Dearly, Departed: O Amor Nunca Morre - Lia Habel

Ela é Nora Dearly, uma garota neovitoriana de 17 anos que sofre com a morte dos pais e vive infeliz aos cuidados da tia interesseira. Ele é Bram Griswold, um jovem soldado punk, corajoso, lindo nobre...e morto! No ano de 2187, em meio a uma violenta guerra entre vitorianos e punks, surge um perigoso vírus, capaz de matar e trazer novamente à vida. As pessoas tornam-se zumbis, mas nem todos são assassinos e devoradores de carne. Há os que lutam para que o vírus não se espalhe... Apenas Nora tem o poder da cura em suas mãos, ou melhor, em, seu sangue. Ela não sabe disso, e corre perigo. É papel de Bram protegê-la... (Skoob)
HABEL, Lia. Dearly, Departed: O Amor Nunca Morre. Gone With The Respiration #01. Editora ID, 2012. 480 p.


Dearly, Departed: O Amor Nunca Morre é ambientado no ano de 2195, num tempo onde depois de passarmos pelo aquecimento global veio o resfriamento global, dizimando o norte com o frio e obrigando os poucos sobreviventes a fugirem para o sul. (É uma teoria que gosto muito e concordo, assistiam O dia depois de amanha, recomendo.)

Nisso, a tecnologia que muitos acharam está perdida para sempre foi encontrada e aprimorada, mas, embora a tecnologia tenha evoluído, alguns decidiram viver como se estivessem na era vitoriana, precisando de algo bonito depois de tanta feiura; outros sobreviventes acharam que esses estavam repetindo os erros dos passados, recebendo os nome de punks.

Nesse cenário distópico, Nora é uma neovitoriana, nascida e criada para ser uma dama, enquanto Bram é um punk, um selvagem. Mas o que fica entre o amor deles não é a diferença de nacionalidade e sim um fato muito simples e mais importante: ela tem 17 anos, e ele? Bram tem 16... quando morreu há dois anos.

“-Do que está rindo?
-Disto! – Dei um giro. – De tudo! Sabe... Nunca teríamos nos encontrados se você não tivesse se tornado um zumbi. Você é punk, eu sou vitoriana... Mas aqui estamos, unidos na morte.”

Ao passar as férias na casa da sua tia gananciosa e ultima parente viva, Nora se vê cercada de zumbis e atacada por todos os lados por eles. Ela luta bravamente, atirando em quantos conseguem, mas... Por que eles não morrem? Cansada e aterrorizada, Nora é salva pela Companhia Z, liderada pelo Capitão Abraham Griswold. Um morto. E levada desacordada a base onde mortos reinam.

Dearly, Departed: O Amor Nunca Morre é uma distopia, contudo não a considero igual a outras distopias, porque Lia Habel consegue misturar ciência e ficção de uma forma incrível. As explicações fazem sentido não apenas para história, mas para a vida, de forma simples e impressionante, aprendemos mais biologia e historia do que na escola. Estou exagerando só um pouco.

A Síndrome de Lázaro, nome dado a quem vira morre e renasce, é transmitida pelos fluidos corporais, qualquer que seja o contato por um desses a pessoa pega. Menos Nora. Ela é a única pessoa imune, a única que quando morrer ficará morta. Cada um demora um tempo diferente para morrer e reviver, o tempo que passa entre um e outro dirá o quão são será o zumbi; quanto mais tempo demora, mais violento fica.

“-Somos todos humanos. Estamos mortos, mas somos humanos. Sentimos, vemos e temos uma pequena chance, como qualquer pessoa que respira, de levarmos uma boa vida, de sermos amados. Pois somos humanos.”

Nora é uma garota e, embora todas as garotas neovitorianas sejam criadas como frágeis (porque o mundo pode acabar, mas o machismo não), ela é forte, inteligente e capaz. Ao ser atacada pelos zumbis, Nora agiu rápido sem tempo para drama, é claro que teve aquele desespero inicial, mas ela queria viver e faria qualquer coisa para isso. Bram é... Esse é o momento para um suspiro. Ele é um morto e isso não o faz menos maravilhoso, pode até ter dado mais alguns pontos. E os outros zumbis não ficam para menos. A Companhia Z são os Os Zumbis, cada um tem uma personalidade diferente e encantadora.

E o que dizer do romance? Nora via Bram como um morto (o que é verdade) até que percebe que isso não o torna menos humano (outra verdade), ele tem sentimentos como qualquer outro, para dar e receber. Bram sabe que está morto, ele não está tentando viver como um vivo, mas o que ele deveria fazer quando se sente como um vivo ao estar perto de Nora? As preocupações da relação morto versus vivo não foram esquecidas, Bram falou dos problemas antes deles terem algo, explicitando o fato de que eles teriam que falar sobre isso todo dia, nem todos aceitariam o romance entre eles.

"Ele beijou meu pulso, no lugar em que o botão deixava uma abertura, e depois deixou minha mão cair. Naquele instante achei-o total e absolutamente atraente, a maneira sincera como me beijou, e seu jeito elegante de ocupar o espaço. Ele era tudo isso, quando, em sua condição, não deveria ser."

Confesso que na primeira vez que li esse livro, eu fiquei focada demais no romance e ignorei os outros personagens e as histórias deles; culpo minha idade, foi há uns três anos. Dessa vez, consegui dar o devido valor a Pamela, amiga de Nora, que é maravilhosa. Nora tem um pouco de inocência em si e é ótimo a parte dela, mas Pamela serve às vezes como uma contraparte, mostrando uma força e fragilidade impressionante, sendo inclusive uma personagem mais verídica.

Enfim, Dearly, Departed: O Amor Nunca Morre é uma mistura de ficção, distopia, tecnologia futurística e steampunk. E eu amo historias steampunk, apesar da falta de variedades delas; esse livro é o meu favorito dessa categoria e reina quase sozinho, infelizmente. Se você não gosta de zumbis, você vai aprender a gostar; se gosta, você verá outro lado deles.
Yuki Kurohime
Yuki Kurohime

10 comentários:

  1. Olá! Nossa, não conhecia esse livro, parece ser bem interessante, curto muito histórias com zumbis, essa resenha me deixou mega curiosa em conferi isso tudo que foi dito aqui.
    Bjs

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  2. Confesso que não me chamou atenção.
    É uma mistura de gêneros, não sei se eu me conectaria com a história.

    Beijos

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  3. Eu adoro a capa desse livro, e já deu pra perceber que faz uma mistura e tanto de elementos.Tenho que confessar que livros que tem zumbi não são muito minha praia, mas o jeito que você mostrou esses foi tão bacana que acredito que eu gostaria da história de Bram e Nora.Gostei de :“-Somos todos humanos. Estamos mortos, mas somos humanos. Sentimos, vemos e temos uma pequena chance, como qualquer pessoa que respira, de levarmos uma boa vida, de sermos amados. Pois somos humanos.”Me da a impressão que Lia que mostrar que mesmo aqueles que j se foram nunca serão esquecidos pois ainda continuam vivos pelo sentimento.

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  4. Como não conhecia o livro, estou aqui ainda visualizando tudo na imaginação! Oh, roteiro de filme hein??
    Amo cenários assim, de destruição, zumbis, morte,mas também com aquela pitada generosa de esperança e claro, romance!!!Que particularmente, a gente adora!rs
    E pelo que li acima, este livro está repleto de assuntos fascinantes!
    Com certeza, o livro vai para a lista de desejados!!!
    Beijo

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  5. Adoro historias com zumbis e esse pareceu que é diferente, fiquei curiosa para conferir. Zumbis com personalidades encantadoras é novo pra mim e já estou suspirando com o romance os dois protagonistas, quero saber como vão resolver esse detalhe e eles parecem nos conquistar fácil, fácil.

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  6. Bela!
    Gosto muito de ficção/distopia, ainda mais se tem um quê de steampunk.
    Nora parece bem além da sua idade e queria entender porque ela é a única que não consegue ter a síndrome de Lázaro...
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Oi, Bela
    Não conhecia o livro é a primeira resenha que leio.
    Adorei a trama, tem zumbis, vírus, síndrome de Lázaro e uma humana imune a tudo isso. Deve ser uma leitura prazerosa.
    Vai para a lista de desejados, beijos!

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  8. Bela,
    Que enredo incrível! Confesso que esperava bem menos...
    Primeiro que adorei essa mistura de gêneros, podemos até dizer que tem um pouquinho de época no meio, e olha, o machismo nunca morre mesmo, lutamos contra isso todos os dias, e o medo de nunca acabar é constante.
    Achei toda a história bem elaborada, a forma que a autora mostrou que nem todos os "monstros" querem e serão monstros, mostrou a força da protagonista, e claro, construiu um romance com tantas diferenças, muito bem escrito pelo que percebi.
    Estou pasma que até então não conhecia o livro, já o desejo muito, adorei desde a capa, a cada palavra.
    Beijos

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  9. Oi, Bela!
    Confesso que não sou fã de livros com tecnologia futurística, steampunk e zumbis, sem falar que o gênero distopia eu conheci no ano passado e apesar de ter gostado não são todas as distopias que acabam me interessando, e sinceramente não me interessei pela trama de Dearly, Departed: O Amor Nunca Morre, não fiquei curiosa para conhecer a história de Nora, por isso dificilmente eu leria esse livro... Abraços!

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  10. Uau! Não curto zumbis, mas me interessei muito por essa história. Tem uma mistura legal e diferente dos demais livros. Acho que da até para esquecer que se trata de zumbis e torce pelo romance. Está na minha lista para ler em breve.

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