Fazendo Meu Filme 1 - Paula Pimenta

“Eu poderia ter dito que ele estava distorcendo as coisas. Que eu não estava nem aí para ele, que, por mim, ele poderia andar com quem ele bem entendesse, que podia até namorar aquela vaca da Vanessa se ele quisesse [...]. Mais do que isso, eu quis dizer para ele que o fato de eu fazer intercâmbio não significa que não seremos mais amigos. Que distância nenhuma iria diminuir uma amizade como a nossa. 

Mas eu não falei nada disso. Eu simplesmente desliguei o telefone. Na cara dele.” (p. 75)

Existem livros que nos conquistam não apenas porque são bem escritos, nem porque nos envolvem completamente; alguns livros parecem refletir um pouco de nós mesmos, uma parte de nossa essência, algo que somos ou que fomos e, por isso, tomam um espaço especial em nossos corações. Fazendo meu filme, de Paula Pimenta, se encaixou nessa categoria e conquistou um pedacinho especial de mim.

Estefânia (ops, Fani!) está no segundo ano do ensino médio, em um novo colégio, onde encontrou amigos mais do que especiais: Natália, Gabi, Rodrigo, Priscila e Leo fazem parte do seu dia a dia e tornam sua vida mais fácil. Sua paixão por filmes é conhecida por todos, e o melhor programa que poderia existir, em sua opinião, é ficar em casa, com seus filmes e amigos.

Com sua timidez beirando o absurdo e uma baixíssima autoestima, Fani não consegue enxergar que seu melhor amigo, Leo, sempre foi apaixonado por ela, e perde seu tempo em uma paixão platônica pelo professor de biologia, Marquinho. Agora, com uma oportunidade única em mãos de fazer um intercâmbio e passar o próximo ano fora do país, algumas coisas começam a mudar totalmente na vida de Fani. Algumas decisões precisam ser tomadas e passos importantes que refletirão por todo o futuro da garota precisam ser dados – ou não.

A protagonista de Fazendo Meu Filme 1 – A estréia de Fani, escrito por Paula Pimenta, trouxe de volta sensações que eu não sentia há alguns anos, permitindo relembrar alguns dos melhores momentos da minha vida. Como é gostosa aquela fase da adolescência que você redescobre, a cada dia, a si mesma e a todos que estão ao seu redor, vive o primeiro amor, sonha com um futuro que não deixa nem pistas ainda de como será.

Paula Pimenta soube como criar um personagem na idade certa. Deixem-me explicar: Fani tem 16 anos, vive e pensa como alguém nessa idade, sofre com as ansiedades e os medos mais comuns nessa etapa da vida, e Paula soube como colocar tudo isso de uma forma sutil, sem precisar jogar de bandeja e estragar a graça que tem de descobrir durante a leitura. Também fugiu do estereotipo da adolescente chata e que só sabe reclamar, como vemos tanto em livros. E isso não acontece apenas com a protagonista, mas com todos os personagens da história, fazendo de cada um deles completo e especial.

A escrita simples de Paula não deixa de enriquecer a trama, já que consegue alcançar desde as meninas na fase de pré-adolescência até aquelas que já passaram por esse período conturbado da vida, assim como eu. Ainda mais quando usa alguns recursos tecnológicos para embalar os acontecimentos, que fugiriam muito do real, caso não fossem utilizados.

A identificação que tive com Fani (quando tinha a idade dela) foi tão intensa que tive até medo de ter os mesmos defeitos que ela, rsrs. Algumas coisas não são realmente semelhantes, é claro, mas as situações em nossas vidas foram parecidas, e na mesma época. E o Leo é o tipo de garoto que eu gostaria de ter conhecido, até sofrer por ele teria me feito feliz.

Talvez eu não tenha sido tão objetiva nesta resenha quanto sou normalmente, mas não havia como escrever outra coisa senão exatamente o que senti. Eu ri e chorei, e me apaixonei, e corri para ler Fazendo Meu Filme 2 – Fani na terra da Rainha.