Vida e Morte: Crepúsculo Reimaginado - Stephenie Meyer

Sinopse: O clássico de Stephenie Meyer revisitado 10 anos depois.
Novamente, os leitores vão se apaixonar pela arrebatadora história de amor de Bella e Edward... ou, quem sabe, será uma primeira vez. A edição especial de aniversário inclui um conteúdo extra e exclusivo: Vida e morte, nova versão em que a autora inverte o gênero dos principais personagens.
Em Vida e morte os leitores vão se maravilhar com a experiência de ler a icônica saga de amor agora pelos olhos de um adolescente que se apaixona por uma sedutora vampira. Numa publicação ao estilo “vira-vira”, a edição comemorativa traz mais de 400 páginas de conteúdo extra, além da nova capa, com Crepúsculo de um lado e Vida e morte de outro. Os milhares de fãs de Bella e Edward não vão querer perder a oportunidade de ver seus tão queridos personagens em novos papéis.
“Fico maravilhada que já se tenham passado 10 anos da primeira edição de Crepúsculo”, comenta a autora Stephenie Meyer. “Para mim, esse aniversário é uma comemoração dos fãs, que sempre foram inacreditavelmente dedicados e apaixonados.” (Skoob)

MEYER, Stephenie. Crepúsculo: edição especial de aniversário de 10 anos. Intrínseca, 2015. 736 p.

Li cada livro da série Crepúsculo assim que chegaram às livrarias. Essa era uma daquelas séries que conseguiu me fisgar e, na época, os poucos meses para publicação dos livros seguintes pareciam uma espera interminável. A saga ganhou um espaço cativo na minha estante e no meu coração e foi uma das poucas que mereceu uma segunda leitura nos anos subsequentes. O anúncio sobre o lançamento de Vida e Morte me deixou cheia de expectativa e medo, e o principal motivo para esse conflito era porque uma série da qual guardo recordações tão boas ganharia uma versão diferente.

Iniciar a leitura de Vida e Morte foi um pouco difícil. O enredo é o mesmo, o que muda é o gênero dos personagens: Bella agora é Beau, Edward agora é Edythe. Assim, nas primeiras páginas, foi difícil desvincular a narração, agora masculina, da voz feminina de Bella, mas, no decorrer da leitura, consegui esquecer Bella e Edward e ler a voz de Beau como uma história nova, independente de Crepúsculo. O momento em que consegui fazer isso foi o momento em que consegui realmente mergulhar na história e aproveitar a leitura, que conseguiu me surpreender de maneira positiva.

Ainda que o ideal seja fazer a leitura de Vida e Morte como um livro independente, não é possível falar dele sem compará-lo a Crepúsculo. Por causa disso, para explicar alguns aspectos dessa nova versão, terei de recorrer ao original. Diferente de Bella, por exemplo, que via o mundo de uma maneira obscura e era bastante dramática, Beau tem um ar leve e é objetivo, sem os mimimi de uma garota. Como consequência, a narrativa ficou mais divertida e limpa. 

"- Francamente, Edythe. - Senti um arrepio subir pelo corpo ao dizer o nome dela em voz alta, e odiei isso. - Eu não consigo entender você. Pensei que não quisesse ser minha amiga.

- Eu disse que seria melhor se não fôssemos amigos, e não que eu não queria ser.

- Ah, uau, que legal, agora está tudo muito claro. - Sarcasmo pesado. Percebi que tinha parado de andar de novo. Olhei para o rosto dela, molhado de chuva, limpo e perfeito, e meus pensamentos tremeram e sumiram.

- Seria mais... prudente para você não ser meu amigo - explicou ela. - Mas estou cansada de tentar ficar longe de você, Beau." (p. 74)

Da mesma forma, Edythe teve sutis mudanças, e agradou como personagem feminina. Sua beleza como vampira ficou mais nítida nessa versão, talvez pelo fato de ser mulher. Isso porque, no caso de Bella, parecia que o deslumbramento com Edward tinha mais relação com a visão romantizada da personagem do que com o vampiro em si. Com Beau, diferentemente, toda a objetividade atinente ao garoto deu maior credibilidade à beleza que ele descrevia em Edythe e tornou mais fácil visualizar o quão sobre-humana era.

Aqueles que imaginaram Vida e Morte como uma cópia de Crepúsculo com simples inversão dos gêneros dos personagens, não poderiam estar mais enganados. Além das pequenas mudanças que já citei, é claro que Stephenie Meyer não perderia a chance de surpreender, e o final foi totalmente diferente do original. A autora aproveitou a oportunidade que teve de reescrever a história e inseriu um dos outros desfechos que Crepúsculo poderia ter tido, e encerrou a história em um único livro. Este desfecho, aliás, foi muito mais intenso e sofrido e desfez os maiores "e se..." do livro original.

Stephenie Meyer comenta ainda, em um prefácio e um posfácio, os motivos que lhe fizeram reescrever a história e as justificativas para as maiores mudanças, e permite ao leitor compreender o que inicialmente pode parecer despropositado. Independente das razões, este livro traz de volta antigas sensações de histórias tão bem conhecidas, e as mescla com sensações novas, daquilo que nos era desconhecido até então.

Ler Vida e Morte foi o estranho paradoxo de reler um livro antigo, que na verdade não era o mesmo. Não sei se os leitores fiéis ao roteiro original aprovariam as mudanças, mas foi uma ótima experiência revisitar essa história de amor tão igual e tão diferente.