- Ruby... - ele começou e eu tive medo do que viria daquele momento em diante. - Você não deve se sentir culpada... - ele tocou meu rosto com um carinho que eu não esperava. - Isso faz parte de você...
- Não! Isso não é o que eu sou! - eu disse me olhando no espelho do carro. A boca manchada com o sangue de outro ser. - Um mostro! É nisso que me tornei! Um monstro!
A mão dele roçou pelos meus cabelos e com um pequeno lenço de algodão o vampiro ao meu lado limpou meus lábios.
- Você gostou, não gostou? [...] Se você sente tanto prazer provando o sangue de um morto-vivo como eu, o que irá sentir ao beber de um corpo vivo? (pág. 49)
Ruby tinha um pouco mais de vinte anos e vivia como qualquer garota normal; não havia sinais em sua vida que indicassem algo fora do comum. Após um incidente, contudo, um outro lado de sua natureza começa a se manifestar: poderes sobrenaturais e sede por sangue.
Ruby se vê, então, envolvida numa rede de intrigas e luta pelo poder relacionadas a duas grandes organizações e dois homens sedutores: a Real Corpus, que tinha Aaron como líder, e a Dom Sacres, liderada por Stéfano.
Para a proteção de pessoas inocentes e daqueles que amava, Ruby tinha de deixar tudo o que conhecia para trás e mergulhar de cabeça nesse mundo novo e sombrio, devendo tomar partido de um dos lados nessa guerra, lados que mantinham em comum apenas um objetivo: o sangue de Ruby.
Redenção, de Lívia Lorena, indiscutivelmente tem uma proposta ótima e original, com uma nova perspectiva referente ao mundo vampírico. Ruby não é uma vampira comum, já que é a única que pode sair à luz do sol, e isso se dá por manter, de alguma forma, sua humanidade. Os homens que buscam por ela, Aaron e Stéfano, são apaixonados e devotados, e ela, assim como nós, estranha as origens desses sentimentos. E é nesse ponto que a autora faz um vínculo com o passado para explicar determinadas razões.
A narrativa de Lívia Lorena é bem desenvolvida e se prende a detalhes, da forma que normalmente agrada. Lendo os capítulos, consegue-se montar um bom perfil de cada personagem e desenhar uma ambientação, coisa que falta em algumas obras. Descrita em primeiro pessoa na visão de Ruby, a escrita peca apenas pelo uso repetido de algumas expressões que poderiam ter sido substituídas por sinônimos para que o texto se tornasse mais agradável.
Mas o grande problema da história foi o desenvolvimento do enredo em si. Acho que umas 200 páginas a menos deixaria a história perfeita, já que a impressão era que estava lendo os mesmos pensamentos de Ruby várias vezes, além da interminável indecisão da garota para tomar uma atitude, primeiro sobre assumir ou não sua nova condição, depois sobre tomar um partido na batalha e, por fim, sobre dar ou não seu sangue. Claro que isso poderia ser natural, já que era tudo novo para a personagem, mas esses detalhes permeiam todos os demais acontecimentos do livro e cansam. Como disse antes, a história é boa, mas o desenvolvimento fica arrastado por conta destes últimos detalhes, e demorei quase duas semanas para terminar a leitura. Os últimos capítulos, contudo, compensam um pouco, já que os acontecimentos são mais rápidos e bastante inesperados.
Um detalhe que me agradou foi o enredo ter se passado no Brasil: nada como ler um livro em que conseguimos nos ambientar, não apenas ficar imaginando, e é isso que mais adoro nos autores nacionais.
A diagramação do livro é bonita, a capa tem muita relação com a história, e a editora tem se superado na formatação, que é simples, mas perfeita. Percebi alguns errinhos de pontuação e concordância, mas nada que atrapalhasse muito.
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- Ruby... - ele começou e eu tive medo do que viria daquele momento em diante. - Você não deve se sentir culpada... - ele tocou meu rosto com um carinho que eu não esperava. - Isso faz parte de você...
- Não! Isso não é o que eu sou! - eu disse me olhando no espelho do carro. A boca manchada com o sangue de outro ser. - Um mostro! É nisso que me tornei! Um monstro!
A mão dele roçou pelos me...