Meu Romeu - Leisa Rayven

Sinopse: Cassie está prestes a realizar o grande sonho: estrelar um espetáculo na Broadway. O que ela não esperava era ter que enfrentar o reencontro com o ex-namorado, que será novamente protagonista ao seu lado, em uma peça cheia de romance e cenas quentes. Trabalhar com Ethan traz o passado à tona, e lembra a Cassie que o que existe entre eles vai muito além de simples química. (Skoob)

RAYVEN, Leisa. Meu Romeu. Starcrossed #1. São Paulo: Globo Livros, 2015.

Em um raro dia de sorte na minha vida, ganhei em uma promoção do Skoob e da Globo Alt no Facebook um kit com os dois livros Meu Romeu e Minha Julieta, de Leisa Rayven. Como eu quase não compro livros, por ter muitos nas estante parados e receber alguns de parceria, foi legal ter algo diferente para ler, ainda mais por ser new adult, um gênero que eu adoro. Só que eu não tinha qualquer expectativa com Meu Romeu e não estava nem um pouco preparada para ele.

Racionalmente falando, o livro é um lixo. Não me odeiem por dizer isso e leiam a resenha até o final, para que possam entender o que eu quero dizer. Mas é ruim porque ele, em tese, não poderia convencer. A protagonista, Cassie, é uma fraca que só quer agradar os outros; Ethan, par romântico dela, é egoísta e sem noção, problemático que tem tanto medo de sofrer que sofre exatamente por causa disso. Ademais, qual o cara no mundo que sente uma atração imensa por uma mulher, que quer fazer sexo com ele, e evita que isso aconteça? Ou, fala sério, qual o cara que não dorme com mulher nenhuma por anos porque não é a mulher que ele "ama"? Claro que isso é fofo e tudo o mais, mas "aham, senta lá Cláudia". Além disso, Cassie demonstra estar bastante magoada, mas não dificulta tanto assim as coisas para Ethan, o que não é lá muito convincente. Por último, a linguagem do livro é bastante jovial, incluindo todos os palavrões que isso implica.

O livro é cheio de coisas ilógicas e irreais. Mas vamos mesmo ser sinceros: quem liga para lógica?

Meu Romeu não é uma história para ser lida com racionalidade, é para ser lida com a emoção. Comecei a leitura sem qualquer proteção e terminei o livro destroçada, devastada, apaixonada. Existe algo na escrita de Leisa Rayven que envolve o leitor, conecta-o com os personagens e não há lógica nenhuma que quebre essa ligação. Por conta disso, você só para para pensar nos "furos" da história quando ela termina, porque durante a leitura, nada importa a não ser aquela relação que está sendo construída - e desconstruída - diante de seus olhos.

"Paro do outro lado da porta.

Consigo fazer isso. Consigo vê-lo e não desmoronar.

Sei que consigo.

Suspiro e pressiono a testa contra a parede.

Quem diabos estou enganando?

Sim, claro, posso fazer uma peça romântica com o ex-namorado que partiu meu coração não uma, mas duas vezes. Sem problemas."

O livro alterna entre presente e passado e mostra, por um lado, a relação de Cassie e Ethan quando se conheceram e se apaixonaram na faculdade de artes e, por outro, o reencontro deles como protagonistas de uma peça da Broadway e toda a mágoa que Cassie ainda sente por Ethan tê-la abandonado. Não se sabe, no começo da história, o que aconteceu para que ela guardasse tanto rancor, mas enquanto os trechos no passado contam os acontecimentos que levaram a esse desenlace, Ethan tenta reconquistar a confiança de Cassie no presente e mostrar que eles ainda podem ser felizes juntos.

Gostei muito mais das partes do passado do que do presente. Elas eram muito mais extensas que os trechos mais atuais, e mais intensas também. Toda a enxurrada de sentimentos que Cassie e Ethan sentiam transborda para o leitor, então é fácil se apaixonar junto com os personagens.

Além disso, a autora conseguiu ilustrar muito bem como aquele relacionamento do passado refletiu na personalidade atual dos protagonistas. Ambos mudaram muito, isso fica nítido, e em alguns momentos parece até que, com o passar do tempo, inverteram seus papéis naquele relacionamento. Claro que, com o decorrer do livro, sabemos o porquê.

"- Sabe, quando implorei ao Marco por esse papel, eu não tinha nem ideia do roteiro, eu não dei a mínima para o papel, a condição era estarmos no palco juntos. Então te vi pela primeira vez em vários anos e... nosso passado todo voltou imediatamente. O que eu sentia quando estava perto de você. Como você podia me enlouquecer com um único olhar. Eu esperava que quando você me visse você se lembrasse dos bons tempos também. Que sentisse a minha falta como eu sentia a sua. Mas você estava tão irritada...

- Eu tinha motivos para estar."

Eu me diverti bastante com a leitura do livro. Os amigos dos protagonistas na faculdade são hilários, especialmente Jack, e as gargalhadas surgem nos momentos mais inusitados. Outro aspecto que me agradou foram as referências às técnicas de atuação. Já fiz teatro em alguns momentos da minha vida, e me lembrar dessa sensação pelas experiências dos personagens é incrível.

A história de Meu Romeu de vez em quando volta à mente do leitor, com as perguntas que não foram respondidas, então é bem frustrante para aqueles que não podem ler logo o segundo livro. O final deste volume não conta tudo, a pausa é feita em um momento essencial, e ainda não se sabe como Ethan magoou tanto sua Julieta.

Por isso tudo, apesar de ter diversos aspectos que poderiam destruir a credibilidade do livro, Meu Romeu é apaixonante e arrebatador, e me fez correr para a leitura de Minha Julieta.