“J,
Estava falando sério outro dia. Odeio você. Queria que fosse diferente, mas não é.
E saber disso – Julia, saber disso torna tudo ainda muito pior. Odeio você por morrer. [...]
Sinto sua falta o tempo todo; como você aplicava henna no seu cabelo porque era terça-feira, como você ria e dizia, “Dez, sua tonta”, quando eu falava alguma besteira, como você sempre sabia, de alguma forma, quando eu precisava de um saco de batatas temperadas da máquina no corredor para enfrentar as últimas aulas no colégio, mas nos últimos dias tenho sentido tanta saudade que é como se sentir saudade resumisse quem sou.” (p. 151)
SCOTT, Elizabeth. Te amo, te odeio, sinto tua falta. Baependi, MG: Editora Underworld, 2011. 180 p.
Amy perdeu sua melhor amiga, Julia, e sua marcação de tempo não pode ser feita de outro modo, senão pelos dias desde que ela se foi. Depois de uma temporada de tratamento em Pinewood, Amy precisa retomar sua rotina, mas algumas coisas são quase insuportáveis sem Julia. Além disso, seus pais parecem querer fazer parte de sua vida como nunca tentaram antes, dando a ela a importância que sempre quis, mas que agora não fazia diferença.
A ideia que tinha de Te Amo, Te Odeio, Sinto tua Falta, de Elizabeth Scott, era bastante diferente do que o livro realmente é, mas não consigo valorar de forma positiva ou negativa essas divergências. Com um toque melancólico, a narrativa é feita em primeira pessoa por Amy, de duas formas diferentes: com foco em seu dia a dia, mas alternando para seus pensamentos mais introspectivos quando ela escrevia cartas destinadas a Julia.
A história traz uma mensagem sobre a amizade, sobre as escolhas e as responsabilidades. Ao abordar o acidente de Julia, a autora demonstra que todos têm seu peso sobre os acontecimentos, inclusive as “vítimas”, e não se pode incumbir apenas uma pessoa de todas as culpas. O livro aborda ainda as formas de seguir em frente, sem necessariamente esquecer, mas buscar uma nova maneira que seja melhor.
Sobre minhas impressões mais pessoais, exasperou-me a imaturidade das personagens. Elas são mostradas na fase da adolescência, com os erros e acertos desse momento. Há, então, muita paquera, drogas e bebidas. Quanto a esses aspectos, a autora tentou não fazer nenhum juízo de valor, mas por isso constavam com uma banalidade que me incomodou.
Enquanto Amy lembrava o passado e a forma como Julia tornava tudo mais fácil e “legal”, ela também começava a reaprender a construir novos rumos. Amy desenvolveu algum tipo de dependência do apoio da amiga antes do acidente, tanto que não se falou de nenhum outro contato social que não fosse superficial. Era quase uma submissão, mesmo que Amy não percebesse, e isso parecia doentio. Aos poucos, contudo, depois de muito sofrimento, a garota demonstra que consegue transformar esse sentimento e viver por si.
Também de um jeito sombrio, Patrick era um garoto sensível e fofo, e sua alma e tristeza pareciam ser um espelho do que sentia Amy. As dores de cada um, e dos dois juntos, deu delicadeza aos sentimentos que se desenvolveram, de maneira tão sutil que o relacionamento quase não se desenvolveu – por mais paradoxo que isso pareça.
Talvez eu não tenha conseguido admirar toda a beleza do texto, mas uma história que poderia ter sido linda se tornou, para mim, indiferente. Foi uma leitura rápida, com contribuição da linguagem utilizada pela autora, mas infelizmente passou longe dos favoritos.
Sobre minhas impressões mais pessoais, exasperou-me a imaturidade das personagens. Elas são mostradas na fase da adolescência, com os erros e acertos desse momento. Há, então, muita paquera, drogas e bebidas. Quanto a esses aspectos, a autora tentou não fazer nenhum juízo de valor, mas por isso constavam com uma banalidade que me incomodou.
Enquanto Amy lembrava o passado e a forma como Julia tornava tudo mais fácil e “legal”, ela também começava a reaprender a construir novos rumos. Amy desenvolveu algum tipo de dependência do apoio da amiga antes do acidente, tanto que não se falou de nenhum outro contato social que não fosse superficial. Era quase uma submissão, mesmo que Amy não percebesse, e isso parecia doentio. Aos poucos, contudo, depois de muito sofrimento, a garota demonstra que consegue transformar esse sentimento e viver por si.
Também de um jeito sombrio, Patrick era um garoto sensível e fofo, e sua alma e tristeza pareciam ser um espelho do que sentia Amy. As dores de cada um, e dos dois juntos, deu delicadeza aos sentimentos que se desenvolveram, de maneira tão sutil que o relacionamento quase não se desenvolveu – por mais paradoxo que isso pareça.
Talvez eu não tenha conseguido admirar toda a beleza do texto, mas uma história que poderia ter sido linda se tornou, para mim, indiferente. Foi uma leitura rápida, com contribuição da linguagem utilizada pela autora, mas infelizmente passou longe dos favoritos.