até entrega demais nesse ponto, já que cita um acontecimento que só vai acontecer depois da metade do livro.
E acredito que aí está meu principal problema com esse livro: a demora no desenvolvimento da história. O autor cria personagens demais e se prende em excessos de detalhes na narrativa, o que a torna menos dinâmica e um pouco cansativa. A escrita do autor é maravilhosa, disso não posso me queixar, mas é aquele tipo de livro que, enquanto você está lendo, é ótimo, mas depois parece que você leu muitas páginas e poucas coisas importantes. Além disso, tem um início um pouco arrastado, o que acaba por diminuir aquela ansiedade por continuar. Da metade para o final, as coisas acontecem de uma forma um pouco mais rápida e, aí sim, eu consegui me vincular à história.
Embora pareça um livro voltado para crianças, na verdade a trama é bem desenvolvida e robusta, o que pode conquistar os leitores mais velhos. Há também uma crítica implícita às instituições, como o Estado e a Igreja, bem como discussões sobre a sociedade, o que sempre traz reflexões interessantes. La Belle Sauvage foi uma leitura bem diferente das que estou acostumada, em especial por misturar a densidade de um clássico com as aventuras de um infanto juvenil. É um livro gostoso, mas lento, e vai agradar mais aqueles que gostam de tramas ricas, embora não tão ágeis.