Quem era ela - JP Delaney

Sinopse: É preciso responder a uma série de perguntas, passar por um criterioso processo de seleção e se comprometer a seguir inúmeras regras para morar no nº 1 da Folgate Street, uma casa linda e minimalista, obra-prima da arquitetura em Londres. Mas há um preço a se pagar para viver no lugar perfeito. Mesmo em condições tão peculiares, a casa atrai inúmeros interessados, entre eles Jane, uma mulher que, depois de uma terrível perda, busca um ponto de recomeço.
Jane é incapaz de resistir aos encantos da casa, mas pouco depois de se mudar descobre a morte trágica da inquilina anterior. Há muitos segredos por trás daquelas paredes claras e imaculadas. Com tantas regras a cumprir, tantos fatos estranhos acontecendo ao seu redor e uma sensação constante de estar sendo observada, o que parecia um ambiente tranquilo na verdade se mostra ameaçador.
Enquanto tenta descobrir quem era aquela mulher que habitou o mesmo espaço que o seu, Jane vê sua vida se entrelaçar à da outra garota e sente que precisa se apressar para descobrir a verdade ou corre o risco de ter o mesmo destino. Com um suspense de tirar o fôlego e um clima de tensão do início ao fim, JP Delaney constrói um thriller brilhante repleto de reviravoltas até a última página. Uma história de duplicidade, morte e mentiras. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
DELANEY, JP. Quem era ela. Editora Intrínseca, 2017. 336 p.


Comecei Quem era ela, de JP Delaney, sem muitas expectativas. Vi muitas resenhas positivas sobre o livro, mas também vi algumas afirmando que não era tão bom assim. Comecei a ler. Li cinquenta páginas, era ok. Li mais cinquenta e pensei "está ficando bom". E depois da página cem, só consegui largar o livro depois de terminar. Foi bom ser fisgada pela história dessa forma, quando eu não esperava nada, e ela me ofereceu em troca tantas surpresas que só me restou ficar de queixo caído e absolutamente fascinada por sua genialidade.

Quem era ela narra, sempre em primeira pessoa, a história de duas mulheres. Antes: Emma. Agora: Jane. Não há nenhuma ligação entre as duas, a não ser que ambas passaram por um processo seletivo rigoroso para morarem numa residência perfeitamente desenhada, na Folgate Street, nº 1. Aos poucos Jane descobre que nada é o que parece, que ela e Emma têm em comum mais coisas do que poderia imaginar e, enquanto tenta compreender o que aconteceu com a antiga moradora da casa, não percebe que segue pelo mesmo caminho de Emma.

"Nunca se desculpe por alguém que você ama, diz baixinho. Isso faz você parecer um idiota."

Os capítulos das duas personagens se alternam, em paralelo, e nos permitem ter conhecimento do que acontece com Jane e Emma aos poucos, ainda que uma das histórias, na verdade, se desenrole no passado. Achei curiosa a forma que o autor escreve os capítulos de Emma, sem demarcar os diálogos, o que confunde um pouco no início e dificulta identificar o que são falas e o que são pensamentos. No decorrer da leitura, no entanto, essa peculiaridade deixa de ser notada, tão envolvente que a história passa a ser.

Por conta da construção do texto com histórias em paralelo, é difícil fazer uma imagem do todo, e eu fiquei boquiaberta com a quantidade de vezes que o autor me enganou. Ele nos leva a acreditar em algo, induz a conclusões que não se concretizam, simplesmente porque nada indica o contrário. Então, quando a verdade finalmente é demonstrada, a surpresa é tanta que já não se sabe mais o que esperar da história, até que, de repente, o leitor se vê enganado outra vez.

Isso aconteceu três ou quatro vezes durante o livro e eu simplesmente não conseguia acreditar que tinha sido iludida outra vez. Esse descompasso na trama é frustrante, mas completamente arrebatador. Acho fantástico quando um autor consegue me iludir e, mais à frente, me faz enxergar uma realidade que eu nem sequer tinha imaginado, mas que é totalmente plausível. Isso prova um absoluto domínio do texto, de seus personagens e da história, porque desde o início os indícios estavam lá, só não de forma tão clara. Simplesmente genial.

"Eu me sinto a personagem de um filme. Em meio a tanto bom gosto, de alguma forma a casa me faz andar com mais elegância, me comportar de modo mais ponderado e tentar causar o melhor efeito possível em cada cena de que participo. Não tem ninguém me vendo, é claro, mas Folgate Street, nº 1 quase parece se tornar meu público, preenchendo os espaços vazios com músicas calmas e cinematográficas da lista de reprodução automática da Governanta."

Nada é o que parece na obra. Por mais que algumas atitudes se mostram simples e desinteressadas, cada mínimo movimento tem um motivo por trás. É engraçado porque é perceptível que os personagens são manipuladores e obstinados, mas nem sempre é possível perceber quem está manipulando quem. Todos são complexos e voláteis, e até mesmo Folgate Street, nº 1 é diferente do que se imagina inicialmente. A casa, aliás, torna-se um personagem central da história, pois seu perfil minimalista, somado a toda a sua tecnologia, permitiram que a trama seguisse os rumos que a tornaram tão interessantes.

Escrito em capítulos curtos e sem rodeios, o livro ainda conta com protagonistas femininas imprevisíveis, que parecem fragilizadas por algum tipo de trauma, mas que sabem o que querem e lutam, ainda que silenciosamente, por isso. Quem era ela é um livro arrebatador e surpreendente, perfeito para quem quer uma história cheia de mistérios e reviravoltas.

Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

14 comentários:

  1. Adorei sua resenha, me deu muita vontade de ler o livro!
    Adoro livros que tenham personagens fortes e determinadas, que lutam pelo que querem. Também gosto de ser surpreendida pelo autor, achei fantástico a forma que você relatou de se sentir iludida tantas vezes em um mesmo livro.

    Um abraço!

    ResponderExcluir
  2. Oii! Tbm gosto de me surpreender com a leitura, acho bacana qdo chega o ponto q percebemos q fomos enganados desde o início pelo autor ...
    Esse livro já está na listinha de desejados,não vejo a hora de conhecer...
    Bjs!

    ResponderExcluir
  3. Estou lendo um livro que antes de começar a ler tirei conclusões bem precipitadas e quando na verdade a historia foi tomando um rumo que jamais imaginei, mas sobre esse livro me desanimei totalmente depois de uma resenha negativa e agora li a sua cheguei a conclusão de que a historia é bem fraca as mulheres que moraram na casa acho que não é la muita coisa que o leitor espera acho que elas ficaram bem paradas no tempo mas não vou tirar conclusões precipitadas antes de ler o livro, mas estou sem expectativas.
    Abraços!!!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Marília, acho que o contexto psicológico da trama é muito mais importante que as personagens ou a casa, embora elas tenham participação no contexto. Definitivamente ninguém fica parado no tempo, a cada minuto há um novo acontecimento que prende o leitor. Não desanime não, achei o livro incrível!

      Beijos

      Excluir
    2. Obrigada Júlia não vou perder a esperança.
      Abraços!!

      Excluir
  4. Estou doida pra ler esse livro, curto muito um trailer psicológico, trama bem eletrizante e emocionante, cada resenha que vejo desse livro me deixai ainda mais curiosa em conferi isso tudo que estão dizendo dele.

    ResponderExcluir
  5. A historia pelo visto parece ser bem envolvente mesmo. Quero muito ler o livro e me adentrar na vida de Jane.

    ResponderExcluir
  6. Ju!
    Nossa!
    Tanta coisa solicitada para viver em uma casa? E no final, ela é manipuladora e faz coisas que ninguém espera.
    Não se pode confiar em nda.
    Gostei muito e quero poder ler.
    “A sabedoria dos homens é proporcional não à sua experiência mas à sua capacidade de adquirir experiência.” (George Bernard Shaw)
    Cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA DE MAIO 3 livros, 3 ganhadores, participem.
    http://rudynalva-alegriadevivereamaroquebom.blogspot.com.br/

    ResponderExcluir
  7. Olá,
    Nossa fiquei impressionada com a trama dessas duas personagem estarem na mesma casa, não se conhecerem mais haver uma ligação entre as duas, gostei bastante.. no momento em que vi queria muito ler mas agora a vontande esta crescendo muito mais e sempre bom ter misterio!

    ResponderExcluir
  8. A sua é a terceira resenha que leio sobre esse livro e infelizmente as duas primeiras foram negativas, mas voce disse algumas coisas que chamar a minha atenção, mas ainda estou em duvida, vou procurar saber mais antes de decidir. Adorei a sua resenha.

    ResponderExcluir
  9. Fiquei interessada em ler, pois acho que envolve mistérios em relação a casa e a outra moradora e como adoro mistério preciso ler rs. Adoro quando o autor faz isso com o leitor leva pra um caminho para engana-lo e depois quando sabemos a verdade ficamos como não pensei nisso antes kk. Parece ser bem instigante a historia.

    ResponderExcluir
  10. Eu já li esse livro e na minha opinião a história começa muita interessante, empolgante, cheia de ação, reviravoltas, mas .... no final, fica incompleta, sem sentido. Uma pena :/

    ResponderExcluir
  11. Desde o lançamento fiquei com vontade de ler o livro, embora acho que não vou gostar de ser "enganada" tantas vezes pelo autor. Gosto de ser surpreendida e espero que o autor não tire soluções mágicas da cartola apenas para surpreender o leitor. Fiquei curiosa para conhecer as protagonistas. Adoro livros com capítulos curtos. Com certeza quero ler.

    ResponderExcluir
  12. Acho que uma das melhores formas de começar um livro é sem muita pretensão e irmos nos envolvendo com a história e deixá-las nos surpreender ou não, também existe essa segunda opção.
    Essa falta de demarcação dos diálogos acho que vai me deixar confusa, mesmo que o livro se torne tão envolvente e esse detalhe se torne irrelevante.
    Achei super interessante a casa vir como uma personagem principal, acho que ainda não tinha visto algo parecido.

    ResponderExcluir

Agradeço muito sua visita e peço que participe do blog, deixando um recadinho. Opiniões, idéias, sugestões, são muito importantes para fazer o blog cada vez melhor!
Assim que possível, retribuirei a visita.

Beijos, Julia G.