Semana Especial #2: Influência Católica em Loney


Loney é uma das apostas mais recentes da Editora Intrínseca e, para dar maior visibilidade ao livro, a editora convidou os blogs parceiros para comentarem alguns pontos principais da obra na Semana Especial #Loney. O assunto de hoje é a influência católica do autor na composição do livro.

Desde as primeiras páginas, fica claro que a religião preenche grande parte da vida do protagonista. Não era incomum que, durante narrativa do livro em primeira pessoa, Smith interrompesse a descrição ou a explicação sobre algum acontecimento com observações sobre as crenças repassadas por sua mãe, pela comunidade onde morava e pelos sermões do padre Wilfred. Lendas, histórias repassadas de gerações em gerações e superstições estão por toda a parte na obra.

Esther, mãe de Smith, é uma católica fervorosa, do tipo que justifica cada pequeno detalhe do dia com a presença de Deus, exige que seu filho atue como coroinha e sonha que ele, um dia, opte pela vida religiosa como padre. A relação dela com a Igreja se aproxima de um fanatismo, uma obsessão, inclusive pela necessidade de que cada costume deva ser meticulosamente observado, pois o mais simples desrespeito aos padrões representa uma transgressão grave.

"- Não faça mais isso com ele. Não faça mais isso com você mesma. Amanhã, vamos embora para casa assim que pudermos. Não é culpa de Bernard que tudo tenha dado errado esta semana. É este lugar. Ele é doentio. Não é bom para nós.
- Escute - disse a Mamãe, agarrando subitamente o pulso do Papai -, a sua fé pode ter desmoronado junto com a de Wilfred, mas não tente arruinar a minha também."

Enquanto vive suas próprias experiências, Smith filtra os ensinamentos que lhe foram passados, e começa a transformar sua relação com Deus em algo bastante diferente. Os acontecimentos no Loney, aliás, contribuem de uma forma surpreendente para essa mudança. Fica nítido no livro que, em muitos casos, aquilo que é atribuído ao Céu ou ao Inferno pode não ser nem de perto o que achamos ser, e que qualificar algo pelas suas consequências pode ser apreensivamente equivocado.

Hurley deixa bem clara também a hipocrisia que muitas vezes se esconde sob o manto da religião e o quão frágeis são as crenças baseadas em regras ilógicas criadas pelos homens. Não é sobre a que o autor tece sua crítica implícita, mas sobre a fé cega e irracional, e pensar sobre isso mostra quanta insensatez os homens provocam em nome desta fé.

Loney talvez não tenha esse intuito, mas as reflexões que indiretamente provoca são tão intensas e inquietantes quanto as implicações dos acontecimentos aos personagens do livro.









Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

13 comentários:

  1. Que resenha Mara!
    Curiosa para ler este livro. Você disse que tem ótimas reflexões :)
    Adorei,
    Beijos.
    http://www.fabulonica.com/

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  2. Oii Julia!
    Realmente notei o qto a religião eh citada no livro, uma forma de nos manter presos á leitura e sim, refletirmos em cada página!
    Adorei!
    Bjs

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  3. Ansiosa para conferir estes detalhes no livro!

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  4. Oie Ju =)

    Esse livro anda sendo bastante comentando mesmo, e confesso que pela capa eu acha que a trama era mais voltada para o terror, gênero que não costumo ler.

    Depois da sua resenha estou olhando ele com outros olhos. Se tiver oportunidade pretendo dar uma chance a história.


    Beijos;***

    Ane Reis.
    mydearlibrary | Livros, divagações e outras histórias...
    @mydearlibrary


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  5. Pensei que o livro fosse mais voltado para o terror/suspense sem tantas reflexões, admito que fiquei com um pé atrás por a religião ser muito presente, não tive boas experiências com livros que tocavam nessa questão.

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  6. Oi.
    Não vejo a hora de poder desfrutar dessa leitura. Gostei muito da premissa desse livro e lendo resenhas como a sua, mais convicta fiquei de que será uma ótima leitura. Um bom suspense e um tema reflexivo, gosto muito! Obrigada! Beijos.

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  7. Ju,
    Acho que Loney trata de extremos. O quanto o excesso de fé é prejudicial, e o quanto a falta de fé também é.

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    1. Oi Carlos, você está certo. No texto acabei não abordando o outro lado, a falta de fé, mas isso é um contraponto que aparece durante toda a narrativa. E concordo sobre a questão de extremos, tudo que não possui equilíbrio acaba sendo prejudicial.

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  8. Acho muito interessante a influência católica do autor ser tão presente na história, ainda mais hoje em dia que o fanatismo religioso está sendo bastante discutido.

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  9. É muito bom o autor abordar esse tema, pois as pessoas estão cada vez mais se afastando da igreja e perdendo a fé. É bom abordar também superstições, me pergunto se elas realmente existem. Mas tem pessoas com a mãe do protagonista que exageram e ficam obcecadas pela religião.

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  10. Smith faz o que acredito que todos deveriam fazer que é filtrar os ensinamentos e criar uma relação real com Deus. Acho muito interessante quando conseguimos enxergar as crenças de um autor em sua obra. Ainda mais ansiosa para ler o livro.

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  11. Sinceramente não conhecia esse livro. E gostei da forma que o livro nos fala sobre a religião. Afinal o que é certo e o que é errado?
    Será que tudo que fazemos tem que estar ligado a religião,
    seja qual ela for?
    É uma boa forma de refletimos sobre o assunto.

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  12. A capa desse livro sempre me chamou a atenção, depois que li essa resenha fiquei com mais vontade de ler.

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