Sinopse: Em um mundo devastado pela doença, Hig conseguiu escapar à gripe que matou todo mundo que ele conhecia. Sua esposa e seus amigos estão mortos, e ele sobrevive no hangar de um pequeno aeroporto abandonado com seu cachorro, Jasper, e um único vizinho, que odeia a humanidade, ou o que restou dela.
Mas Hig não perde as esperanças. Enquanto sobrevoa a cidade em um avião dos anos 1950, ele sonha com a vida que poderia ter vivido não fosse pela fatalidade que dizimou todos que amava. Hig é um guerreiro sonhador. E tem uma imensa vontade de gente, apesar da desilusão que se abateu sobre ele. Por isso é capaz de arriscar todo seu futuro quando, um dia, o rádio de seu avião capta uma mensagem...
Voe com Hig e Jasper e se encante ao descobrir que um mundo melhor pode estar em cada um de nós. (Skoob)
HELLER, Peter.
Na companhia das estrelas. Editora Novo Conceito, 2013. 403 p.
Quase todos se foram. A citação acima resume muito: primeiro a gripe, depois a doença do sangue. 99% da população, mais alguma coisa. E os que restaram não são muito bons - não se sabe se já eram assim, ou se os horrores do "novo" mundo os transformaram. Agora, quem não matava, morria. Sobraram poucas espécies de animais, a temperatura da Terra sofrera alterações e a vida se tornou difícil e solitária.
Hig vivia no hangar de um aeroporto, e não conseguira ainda se adaptar bem às novas regras. Jasper, seu cachorro, talvez fosse a única razão que ainda o mantivesse vivo. Mas havia também a Fera, seu pequeno avião, e Bangley, um "vizinho" com quem mantinha uma relação de respeito, mas não de amizade, e que sabia ser o oposto de Hig, deixando de lado a sensibilidade e a esperança e sabendo "matar primeiro, perguntar depois". O que se poderia esperar em uma realidade como essa, sem esperança? Hig acreditava estar sonhando.
"Não se pode metabolizar a perda.
Ela está nas células do rosto, no peito, atrás dos olhos, nas entranhas.
Músculos, tendão, ossos. É você inteiro." (p. 151)
Na Companhia das Estrelas, de Peter Heller, é narrado em primeira pessoa por Hig, e estruturado de maneira inesperada: a impressão é mesmo de se ter a história contada pelos miolos cozidos de Hig. Pensamentos desconexos e incompletos, sem ordem preestabelecida, conversas sem marcação que poderiam estar acontecendo apenas na mente dele e muitas descrições de lugares e paisagens. Hig não tem muito do que falar sobre o presente, a não ser seus poucos contatos com Bangley e dos lugares que avista voando com a Fera, e grande parte do que conta são lembranças - de como era o mundo, como era seu casamento, como era estar esperando um filho que nunca nasceu. O livro tem uma estrutura confusa no começo, mas quando se compreende a esquematização, a narrativa se torna até mais interessante pelo modo como é feita. É diferente, solitário e humano.
"No início havia o Medo. Não tanto pela gripe até aquele momento, naquela época eu caminhava, falava. Não falava tanto, mas eram os sons do corpo - e da mente, você que o diga. Duas semanas inteiras de febre, três dias entre 40ºC a 40,6ºC, sei que cozinhou meus miolos. [...]
Não quero ficar confuso: estamos há nove anos assim. A gripe matou quase todos, depois a doença sanguínea matou mais. Os que sobraram são na maioria Nada Legais. É por isso que vivemos aqui na planície, por isso faço a patrulha todos os dias." (p. 16)
As lembranças de sua mulher, Melissa, assaltam Hig a todo tempo. É bonito ver o amor que ele mantém por aquela com quem dividiu planos, mas é triste, por sabermos que ele não seguiu em frente principalmente porque não tinha como fazer isso.
"Isso tem cheiro de quê? Alegrias.
E o cheiro é sempre o cheiro em si, e a lembrança também, não sei por quê." (p. 132)
Tanta solidão é bem transmitida durante o texto, mas isso acaba ficando cansativo. Algumas poucas cenas de ação e uma ou outra surpresa dão um toque mais dinâmico à história e agradam, mas em geral trata-se dos pensamentos mais comuns do dia a dia de um homem que vive quase sozinho, o que ele vê e o que sente. A vantagem é que tantos pensamentos trazem grandes reflexões aos leitores.
Em geral, eu gostei muito da história. Acho que esperava algo diferente, mais teorias, mais explicações, mais ações e soluções. Algumas coisas ficaram vagas, outras incompletas, mas isso não me deixou frustrada. O livro se difere bastante dos pós-apocalípticos que tenho lido, e isso não foi exatamente ruim. Não é uma leitura surpreendente, mas fala de esperança, de outras chances e também de amor. Traz uma mensagem bonita, pois se Hig consegue mudar um pouco à sua volta, talvez também possamos melhorar o que temos hoje.
Sinopse: Em um mundo devastado pela doença, Hig conseguiu escapar à gripe que matou todo mundo que ele conhecia. Sua esposa e seus amigos estão mortos, e ele sobrevive no hangar de um pequeno aeroporto abandonado com seu cachorro, Jasper, e um único vizinho, que odeia a humanidade, ou o que restou dela.Mas Hig não perde as esperanças. Enquanto sobrevoa a cidade em um avião dos anos 1950, ele s...