Sinopse: O Rube nunca amou nenhuma delas. Nunca se importou com ela. Nem é preciso dizer que Rube e eu não somos muito parecidos em matéria de mulher. Cameron Wolfe é o caçula de três irmãos, e o mais quieto da família. Não é nada parecido com Steve, o irmão mais velhos e astro do futebol, nem com Rube, o do meio, cheio de charme e coragem e que a cada semana está com uma garota nova. Cameron daria tudo para se aproximar de uma garota daquelas, para amá-la e tratá-la bem, e gosta especialmente da mais recente namorada de Rube, Octavia, com suas ideias brilhantes e olhos verde-mar. Cameron e Rube sempre foram leais um com o outro, mas isso é colocado à prova quando Cam se apaixona por Octavia. Mas por que alguém como ela se interessaria por um perdedor como ele? Octavia, porém, sabe que Cameron é mais interessante do que pensa. Talvez ele tenha algo a dizer, e talvez suas palavras mudem tudo: as vitórias, os amores, as derrotas, a família Wolfe e até eke mesmo. (Skoob)
ZUSAK, Markus. A Garota Que Eu Quero. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2013. 176 p.
Já no começo vou ser bastante parcial: A Garota Que Eu Quero é um livro voltado, essencialmente, para meninos. Isso não quer dizer que vocês, meninas, não devam ler ou não vão gostar. Na verdade, o livro até poderá ajudar vocês a entenderem um pouco como funciona a nossa cabeça. Isso, quando ela funciona... ;>)!
Por quê? Vou tentar explicar...
Narrado em primeira pessoa, acompanhamos as memórias de Cameron, ou Cam, um menino introvertido que vive à sombra dos dois irmãos mais velhos, Rube e Steve. Ele se sente, embora nunca o autor confirme se realmente é, menos do que os irmãos. Menos bonito, menos interessante, menos falador, menos inteligente, enfim, menos.
Steve já não mora na casa dos pais, assim Cam anda quase sempre na companhia de Rube, o cara que toda garota olha e gostaria de namorar.
“Ele olhou para ela. Ela olhou para ele. Em geral, era só o que precisava, porque aquele era o Rube. Meu irmão nunca tinha que realmente dizer nem fazer nada. Bastava ficar parado em algum lugar, ou se coçar, ou até mesmo tropeçar no meio-fio, e alguma garota começava a gostar dele.”
E desse comportamento de Rube, vem toda a dor de Cam: impotência de gritar que ele era melhor que o irmão, que ele estava ali, bem ao lado, e não era visto. Ele queria ser notado, queria que as namoradas do irmão, ou qualquer garota, olhassem para ele da mesma forma, ou que simplesmente olhassem para ele.
“A verdade é que... O Rube nunca amou nenhuma delas. Nunca se importou com elas. Só as queria por serem as próximas, e por que não ficar com a próxima se era melhor que a anterior?”
O recato de Markus Zusak em descrever a diferença dos sentimentos entre um menino e uma menina fica evidente em um pequeno parágrafo logo no começo.
“Com uma última olhada para Rube e Octavia, percebi o desejo nos olhos deles. Octavia desejava Rube. O desejo de Rube era por uma garota, só isso. Bem simples, na verdade.”
Essa é uma verdade para a maioria dos meninos. O olhar que uma garota manda para um garoto é bem diferente do que recebe de volta, mas ela não percebe, porque as meninas, na sua maioria, têm uma visão romântica e fiel do seu parceiro, enquanto nós, meninos, temos apenas um pensamento em 99% de nosso tempo: sexo.
Sim, não me olhem assim! O.O É verdade!
A frustração de Cam vem desse comportamento. Porque toda a regra tem sua exceção. Sempre existe aquele menino que sente por uma garota o mesmo respeito que recebe em troca. Mas, normalmente, ele não é o mais popular da turma. Como no livro, o que chama a atenção, e isso vale para meninos e meninas, é a aparência e o desejo. O sentimento vem depois. Junto com a decepção, na maioria das vezes.
Com o decorrer da história, percebemos que Cam, assim mesmo, ama e respeita Rube. Ele inveja o irmão e o recrimina, interiormente, por seu comportamento, mas não de forma depreciativa. Ele aceita o comportamento de Rube. É o que ele é.
Seria fácil para um escritor menos talentoso transformar Rube em um monstro. Alguém que seria fácil detestar ou, no mínimo, antipatizar. Mas não é isso o que ele faz. Apesar de toda a indiferença de Rube pelas garotas que conquista, sua relação com Cam é sensível e protetora. Tanto que ele não hesita em proteger Cam de um comentário maldoso que uma de suas antigas namoradas diz. Cam é seu irmão e fica claro que Rube faria qualquer coisa para protegê-lo. Com isso, ele ganha a simpatia do leitor.
O sentimento que Cam sente por Octavia no início da história, a nova namorada de Rube, é sufocado pela sua falta de confiança. Ele sabe que sente algo diferente por ela, mas não deixa esse sentimento aflorar porque acha que não tem como competir com o irmão. Mesmo assim, é ele quem a defende em um situação difícil, e não Rube. Porque Cam é sincero no que sente e pode se sacrificar por isso. Para Rube, Octavia não vale o risco.
Octavia já reparava em Cam antes de terminar com Rube. E depois de terminar, decide arriscar conhecer Cam melhor. O primeiro momento dos dois juntos, sozinhos na frente da casa da garota que Cam vigia, é comovente pela sensibilidade que existe em cada palavra. É triste perceber como Cam tem a completa noção de que a garota da casa nunca vai aparecer para ele, nunca vai ser dele, por mais dias que ele fique lá, esperando, esperando... e é Octavia quem faz com que ele perceba que não precisa ficar lá, que a garota não vale o esforço, que ele é muito mais valioso do que pensa.
“– Ela não vem hoje nem nunca, e não há nada que eu possa fazer. – Cheguei até a citar o Rube: – Cada um sente o que sente, e essa garota nunca sente nada por mim. É só isso...”
O mais comovente é que, no fundo, Cam não quer aquela garota. Na verdade, ela é a representação de todas as garotas que ele acha que não pode ter. E Octavia, com uma simples pergunta, apaga essa garota, e todas as outras, da mente de Cam. O que dá para sentir, é como se ela abrisse uma janela e deixasse entrar no coração de Cam um pouco de luz e de confiança.
“E o rosto de Octavia clamou por mim no silêncio da noite urbana quando ela perguntou:
– Você quer ficar em frente à minha casa, em vez disso?”
– Você quer ficar em frente à minha casa, em vez disso?”
A partir desse ponto, o romance de Octavia e Cam vai ganhando consistência, mas o relacionamento de Cam com os dois irmãos também. É como se ao ganhar confiança sobre si mesmo, Cam também conseguisse quebrar a barreira do silêncio que o afastava dos irmãos. De forma diferente com cada um deles, Cam se mostra como realmente é e conquista o respeito e a admiração dos dois.
No fim do livro, depois de algumas situações difíceis e perigosas, fica a mensagem de que ele na realidade não é menos do que os irmãos, pelo contrário. Na verdade ele é mais autêntico, mais leal, mais sincero, mais amigo, mais irmão, enfim, mais.
A Garota Que Eu Quero não é apenas um livro para ser lido, mas para ser sentido. Principalmente por todos os Camerons que ficam no recreio das escolas observando, no silêncio, aquela garota que acredita que nunca vai ter a chance de conquistar, porque ao redor dela estão os garotos mais bonitos e populares. Mas existe um fato real que esses Camerons não conhecem, ou esquecem, ou têm medo de acreditar: em um relacionamento sincero, a beleza e a efêmera popularidade não importam. Você precisa de atitude, precisa mostrar como realmente é para a garota que ama. Sem subterfúgios. Direto. E para ter isso, você precisa de confiança, precisa gostar de você mesmo.
É essa a lição que Cam aprende com Octavia.
Obs.: A sinopse menciona fatos que não acontecem. :>(
Oie
ResponderExcluirFaz tempo que este livro está na minha lista de leitura, adoro a escrita do autor. Gostei muito da premissa dele e pretendo ler.
Boa resenha!!
Beijos
nao conhecia esse livro parece realmente interessante...
ResponderExcluirhttp://jackelinenuit.blogspot.com.br/
Oie,
ResponderExcluirLegal isso de um livro voltado principalmente para o público masculino, não é?
Muito raro isso nos dias atuais.
Acho que a leitura é super válida pra ver como funciona a cabecinha de vocês.
Beijos
♫ Conversas de Alcova ♫