Sinopse: Na manhã de um dia de primavera de 1977, Lydia Lee não aparece para tomar café. Mais tarde, seu corpo é encontrado em um lago de uma cidade em que ela e sua família sino-americana nunca se adaptaram muito bem. Quem ou o que fez com que Lydia — uma estudante promissora de 16 anos, adorada pelos pais e que com frequência podia ser ouvida conversando alegremente ao telefone — fugisse de casa e se aventurasse em um bote tarde da noite, mesmo tendo pavor de água e sem saber nadar? À medida que a polícia tenta desvendar o caso do desaparecimento, os familiares de Lydia descobrem que mal a conheciam. E a resposta surpreendente também está muito abaixo da superfície. Conforme analisa e expõe os segredos da família Lee — os sonhos que deram lugar às decepções, as inseguranças omitidas, as traições e os arrependimentos —, Celeste Ng desenvolve um romance sobre as diversas formas com que pais, filhos e irmãos podem falhar em compreender uns aos outros e talvez até a si mesmos. Uma uma observação precisa e dolorosa do fardo que as expectativas da família representam e da necessidade de pertencimento. Um romance que explora isolamento, sucesso, questões de raça, gênero, família e identidade e permanece com o leitor bem depois de virada a última página. (Skoob)
NG, Celeste. Tudo o Que Nunca Contei. Intrínseca, 2017. 304 p.
Em uma manhã pacata de um dia qualquer em 1977, a vida da família Lee vira de pernas para o ar. Isso porque Lydia, a filha preferida e aluna modelo, se atrasa para o café da manhã. Mas o que os Marilyn e James nem desconfiam é que, nesse horário, Lydia já está morta há muito tempo. Depois de alguns dias torturantes de espera, eles finalmente recebem a notícia: o corpo da adolescente de 16 anos foi encontrado no lago da cidade. O mistério que paira no ar é o que realmente aconteceu com a garota, já que ela tem pavor de água. Será que alguém teria coragem de machucá-la ou seria suicídio? São essas as respostas que ficamos tão ávidos para descobrir junto com os Lee.
Quando iniciei a leitura de Tudo o Que Nunca Contei, imaginava que a história seria toda voltada para uma investigação policial, mas o que eu encontrei foi totalmente o contrário - e não, isso com certeza não foi ruim. Aqui, além de descobrirmos quem realmente era Lydia Lee, conhecemos um pouco do casal e os seus outros filhos, Nathan e Hannah. Apesar de importante, a morte de Lydia serviu como um estopim para escancarar os dramas familiares vividos pelos Lee - incluindo várias coisas que são citadas de quando a filha do meio ainda era viva.
O que mais chama atenção na obra é a obsessão de Marilyn e James por Lydia. Os dois simplesmente depositaram todos os sonhos deles em cima da filha, sem nem saber se ela estava ou não disposta à realizá-los. Marilyn via em Lydia a jovem que poderia ter sido, enquanto James deseja a todo custo que a filha prove para todos que sua descendência sino-americana não a faz melhor nem pior que ninguém. É claro que, para a filha, isso vinha atrelado à várias cobranças, pressão e intensa necessidade de agradar os pais.
Obviamente esse comportamento recaía sobre os outros filhos, que não dispunham da atenção necessária. Nathan, o filho mais velho, é um jovem extremamente inteligente e esforçado que claramente tem um futuro promissor, mas que não recebe o devido reconhecimento. Já Hannah é totalmente invisível e esquecida, tanto que se acostumou a receber migalhas dos pais e até mesmo dos irmãos e ficar satisfeita com isso.
Outro ponto importante que foi retratado na história é o preconceito vivido pela família Lee. Marilyn é americana, enquanto James é filho de pais chineses, e ambos sofreram muito com o casamento. Como todos nos sabemos, a história se passa nos Estados Unidos na década do auge da discriminação racial. O machismo naquela época também era bem pronunciado e Celeste Ng deu um grande enfoque para o tema, que continua em alta.
A narrativa de Tudo o Que Nunca Contei é não-linear, ou seja, não obedece especificamente uma linha de tempo. Celeste mescla passado e futuro para explicar que, para toda ação, há uma reação de mesma intensidade e, por isso, a história parece um verdadeiro quebra-cabeças. Além disso, vários pontos de vista são explorados, garantindo que ficássemos a par dos sentimentos de todos os membros da família. É por isso que gosto de dizer que esta obra não possui um personagem principal, e sim um conjunto de protagonistas que estão totalmente interligados.
A leitura de Tudo o Que Nunca Contei é bastante envolvente tenho certeza que isso se dá pela genialidade da escrita da Celeste Ng. Fui fisgada por essa trama que mostra claramente como o comportamento nossos avós, pais e irmãos podem desencadear uma série de reações em cadeia que, querendo ou não, têm efeitos arrasadores na nossa própria história.
Olá.
ResponderExcluirAchei a proposta do livro bem interessante! Enredos que tratam de dramas familiares e seus comportamentos e com esse jogo de passado e futuro, deve oferecer uma leitura, no mínimo, reflexiva e curiosa. Fiquei ansiosa para conhecer esse personagens!
Espero ter a chance de ler.
Obrigada pela indicação.
Parabéns pela resenha.
Beijos.
Olá! Achei o enredo desse livro bem interessante e essa resenha me deixou ainda mais curiosa em conferi essa história que parece mesmo bastante envolvente.
ResponderExcluirQue instigante essa historia e tem miste rio que adoro envolvido na morte da personagem, mostra a nossa realidade tem pais que são assim apostam tudo em um único filho e esquecem dos outros, nem querem saber se é isso que o filho quer. Fiquei curiosa com os segredos que envolvem essa família e a personagem principal pode não ter aguentando tanta cobrança dos pais, então nos deixa ansiosos em saber se ela tirou a própria vida ou não.
ResponderExcluirFiquei super curiosa com este livro e quero saber como que uma garota que tem pavor de agua foi encontrada morta em um lago e quero saber quem foi que a matou. Adoro livros que contem drama familiar e pode saber mais sobre a família que se dizia “perfeita”.
ResponderExcluirE nossa que legal, nunca tinha lido um livro que não contenha um personagem principal, fiquei intrigada com este fato. Quero ler muito!
Obrigada pela essa dica maravilhosa, beijos.
Gostei muito da premissa deste livro, primeiro por não segui uma linha linear de tempo, mesclando, passado e presente, fazendo com que fossemos encaixando as peças do quebra cabeça. Outro ponto, e fato de ter a visão de perspectiva todos os familiares, ao ponto de que podemos ter uma ampla visão dos acontecimentos. Acredito que desta forma o leitor e envolvido nesta leitura surpreendente, e cativante. Super ansiosa por ter meu exemplar em mãos.
ResponderExcluirParticipe do TOP COMENTARISTA de AGOSTO, para participar e concorrer Ao livro "Dois Mundos", o primeiro da série "Tesouros da Tribo de Dana" da escritora Simone O. Marques, publicado numa edição linda pela Butterfly Editora.
http://petalasdeliberdade.blogspot.com.br/
Ana Clara!
ResponderExcluirGosto dos livros que trazem essa reflexão sobre o núcleo famliar, justamente porque é uma realidade bem próxima a nossa, que podemos acompanhar no cotidiano de muitas famílias, onde alguns filhos, são preteridos em relação a outro que por algum motivo, os pais acham que serão mais bem sucedidos em sua jornada.
Grande erro dos pais, né? E no livro é ainda mais grave, porque os motivos estão relacionados a preconceito.
Gostaria de poder ler.
“Deus com Sua infinita Sabedoria, escondeu o Inferno no meio do Paraíso para que nós sempre estivéssemos atentos.” (Paulo Coelho)
Cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA DE AGOSTO 3 livros, 3 ganhadores, participem.