O que você faria se o mundo lá fora fosse fatal, se o ar que respira pudesse matá-lo? E se vivesse confinado em um lugar em que cada nascimento precisa ser precedido por uma morte, e uma escolha errada pode significar o fim de toda a humanidade? Essa é a história de Juliette. Esse é o mundo do Silo. Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras. Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo. Um crime cuja punição é simples e mortal. Elas são levadas para o lado de fora. Juliette é uma dessas pessoas. E talvez seja a última.
Silo - Hugh Howey
Arquivado em: Editora Intrínseca, resenhas
HOWEY, Hugh. Silo. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. 512 p.
“[...] As coisas estavam mal, de alto a baixo. Um grande conjunto de engrenagens tinha saído do lugar. Dava para ouvir o barulho da semana anterior, as batidas e o clangor, a máquina saindo com um ronco de seus suportes e deixando mortos em seu rastro. E Juliette era a única que ouvia o barulho. Era a única que sabia do problema, mas não sabia em quem podia confiar para ajudá-la a resolvê-lo.” (p. 187)
O futuro distópico descrito em Silo, escrito por Hugh Howey, é apresentado aos poucos aos leitores, que descobrem os elementos mais importantes no decorrer da história, junto com os personagens. Essa formatação, quase como uma ampulheta, foi uma contribuição positiva para a narrativa, por ditar o ritmo da leitura e, principalmente, por mostrar informações para que déssemos um sentido para elas e, no momento seguinte, percebermos que estávamos errados. Construído entremeado por essas reviravoltas, o livro atiça a curiosidade e instiga a descobrir em que está dissimulada a verdadeira natureza do Silo, cuja realidade se mostra um pouco mais a cada capítulo. É fascinante descobri-la assim, aos poucos, mas frustrante ao mesmo tempo, por termos que desfazer todas as conclusões a que chegamos quase sempre, porque o autor simplesmente desviou o foco e nos fez chegar às conclusões erradas.
Os personagens criados por Howey são complexos, inteiros, humanos. Eles são inconstantes e nos fazem ter opiniões conflitantes sobre eles. Ainda assim, é difícil não se envolver por cada um, não compreender suas atitudes, sejam elas certas ou erradas. Nem um deles é bom ou mau, apenas age certo ou errado em alguns momentos. Podemos conhecê-los inteiramente pela divisão criada por Howey: há diversos núcleos, que aparecem mais ou menos conforme a divisão do próprio livro, que é separado em partes. A narrativa é sempre em terceira pessoa, mas sempre pelo ponto de vista de um único personagem.
"Melhor se unir a um fantasma do que se assombrado por ele. Melhor não ter vida do que ter uma vida vazia..." (p. 112)
O único problema a ser citado na obra, que advém dessa mesma estrutura do texto, é que a escrita é detalhista ao extremo, fazendo comparações e descrevendo os mínimos detalhes de qualquer ação realizada pelos personagens, o que torna o texto extenso e, por vezes, cansativo. Não que seja chato, pois a linguagem utilizada pelo autor permite filosofar sobre as coisas mais simples; apenas desnecessário: não era preciso mais de um parágrafo ou dois para contar sobre subidas e descidas pelas escadas do Silo, por exemplo, mas o autor se prende nas minúcias. O livro, por isso, se torna demasiado longo para não muitos acontecimentos.
Ainda assim, a obra tem sua originalidade e não peca nas explicações. Ela dá as que são essenciais, apenas para tornar o funcionamento do Silo e a vida dos envolvidos crível, sem se aprofundar muito. Acredito que seja porque o próximo volume, aparentemente, contará como tudo teve início, esclarecendo o que ficou em suspenso em Silo.
Ju
Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.
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ResponderExcluirOie Ju =)
ResponderExcluirEssa é a primeira resenha que leio desse livro e não imaginava que era uma distopia.
Mas infelizmente a história que infelizmente não me chama a atenção =(
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Olá!
ResponderExcluirAssim como a Ane Reis disse: eu não sabia que esse livro é uma distopia! Achei que esse tema já tinha saído de moda haha
Adoro o tema, mas pelo que você falou o livro entra em um dos tópicos que mais detesto, o "descritivo demais". Mas ainda assim eu estou bem curiosa sobre a história! Quem sabe mais pra frente eu não dou uma chance pra "Silo" (:
Beijos
Ellen
http://landofsomething.com/
ah, eu gosto de minúcias, livros detalhistas e talz xD
ResponderExcluirmas pela história dele, acho que não leria...
bjs, flor. ^^
http://torporniilista.blogspot.com.br/
Oi, Julia!
ResponderExcluirGanhei esse livro na turnê Intrínseca desse ano, e fiquei bem curiosa pela sua história. A única coisa que, admito, me deixou com um pé atrás foi o fato de ser uma série - as continuações geralmente demoram pra lançar, e a gente acaba esquecendo um pouco da história. Não gosto muito quando o autor se detêm em minúcias e explica incansavelmente os menores detalhes, mas se a escrita é boa, podemos dar um ponto a favor pra ele!
Espero que, quando ler, consiga absorver tudo isso que você descreveu sobre a narrativa.
Adorei sua resenha.
não sou muito fã de distopias, mas gosto de ver como um autor costura sua história de uma maneira plausível. com personagens de dilemas verdadeiros e humanos. lendo a resenha, dá pra sentir que o autor foi coerente. achei a capa ótima, passa uma tom de suspense mesmo. faz tempo que tô de olho nele =D
ResponderExcluirOi Ju! Eu fiquei interessada no livro por ser uma distopia, mas confesso que neste tipo de trama, prefiro algo mais ágil, estes pormenores tendem a quebrar o ritmo, deixando o texto mais lento, e como você citou, algumas vezes cansativo. Mesmo assim, ainda tenho vontade de ler.
ResponderExcluirBjos!!!
Oi Ju*
ResponderExcluirO tema deste livro é instigante e curioso. Fiquei com vontade de ler.
Beijos
Oi Julia!
ResponderExcluirNão conhecia esse livro! E não consigo me imaginar vivendo dentro de um silo, só de pensar já me sinto sufocada!
Eu não curto narrativas detalhistas demais, acho que fica cansativo. Apesar da história parecer interessante, não sei se gostaria da narrativa.
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Oi Júlia, tudo bem?
ResponderExcluirNão conhecia o livro, e depois de ler sua resenha achei bem interessante. Confesso que livros detalhistas ao extremo não me agradam muito, mas pela premissa arriscaria a leitura com certeza. Ótima resenha.
Abraços,
Amanda Almeida
Você é o que lê
Olá.
ResponderExcluirÓtima resenha. Eu tenho vontade de ler esse livro, só não sei se iria gostar UAHSUAHSU Espero ter a oportunidade de ler para tentar tirar a prova. Esse lance de muita descrição é tão chato, a leitura fica arrastada, né? Mas acho que mesmo assim eu até arriscaria, acho UAHSUAHS
Beijos, Vanessa.
This Adorable Thing
http://thisadorablething.blogspot.com.br/
Oi Júlia
ResponderExcluirNão imaginava que esse livro era uma distopia.
Não curto livros que se excedem na narrativa, ainda que você diga que não se torna chato, acredito que eu não teria paciência e acharia chato, rsrsrs.
Gosto de narrativas dinâmicas, e que detalham apenas aquilo que é realmente necessário.
Acho que não arriscaria.
Beijos
Mundo de Papel
Ei Júlia
ResponderExcluirEstá em casa aguardando, eu adoro destopia e espero gostar, vi comentários bem positivos. Eu também não gosto de narrativas tão lentas e detalhistas, vamos ver rs.
bjs
Oi, Ju! Tenho certo interesse em Silo, saber que a história é original e tem uma escrita interessante me anima, apesar de já ter lido alguns comentários bem negativos. Vou te confessar que não gosto nem um pouco de narrativas excessivamente descritivas, mas mesmo assim pretendo dar uma chance à leitura.
ResponderExcluirBeijão
Que sinopse tensa! Não me sentia assim, apreensiva, desde que li A Passagem- Justin Cronin. Amei a resenha... na verdade, adorei tudo: sua explicações, o ponto negativo como a narrativa detalhista. Sei o que é silo por conta da fazendinha do Orkut hahahahahaha
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