O lado bom da vida - Matthew Quick

Sinopse: Pat Peoples, um ex-professor na casa dos 30 anos, acaba de sair de uma instituição psiquiátrica. Convencido de que passou apenas alguns meses naquele 'lugar ruim', Pat não se lembra do que o fez ir para lá. O que sabe é que Nikki, sua esposa, quis que ficassem um 'tempo separados'. Tentando recompor o quebra-cabeça de sua memória, agora repleta de lapsos, ele ainda precisa enfrentar uma realidade que não parece muito promissora. Com o pai se recusando a falar com ele, a esposa negando-se a aceitar revê-lo e os amigos evitando comentar o que aconteceu antes de sua internação, Pat, agora viciado em exercícios físicos, está determinado a reorganizar as coisas e reconquistar sua mulher, porque acredita em finais felizes e no lado bom da vida. (Skoob)
QUICK, Matthew. O lado bom da vida. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013. 256 p.


Quando O lado bom da vida, de Matthew Quick, foi lançado e muitas resenhas surgiram em blogs literários, eu tive bastante curiosidade de ler. Mas eu não comprei o livro, assisti e me emocionei com o filme, e a vontade de ler se amainou. Ganhei o livro de presente no natal de 2013, mas somente agora, em janeiro de 2015, tirei da estante para ler. O resultado foi que adorei.

Apesar de ter muitas semelhanças com o filme, ainda assim o livro é algo completamente novo, e tão tocante quanto. A base de ambas as versões é a mesma, e a adaptação cinematográfica não tirou a essência da história. Porém, optou por seguir um outro roteiro. Por isso, ler o livro não foi como assistir ao filme, e eu pude conhecer a mesma história de maneira diferente.

Eu me diverti muito com Pat Peoples. Ao mesmo tempo em que o personagem tinha motivos nobres, suas motivações eram ingênuas, quase infantis, e seus problemas de controlar a si mesmo estavam em choque, o tempo todo, com a determinação de ser um homem melhor, de ser gentil em vez de ter razão. Essa ambiguidade me fazia olhar para todas as situações de uma nova maneira. Ver através dos olhos de Pat – que narra o livro em primeira pessoa – é ao mesmo tempo leve e dramático, divertido, mas triste.

"- Sim. Você nunca percebeu que a vida é como uma série de filmes?
- Não. Conte para mim.
- Bem, a pessoa tem aventuras. Todas começam com encrecas, mas logo você assume seus problemas e se torna uma pessoa melhor, trabalhando duro, que é o que fertiliza o final feliz e permite que ele floresça; como o final de todos os filmes de Rocky, Rudy, Karate Kid, as trilogias Star Wars e Indiana Jones, e os Goonies, que são os meus favoritos, embora eu tenha jurado me abster de filmes até a volta de Nikki, porque agora minha vida é o filme que vou assistir e, bem, está sempre passando."

Da mesma forma que comenta os “problemas” de Pat, Mathew Quick consegue nos mostrar que todos têm seus problemas, sejam aqueles que precisam de terapeutas, de instituições psiquiátricas, ou mesmo aqueles que não precisam, aparentemente, de nada disso. Pelos olhos de Pat, conhecemos a loucura de Tiffany, que revela muito mais no seu silêncio do que muitos que falam além do necessário; conhecemos o mau humor do pai de Pat, que demonstra sentimentos de maneiras tão singulares que nem os mais próximos conseguem ter certeza de como ele se sente; somos apresentados à mãe de Pat, com sua doçura e otimismo infinitos; e conhecemos Nikki, que, pela descrição de Pat, não conseguimos julgar.

Pelos olhos do protagonista é possível ver que as coisas aconteceram por um conjunto de fatos, de atos, e ninguém é responsável sozinho por tudo. Cada um tem sua parcela de culpa, mas não há vilão, não há vítima ou mocinho.

"Quando corro, eu sempre finjo que estou correndo em direção a Nikki, e isso me dá a impressão de que estou diminuindo o tempo que terei de esperar para vê-la novamente."

O livro tem pouco mais de 250 páginas, mas os capítulos curtos prendem a atenção, e através deles é contado o presente de Pat, após sair do “lugar ruim”, enquanto o protagonista reflete sobre seu passado. Há muitas menções ao futebol americano, a Nikki e ao que ela gostaria ou não. Por causa disso, também há muitas referências sobre literatura – e muitos spoilers sobre os livros citados. Algumas vezes, o texto é até repetitivo, mas é isso que dá o toque e a característica de Pat de narrar.

Muito embora seja complicado citar o que realmente conquista no livro, porque não há qualquer elemento em especial a ser citado, é difícil não se deixar conquistar pela escrita e pela forma tão peculiar de Mathew Quick traduzir seus personagens. Além disso, mesmo a carga de tristeza da obra vem acompanhada de um otimismo quase impossível de funcionar no mundo real, mas que traz algo bom que gostaríamos de sentir mais vezes.

Eu adorei O lado bom da vida, e estou louca de curiosidade para conhecer outros livros do autor.



Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

7 comentários:

  1. Oi Júlia

    Todo mundo fala bem do livro, todo mundo fala bem do filme, mas mesmo com resenhas tão positivas quanto a sua eu não consigo Me sentir estimulada a ler. Falta alguma coisa que me toque e me convença. Estou pensando seriamente em começar pelo filme.Talvez ele consiga me mostrar que essa é uma história que merece ser lida.

    Beijos
    mundo-de-papel1.blogspot.com.br

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  2. Oi, Julia.
    Também ouço muitos elogios pela forma narrada da obra e que cativa o leitor.
    Tenho muito interesse em ler esse livro.

    M&N | Desbrava(dores) de livros - Participe do nosso top comentarista de fevereiro. Você escolhe o livro que quer ganhar!

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  3. O filme é muito bom.
    O livro deve ser bem legal tbm.
    A narrativa do autor deve ser mesmo cativante.
    :)

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  4. só tive oportunidade de ver o filme, e o achei simples mas tocante. é uma mistura de sentimentos <3 os personagens carismáticos, não tem como não torcer por eles. tomara que eu consiga lê-lo =)

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  5. Oie Ju =)

    Todo mundo que eu conheço fala super bem desse livro, mas nem o filme eu consegui assistir inteiro ainda acredita rs...

    As vezes acontece isso comigo. Gosto tanto de um livro que em si não tem nada de muito especial, mas que ao mesmo tempo é maravilhoso.

    Beijos e um ótimo feriado;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary

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  6. Oi Julia!
    Alguns livros ficam nas nossas estantes por anos e de repente sentimos que é chegado o momento de lê-los, não é?
    Vejo todo mundo dizer que o livro e filme são bastante diferentes. Assim como você, eu também assisti o filme e adorei. Ainda não tive a oportunidade de ler o livro, mas pretendo.
    Mathew Quick é um escritor maravilhoso. Li "Perdão, Leonard Peacock" e fiquei admirada da sensibilidade e leveza com que ele conseguiu tratar um tema tão pesado como o suicídio na adolescência.
    Beijos
    alemdacontracapa.blogspot.com

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  7. Também adorei esse livro, a história é ótima, amei o filme, achei a adaptação para o cinema muito boa.

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