Vermelho como o sangue - Salla Simukka


Sinopse: No congelante inverno do Ártico, Lumikki Andersson encontra uma incrível quantidade de notas manchadas de vermelho, ainda úmidas, penduradas para secar no laboratório de fotografia da escola. Cédulas respingadas de sangue.
Aos 17 anos, Lumikki vive sozinha, longe de seus pais e do passado que deixou para trás. Em uma conceituada escola de arte, ela se concentra nos estudos, alheia aos flashes, à fofoca e às festinhas dominadas pelos garotos e garotas perfeitos.
Depois que se envolve sem querer no caso das cédulas sujas de sangue, Lumikki é arrastada por um turbilhão de eventos. Eventos que se mostram cada vez mais ameaçadores quando as provas apontam para policiais corruptos e para um traficante perigoso, conhecido pela brutalidade com que conduz os seus negócios.
Lumikki perde o controle sobre o mundo em que vive e descobre que esteve cega diante das forças que a puxavam para o fundo. Ela descobre também que o tempo está se esgotando. Quando o sangue mancha a neve, talvez seja tarde demais para salvar seus amigos. Ou a si mesma. (Skoob)
SIMUKKA, Salla. Vermelho como o sangue. Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora, 2014. 240 p.


Há uma regra que é praticamente infalível quando o assunto é literatura: não crie expectativas. Quando isso acontece, é muito comum o leitor acabar frustrado. O inverso também é válido e, muitas vezes, quando se inicia uma leitura sem esperar muito, ela pode nos surpreender. Vermelho como o sangue, de Salla Simukka, no meu caso, se encaixou nesta última categoria e eu, que escolhi ler o livro por ser fininho, passei a virar as páginas freneticamente para saber como a história terminaria.

Lumikki já havia passado por muita coisa na vida, apesar de não ser mais do que uma adolescente. Mas ela sabia ser o que quisesse, até mesmo invisível... ou quase. Por causa dessa "habilidade", de uma personalidade singular e sua curiosidade aguçada, a garota discreta e solitária acaba se envolvendo em uma trama que relaciona um saco de dinheiro sujo de sangue, um trio de adolescentes que pouco se recordam, e uma máfia que é mais próxima e poderosa do que ela imagina.

Toda a trama de Vermelho como o sangue se desenrola no frio inverno finlandês, e acontece em poucos dias. Tendo em vista a quantidade de informações descobertas, isso poderia ser considerado uma falha no enredo, mas não foi tão importante assim. Além disso, a narrativa de Simukka, que escondia informações e só revelava aquelas que eram de extrema necessidade, acendia o interesse durante a leitura e a vontade de descobrir a verdade sobre o dinheiro e sobre o passado de Lumikki.

"Você não é essas palavras. Você não é os gritos e os xingamentos. Você não é as coisas horríveis cuspidas em você como chiclete sem gosto. [...]
Dentro de você, já sempre uma parte sua que ninguém pode tocar. Você é você. Você é sua e dentro de você está o universo. Você pode ser o que quiser. Você pode ser qualquer pessoa."

Outro aspecto do texto é que, de modo quase irônico, a autora faz algumas comparações sobre os acontecimentos da trama com passagens de contos de fadas. Irônico porque o livro não tem nada de leve e nada de conto de fadas, tem mais a ver com um thriller, com muito mistério e ação. Porém, imagino não ter sido à toa que a protagonista tem o nome que tem - que significa Branca de Neve, em finlandês.

No início, não gostei da protagonista. Senti uma noção de superioridade na forma como ela analisava os outros ao seu redor, o que me pareceu um modo amargurado de tentar ter orgulho da vida vazia que tinha. Com o tempo, a autora mostra por que a protagonista construiu suas armaduras, e é possível compreendê-la um pouco. Apesar de ser um pouco presunçoso por parte da autora - que em uma passagem assim define Lumikki -, a personagem tem mesmo algo de Hercule Poirot e de Lisbeth Salander. Algo sutil, mas tem. Passei a ter maior simpatia por Lumikki ao ver a relação que ela começava a criar com Elisa, e mesmo com Tukka e Kasper, e ver que ela podia não ser tão egoísta quanto eu supusera.

"Ela prometera a si mesma que não ia mais ter medo. No entanto, estivera pensando em si mesma apenas. Não percebera que poderia sentir medo por outra pessoa. Se saísse naquele momento e fechasse a porta, poderia se livrar de tudo aquilo. Não se afastaria do medo, entretanto. [...] 
Ela ficaria com medo por Elisa. Não queria isso."

Ainda que haja um final neste volume,  muita coisa ficou pendente. O fechamento do livro, por sinal, foi a única coisa que realmente não agradou, já que a autora resolveu tudo do modo mais fácil, sem dar detalhes e respostas, e cabe ao leitor apenas imaginar o que aconteceu, porque a autora "pula" essa parte. Também, conforme comentei antes, a autora só revelou, durante o livro, aquelas informações que se fizeram necessárias. Há ainda muito sobre Lumikki, sobre seus pais e outros personagens que, imagino, só virão à tona nos próximos livros.

De um modo geral, a obra é instigante, com muito mistério e poucas respostas, com cenas que elevam a adrenalina e que, mesmo tendo chances de ser uma ótima leitura, pode frustrar quem tiver muitas expectativas.



Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

4 comentários:

  1. Oi Julia

    Essa é a primeira resenha positiva que eu leio sobre esse livro, muitos leitores estavam decepcionados por causa das altas expectativas e por elas não terem sido alcançadas.
    Ele está na minha meta de leitura desse começo de ano por ser fininho e espero que seja uma boa leitura.
    Quando vi você comparando a protagonista com Lisbeth e Poirot minha curiosidade aguçou.
    Vou tentar controlar as expectativas.

    Beijos
    mundo-de-papel1.blogspot.com.br

    ResponderExcluir
  2. Aii agora fiquei com medo. Estou muito ansiosa para ler esse livro, tanto que ele é minha próxima leitura da fila. Enfim..vamos ver o que vou achar...gosto dessa adrenalina. Vamos ver...
    Beijos!
    Monólogo de Julieta

    ResponderExcluir
  3. cara eu achei esse livro muito ruinzinho, não consegui me conectar com a história =/

    Seguindo o Coelho Branco

    ResponderExcluir
  4. Oi Julia!
    É a primeira resenha que leio desse livro e nem sabia sobre o que se tratava a história, apesar de tê-lo. Fiquei curiosa, vou lê-lo e ver o que acho.

    Beijos,
    http://www.epilogosefinais.com/

    ResponderExcluir

Agradeço muito sua visita e peço que participe do blog, deixando um recadinho. Opiniões, idéias, sugestões, são muito importantes para fazer o blog cada vez melhor!
Assim que possível, retribuirei a visita.

Beijos, Julia G.