Sinopse: Em 1686, a jovem Nella Oortman se casa com Johannes Brandt, um bem-sucedido mercador de Amsterdã, e se muda do interior da Holanda para a cidade grande. Nella acredita que o casamento com um homem rico e poderoso irá lhe proporcionar uma vida repleta de glamour e felicidade, no entanto, não é o que ela encontra quando chega à nova casa: por causa das viagens a trabalho, Johannes não é dos maridos mais atenciosos e Marin, sua irmã, se encarrega de controlar cada aspecto do lar e da família Brandt, revelando-se extremamente opressiva e dominadora.
Para agradar a nova esposa, Johannes a presenteia com uma miniatura da casa em que moram e, logo, Nella encontra um miniaturista para confeccionar algumas peças. No entanto, tudo começa a mudar quando o miniaturista passa a enviar obras que nunca foram pedidas, mas que não apenas refletem a realidade, como parecem anunciar futuras tragédias.
Encantador, belo e repleto de mistérios, Miniaturista é uma magnífica história de amor e obsessão, traição e vingança, aparência e verdade. (Skoob)
Miniaturista - Jessie Burton
Arquivado em: Editora Intrínseca, resenhas
BURTON, Jessie. Miniaturista. Intrínseca, 2015. 352 p.
Já comentei aqui no blog sobre meus métodos inusitados de escolha dos livros que serão minhas próximas leituras, e não é raro eu decidir por aspectos completamente subjetivos. Às vezes, decido pela capa; outras, por causa do gênero. Pode acontecer de eu escolher aquele que acho que vai se afastar de tudo que tenho lido recentemente. Em outros casos, eu simplesmente quero ler o livro, sem saber o motivo, e me dou uma justificativa qualquer para escolhê-lo. No caso de Miniaturista, de Jessie Burton, o que me fez solicitar o livro em parceria com a Editora Intrínseca foi o sobrenome da autora, por ser homônimo do cineasta de que gosto tanto, Tim Burton. Por óbvio, os dois não têm nada em comum (que eu saiba) além do sobrenome, mas foi esse detalhe que me fez decidir pelo livro, e eu gostei bastante da escolha.
O enredo de Miniaturista se passa na Holanda do século XVII, e conta a história de Nella depois que chegou à casa de seu marido, Jahannes. Nella logo percebe que naquela casa todos guardam seus segredos, e se sente uma intrusa na casa em que deveria ser a "senhora". Tem ainda de se submeter à cunhada mão de ferro e aturar a petulância da criada da casa. Não bastasse o fato de Nella não conseguir compreender os moradores de sua própria casa, o miniaturista que contratou para decorar seu presente de casamento - uma casa em miniatura - começa a lhe enviar peças que ela não encomendou, mas que parecem conter avisos que espelham a realidade.
A história é narrada em terceira pessoa pelo ponto de vista de Nella, e assim como os personagens não são imediatamente compreendidos pela protagonista, também não o são pelo leitor. A primeira impressão que se tem é que todos são instáveis, visto que ora se comportam de maneira rude, ora deixam transparecer sensibilidade. Com o passar da história, percebe-se que, na verdade, tal comportamento é um mecanismo de proteção, especialmente enquanto eles ainda não têm certeza se podem confiar em Nella.
Assim como as revelações surpreenderam Nella, surpreenderam a mim também. A autora pode até ter deixado uma ou outra pista sobre os segredos espiados por buracos de fechaduras, mas eu não consegui ligar um ponto a outro até que toda a verdade estivesse na minha cara. E quando a realidade começou a fazer mais sentido, compreendi as escolhas dos personagens e seus comportamentos. Assim, junto com Nella, senti-me leal àquela família e criei um relacionamento verdadeiro com cada um dos personagens.
Um dos pontos fortes da trama é a inclusão de uma dose concentrada de crítica social. Se hoje, quando tudo é tão abertamente debatido, aquilo que sai do "padrão" já é visto de maneira errada, imagine como seria há quatro séculos. Nenhum dos personagens de Miniaturista se adequa ao padrão daquela época e, com o passar dos capítulos, percebe-se de que forma a mentalidade puritana tende a ceifar a liberdade dos personagens.
O preconceito é, aliás, um dos aspectos mais debatidos no livro. Seja pela função da mulher na sociedade, seja pelo papel da sexualidade, seja pelos marcados pela varíola ou pelos negros. Burton insere todos esses assuntos em cada passagem da história, objeta sobre eles, faz-nos refletir e mostra como ainda somos intolerantes. Somado a isso, há ainda uma boa dose de suspense, uma atmosfera de impotência face ao incompreendido e uma boa referência histórica sobre o comércio de açúcar e as rixas mercantis entre holandeses e ingleses.
O único aspecto que me fez concluir a leitura bastante frustrada foi não ter respostas para alguns dos mistérios envolvendo o miniaturista. A conversa de Nella com o pai da outra Petronella ajudou a esclarecer algumas coisas, mas só me levou a deduzir o que eu gostaria de ler sobre. Por conta disso, senti como se a autora tivesse me saturado de fatos inexplicáveis que eu só poderia entender como inexplicáveis, e fim da história. Até esse momento, estou com a sensação de que o livro não terminou ainda porque nem tudo foi respondido e essa não é uma boa sensação.
Ainda que a conclusão não tenha sido uma das melhores, Miniaturista foi, durante o desenvolvimento do enredo, uma leitura que surpreendeu bastante, por ser mais sério e misterioso do que eu imaginava inicialmente. Preciso comentar também: a edição é incrivelmente bonita, a capa, feita em material meio emborrachado, é cheia de significado, e os detalhes internos são encantadores, remetendo à cultura da época.
Ju
Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.
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Muito interessante o livro e aborda um tema que existe em todas as suas formas que é o preconceito. Adorei saber que tem segredos entre família do marido e também tem mistérios que fico tentando desvendar enquanto leio e muitas vezes erro rsrs.
ResponderExcluirOlá!
ResponderExcluirNão conhecia esse livro e gostei bastante!
Já estou curiosa para saber quais peças foram enviadas para ela, e o seu significado, kkk
Adoro um mistério, fico louca para descobrir...
E segredos de família, naquela época então, sempre cabeludos, kkkk
Um super bjo!
Alê - Bordados e Crochê
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Já estava bastante interessada em ler esse livro só pela sinopse, e agora depois de ver essa resenha fiquei ainda mais curiosa em conferi essa história que parece mesmo surpreendente.
ResponderExcluirAchei bem interessante a história do livro, até pensei em ler mas acabei desistindo no momento em que você falou que a autora deixa muitas coisas sem explicação, eu não consigo ler um livro que quando termina parece incompleto.
ResponderExcluirOlá,
ResponderExcluirJá havia lido algo a respeito desse livro, me interessei bastante! Tem esse toque de mistério e crítica social, o que parece bom.
Mas pena que o final não parece ser tão bom.. Mesmo assim, tenho o interesse em ler.
Beijo.
Oie Ju =)
ResponderExcluirJá tinha visto esse livro em alguns blogs e achei a premissa dele interessante. O único problema é que ficou meio puta quando leio um livro em que o autor deixa as coisas sem explicação e isso me desanimou em conhecer a história =/
Beijos e um ótimo final de semana;***
Ane Reis.
mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
@mydearlibrary
Oiie! Aai q lindo! Essa capa eh linda! Gostei demais da história em si, gêneros misturados, adorei! Qro ler urgente! Parabéns pela resenha, adorei! Bjs!
ResponderExcluirAdoro livros que lancem críticas sociais, que mesmo sendo de época, se encaixam bem até nos dias de hoje.
ResponderExcluirOi Julia!
ResponderExcluirNão conhecia o livro ainda, mas a capa já me atraiu!
A história parece ser bem interessante... Acho que ainda não li nenhum livro que se passasse na Holanda. Fiquei interessada!
Beijos,
Sora - Meu Jardim de Livros
Julia!
ResponderExcluirO bom de ler livro que se passam em séculos mais antigos, é justamente ver as diferenças, principalmente sociais, embora a politicagem continue a mesma através dos séculos.
“Saber amar não é amar. Amar não é saber.” (Marcel Jouhandeau)
cheirinhos
Rudy
http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
TOP Comentarista de março com 4 livros 3 ganhadores, participem!
Curiosa demais com esse livro,a autora dxar algumas coisas sem explicação já não fico tão aflita pois aprendi a superar essa busca por respostas e esperar com a serie Fallen da Lauren Kate,mas a capa e a história desse livros estão maravilhosas .
ResponderExcluirOlá Ju!!!
ResponderExcluirJuro que assim que comecei a ler a sua resenha me deparei comparando a história com o filme "A Colina Escarlate", mas foi só no começo mesmo rsrsrs
Gostei do enredo do livro e achei bem interessante, além disso a capa também atrai. Também gosto de Tim Burton e achava que a autora tinha algum parentesco pelo nome, mas pelo que vi é só nome.
Belíssima resenha e até uma próxima o/
lereliterario.blogspot.com