Princesa de Papel - Erin Watt, Elle Kennedy e Jen Frederick

Sinopse: Ella Harper é uma sobrevivente. Nunca conheceu o pai e passou a vida mudando de cidade em cidade com a mãe, uma mulher instável e problemática, acreditando que em algum momento as duas conseguiriam sair do sufoco. Mas agora a mãe morreu, e Ella está sozinha. É quando aparece Callum Royal, amigo do pai, que promete tirá-la da pobreza. A oferta parece tentadora: uma boa mesada, uma promessa de herança, uma nova vida na mansão dos Royal, onde passará a conviver com os cinco filhos de Callum. Ao chegar ao novo lar, Ella descobre que cada garoto Royal é mais atraente que o outro – e que todos a odeiam com todas as forças. Especialmente Reed, o mais sedutor, e também aquele capaz de baixar na escola o “decreto Royal” – basta uma palavra dele e a vida social da garota estará estilhaçada pelos próximos anos. Reed não a quer ali. Ele diz que ela não pertence ao mundo dos Royal. E ele pode estar certo. (Skoob)
WATT, Erin - KENNEDY, Elle - FREDERICK, Jen. Princesa de Papel. Editora Essência, 2017. 368 p.

A história de Princesa de Papel é construída em cima de um conjunto de fatores que conquistam facilmente a maioria das leitoras que são fãs do gênero. Quando um autor(a) deseja criar uma identificação de seu personagem principal com o maior número possível de leitores, ele(a) segue por dois caminhos certeiros.

O primeiro é criar similaridade, ou seja, um personagem que possua o maior número possível de inseguranças, para, assim, estabelecer um vínculo de igualdade. Como exemplo disso, temos a Bela, de Crepúsculo, e a Anastásia, de Cinquenta Tons de Cinza. Ambas são inseguras, se acham feias, sem graça, magras, medrosas, desastradas, enfim, praticamente todos os atributos necessários para criar depressão numa pessoa. Essa variedade de defeitos acaba por bater, certamente, com alguns dos defeitos das leitoras, e pronto, vínculo feito.

O segundo é criar aspiração, ou seja, uma personagem que possua o maior número possível de virtudes, para, assim, estabelecer um vínculo de desejo. E é neste segundo caminho de composição de uma personagem que entra Ella, a narradora de Princesa de Papel. Ela é decidida, corajosa, impetuosa, atrevida, esperta, liberal, sexy, bonita, enfrenta um homem de igual para igual, vive em um mundo de riquezas e é o centro das atenções. Enfim, todas as qualidades e sonhos possíveis. Alguns deles, inevitavelmente, irão coincidir com o que a maioria das pessoas gostaria de ter.

Princesa de Papel é uma novela onde os personagens vivem em extremos, onde as coisas nunca são o que parecem, onde reviravoltas surgem do nada, onde tudo gira em torno do sexo e do dinheiro. A literatura americana está cheia disso, mas o diferencial está na escrita das autoras, elas sabem o que fazem e sabem como criar interesse nas leitoras. Sim, no feminino, que é, sem dúvidas, o público alvo. Enfim, o livro é extremamente bem escrito e sabe como flertar com o imaginário da maioria das garotas.

Mas ele, definitivamente, não é literatura para mim. Isso, porque eu preciso de algo mais do que apenas diálogos dúbios, onde tudo leva apenas a sexo e a jogos de poder financeiro. Praticamente todas as conversas de Princesa de Papel são sobre esses dois temas. Até mesmo nos trechos onde os personagens se encontram no café da manhã, o que eles falam e o que eles pensam é sobre sexo e sobre dinheiro. Todas as qualidades que Ella vê nos cinco irmãos são sobre como eles são bonitos, como tem barriga sarada, como são musculosos, como devem ser durante uma transa. Já todos os pensamentos dos cinco irmãos, são como Ella pode ser uma oportunista, como ela deve estar transando com o pai deles, como eles podem guardar o dinheiro das mãos dela, como eles podem transar com ela. E da mesma forma, os personagens secundários.

A nova mulher de Callum, o pai dos cinco irmãos que se intitula tutor de Ella após os pais dela morrerem, é interesseira, superficial e fica de olho nos filhos adotivos, mas não de olho de madrasta protetora, mas de cobiça sexual. A viúva do pai de Ella é uma megera que deseja destruir qualquer pessoa que possa tirar um centavo dela. Praticamente todos os alunos da nova escola de Ella acham que a vida gira em torno do umbigo deles, enfim, é um amontoado de situações e de personagens que não fazem parte de qualquer realidade que eu queira imaginar ou desejar participar.

Porém, preciso reconhecer que essa realidade existe de verdade, em círculos chamados da alta sociedade, em ambientes compartilhados por pessoas cujo saldo bancário tem mais zeros à direita do que eu à esquerda. Só que não é pra mim.

Aí você me pergunta: “Então, querido Carlos, por que você pegou esse livro para ler? Não tem nada melhor para fazer na sua vida, não?”.

Eu respondo: peguei apenas por causa de um burburinho que alguns blogs estão fazendo sobre a existência da romantização de um relacionamento abusivo. Eu queria ver se isso era verdade. Como não gosto, e nem confio, na opinião dos outros, peguei para ler e conferir se era verdade. Bem, posso dizer com total convicção: não existe qualquer tipo de relacionamento abusivo em Princesa de Papel.

Vejam bem: em um relacionamento abusivo, uma das partes precisa ser controlada pela outra, uma das partes é ativa e a outra é passiva, uma das partes tenta anular a identidade da outra. Os cinco irmãos agem de acordo com o ambiente em que cresceram e que ainda vivem. Eles veem a chegada de uma estranha que pode ser uma oportunista que está se aproveitando do pai deles, exatamente como a atual madrasta. A forma como eles reagem é agressiva, desconfiada, com intenções de expulsar a intrusa. Por serem oriundos de uma educação machista, eles respondem com machismo, com atitudes e verbalizações grosseiras e cheias de teor sexual.

Acontece que Ella não se deixa abater por isso. Ela não se deixa dominar, não se deixa intimidar, não permite que seja controlada, não aceita desaforos, responde grosserias à altura, olha de frente, encara todos os desafios, deixa, desde o primeiro momento, bem claro que ela não é qualquer uma, que não irá embora, que faz as coisas do jeito que ela quer, que não aceita ordens e que não tem medo de nenhum dos cinco irmãos. Ou seja, ela não é uma personagem passiva dentro de uma relação abusiva, porque ela não deixa que seja abusada por ninguém.

Como exemplo, para vocês entenderem melhor como Ella é suficientemente segura de si e do que quer, posso citar um trecho onde Reed, um dos irmãos e aquele por quem Ella se sente mais atraída, tira a roupa e fala para ela transar com ele, para deixar os irmãos em paz, que se ela quer isso, que ele é suficiente para satisfazer as vontades dela. Ella finge que cede, o seduz, o prende em uma cadeira com a desculpa de sexo oral e um pouco mais sádico, e quando ele está preso, Ella sai do quarto e deixa Reed para trás, com a porta aberta para todos verem, com ele gritando de raiva. Ou seja, se alguém sofre abuso no livro, são os cinco irmãos! (risos, muitos risos)

Agora, eu tenho uma curiosidade: um livro que possui claramente uma relação abusiva é After. Nele, a garota é enganada, é maltratada, é feita de capacho, é xingada, sofre agressões e, mesmo assim, sempre volta para o cara que faz tudo isso com ela, e volta mais de uma vez. Entretanto, não vejo as pessoas reclamando da mesma forma que reclamaram, equivocadamente, de Princesa de Papel. Por quê? Não leram? Acho que leram, sim. Então, por que não se fala disso? Pode ser que esteja relacionado com o fato de AFTER ser de uma editora grande, enquanto Princesa de Papel é de uma editora menos conhecida? Vai saber...

Enfim, resumindo, Princesa de Papel é um livro que prende e satisfaz dentro daquilo a que se propõe e para um público que gosta de consumir esse tipo de literatura, com uma personagem forte, que não se deixa comandar e que sabe o que deseja. Não pretendo ler a continuação, porque não é meu gênero e já sacie minha curiosidade, mas recomendo para quem gosta.
Carl
Carl

21 comentários:

  1. Olá! Estou doida pra ler esse livro, curto muito esse gênero e cada resenha que leio dele me deixa ainda mais curiosa em conferi a série toda.

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  2. A premissa dele é legal e me chamou atenção. Mas tem muita coisa que acho que iria me irritar e outras que iria amar. Aí só lendo pra entender esse conjunto todo da história porque pode ter ficado bom ou pode ser daqueles livros que pego raiva ao ler. A personagem tem sua força mas seus momentos de vulnerabilidade. O dinheiro e como a trama se liga ao redor disso, de aparências e essas coisas me deixa meio pé atrás, mas aí só lendo pra ver. A coisa toda que falaram de relacionamento abusivo me deixou pé atrás também, mas aí se tem ou não mesmo, o que vou achar, é só a gente lendo pra ver mesmo. Pode ser que não, pode ser que não goste do tem ali, que não veja nada disso...aí não sei.
    Esse livro é bem aquele tipo que me deixa curiosa e receosa ao mesmo tempo. Mas alguma hora quero pegar pra ver no que deu essa história...

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  3. Hey Carl!
    Sou louca pra ler esse livro, cada vez que leio resenhas sobre ele a expectativa aumenta mais...
    Parece uma leitura bacana e agradável, espero ler logo.
    Bjs!

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  4. Que resenha! 👏👏👏

    Já pensei em ler esse livro, mas sempre que leio alguma resenha sobre, eu desisto.
    Não me importo com algumas cenas de sexo na história, tem cenas que são ótimas e necessárias na história. Agora a história girar em torno disso, e do dinheiro, não me dá vontade alguma de ler.
    Achei interessante a questão dos caminhos para identificação do personagem, e tem razão.

    Sua resenha matou dois coelhos numa cajadada só; decide que não vou ler Princesa de papel, e nem After.

    Gostei da questão do relacionamento abusivo. Muitas pessoas acham que há relacionamento abusivo em Belo Desastre, e não consigo ver isso. Ok, no início o personagem é machista. Mas no desenrolar da história e da série, vemos o respeito pela parceria. E as parcerias não dão mole pra nenhum Maddox, elas são ativas.

    Voltando para o livro em questão, gostei dessa característica da Ella. Ela é forte e não se deixa intimidar.

    Beijos

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  5. Olá Carlos! Realmente só se ouve falar bem desse livro, em como a protagonista é forte e as cenas hot. Eu gostei da sua resenha, soube impor sua opinião muito bem. Acredito que se vamos ler um livro, mesmo que seja apenas como passa tempo, ele deve adicionar no mínimo algum conhecimento. E esse livro é EXTREMAMENTE fútil, não tenho vontade nenhuma de ler. Parabéns pela resenha. Beijos

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  6. Ola!!
    Esse livro esta na minha lista de desejados e curto bastante esse gênero, adoro livros onde a Protagonista é decidida e não abaixa a cabeça pra ninguém, Adorei a resenha e com certeza vou ler o livro!!

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  7. Tenho os dois primeiros livros, e ainda não os li pela falta de tempo confesso, mas que eu estou curiosa estou, principalmente para tirar as provas do 9, e realmente verificar se a obra merece mesmo todo este burburinho, espero que sim, pois não quero me decepcionar. Gosto bastante de livros deste gênero, e confesso que costumo ler bastante obras neste estilo, e por isto acho que esta estória irá me agradar.

    SORTEIO NO AR, VENHAM PARTICIPAR: petalasdeliberdade.blogspot.com.br

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  8. Olá, confesso que esse livro não me chamou atenção, uma vez que essa premissa pré-definida que visa atrair os leitores parece fazer exatamente o contrário. Princesa de Papel abusa dos clichês e não entrega um primor em caracterização dos personagens, mas quem procura algo leve e bem no estilo Gossip Girl para ler pode ter interesse na obra. Beijos.

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  9. Também li comentários que houve abuso, fiquei até desanimada pra ler, mas com a sua resenha, não houve, então quem sabe eu leia, mas não gosto muito dessa briga por dinheiro, mas se é bem escrito e com reviravoltas que adoro e uma personagem bem foda me animo rs.

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  10. Nossa peguei ranço do livro já na metade da sua resenha. Que premissa mais superficial e vazia, deus me livre. Você realmente deve ter ficado muito curioso pra ler, viu? Rs. Acho que nem por curiosidade eu me arriscaria nisso. Acredito que muita gente gosta desse tipo de leitura sim, porque realmente é algo corriqueiro, mas o livro não tem nenhum apelo pro meu gosto. Adorei a sua resenha super sincera!
    Beijos.

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  11. Esse livro é tão bom,me pegou de surpresa pois superou minhas expectativas

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  12. Amei esse livro! É um livro que te envolve e vicia do início ao fim. Quando você começa a ler não quer parar mais! Só acho que o relacionamento amoroso dos dois foi desenvolvido um pouco rápido mais.

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  13. Carl!
    Deve ser um choque de uma hora para outra descobrir que tem um tutor rico e que não vai mais precisar se preocupar em pagar as contas, por outro lado, enfrentar o 'bullying' dos irmãos que não a aceitam, vai ser uma barra, mas como ela não se dobra, quero ler para ver no que vai dar.
    Bom domingo!
    “A melhor mensagem de Natal é aquela que sai em silêncio de nossos corações e aquece com ternura os corações daqueles que nos acompanham em nossa caminhada pela vida.” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA dezembro 3 livros + 2 Kits papelaria, 4 ganhadores, participem!

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  14. Oi Carl!
    Já tinha lido sua resenha no Gettub, e mesmo dps de ler outras minha opinião continua a mesma.
    O livro estava na minha lista de desejados, mas me desencanei. Eu imagina um romance, clichê claro, mas nada do que você citou, parece mais uma cópia de gossip girl cheia de falhas ... Concordo que se a personagem não deixava se abater e nem que mandassem nela, não existe um relacionamento abusivo!
    Sobre after: passo bem longe dele, esse é realmente um livro que não me agrada e não consigo entender seu "Romance".
    Enfim, antes até queria dar uma chance para a leitura, mais acabei desistindo.
    Bjs

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  15. Particulamente gostei da resenha e tenho muita vontade de ler. A capa não gostei nada, totalmente sem graça, poderiam ter caprichado mais. Fora isso, gostei da resenha e so penso positivamente sobre esse livro.

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  16. Acho muito bonita a capa deste livro, mas lendo um pouco mais sobre a história dele, percebi que este estilo de literatura também não é para mim, não curto este estilo de história, e acho que teria muita coisa que eu não gostaria na história deste livro, então este é um livro que não pretendo ler.

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  17. Acabei lendo esse livro por indicação a uma amiga minha fiquei um pouco pé atrás em começar a ler o livro mas eu gostei de como a história fluirá e preciso logo da continuação

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  18. Nunca fiquei tão feliz em ler uma resenha, agora vou passar longe desse livro. Já tive minha cota de personagens à la Twilight. Mesmo que a personagem seja decidida no que quer e tudo mais, isso me irrita bastante rs.
    Esse trecho da Ella e Reed me fizeram rir muito kkkkkk talvez eu já não passe tão longe assim do livro, mas ainda não me interessou 100%
    Eu lembro do buzz que esse livro causou nos blogs, quase todos que eu via o estavam lendo, mas não vi descreverem o livro dessa forma. Honestamente, parece uma versão de "Rich Kids of Beverly Hills" só que sem o roteiro rs

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  19. Oi, Carlos!!
    Nossa adorei a resenha sempre curto quando leio alguma resenha sincera. Achei bem interessante a estória deve ser difícil de uma hora para outra ir morar em um lugar tão diferente e com pessoas que pensam mal de você.
    Bjoss

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  20. Já vi muitas amigas tecendo elogios a esse livro e a série. Mas não me encantei pela sinopse. Já tinha percebido a personalidade do protagonista masculino mas não tinha ideia dos outros temas e nem que seriam abordados dessa maneira. Não acho que isso seja legal. Além disso estou tentando não me apegar a séries de livros.

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  21. Achei bem legal sobre essa identificação que você escreveu. Admito que ler sobre o primeiro de forma exagerada é uma coisa que me incomoda, se for o caso de uma depressão, existir um motivo maior e tratamentos pra isso durante o livro tudo bem. Mas quando não é assim se torna uma coisa meio chata. E ao invés de existir essa proximidade acho que a personagem acaba se tornando irritante. Claro que ser totalmente o segundo também pode acabar passando a impressão de ser alguém meio arrogante. Acho que é legal saber dosar, sabe? Antes de ler a resenha quando vi a foto logo pensei se isso sobre o tal relacionamento abusivo seria citado e achei legal esse esclarecimento que não, não ocorre. Pois deve ser uma das razões de algumas pessoas não quererem ler. O livro não é uma das minhas temáticas favoritas e por ficar nisso de sexo, dinheiro, sexo, dinheiro, sexo, dinheiro deve ser tornar maçante algumas vezes. Não sei se leria, talvez um dia pela curiosidade.

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