Desafio de Escrita #3: Com todo amor do mundo

Estou apaixonada. Tenho certeza disso.

Sempre que a vejo, meus lábios não conseguem evitar um sorriso. E o sorriso que recebo de volta me tira o fôlego. Noto a felicidade em seus olhos e me sinto extasiada por isso.

Finalmente aceitei para mim alguém que conheço há muito tempo, mas que eu evitei enxergar; aquela pessoa que sempre foi a mais próxima, mas que eu tentei renegar. Descobri que a amo e isso me faz um bem imenso. Não existe outra coisa no mundo que tenha me feito tão bem quanto lhe dar essa chance.

Agora eu percebo as pequenas coisas que a fazem especial. Aquele sinalzinho no canto dos lábios que lhe dá um charme, o sorriso que ficou perfeito depois do aparelho, o brilho dos cabelos que não se deixam domar. Mesmo as coisas menos óbvias são encantadoras, como as pernas grossas que preenchem bem a calça, os dedos finos e longos das mãos ou os óculos que destacam ainda mais seus olhos. Até quando a opção pelo conforto se sobressai ao estilo e, em vez de uma roupa bem arrumada, escolhe tênis e moletom, sei que a amo ainda mais.

Não só isso, seus trejeitos todos são lindos. Gosto do modo como inconscientemente faz biquinho quando fala, ou como sua voz desafinada soa quando tenta acompanhar uma canção. Acho ótimo que consiga dançar no meio da rua ou rir histericamente de algo engraçado quando tem vontade. A timidez por esses pequenos atos foi embora, e é maravilhoso sentir a liberdade que isso provoca.

Não é a beleza que importa, não é o que mostra para os outros; o que importa é quem está ali, permitindo-se viver. Não há perfeição, e é isso que a faz perfeita. Quando aceitei suas qualidades, mesmo que coexistam os defeitos, percebi quanto amor poderia existir.

Encontrei minha alma gêmea e não preciso de mais ninguém além dela para viver bem. Encontrei, depois de tirar camadas e mais camadas de rejeição, de vergonha e de medo, a única pessoa que pode me fazer feliz: eu mesma. Descobri que posso me amar e que, somente assim, posso amar aos outros de verdade.

E é claro que um dia eu desejo poder viver um amor com alguém. Mas eu quero alguém para somar, não para dividir, para que possamos distribuir por aí e entre nós todo o amor do mundo.

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Este conto faz parte do Desafio de Escrita, e foi escrito a partir do tema 2 (Você conheceu a sua alma gêmea). Esse foi o mais curto entre os que publiquei até agora. O que acharam?