Sinopse: Você sabe qual a verdade sobre o efeito borboleta? Nicola é um pesquisador e colecionador de borboletas que perdeu a memória. Durante sua recuperação, com a ajuda de uma psiquiatra, descobre que possui o poder de voltar ao passado e modificá-lo, e também que era apaixonado por uma garota chamada Joana, que aparece repetidas vezes em meio à suas confusas visões. Pior que uma lembrança morta, é uma lembrança que insiste em ressurgir. E Nicola terá que seguir o fio de suas vagas recordações para desvendar até que ponto alterou seu passado. Porém, este colecionador ainda não tem consciência do quanto o efeito borboleta pode ter afetado seu próprio destino. (Skoob)
MOUTA, Cecília. O Colecionador de Borboletas. Novo Século, 2012. 256 p.
Na Teoria do Caos, “o bater de asas de uma simples borboleta pode influenciar o curso natural das coisas e, talvez, provocar um tufão do outro lado do mundo”. Essa premissa é usada na maioria das histórias de viagens no tempo, ao passado. Não é diferente na obra de Cecília Mouta.
Nicola, o personagem principal, está hospedado em uma casa de repouso para acompanhamento médico e psicológico a pedido de sua mãe. Algo aconteceu com ele, mas ele perdeu a memória e, de início, não sabemos exatamente o quê. A única pista que temos é sua fixação com borboletas. Nicola é tratado pela Dra. Liz, uma médica que se mostra mais interessada no paciente do que o normal. Aos poucos, através de ataques dolorosos de dor de cabeça, descobrimos que ele tem a habilidade de voltar no tempo, a qualquer ponto que se lembre, e modificar os eventos.
No filme A Máquina do Tempo, de 2002, baseado na obra de mesmo nome de H.G. Wells, o personagem principal volta ao passado para salvar a vida de sua noiva. Aos poucos, descobre que por mais que faça, ela acaba morrendo de forma diferente. Do mesmo jeito, Nicola usa sua habilidade para salvar o amor de sua vida, Joana. Os momentos em que ela corre perigo são marcados pela presença de uma borboleta verde, e nesses momentos, ela sempre morre.
Nicola precisa decidir então se persiste nas suas tentativas ou se preserva sua sanidade, uma vez que a cada alteração no passado, as pessoas ao redor são afetadas de forma diferente e, nem sempre, de uma maneira boa.
A narrativa de Mouta é intimista e opressiva. Ela consegue transmitir o desespero sentido por Nicola, e o leitor sente uma carga emocional pesada por conta disso. Por várias vezes, senti-me abatido pelo fracasso das tentativas vãs de salvar Joana. E triste por acompanhar a queda do ânimo de Nicola por não conseguir descobrir uma forma de escapar da borboleta verde.
"Minha cabeça começou a doer. O zumbido aumentou. Ia acontecer de novo, eu não queria, mas não sabia como evitar. Podia sentir mais uma lembrança chegando. Coloquei a caixinha na escrivaninha, me agachei no chão, com as mãos nos ouvidos. Então tudo começou a ficar preto..."
Não sei se concordo com a teoria de que o destino de uma pessoa está tão definido desde o início que é impossível modificá-lo. Acho que nosso futuro é a soma de nossas ações passadas, de nosso caráter, de nossas aspirações e decisões. O fato de salvar uma vida, não significa, obrigatoriamente, que ela será perdida mais à frente, porque é assim que está escrito. O futuro não está escrito. Ele se modifica a cada segundo. Se fosse diferente, de que adiantaria o livre arbítrio? Seríamos apenas fantoches na mão de uma entidade maquiavélica. Pessoalmente, recuso-me a acreditar em tal fato.
Nicola pensa da mesma forma que eu e sua recusa em aceitar o inevitável, conquista o leitor e faz com que torçamos por ele. A presença constante de Liz, e seu carinho por Nicola, deixa a dúvida se Joana realmente é a garota certa para o rapaz. Com o avanço da história, não sabia mais com quem deseja que ele ficasse.
"Eu só não entendia por que o destino quis que Joana fizesse parte da minha vida. O problema não era eu. Qual o objetivo de amar alguém que está destinado a morrer?"
O fim do livro é coerente e consegue ser bom o suficiente para o leitor se conformar e ficar satisfeito com o destino dos personagens principais. Isso não quer dizer que seu coração ficará livre daquele sentimento de que gostaria que as coisas fossem mais perfeitas, menos dolorosas. Mas a vida é assim. Nem sempre um final feliz pode ser totalmente feliz.
Não conhecia esse livro, parece bem interessante, fiquei com bastante vontade de ler, vou procurar esse filme A Máquina do Tempo baseado no livro, fiquei curiosa, quero muito assistir.
ResponderExcluirOi, Milena!
ExcluirA Máquina do Tempo não é baseada neste livro, e sim no de H.G.Wells ;)
Abs
Oie
ResponderExcluirGosto de livros e filmes com este tema. Fiquei curiosa, não conhecia este livro. Gostei do seu ponto de vista e de sua reflexão. Fiquei curiosa para saber o final, mas confesso que gosto de finais felizes, mas como vc mesmo disse nem sempre né?
Beijos
Nessa,
ExcluirVale a leitura, sim. Se pude, não deixe passar. ;)
Bjs
Oie Carlos =)
ResponderExcluirJá tinha visto o livro em alguns blogs, mas a sua é a primeira resenha que eu leio.
Livros e filmes com essa temática sempre me chamam a atenção. Ainda mais quando eles nos levam a refletir sobre o que lemos.
Gostei da dica!
Beijos;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Oi, Anne!
ExcluirComo sempre, os nacionais são pouco comentados e divulgados. Se puder, leia, sim!
Abs
Oi Carlos, a história do livro me lembrou Efeito Borboleta, um filme que tem basicamente o mesmo enredo, inclusive a parte que o personagem está em uma clínica e nós não sabemos nada sobre ele. A diferença é que o problema que ele precisa resolver vai um pouco além da morte, são relações pessoais que influenciam vidas de uma maneira inimaginável.
ResponderExcluirFiquei curiosa pelo livro.
Beijos
Ju, também vi esse filme e gosto muito dele. Algumas coisas lembram mesmo, mas só algumas. Vale a leitura da história da Cecília. Se puder, leia ;)
ExcluirAbs
eu meio que tenho traumas de livros com essa temática, os finais nunca são agradáveis rsrs. mas pelo visto a autora soube segurar o enredo e deu o equilíbrio certo para o enredo funcionar. o personagem Nicola bate de frente com esse destino marcado a ferro e é determinado. gostei muito da capa. vou procurar lê-lo com certeza.
ResponderExcluirOi, Ana!
ExcluirEmbora o final não seja 100% feliz, ele é coerente e agrada. Pode ler sem medo ;)
Abs
Não conhecia este livro, mas me interessei inicialmente pelo título que me chamou muito a atenção e a resenha então, me deixou super ansiosa para ler o livro, parece ser ótimo, cheio de mistérios, adoro livros assim, pretendo ler mais futuramente, e vou procurar o filme A Máquina do Tempo.
ResponderExcluirMariele!
ExcluirÉ um ótimo filme, e o citado pela Ju, Efeito Borboleta, também. :)
Bjs
Olá Carlos,
ResponderExcluirNão conhecia esse livro e achei a premissa interessante, também acho que o futuro não está definido temos que buscá-lo, mas o fim dos nossos dias sim, dica anotada.....abraço.
www.devoradordeletras.blogspot.com.br
Bacana a proposta do livro.
ResponderExcluirDeve ser horrível pra Nicola sempre fazer o possível pra salvar seu amor e no final isso só lhe trazer mais problemas.Bem que imaginei que o final não seria muito feliz mesmo.Eu não conhecia o livro mas ele me chamou atenção pra alguns pontos.Parabéns pela resenha!