A namorada do meu amigo - Graciela Mayrink

Quando voltou das férias de verão, Cadu não imaginava a confusão em que a sua vida se transformaria. Era para ser um ano normal, mas ele entrou em uma enrascada e está correndo o risco de perder a amizade do cara mais legal do mundo. O que fazer quando a namorada do seu amigo vira uma obsessão para você?
Os churrascos da turma da faculdade talvez ajudem a esquecer Juliana, e, se depender do esforço do divertido Caveira, não faltarão garotas gente boa para preencher o coração de Cadu.
Mas não adianta forçar... Quem consegue mandar no coração? Alice, a irmã de Beto, é só mais uma das dores de cabeça que Cadu tem que enfrentar. A vida inventa cada cilada!
MAYRINK, Graciela. A namorada do meu amigo. Ribeirão Preto, SP: Novo Conceito Editora, 2014. 336 p. 

Conheci a escrita de Graciela Mayrink quando li Até eu te encontrar e fiquei apaixonada pela simplicidade da narrativa e a beleza do texto. Por isso, fiquei bastante curiosa por A namorada do meu amigo, publicado no ano passado pela Editora Novo Conceito. As cores vivas usadas na capa também ajudaram e, assim que tive oportunidade, peguei o livro para ler. A leitura desse segundo livro, porém, não foi tão incrível quanto a anterior, embora ele esteja (muito) longe de ser ruim.

Novamente a autora criou uma história de jovens em fase de cursar faculdade, as festas, conversas em bar, os primeiros amores e tudo o mais que envolve essa fase da vida. Essa ambientação cotidiana ajuda na identificação com o enredo, o que, junto à linguagem simples, faz o texto fluir com rapidez. O "simples", neste caso, não deixa a desejar e é na verdade um elemento que caracteriza a história de Mayrink e a torna tão gostosa de acompanhar.

“Eu me levantei e a abracei, cumprimentei Manuel e olhei para trás. Ela estava ali parada, linda em um vestido amarelo. Era Juliana, sorrindo para mim. Senti meu peito pegar fogo e ao mesmo tempo gelar, enquanto minhas pernas ficavam bambas. Eu era um perfeito imbecil, não parava de babar pela namorada do meu amigo.”

A base na qual o texto se desenvolve é a perspectiva de Cadu, em primeira pessoa, e os outros personagens são conhecidos por seus olhos. De alguma forma, a escrita da autora, nessa montagem, deu a impressão de que a história era contada por um amigo e que já imaginamos qual final terá, mas que o que importa é entender a sequência de fatos que levaram até ele.

Todo o enredo é bem estruturado, linear, e os personagens, em sua maioria, me conquistaram por inteiro. Adorei o Caveira, o Beto, a Juju e a Alice, e até mesmo criei um carinho pelos pais que também foram mostrados na história, especialmente porque consegui imaginá-los como pessoas que fazem parte da minha vida, o que fez sentir ainda mais proximidade com eles.

“- Ela tem namorado. Que por sinal é seu melhor amigo.
- Eu sei. - Baixei a cabeça. - Aconteceu pai, não posso fazer nada.
- Pode tentar esquecê-la.
- Não sei se quero. - Eu o olhei. - Eu penso nela todos os dias, tento não pensar. Não sei se consigo esquecer a Juliana, mas quero pelo menos ter a amizade dela, se é o máximo que posso ter.
- Você é quem sabe. - Ele tinha um olhar de piedade, que fez com que eu me sentisse ainda pior. Ia sair do quarto, mas antes ele me abraçou. - Espero que você não sofra, meu filho.
- Já estou sofrendo.”

Os únicos problemas foram Cadu e a resolução dos obstáculos da história, mas um está intimamente relacionado ao outro. Desde o início, o comportamento de Cadu não me agradou. Que amigo era aquele? Relevei porque, de certa forma, consegui entendê-lo. E o final foi bonitinho da forma que foi, tenho que admitir, mas o garoto contradisse tudo o que havia feito até aquele momento. Pequeno spoiler: tudo bem ele beijar a Juliana quando ela namorava com o amigo, mas depois que os dois terminaram ele se sentia mal em ficar com ela? Sério?

Por isso tudo, gostei da história e me envolvi com ela, mas criei desprezo pelo Cadu, um desprezo sério, porque ele fez tudo errado o livro todo e, no final, fez tudo errado de novo, mesmo que o final tenha sido da melhor forma que poderia ser depois daquele estrago todo, se é que dá para entender.

Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

4 comentários:

  1. Julia, tenho esses dois livros da Graciela Mayrink, mas ainda não os li. Ai, é tão ruim quando a gente pega raivinha do protagonista, né? Tipo, por mais que o final tenha sido o menos pior, a gente pensa "mas por que essa criatura não mudou antes?". Enfim, acho que entendi o seu desgostinho.
    Eu adoro a diagramação que fazem nos livros da Mayrink. Novo Conceito é primorosa nisso.

    Um abraço, Julia!

    Blog || FanPage

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  2. acho bem simpático os plots dos livros da Graciela, os personagens são bem constituídos, as histórias bem legais. acho que o livro é coerente com aquilo que ela propôs. uma pena que a NC não acertou em nenhuma capa que fez. ainda bem que o conteúdo é uma leitura agradável.

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  3. Olá Julia,

    Bom saber o quanto esse livro é bom, li o primeiro da autora e confesso que esperava bem mais, mas sua resenha me animou em relação a esse....bjs.

    devoradordeletras.blogspot.com.br

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  4. Já vi resenha desse livro em outro blog.
    A história, apesar de clichê, parece bem desenvolvida pela autora.
    Está na lista de desejos.
    Abraços,
    www.diegomorais18.blogspot.com.br

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