MONTES, Raphael. O Vilarejo. Suma de Letras, 2015. 96 p.Sinopse: Em 1589, o padre e demonologista Peter Binsfeld fez a ligação de cada um dos pecados capitais a um demônio, supostamente responsável por invocar o mal nas pessoas. É a partir daí que Raphael Montes cria sete histórias situadas em um vilarejo isolado, apresentando a lenta degradação dos moradores do lugar, e pouco a pouco o próprio vilarejo vai sendo dizimado, maculado pela neve e pela fome. As histórias podem ser lidas em qualquer ordem, sem prejuízo de sua compreensão, mas se relacionam de maneira complexa, de modo que ao término da leitura as narrativas convergem para uma única e surpreendente conclusão. (Skoob)
Composto por 7 contos bem curtos, além de um prefácio e um posfácio, a obra de Raphael Montes é vendida através da opinião, impressa na capa e contracapa, de alguns autores conhecidos, como Fernanda Torres e André Vianco. Sempre suspeito desse tipo de incentivo para a leitura, uma vez que as frases usadas são retiradas do contexto e, muitas vezes, são ditas com base em pedidos ou amizades. Infelizmente, acertei e a obra não faz jus ao que é dito.
Fica claro, conforme se lê, que o objetivo é tentar surpreender o leitor com uma revelação ou uma reviravolta no fim de cada conto. A surpresa existe, mas sem muito impacto, uma vez que ela não é fundamentada em ações coerentes. Como em O Negro Caolho, onde uma personagem muda completamente de atitude e personalidade apenas para produzir um desfecho bizarro e cheio de violência. No conto final é dada uma explicação para todas as atitudes dos personagens, mas de forma forçada.
Existe uma ligação tênue entre os contos, além do fato de que se passam no mesmo vilarejo e com personagens que são citados diversas vezes. Essa ligação é tão sem interesse, que, da mesma forma que a surpresa, não empolga. Para tentar ser mais claro, basta o leitor imaginar um personagem com atitudes normais, que no meio do conto, ou no seu desfecho, são alteradas sem apresentar pistas ou explicações, com o intuito de tornar o fim inesperado.
Quando se pretende surpreender o leitor, como, por exemplo, no filme O Sexto Sentido, é necessário construir uma linha de acontecimentos corriqueiros e que combinam de forma lógica, sem o leitor, ou expectador, perceber. Ele só percebe o que realmente está acontecendo quando, no fim, é apresentado à solução do problema. Então, tudo o que leu, ou viu, ganha uma nova dimensão e ele se vê diante da incredulidade de que deixou passar tantas pistas.
Essa seria a intenção de O Vilarejo, somado a uma dose de terror, mas o que encontrei foi apenas personagens com atitudes grotescas que agem sem motivação e cujas ações são justificadas pela presença de uma entidade que também não explica nenhum objetivo.
No início do livro, existe a frase: “O caráter do homem é o seu demônio.”, e acredito que esse era o objetivo principal do autor. Mas não foi isso que consegui encontrar nas páginas seguintes, porque a explicação dada para o caráter dos personagens não reside neles próprios, mas na interferência dessa entidade.
De qualquer forma, a edição está muito caprichada. As páginas são de papel mais grosso e áspero, com pinturas de jatos de sangue em alguns cantos. Existem desenhos em todos os contos, todos muito bem feitos e bonitos, mas em estilo cartoon. Isso acaba não combinando com as histórias. Um traço mais realista teria mais sentido e ajudaria na atmosfera pesada das ações violentas dos personagens.
A leitura é rápida e, embora tenha decepcionado na criatividade e construção dos contos, consegui ler sem qualquer dificuldade. Para quem não gosta do gênero terror, pode ler sem problema. Não existe nenhum susto, apenas muitas mortes com um toque de sadismo e gore. Como aqueles filmes onde não existe preocupação com a lógica do que acontece, apenas em como será a morte de cada personagem.
Fica claro, conforme se lê, que o objetivo é tentar surpreender o leitor com uma revelação ou uma reviravolta no fim de cada conto. A surpresa existe, mas sem muito impacto, uma vez que ela não é fundamentada em ações coerentes. Como em O Negro Caolho, onde uma personagem muda completamente de atitude e personalidade apenas para produzir um desfecho bizarro e cheio de violência. No conto final é dada uma explicação para todas as atitudes dos personagens, mas de forma forçada.
Existe uma ligação tênue entre os contos, além do fato de que se passam no mesmo vilarejo e com personagens que são citados diversas vezes. Essa ligação é tão sem interesse, que, da mesma forma que a surpresa, não empolga. Para tentar ser mais claro, basta o leitor imaginar um personagem com atitudes normais, que no meio do conto, ou no seu desfecho, são alteradas sem apresentar pistas ou explicações, com o intuito de tornar o fim inesperado.
"Vonda treme de medo. Ela não está morto. Ela corre para casa com uma imensa vontade de chorar. Sua mente procura uma solução. Não há solução. Ele a viu, sabe que ela é a responsável por tudo aquilo. Ela será presa. Odiada pela família. Repugnada pelo vilarejo. Por que sempre fazia tudo errado?"
Quando se pretende surpreender o leitor, como, por exemplo, no filme O Sexto Sentido, é necessário construir uma linha de acontecimentos corriqueiros e que combinam de forma lógica, sem o leitor, ou expectador, perceber. Ele só percebe o que realmente está acontecendo quando, no fim, é apresentado à solução do problema. Então, tudo o que leu, ou viu, ganha uma nova dimensão e ele se vê diante da incredulidade de que deixou passar tantas pistas.
Essa seria a intenção de O Vilarejo, somado a uma dose de terror, mas o que encontrei foi apenas personagens com atitudes grotescas que agem sem motivação e cujas ações são justificadas pela presença de uma entidade que também não explica nenhum objetivo.
No início do livro, existe a frase: “O caráter do homem é o seu demônio.”, e acredito que esse era o objetivo principal do autor. Mas não foi isso que consegui encontrar nas páginas seguintes, porque a explicação dada para o caráter dos personagens não reside neles próprios, mas na interferência dessa entidade.
De qualquer forma, a edição está muito caprichada. As páginas são de papel mais grosso e áspero, com pinturas de jatos de sangue em alguns cantos. Existem desenhos em todos os contos, todos muito bem feitos e bonitos, mas em estilo cartoon. Isso acaba não combinando com as histórias. Um traço mais realista teria mais sentido e ajudaria na atmosfera pesada das ações violentas dos personagens.
"Mobuto puxa os garfos de quatro dentes, deixando um rastro de sangue que escorre de seus pés. Arremete os garfos contra a sra. Helga. Ela é igual aos outros, ela também é culpada pelo sequestro de suas filhas. Rejubila-se em fúria enquanto desfere os garfos contra os olhos da mulher. Arranca-os."
A leitura é rápida e, embora tenha decepcionado na criatividade e construção dos contos, consegui ler sem qualquer dificuldade. Para quem não gosta do gênero terror, pode ler sem problema. Não existe nenhum susto, apenas muitas mortes com um toque de sadismo e gore. Como aqueles filmes onde não existe preocupação com a lógica do que acontece, apenas em como será a morte de cada personagem.
Oie
ResponderExcluirEu gostei bastante deste livro, é uma leitura bem rápida mesmo e as ilustrações são bem legais.
Em breve postarei resenha sobre lá no blog.
Beijos
http://diariodeincentivoaleitura.blogspot.com.br/
Oi Ju!
ResponderExcluirAcho que essa é a primeira resenha negativa que leio sobre esse livro, sério! Aí eu fico dívida, porque blogueiros que gosto muito encheram de elogio, mas você não gostou... E acho que confio na sua opinião. Mas enfim, não sei direito o que o autor quis passar com esse livro... E concordo com você em pelo menos uma coisa: a edição está muito caprichada.
Beijo!
http://www.roendolivros.com
Oi, Ana!
ExcluirNo Skoob encontra várias resenhas menos favoráveis como a minha. O que acontece é que muitos de deixam levar pelo Hype ou pelo que é dito na capa. Comparar com Stephen King é meio absurdo! rsssssss
Mas é só minha opinião...
Oi, Carlos
ResponderExcluirSua resenha é a primeira negativa que leio sobre esse livro. Entendo que nem sempre o livro vai agradar a todos e às vezes é bom ler uma negativa porque pode ser com ela que vamos mais nos identificar.
Beijos
Balaio de Babados
Quero muito ler esse livro, essa é primeira resenha negativa que vejo dele, apesar disso continuo interessada em conferi essa história.
ResponderExcluirOlá!!
ResponderExcluirNossa primeira vez que vejo alguém fazendo uma resenha desse livro sem declarar o tempo todo de como ele é fantástico, acho que isso só reafirma o que a gente ja sabe, gosto é diferente sempre, e a forma que uma pessoa vê algo pode ser totalmente diferente da visão de uma segunda pessoa, você trouce elementos observados por sua leitura q outras pessoas não observarão e isso faz toda diferença pra você considerar o livro fantástico ou apenas legal... gostei de sua resenha e suas observações.
Bjocas
Carlos!
ResponderExcluirGosto demais de contos de terror e esse livro tem sido bem avaliado pelos que fazem sua leitura e oresenham na blogosfera.
A criatividade do autor é incontestável e ainda tem a história do tal manuscrito encontrado, que foi responsável pela confecção do livro. Bem intrigante!
“Reflexão de Lavoisier ao descobrir que lhe haviam roubado a carteira: nada se perde, tudo muda de dono.”(Mario Quintana)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
Participem do nosso Top Comentarista, serão 3 ganhadores!
Oi, Rudynalva!
ExcluirA blogosfera é suscetível quando aparece o livro da moda. Foi assim com A Culpa é das Estrelas e Crepúsculo, para citar dois exemplos, que todos falavam e tempos depois já não achavam assim tão bom. No caso desse livro, estou acostumado a ler Edgar Allan Poe, Stephen King, Bram Stocker, Anne Rice, Alan Moore, Guilhermo Del Toro, enfim, histórias de terror de verdade, e O Vilarejo, sinceramente, na minha opinião, não figura nem perto de qualquer história desses autores, como é vendido na capa e como se comenta por aí. De qualquer forma, se procurar com mais cuidado, encontrará muitas resenhas da mesma opinião. Mas não quer dizer que não deva ler. Pelo contrário. Todo livro deve ser lido. ;) Abraços!
Amo contos e amo mais ainda contos de terror. Acho que essa eh a primeira resenha negativa que vejo sobre O Vilarejo e apesar das suas criticas apresentarem grande fundamento, ainda quero muito ler o livro :3
ResponderExcluirWww.cidadedosleitores.blogspot.com (TÁ ROLANDO SORTEIO)
Sua resenha está muito boa.
ResponderExcluirBom, como só tenho lido comentários positivo referentes ao O Vilarejo, não tive outra alternativa a não ser adicioná-lo em minha lista de leituras, além disso adoro livros de terror e contos de terror, por esse motivo sei que irei gostar desse livro, pretendo ler O Vilarejo em breve.
Olá, Carlos. Foi com este livro que pude conhecer um pouco mais sobre o autor Raphael Montes e apreciar as suas outras obras. O Vilarejo me conquistou, não por ser um livro extremamente elogiado, mas por ser do gênero de terror, estou devendo esta leitura, e por ser construído em contos e ilustrações. Além, da ligação entre o demonologista e o padre.
ResponderExcluirAinda não li nenhum livro do autor. Este esta sendo muito comentado. Mas achei que os contos surpreenderia o leitor com seus acontecimentos e que pregaria uns sustos, mas pelo visto não foi assim. Preciso ler para saber se vou gostar ou não. Achei que as ilustrações estão muito boas.
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