Sinopse: O general Dun-Cadal foi um dos maiores heróis do Império, mas hoje não passa de uma sombra do que foi, embriagando-se no fundo de uma taberna. Traído pelos companheiros e amargurado pelo desaparecimento de seu jovem aprendiz, Dun-Cadal não quer mais saber de política, batalhas, pessoas.
É justamente ali, na taberna escura, que a jovem historiadora Viola vai encontrá-lo. Ela procura a Espada do Imperador, uma relíquia desaparecida no caos da revolução que derrubou a monarquia, teoricamente escondida por Dun-Cadal.
Viola também espera descobrir quem é o assassino sem rosto que começou a agir na cidade, matando os antigos companheiros do general, que viraram as costas aos seus ideais para aderir à nova República.
Graças à moça, o velho guerreiro vai vasculhar as lembranças de uma vida de glória e seus mais terríveis arrependimentos. À medida que ele conta sua história, os fantasmas do passado vêm à tona, reacendendo antigos rancores e a sede de vingança de um homem que se entregou ao caminho da fúria. (Skoob)
Livro recebido em parceria com a Editora
O Livro e a Espada - Antoine Rouaud
Arquivado em: Editora Arqueiro, resenhas
ROUAUD, Antoine. O Livro e a Espada. O Livro e a Espada #1. Editora Arqueiro, 2018. 400 p.
A capa sombria de O Livro e a Espada, de Antoine Rouaud, somada aos comentários sobre o livro feitos pelos leitores estrangeiros, levaram-me à curiosidade de conhecer por mim mesma essa história. Ao abrir o volume, deparei-me com uma trama densa e detalhada sobre intrigas, política e traições, mas que vai muito além disso. A obra se diferencia de todos os livros de fantasia que li, por vários motivos que vou detalhar mais à frente e, ao mesmo tempo em que me incomodou em diversos aspectos, a escrita de Antoine Rouaud me fisgou completamente.
O enredo conta a história de Dun-Cadal, um ex-general do Império que era considerado um herói, mas que agora se esconde atrás de canecos de vinho na esquecida cidade de Massália, já em uma época em que prospera a República. Quando Viola, uma jovem historiadora, aparece na cidade à sua procura para tentar recuperar a espada do Imperador, as lembranças daquele tempo afloram e trazem de volta a dor da perda de seu pupilo, Rã.
"- Pensei que estava falando com o grande Dun-Cadal, mas pelo jeito estava errada. Olhe só para o senhor... Não é nem a sombra do que foi um dia. Não passa de uma casca vazia, sem nenhuma dignidade, que só sabe erguer o copo com amargura."
O livro, dividido em duas partes, é narrado em terceira pessoa e alterna, dentro de um mesmo capítulo, passado e presente. Cada cena do presente se interliga a uma do passado, inclusive com ecos de memórias que às vezes se intercalam no mesmo texto. Essa construção é confusa no início, já que não fica claro quanto tempo teria se passado entre os acontecimentos. No decorrer das páginas, porém, o enredo vai ganhando corpo e clareza e, com os detalhes que se juntam para deixar as respostas necessárias ao leitor, logo tudo fica fácil e incrivelmente instigante.
A primeira parte tem como foco Dun-Cadal e mostra, por seu ponto de vista, as guerras e tramas políticas que levaram à queda do Império. Na segunda metade da obra, marcada por uma grande revelação, o foco se volta para outro personagem. É essa segunda parte do livro que guarda as grandes reviravoltas e, diferentemente de muitos leitores que acharam essa parte mais lenta, foi o trecho que mais gostei, visto que Rouaud desconstruiu quase todas as minhas impressões e mostrou que os acontecimentos podem ser bem diferentes se vistos por outros ângulos.
Outro aspecto interessante trazido pelo autor foi a dubiedade de seus personagens. Dun-Cadal, por exemplo, era nitidamente um homem íntegro, tanto quanto se pode ser em uma guerra, mas isso não fez dele um personagem carismático e, por isso, não há uma identificação com o personagem. Da mesma forma, os outros personagens são cheios de camadas e mistérios e não se sabe quem está ou não dizendo a verdade. Page, por exemplo, é um dos maiores mistérios para mim e, mesmo agora que terminei esse primeiro livro, não sei dizer se é ou não confiável.
Para quem gosta também de uma narrativa descritiva, detalhista e bem desenvolvida, este é o livro perfeito, pois o autor não se contenta em mencionar os acontecimentos, mas os demonstra por meio de cenas ricamente construídas. Estão presentes descrições sobre o ambiente em que se passa a história, sobre personagens e sobre os acontecimentos. Tais características tornam a trama bastante densa, tanto que eu, que costumo ler ao menos um livro por semana, precisei de duas semanas para concluir este.
Embora se tratasse de uma fantasia, com dragões e seres míticos, além do uso de magia - o Sopro -, em alguns momentos eu quase me esquecia disso. A batalha e as conspirações políticas ganharam um papel tão central na trama e esses detalhes mágicos eram colocados na história com tanta naturalidade que era fácil embalar na leitura sem se dar conta deles de verdade. Além disso, havia no enredo um toque tão sombrio e tenso - em razão da guerra, da perda e dos arrependimentos - que o livro se distanciou bastante das outras fantasias que já li.
O Livro e a Espada me ganhou por ser uma obra rica e bem desenvolvida, cheia de mistérios e reviravoltas, e eu indico para quem gosta de leituras que fujam à realidade, mas que sejam, ao mesmo tempo, um pouco mais densas. Espero que o segundo volume seja publicado logo, principalmente porque ficou um gancho enorme para a continuação.
Ju
Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.
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Oi, Ju.
ResponderExcluirÉ intrigante o motivo no qual o general deixou de ter importância, e escolheu se manter recluso...
Olá Júlia.
ResponderExcluirQue delícia deve ser esse livro, fiquei interessada depois de ler tua resenha. A capa sombria é linda,e a história mesmo sendo aparentemente comum pelo jeito não tem nada de superficial. Achei legal o autor ter criado personagens dúbias, pq sabemos que ninguém é totalmente bonzinho ou mal..Esse Dun-Cadal, cheguei à imaginar ele sentado na taberna,amargurado e solitário remoendo seus problemas e seu passado. Até Viola aparecer com intuito de descobrir o desaparecimento da espada do imperador e trazer a tona outros enredos.Mesmo sendo um livro de fantasia com pitadas de magia, eu gostei , ainda mais se é descritivo e detalhista, adoro livros assim.
Obrigada!
JU!
ResponderExcluirEntão o livro é feitinho para mim, porque gosto demais de livros com ficção/fantasia, onde há guerras e ainda mais com intrigas políticas, sempre rende muito a leitura.
Uma pena que no início tenha achado o livro um tanto lento e sem mutios atrativos, e que bom que depois mudou totalmente de opinião, mais um estímulo para ler.
Bom final de semana!
“Os piores estranhos são aqueles que vivem na mesma casa e fingem que se conhecem. Conversam banalidades, mas nunca o essencial.” (Augusto Cury)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA ABRIL – ANIVERSÁRIO DO BLOG: 5 livros + vários kits, 7 ganhadores, participem!
BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Mesmo não sendo meu gênero favorito, não há como negar que a capa e sinopse são fascinantes! E lendo a resenha, percebi que o livro além de trazer uma riqueza de detalhes, traz também história. E isso me animou muito a querer ler a obra.
ResponderExcluirAcredito que todos os livros com partes políticas, sejam de fato, mais lentos, mas engrenam com o virar das páginas..rs
Não a conhecia e por isso, vai para a lista de desejados com certeza.
Beijo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAdoro fantasia, dragões e ainda mais com esse toque sombrio, fiquei muito interessada em ler e mais ainda por ser diferente desperta muita curiosidade. Parece ser uma leitura que envolve e deixa o leitor maravilhado com essa historia que pelo visto foi bem trabalhada, deixa também aflito com tantos acontecimentos e esses personagens que nem da para saber em quem se pode confiar.
ResponderExcluirOi Ju,
ResponderExcluirAdoro essa mistura de fantasia com características um pouco policiais (pelo menos lendo a resenha tive essa impressão), e mais ainda pela narrativa intercalar passado e presente, já me acostumei com esse estilo e acho que você consegue entender melhor os personagens!
Duvidar de Page só mostra como o autor conseguiu moldar bem o personagem, a porno de confundir até o próprio leite, rs.
Adorei a resenha!
Beijos
Olá Ju! Estou doida pra ler esse livro, curto muito tudo isso, fantasia, aventura, policial, essa resenha me deixou ainda mais curiosa em conferi essa história que parece ser bem eletrizante e envolvente.
ResponderExcluirBjs
Oi Ju!
ResponderExcluirEu adorei conhecer o livro, não conhecia até então, como eu adoro o gênero, apensar de não ter lido nos últimos meses, eu vou add aos desejados, a história parece ser boa e me chamou atenção.
Bjs!
Ju,
ResponderExcluireu não conhecia o livro, mas gostei muito da sua resenha.
Deu pra ver que é um livro bem escrito, que cativa, e com temas muito fortes e precisos. Adoro livros sobre guerras, que mostram toda a politicagem aberta e cheia de problemas, e com elementos fantásticos então? Já me ganhou!
Lerei, com certeza!
bjos