Por isso a gente acabou - Daniel Handler

Sinopse: Por isso a gente acabou trata, com a comicidade típica do autor, de uma situação difícil pela qual todos um dia irão passar: o fim de uma relação amorosa e toda a angústia, tristeza e incerteza que essa vivência pode gerar. Min Green e Ed Slarteron estudam na mesma escola e, depois de apenas algumas semanas de convívio intenso e apaixonado, acabam o namoro. Depois de sofrer muito, Min resolve, como marco da ruptura definitiva, entregar ao garoto uma caixa repleta de objetos significativos para o casal junto com uma carta falando sobre cada um desses objetos e do episódio que ele representou, sempre acrescentando, ao final, uma nova razão para o rompimento. Essa carta é o texto de Por isso a gente acabou, que é, assim, carregado de um tom informal e tragicômico - características da personagem - e traduz com um misto de simplicidade e profundidade a história de uma separação. (Skoob)

HANDLER, Daniel Por isso a gente acabou. Editora Seguinte, 2012. 368 p.

Eu fiquei um tempo tentando decidir como seria o tom desta resenha. Continuo dividido. Tem coisas em Por isso a gente acabou que são muito boas, mas tem outras que são muito decepcionantes. Vou tentar explicar as duas e deixo para você decidir o que acha.

Vamos começar pelo que não gostei, porque, assim, você fica com a parte boa no final e com uma opinião um pouco melhor do livro ;)


Ed é o cara mais popular do colégio, o melhor atleta, o mais bonito e falastrão, o cara que quase todas as garotas querem namorar. Min é mais intelectual, estuda cinema, gosta de conversas com conteúdo, procura significado nos pequenos gestos e é sensível, muito sensível. Ela se apaixona por Ed. Por um acaso, os dois começam a namorar.

Óbvio que não vai dar certo. Não apenas pelo título do livro, que deixa isso claro, mas por causa da total incompatibilidade de pensamentos, comportamentos, sentimentos e ações entre Min e Ed.

E obviedade é o grande problema de Por isso a gente acabou. Não há nenhuma surpresa na história ou nos personagens. Nada. Nada mesmo. É um total clichê em todas as suas situações: o cara popular que fica com as garotas mais bonitas do colégio a cada período escolar; a garota bonita, mas que é intelectual e ignorada pelos populares; o melhor amigo da garota que é apaixonado por ela, mas a garota não sabe disso, apesar de ser visível até para um cego; os bailes de fim de ano; a festa da fogueira que não dá certo; a ex-namorada do garoto popular que não larga o pé; a amiga falsa; e por aí vai.


Quando comecei a ler, pensei: tudo bem, eles terminam, mas por qual motivo?

É por isso mesmo que você está pensando. Até nisso não existe surpresa. E quando isso acontece? Também não existe surpresa. É logo depois que Ed consegue o que cada garoto quer de uma garota, ainda mais quando ela é virgem. Na verdade, Min, apesar de ser inteligente e sensível, é totalmente burra no quesito Ed. Tanto, que cheguei a pensar que ela merecia tudo o que estava sentindo, que ela procurou o que encontrou, e que mereceu.


Fora a falta de qualquer surpresa, existe outro ponto que quase me fez largar a leitura. Por Min adorar cinema, cada capítulo possui parágrafos e mais parágrafos de referência a filmes antigos, que ninguém conhece, com o que ela está vivendo. Lá pela metade do livro, tive que decidir se abandonava a leitura ou, simplesmente, pulava os trechos com essas referências, que, de certa forma, não acrescentaram absolutamente nada para a história dos dois. Porque, para que isso ocorresse, seria necessário o leitor conhecer o teor da comparação. Não existe essa relação. Então, a coisa fica maçante, chata, insuportável. Teve capítulo que pulei duas ou três páginas de puro nada.


Mas então, vamos falar do que é bom, neh?

A narrativa, apesar das partes arrastadas e maçantes dos filmes, é extremamente bem escrita. A transmissão ao leitor do que Min sente é tão bem feita, que é perfeitamente possível o leitor sentir um peso no coração, uma angústia, uma compaixão verdadeira pela personagem, como se ela realmente existisse.

Vale um destaque para um trecho onde Min, após uma decepção com Ed em uma festa, dança com o ex-namorado. Os pensamentos, as coisas que ela faz, são descritas em uma velocidade e com uma troca de palavras que consegue transmitir perfeitamente toda a confusão da personagem, bem como o que ela está sentindo no momento. Eu li esse pedaço duas vezes, de tão perfeito que ficou.


Isso é suficiente para considerar Por isso a gente acabou como um bom livro? Ou como um mau livro? Não sei dizer. Poderia colocá-lo como mediano. Mas não sei se seria o correto. Acho que a resposta depende muito da sensibilidade de quem vai ler. E do que a pessoa espera encontrar na história de Min e Ed.

Eu esperava encontrar mais. Uma pequena surpresa que fosse. Mas encontrei apenas a apaixonante habilidade do autor em usar as palavras para transmitir sentimentos, mas sem qualquer criatividade para criar situações com os personagens que completassem esses sentimentos.


Não posso terminar sem mencionar as ilustrações dos objetos que Min devolve para Ed. São simples, mas belíssimas. Inclusive, a edição é perfeita. E antes que alguém reclame das páginas em branco, isso é necessário para criar contraste com as imagens. E fica excelente!

Mesmo não sabendo responder se gostei ou não de Por isso a gente acabou, e apesar de todos os defeitos que apontei, bem como das poucas qualidades, recomendo a leitura, nem que seja pelo aprendizado de como se consegue criar emoções através de simples palavras.

Ah, e a nível de curiosidade, Daniel Handler é mais conhecido por seu pseudônimo, Lemony Snicket, autor de Desventuras em série :)
Carl
Carl

12 comentários:

  1. Olá!!!
    Realmente é um livro bastante tenso com historias obvias daquelas que você certamente adivinha logo no começo o que vem a frente, mas uma coisa que não me saiu da cabeça é porque a pessoa que escreveu o livro envolveu personagens tão diferentes um do outro? e porque terminaram só por terminar e falar que foi uma historia, não concordo com leituras assim com nenhum livro e apesar de achar isso muita gente gosta disso e respeito totalmente. Apesar disso concordo com você para ler o livro e adquirir aprendizado também não posso discordar.
    Até mais!!

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  2. Olá! Você me pegou ao dizer que o Daniel é o Lemony!!! Nunca li nada dele a não ser Desventuras em Série, então fiquei bastante surpresa. Eu não sei se leria o livro. Os pontos principais são algo que não me chamaram atenção. Eu adoraria saber se existiria alguma situação onde os personagens poderiam mudar, melhorar, se diferenciar, qualquer coisa mas não é bem isso que acontece, o que é uma pena pois a história parece ser ótima.
    Abraço, Leitora Encantada

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  3. Bem, não podemos negar que a historia já começa com um clássico clichê.. Menino popular e garota estudiosa . Às vezes eu acho que os outores poderiam inovar um pouco ne? Mas tudo bem.
    Pela sua resenha, classificaria o livro como "não leio". Não gostei muito da proposta e se não fosse tão maçante, quem sabe a leitura fluiria mais ne?!
    Abraços

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  4. ooi!
    apesar de eu amar um clichê eu não fiquei nem um pouco afim de ler a obra. o clássico "mocinha sensível com o badboy pegador" já anda batido há muito, renovar também é bom.
    bjs xxx
    http://lendocomela.blogspot.com.br/2016/08/rangers-ordem-dos-arqueiros-ruinas-de.html

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  5. Tenho um preconceito muito grande com histórias, mas de vez em quando gosto de ler, as vezes precisamos de uma história previsível para deixar a vida mais leve mas não sei se esse seria o ideal.
    Parece uma leitura meio frustrante, o autor consegue o mais difícil que é transmitir várias emoções mas não consegue o mais simples que é criar situações para que o leitor se envolva na história.
    É uma pena pq o título tem muito potencial para mim.

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  6. Eu já li esse livro mas faz muuuito tempo lembro que na época eu gostei dele, não sei se eu lesse ele de novo ia continuar gostando. Nossa não fazia ideia que era do mesmo autor de Desventuras em série *-*

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  7. Carlos!
    Me parece um livro bem dúbio e sem muito sentido.
    Acreditor que seja mais uma explanação apenas do que acontece em relacionamentos onde os envolvidos não tem muito haver com o outro e depois que o menino consegue o que quer, a abandona e só...
    No momento não fiquei interessada na leitura, quem sabe posteriormente?
    “A simplicidade representa o último degrau da sabedoria.” (Arthur Schopenhauer)
    cheirinhos
    Rudy
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/
    TOP Comentarista de OUTUBRO com 3 livros + BRINDES e 3 ganhadores, participem!

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  8. Oii Carlos!!
    Eu adorei a obra, simples, com enredo bom, ilustrações tbm me chamaram atenção, me despertou a curiosidade em conhecer mais de perto co toda ctz!
    Bjs!

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  9. Já tinha ouvido falar desse livro, essa resenha me desanimou bastante, achei a história muito confusa, talvez leia, mas acho muito pouco provável.

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  10. Acho que os pontos que você citou na leitura faz desse livro um livro meio médio hahahaha. Eu gosto mutio de clichês, mas também gosto de ser surpreendida, então só saberia a minha opinião sobre isso no livro caso eu o lesse, né? Quanto as citações dos filmes eu concordo com você, talvez o autor só queria mostrar que sabia demais, mas fazer o quê. Mas ao menos é bem escrito, acho que isso pode compensar um pouco.
    Um abraço!

    http://paragrafosetravessoes.blogspot.com.br/

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  11. Fiquei sem interesse de ler esse livro, pois adoro quando tem surpresas, somos pego desprevenidos, tem reviravoltas que nos deixam de boca aberta e nesses quesitos o livro deixa a desejar, as partes boas não despertou meu interesse, pareceu uma historia bem rasa.

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  12. Queria muito ler esse livro, o titulo me chamou atenção.
    Mesmo o tema sendo clichê, quem não gosta né? haha. Só um bom clichê pra espairecer.
    Me deu até vontade de fazer uma caixinha dessa e mandar pro meu ex (sou dessas) ahaha
    Enfim, adorei a resenha ^^
    beeejos

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