TRIGUEIRO, Marcel. O próximo alvo. Editora Bookmakers, 2013. 462 p.Sinopse: Quando o medo é usado como arma, o pânico paralisa o alvo como uma teia de aranha que imobiliza as presas nos últimos segundos de suas existências. Daí em diante, dar cabo de uma vida torna-se algo elementar.A cidade do Rio de Janeiro já experimentou o clima de terror no final do ano de 2010, com carros e ônibus sendo incendiados durante madrugadas em sequência. Agora, um clima similar instala-se na cidade, mas desta vez os alvos têm nome e sobrenome. Centenas de milhares de pessoas são progressivamente ameaçadas por terroristas que parecem saber todos os detalhes de suas vidas, sendo algumas delas covardemente assassinadas, numa demonstração de que qualquer um pode morrer.Matheus Erming é o especialista em Computação Forense responsável por investigar os computadores usados pelas vítimas e por descobrir como detalhes de suas rotinas diárias, relações de parentesco e de amizade foram obtidas pelos perpetradores dos ataques. As perícias são o ponto de partida de uma perseguição não apenas cibernética, que toca nas mais baixas esferas do crime organizado e segue em busca da raiz do caos na cidade. No decorrer dessa busca, a segurança da família do próprio Matheus também acaba sendo posta em risco. Quando isso acontece, ele sabe que só tem uma escolha: seguir em frente, a qualquer custo. (Skoob)
Matheus Erming, perito da Polícia Federal, especialista em Computação Forense, estava encarregado dessa investigação. Mas as coisas não eram tão fáceis quando as investigações saíam de seu campo de investigação, ao tempo em que a ameaça começava a se aproximar, e mesmo sua família, a quilômetros de distância, poderia estar em perigo.
Quando recebi um e-mail de Marcel Trigueiro perguntando se eu estaria interessada em ler e resenhar seu primeiro livro, O Próximo Alvo, logo aceitei. Há tempos venho me surpreendendo com os autores brasileiros que tenho lido e percebendo o potencial que tantos leitores ainda resistem em apreciar. Tenho inúmeros exemplos a serem citados de livros nacionais bem escritos e amarrados e que conseguem agradar o público para o qual são voltados. E, felizmente, a obra de Marcel é um deles.
Na corrida incessante dos personagens para acabar com os atos de terror, o autor conseguiu inserir diversos temas que raramente conseguem ser bem colocados em uma trama, o que certamente exigiu conhecimento técnico e alguma pesquisa. Grande parte da investigação, por exemplo, se baseava em computação forense, tema complicado do qual poucos entendem. Mas não pense que, por não conhecer de tecnologia, não será possível compreender o que se passa na história. Há explicações e exemplos, tudo com uma linguagem bem simples e acessível.
Outro cuidado que o autor teve foi o uso, nessa investigação, de quase todos os órgãos disponíveis do Estado, principalmente os de Polícia e do Judiciário, que obrigatoriamente seriam acionados, se o caso fosse real. Como um dos meus objetos de estudo na faculdade são as funções desses órgãos, um livro – para mim – pode se perder se não souber citar corretamente a responsabilidade de cada um deles, já que parece precipitado citar alguma coisa sobre a qual não se conhece realmente. Tal cuidado prova que o autor se informou para montar sua obra.
Além disso, é sempre fantástico ver cenários nacionais em obras literárias, e Marcel conseguiu se aproveitar bem desses recursos. O Rio de Janeiro, de uma forma ou de outra, foi citado e “visitado” por todos os cantos, assim como alguns outros estados também.
O romance policial é narrado em terceira pessoa, o que permite que os leitores tenham a impressão de que veem a cena de fora, com uma percepção mais ampla. Ao mesmo tempo, a narrativa não perde o foco dos personagens centrais da cena, inclusive em seu íntimo, especialmente em relação a Matheus, o protagonista da história. Essa inserção psicológica, contudo, não permitiu grande aproximação com o personagem, possivelmente por ele ser lógico até mesmo quando trata de seus sentimentos. A exceção, neste caso, talvez fosse Luana, única que conseguia despertar nele alguma coisa parecida com paixão.
De maneira geral, a história teve um fluxo ótimo, com as pistas e acontecimentos interligados, de modo que fazia sentido. A amarração foi condizente, seguindo uma sequência lógica. O autor também conseguiu inserir um grande número de personagens sem se perder, tendo todos sua importância no contexto. Isso, sem contar a escrita envolvente, que eu não diria ser de um autor iniciante, se não soubesse.
O único ponto falho, em minha opinião, foi o ritmo dos acontecimentos. O início e o fim foram bem dosados, mas em algum ponto na metade do livro, em alguns capítulos específicos, mais longos, havia pouca ação, muita investigação interna e vários detalhes técnicos que deixaram a leitura um pouco mais cansativa e lenta. Nada que fizesse querer abandonar o livro, somente não rendia tanto. Depois, quase sem perceber, a história voltou ao seu fôlego inicial, e levou a um final quase surpreendente – quase, pois algo me “sussurrou” sobre quem seria o responsável por tudo aquilo, e acertei –, fechando o enredo de forma satisfatória.
Quem sabe esse primeiro livro não leve a uma daquelas séries de detetive com romances independentes – e cem por cento nacional? Eu leria, com certeza.
Oie Ju
ResponderExcluirfinalmente autores brasileiros utilizando nossos cenários \o yes. Ponto mais do que positivo que me levou a ter curiosidade pelo livro, ainda mais eu sendo uma amante de livros de investigação. Pena que o ritmo decaiu na metade do livro :(
bjos
Oi Jacque, o ritmo diminui, mas não é aquele tipo que não dá mais vontade de ler. Vale a pena conferir.
Excluirhum...interessante.é difícil a gente encontrar um livro nacional bem articulado e é o que me pareceu O Próximo Alvo.o autor foi bem corajoso ao se arriscar em um tema que tem o risco de cair na mesmice,mas conseguiu surpreender. é até compreensível que certas partes sejam cansativas,ter que explicar termos,tecnologias... eu não conhecia o autor, achei bacana ele ambientar uma história de terrorismo,investigações em solo nacional. vou marcar no meu skoob e procurar saber mais sobre autor e o livro.gostei mesmo =) Parabéns pela resenha Ju!
ResponderExcluirOi Ana, que bom que ficou interessada. Se tiver oportunidade, leia! Tem promoção no ar, já, viu?
ExcluirÉ um tema que não é muito explorado hoje em dia por aqui né, e precisa ter muito conhecimento de causa para não cair em contradição, por isso acho que já vale a leitura.
ResponderExcluirMichelle Boyd
The Little Things
É sim, o autor foi um tanto ousado, mas ficou bem construído.
ExcluirOie Ju =D
ResponderExcluirNão conhecia o livro e nem o autor. Na verdade confesso que esse ano, eu não li nenhum livro nacional ainda (shame).
Gosto de livros investigativos, desde que eles não sejam muito óbvios é claro. Esse parace ser legal.
Vou anotar a dica aqui!
Beijos e um ótima semana;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Ai Ane, como não leu nenhum? rsrs Corre, que os nacionais estão arrasando!
ExcluirAnota a dica sim, não é muito óbvio, não.
Oi Julinha, realmente, mtos autores nacionais tem nos surpreendido, né?
ResponderExcluirEsse parece mesmo ser um policial daqueles de tirar o folego, o problema é que não sou mto fã de policiais hehehe leio de vez em quando.
Sucesso pro autor.
Beijos :*
rsrs, que pena Rapha. Mas se puder, aproveite ;)
ExcluirAdorei esse romance policial. Sua resenha me deixou satisfeita e muito curiosa com a história. Vou adorar ler. Beijos.
ResponderExcluirOi Beth, que bom que gostou. Boa sorte na promoção ;)
ExcluirUm tema não muito explorado e autores brasileiros usando o senário brasileiro u.u gostei.
ResponderExcluirBom dia Julia,
ResponderExcluirMais um livro que fico conhecendo aqui no seu blog, gosto muito do estilo de leitura e apesar do ritmo diminuir na leitura creio que o livro seja muito bom....fiquei curioso....parabéns pela sua resenha....abraços.
devoradordeletras.blogspot.com.br
Oi Marco, é bom a gente variar um pouco, né? rsrs Eu sempre descubro coisas novas e diferentes, e não me decepciono.
ExcluirEu adoro livros nacionais, e bacana desse é o autor usar o Rio como cenário principal, isso prometo uma história bem bacana e cheia de tensão!
ResponderExcluirAté porque é muito mais facíl associar os lugares já conhecendo o lugar, eu simplesmnete achei incrível!
Vou ler ele asism que possível com toda certeza!
Sobre sue comentário no meu blog, qual livro do Neil Gaiman você tem? :)
Beijos
http://tamigarotaindecisa.blogspot.com.br/
Também adoro quando os autores aproveitam os cenários daqui, é ainda melhor.
ExcluirNão conhecia o livro, mas fiquei mega intrigada porque além da história parecer ser bem legal, eu nunca li livros desse gênero de autores nacionais.
ResponderExcluirBeijos
http://palavrasdeumlivro.blogspot.com.br/
rsrs, eu já tinha lido outro assim escrito por um autor nacional, mas esse foi melhor.
ExcluirOi Júlia que legal que esse é um filme brasileiro que se passa no Brasil (já vi alguns que mesclam ou que se passam em outros lugares). Gosto bastante do seu blog por sempre ter livros nacionais que geralmente nunca tinha visto. Esse é um exemplo.
ResponderExcluirA história parece ser ótima e com um enredo bastante envolvente. É normal livro de investigação em alguns momentos ter bastante detalhes e pouca ação. É a parte investigativa. Que bom que não foi algo que perdurou por muito tempo nem atrapalhou a leitura.
Preciso ler mais livros nacionais e esse é uma ótima dica.
Beijos
Caline - Mundo de Papel
Oi Caline, acho importante a gente conhecer quem é daqui, e adoro quando tenho oportunidade de ler livros nacionais. O espaço deles aqui no blog é mesmo bem grande, aproveito todas as oportunidades que posso.
ExcluirBeijos
Adoro estar por dentro do que é produzido pelos brasileiros. Creio mesmo que precisamos de divulgação!
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