As primeiras quinze vidas de Harry August - Claire North

Certas histórias não podem ser contadas em uma única vida. Harry está no leito de morte. Outra vez. Não importa o que faça ou que decisões tome: toda vez que ele morre, volta para onde começou; uma criança com a memória de todo o conhecimento de uma vida vivida diversas vezes. Nada nunca muda... até agora. Ele está perto da décima primeira morte quando uma garotinha de 7 anos se aproxima da cama: “Quase perdi você, doutor August. Eu preciso enviar uma mensagem de volta no tempo. O mundo está acabando, como sempre. Mas o fim está chegando cada vez mais rápido. Então, agora é com você.” Este livro conta a história do que Harry faz em seguida, do que fez antes, e do que faz para tentar salvar um passado inalterável e mudar um futuro inaceitável. (Skoob)
NORTH, Claire. As primeiras quinze vidas de Harry August. Bertrand Brasil, 2017. 448 p.


Harry August, filho de Patrick e Harriet August, nasceu por volta de 1920 na Inglaterra e não fez nada realmente incrível, não aprendeu nada de significante além do trabalho do seu pai, sendo preparado desde jovem para substitui-lo, mas isso mudou ao longo de suas muitas vidas... e mortes.

Harry é um kalachakra, um ouroborano, chame do que quiser, nada irá mudar o fato de que ele nasce, vive, morre e nasce novamente, sempre no mesmo dia, no mesmo tempo, com as mesmas condições. Nada muda. Apenas ele.

"Para que eu sirvo?
Ou para mudar o mundo - muitos, muitos mundos, cada um deles alterado pelas escolhas que faço ao longo da vida, pois ações geram consequências, e em cada amor e cada tristeza há um resquício de verdade -, ou para não fazer nada."

Como todo ser igual a ele, Harry passou por três etapas que se define em rejeição, exploração e aceitação. A primeira vida sempre é a mais fácil, mais inocente, quando você não sabe de nada, já na segunda... As memórias da sua vida anterior chegam aos poucos e, aos sete anos, nosso protagonista já se lembra de tudo, é internado num hospício, suicida-se e... revive.

Em sua décima primeira vida, esperando sua décima primeira morte num leito de hospital, uma garotinha de 7 anos aproxima-se e declama que o mundo está acabando, como sempre, só que mais rápido, e que essa mensagem está sendo transmitida através de gerações de crianças para adultos (essa parte não fez muito sentido para mim até ler) e que agora é com ele.

Enquanto tenta descobrir o que isso significa, aprendemos mais sobre os kalachakra, as vidas anteriores de Harry e o fato de que não é a primeira vez que o mundo está acabando. Ele já acabou uma vez. E se reiniciou. O mundo recomeçou do zero, alguns kalachakra se lembram e sempre lembrarão, outros perderam a memória com o tempo, alguns escolheram esquecer, outros nem nasceram.

"Eu sou mnemotécnico.
Eu me lembro de tudo.
Você precisa ter isso em mente, se quer entender as decisões que eu estava prestes a tomar."

Esse livro não é um livro infantil, não é para adolescentes nem jovens adultos, é um livro adulto, completamente adulto, mas não porque tem cenas de sexo explicito (não tem cenas de sexo, nem sugestões... não que eu me lembre), mas porque...  É um livro que nem todos vão conseguir chegar ao fim, porque disseca a humanidade, o que é ser humano, se você está sendo humano, e não tem grandes revelações, contudo algo vai sendo construindo aos poucos... que te faz pensar, refletir. E isso é sempre um perigo.

Eu falo por mim quando digo que, quando leio uma história, eu penso que estou ali, que sou o protagonista (bonzinho) e seria igual; eu seria aquela pessoa que aguenta as torturas, as dores, que faz o certo não importa o quão difícil ele é, que é uma pessoa decente, embora muitos não sejam, mas... Em algum momento, conforme você ler As primeiras quinze vidas de Harry August, você finalmente percebe que não importa o quão "decente" uma pessoa é, ela ainda é humana; ela ainda erra, ainda é corrompida, enganada, iludida; ela ainda quer mais e nunca tem o suficiente. Todos somos humanos e o que não faríamos por simplesmente nos achar no direito?


"É por vingança.
E talvez pela breve compreensão de que esse é o único jeito de recuperar algo que morreu dentro de mim. Uma noção de 'fazer a coisa certa' - como se isso ainda significasse qualquer coisa para mim."

As primeiras quinze vidas de Harry August conta todas as primeiras quinze vidas de Harry August (minha dúvida era se depois da quinze ele morre ou vive, então... leia), então é claro que é um livro minucioso, com detalhes exaustantes e fatos históricos que me fizeram pensar se são reais ou não, se não foram mudados por algum kalachakra... todavia, se você conseguir vencer todos esses obstáculos, leia, não vai te prejudicar em nada (mesmo que os fatos sejam falsos), irá apenas te acrescentar.
Yuki Kurohime
Yuki Kurohime

8 comentários:

  1. Adoro estes enredos complexos, que literalmente jogam o leitor na vida ou pelo menos, nos fazem refletir sobre tudo e todos!
    Não me recordo de já ter lido algo sobre este livro e lendo a resenha, me veio à memória, Sete Minutos Depois da Meia-Noite!. Talvez pela juventude do personagem.
    Mas gostei muito do que li acima e se tiver oportunidade, quero sim, poder conferir!
    Beijo

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  2. Ganhei esse livro em um sorteio e estou curiosa para ler, achei interessante o personagem morrer e depois viver, mas deve ser difícil lidar com as lembranças das vidas anteriores. Fiquei intrigada por ser um livro mais adulto e pensando sobre o comportamento do ser humano, como é capaz de fazer certas coisas, essa leitura deve mexer com gente.

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  3. Olá Bela!
    Nossa ouvi falar muito bem desse livro, parece trazer um enredo muito bom, gosto de leituras intensas que deixam o leitor preso do começo ao fim, assim como esta obra parece fazer.
    Espero ler em breve.
    Bjs!

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  4. Primeira resenha que leio sobre ele, mas confesso que apesar da tua resenha bem positiva, é um tipo de livro que tenho um pouco de receio de ler, pois tenho medo de ser repetitivo demais e detalhado, o que acaba tornando a leitura muito arrastada. Mas parabéns pela resenha, uma historia diferente das outras.

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  5. Olá! Essa é a primeira resenha que leio desse livro, trama bem interessante, parece uma história bastante envolvente, fiquei super curiosa em conferi isso tudo.
    Bjs

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  6. Bela!
    Triste ver uma premissa tão interessante se perder em um escrita repetitiva e enfadonha.
    E fiquei sem entender direito qual o real sentido de todas essas mortes e ressurgimento, só para melhorar os fatos passados?
    Achei confuso.
    “O prazer dos grandes homens consiste em poder tornar os outros felizes.” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA SETEMBRO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  7. Olá, Bela
    Tinha conhecimento sobre o livro, mas sua resenha foi a primeira que li.
    Apesar dos pontos negativos que a leitura demora para deslanchar, a capa que parece ser um livro para jovens, quero muito fazer essa leitura.
    Harry August me parece ser um personagem encantador.
    Beijos

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  8. Harry August foi um personagem muito marcante para mim não só ele como a sua história e esse livro acabou sendo um dos meus favoritos do ano e da vida claro que como toda a leitura ela tem alguns pontos negativos mas essa história foi simplesmente encantadora para mim

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