Lobo Solitário - Koike Kazuo

Sinopse: Lobo Solitário não é uma obra qualquer. É um daqueles raros trabalhos que aparecem ocasionalmente e se consagram como marcos de um gênero. Ao criarem um mangá sobre Itto Ogami, um ronin que anda pelo Japão Feudal com o jovem filho, Daigoro, Kazuo Koike e Goseki Kojima estavam soprando vida em uma obra prima que influenciou toda uma geração de leitores e artistas, e conquistou uma incalculável legião de fãns. Itto Ogami, o Lobo Solitário, era o executor oficial do Xogum. Eximio espadachim, ceifou a vida de muitos para consagrar seu nome entre os mais famosos samurais da época. Porém, sua família foi vítima de uma trama orquestrada pela família Yagyu. O ápice dessa perfídia foi um massacre que levoua vida de todos, menos de Ogami e de seu pequeno Daigoro. (Skoob)
KAZUO, Koike.Lobo Solitário. Editora Panini, 2017. 305p.


É difícil escrever sobre Lobo Solitário. A história de Itto Ogami e seu filho de três anos, Daigoro, que viajam pelo Japão da Era do Xogunato (1603 a 1868), em busca de vingança, é considerada a maior obra dos quadrinhos japoneses. Publicado pela primeira vez em 1970, o mangá foi adaptado para seis filmes, quatro peças de teatro, uma série de televisão e influenciou as gerações futuras. Toda a reconstituição da época é incrivelmente fidedigna, e fica facilmente compreensível por causa da narrativa clara, dos desenhos realistas, simples, que não escondem nada da ação e conseguem criar toda a emoção que cada um dos personagens sente.


Mas não é só por sua grandiosidade que pesa a responsabilidade de fazer uma resenha que tente passar uma pequena ideia das emoções que o leitor passa pelos vinte e oito volumes, mas pela incapacidade de poder explicar o quanto o final de Lobo Solitário é magnífico, e o quanto esse mesmo final consegue elevar tudo o que foi lido a um novo patamar, muito mais alto do que já era.

No último quadrinho, a última frase dita por um personagem abraçado a outro, muda completamente tudo o que foi lido até então, e faz você chorar como se fosse uma criança. É assustador o impacto que uma frase, que revela algo, que em momento algum foi sequer imaginado, pode modificar todos os personagens e todos os atos cometidos por eles.

A narrativa de Lobo Solitário não é totalmente linear. Cada volume reúne várias histórias, que podem ser sequenciais, ou não. Em quase todas, Itto e Daigoro são contratados por alguém para fazer algo ou matar alguém. O preço é sempre o mesmo: 500 ryos. A soma de todo o dinheiro que junta, seria para perpetuar uma vingança contra a família Yagyu, que tramou contra os Ogami, o que resultou na morte de todos, menos Itto e Daigoro.


No encalço dos dois, está Retsudô Yagyu, o patriarca da família rival, que não vai descansar enquanto não conseguir completar sua missão de assassinar todos os Ogami antes que Itto complete sua vingança. Em diversos volumes, alguns dos capítulos são armadilhas criadas por Retsudô contra Itto. Todas sempre são extremamente violentas e implacáveis, além de emocionantes! Outros capítulos, são as missões que Itto aceita para reunir o dinheiro que precisa. A variação é enorme, e são elas que permitem que o leitor conheça melhor a personalidade de cada personagem.

Mas o que há melhor em Lobo Solitário não se concentra no enredo violento, mas em duas relações díspares: a primeira, a relação entre Retsudô e Itto. É incrível como o ódio que um sente pelo outro vai crescendo com o avançar da trama, a um ponto que o próprio leitor não consegue mais distinguir um final onde eles não se matem. Também é admirável a forma como um respeita a capacidade do outro. Retsudô aumenta gradativamente cada uma de suas ameaças, testando e avaliando até onde Itto consegue ir.


A segunda relação, que além de mais forte, é mais emocionante, é a relação entre Daigoro e Itto. O menino de três anos é um dos personagens mais interessantes que já conheci. Existe um capítulo dedicado inteiramente a ele, que é de uma sensibilidade e uma simplicidade que faz chorar. Para Daigoro, Itto não é apenas seu pai, mas seu mundo. E para Itto, Daigoro é tudo o que lhe resta. Mas mais que isso: os dois têm uma relação simbiótica, eles se completam como arma. Em diversos momentos, Itto luta com o filho no colo, ou usa o carrinho, onde carrega Daigoro, como arma, ou o próprio filho se torna uma arma. Simplesmente, em algumas partes, não é possível visualizá-los como dois indivíduos separados, mas como um só.

E nos momentos finais, o leitor tem a visão do quanto eles se amam. Mesmo exaurido, ferido, Itto não larga o filho; e Daigoro, desesperado, lambe as feridas do pai para que ele se cure. O sofrimento do garoto é transmitido em cada quadro, em cada risco que forma suas feições. E é de Daigoro o momento final de toda história, é ele quem resolve a questão decisiva, tornando-se responsável por uma das maiores reviravoltas que já li em um quadrinho, em um livro ou mesmo em um filme.


Lobo Solitário é uma obra prima obrigatória para qualquer pessoa, seja leitora, ou não, de quadrinhos e mangás. Todos os volumes estão sendo republicados pela Panini, e o primeiro ainda está nas bancas de todo o país. Faça um favor a si próprio: leia!
Carl
Carl

11 comentários:

  1. Oii Carl!
    Adorei conhecer a obra, qro uma oportunidade de me esbaldar nesse gênero, pois tem me chamado bastante atenção, as ilustrações estão bacanas tbm.
    Dica anotada!Bjs!!

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  2. Oi!!!
    Ainda quero aprender a apreciar mais aos mangás dar uma chance ainda para preencher um espaço na minha lista, gostei de saber um pouco a respeito desse para quem não tem muito o costume de ler acho que eu poderia começar com esse quem sabe.
    Até mais!!!

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  3. Olá! Não conhecia essa série de magas, curto muito história em quadrinhos essa parece ser bem interessante essa sua resenha me deixou bem curiosa em conferi isso tudo que foi dito aqui.

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  4. Carl!
    Que resenha emocionante e dica fabulosa.
    Muito me interessa essa época da dinastia dos xoguns e vê-la transcrita na íntegra através dos quadrinhos é fenomenal.
    Adorei saber que a relação de pai e filho é como se fossem uma só pessoa, é muito amor.
    Preciso ler.
    Desejo uma semana tranquila!
    “Uma pergunta prudente é metade da sabedoria.” (Francis Bacon)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE MAIO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

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  5. Olá,
    Uma ótima oportunidade de conhecer essa obra magnífica. Gostei muito das ilustrações sendo que não sou muito fã de HQ mais esse me deixou a deseja. Uma história bem envolvente e com muita aventura para conhece.

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  6. Não sou de ler mangás, mas esse desperta interesse com tantas adaptações assim difícil, não querer saber mais e fiquei muito impressionada com o amor de filho e pai e vice versa é muito bonito. Como é em busca de vingança achei que o foco seria esse, mas é bom saber que o enredo não se concentra na violência.

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  7. Primeira vez que vejo falar sobre ele, e apesar de parecer ótimo nao sei se algum dia terei a oportunidade de ler, principalmente por que é muito raro eu ler mangá.

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  8. A história parece intensa. Gostei dos traços do mangá. Apesar de não ser muito ligada neste tipo de arte fiquei curiosa para conhecer. Com certeza quero ler.

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  9. Nunca li um mangá, mas sou daquelas que não perde um evento de animes rsrs
    Acho interessante como as histórias se desenrolam de uma forma única. Não sei pq nunca li, mas pretendo mudar esse status. Vlw pela dica ^^

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  10. Já me indicaram esse livro e estou fascinada pelos traços dos desenhos e pela história do HD!!!!!

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  11. Não conhecia o livro, mas fiquei encantada com a história principalmente a cumplicidade entre pai e filho, uma luta pela sobrevivência e que também envolve vingança. A cena descrita de Daiogoro lambendo as feridas do pai para curá-lo é muito emocionante, fiquei tentada a conferir os mangás.

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