Sinopse: A filha mais nova de Mackenzie Allen Philip foi raptada durante as férias em família e há evidências de que ela foi brutalmente assassinada e abandonada numa cabana. Quatro anos mais tarde, Mack recebe uma nota suspeita, aparentemente vinda de Deus, convidando-o para voltar àquela cabana para passar o fim de semana. Ignorando alertas de que poderia ser uma cilada, ele segue numa tarde de inverno e volta a cenário de seu pior pesadelo. O que encontra lá muda sua vida para sempre. Num mundo em que religião parece tornar-se irrelevante, "A Cabana" invoca a pergunta: "Se Deus é tão poderoso e tão cheio de amor, por que não faz nada para amenizar a dor e o sofrimento do mundo?" As respostas encontradas por Mack surpreenderão você e, provavelmente, o transformarão tanto quanto ele. (Skoob)
YOUNG, William P. Jackaby. Editora Sextante, 2008. 256 p.
A história de A Cabana pode ser dividida em dois temas distintos, mas convergentes: superação e religião. O primeiro tema, trata da difícil superação da perda de uma filha, morta por um maníaco estuprador. O segundo tema, faz a ligação dessa superação com a ajuda da religião. Enquanto o primeiro é plenamente satisfatório e entrega uma carga emocional que prende o leitor, o segundo falha a partir do momento em que apresenta uma propaganda religiosa que não entrega uma solução aceitável para o que se propõe.
Metade de A Cabana mostra o relacionamento de Mack, o personagem principal, com sua família, a viagem que fazem para acampar, o acidente da canoa no centro do lago, o desparecimento da menina mais nova, a busca por ela realizada pela polícia e a constatação de que ela foi assassinada por um estuprador. Toda essa parte não deixa de lado a religião, pelo contrário. Em todas as páginas, o leitor é convidado a acreditar que existe algo mais, tanto na vida dos personagens, quanto na sua própria vida.
A outra metade do livro, quando Mack recebe um convite para encontrar Deus na cabana onde foram encontradas as evidências de que a filha foi morta, parte para um lado teológico que tenta fazer o leitor compreender que Deus não é responsável pelas desgraças humanas, e que Deus não irá salvar ninguém dessas desgraças. Entretanto, isso não quer dizer que Deus não estará ao seu lado quando elas acontecerem.
Toda a conversa de Mack com Deus, Jesus e o Espírito Santo sobre responsabilidades, especificamente sobre o motivo de Deus não ter salvo uma criança das mãos de um assassino, é plenamente satisfatória, lógica, independente da religião de quem está lendo. Entretanto, a partir do ponto em que o autor parte para o julgamento das não ações, ou seja, se Deus é culpado por não interferir, a narrativa passa a transmitir uma propaganda religiosa que destrói o que foi lido até então.
O autor tenta fazer o leitor aceitar que Deus não abandona uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um pecado, porque todos nós somos seus filhos, e ele, como pai, trata todos de forma igual. Ou seja, todo pecado pode ser perdoado. E ponto. Mas aí reside o erro, porque não existe um ponto no final dessa afirmação, mas, sim, uma vírgula. Todo pecado pode ser perdoado, desde que o pecador se arrependa de coração. Não é o caso de A Cabana. E esse é o ponto falho da narrativa. Não existe arrependimento no pecador da história.
E o exemplo dado para ilustrar isso é a parte mais absurda e incoerente da narrativa. É dito a Mack que ele deve escolher um dos seus filhos para ser condenado ao Inferno por seus pecados. Ele, obviamente, se recusa e diz que não consegue, que não vai fazer. E então, é feito um comparativo com Deus, que age da mesma forma conosco, com seus filhos. Acontece que os filhos de Mack não assassinaram e estupraram uma menina indefesa. O autor coloca qualquer crime, seja ele de qual teor for, no mesmo patamar, para forçar uma ideia que não tem fundamento próprio. E quando você força uma ideia sem fundamento, vira propaganda. A partir desse ponto, o livro perde qualquer credibilidade com sua mensagem.
Pior ainda, o autor simplesmente muda as atitudes de Mack, um personagem que até o momento se recusava a aceitar a impunidade do monstro que matou a filha. Com esse exemplo incoerente, Mack muda de ideia de uma linha para a outra, perde sua tristeza interior e compreende aquilo que o autor não conseguiu encontrar uma forma de fazer compreender.
A Cabana acaba não funcionando como uma história de superação, porque a concretização dessa superação se dá sobre fundamentos mal construídos e mal explicados; e também não funciona como mensagem religiosa, porque subverte os ensinamentos através de uma interpretação errada sobre o que é pecado, julgamento e perdão. A única coisa que o autor acerta, é que nós sempre estamos acompanhados, nunca estamos sozinhos, desde que tenhamos fé.
Metade de A Cabana mostra o relacionamento de Mack, o personagem principal, com sua família, a viagem que fazem para acampar, o acidente da canoa no centro do lago, o desparecimento da menina mais nova, a busca por ela realizada pela polícia e a constatação de que ela foi assassinada por um estuprador. Toda essa parte não deixa de lado a religião, pelo contrário. Em todas as páginas, o leitor é convidado a acreditar que existe algo mais, tanto na vida dos personagens, quanto na sua própria vida.
A outra metade do livro, quando Mack recebe um convite para encontrar Deus na cabana onde foram encontradas as evidências de que a filha foi morta, parte para um lado teológico que tenta fazer o leitor compreender que Deus não é responsável pelas desgraças humanas, e que Deus não irá salvar ninguém dessas desgraças. Entretanto, isso não quer dizer que Deus não estará ao seu lado quando elas acontecerem.
Toda a conversa de Mack com Deus, Jesus e o Espírito Santo sobre responsabilidades, especificamente sobre o motivo de Deus não ter salvo uma criança das mãos de um assassino, é plenamente satisfatória, lógica, independente da religião de quem está lendo. Entretanto, a partir do ponto em que o autor parte para o julgamento das não ações, ou seja, se Deus é culpado por não interferir, a narrativa passa a transmitir uma propaganda religiosa que destrói o que foi lido até então.
O autor tenta fazer o leitor aceitar que Deus não abandona uma pessoa, mesmo que ela tenha cometido um pecado, porque todos nós somos seus filhos, e ele, como pai, trata todos de forma igual. Ou seja, todo pecado pode ser perdoado. E ponto. Mas aí reside o erro, porque não existe um ponto no final dessa afirmação, mas, sim, uma vírgula. Todo pecado pode ser perdoado, desde que o pecador se arrependa de coração. Não é o caso de A Cabana. E esse é o ponto falho da narrativa. Não existe arrependimento no pecador da história.
E o exemplo dado para ilustrar isso é a parte mais absurda e incoerente da narrativa. É dito a Mack que ele deve escolher um dos seus filhos para ser condenado ao Inferno por seus pecados. Ele, obviamente, se recusa e diz que não consegue, que não vai fazer. E então, é feito um comparativo com Deus, que age da mesma forma conosco, com seus filhos. Acontece que os filhos de Mack não assassinaram e estupraram uma menina indefesa. O autor coloca qualquer crime, seja ele de qual teor for, no mesmo patamar, para forçar uma ideia que não tem fundamento próprio. E quando você força uma ideia sem fundamento, vira propaganda. A partir desse ponto, o livro perde qualquer credibilidade com sua mensagem.
Pior ainda, o autor simplesmente muda as atitudes de Mack, um personagem que até o momento se recusava a aceitar a impunidade do monstro que matou a filha. Com esse exemplo incoerente, Mack muda de ideia de uma linha para a outra, perde sua tristeza interior e compreende aquilo que o autor não conseguiu encontrar uma forma de fazer compreender.
A Cabana acaba não funcionando como uma história de superação, porque a concretização dessa superação se dá sobre fundamentos mal construídos e mal explicados; e também não funciona como mensagem religiosa, porque subverte os ensinamentos através de uma interpretação errada sobre o que é pecado, julgamento e perdão. A única coisa que o autor acerta, é que nós sempre estamos acompanhados, nunca estamos sozinhos, desde que tenhamos fé.
Sempre via muitos elogios a respeito desta obra, mas esta e a primeira resenha que leio a respeito desta estória, e admito que achei bem contraditório está estória de Deus perdoa todos os pecados, mesmo que a pessoa não se arrependa, já que se não á arrependimento a pessoa poderia voltar a cometer o mesmo crime. A forma como este conteúdo e introduzido, não e algo concreto e palpável, e de certa forma deixou a desejar. Mas confesso que pretendo assistir ao filme.
ResponderExcluirParticipe do TOP COMENTARISTA de AGOSTO, para participar e concorrer Ao livro "Dois Mundos", o primeiro da série "Tesouros da Tribo de Dana" da escritora Simone O. Marques, publicado numa edição linda pela Butterfly Editora.
http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/
Olá! Sempre vi falar super bem desse livro, porem ainda não li e também ainda não assisti o filme, essa sua resenha me deixou bem curiosa em conferi isso tudo que foi dito aqui, curto muito os temas superação e religião.
ResponderExcluirLi o livro, pois na época que saiu estava sendo muito comentado e assisti o filme mesmo sabendo que não iria gostar, assisti de teimosa kk. E ambos não gostei tem muitas coisas que não condiz com aquilo que acredito, concordo plenamente com a sua resenha esses pontos foram os mesmos que discordei na historia. Essa parte do personagem julgar um filho em comparação com o assassino foi discrepante, nem tenho palavras pra expressar isso.
ResponderExcluirInteressante teu ponto de vista sobre o livro. Confesso que li ele a muito anos, e na época tinha gostado muito dele, mas creio que talvez minha opinião mude ao reeler ele. Não vi o filme ainda, por este fato que gostaria de realizar a leitura antes disso. Parabéns pela resenha, e por detalhar os pontos que não te agradaram dele.
ResponderExcluirOlá.
ResponderExcluirLivros com temas polêmicos, quase sempre causam isso: interpretações e visões diferentes, de uma mesma obra. Eu já li o livro, na época em que foi lançado e gostei muito. Não sei, minha visão para com a leitura, foi outra. Mas, quem sabe, em uma segunda possível leitura, eu até consiga enxergar os pontos negativos que você citou.
Ótima resenha.
Abraços.
Oi, sendo bem sincera não é um tipo de livro que eu leria por não seguir uma religião. A historia em si parece ser muito boa mas não pra mim. Acontece, né?
ResponderExcluirMas sua resenha está ótima. Beijos.
Carl!
ResponderExcluirChorei apenas em ler sua resenha e fico imaginando quando tiver oportunidade de ler o livro...
Deve ser doloroso perder uma filha criancinha, nem quero pensar...
E saber que o autor abordou um lado mais religioso no livro, mostrando que o amor de Deus tem tem cor, credo, nacionalidade, nada, deve ser bem inspirador.
Quero ler.
“Deus com Sua infinita Sabedoria, escondeu o Inferno no meio do Paraíso para que nós sempre estivéssemos atentos.” (Paulo Coelho)
Cheirinhos
Rudy