ZAFÓN, Carlos Ruiz. O Príncipe da Névoa. Suma de Letras, 1993. 180 p.Sinopse: O Príncipe da Névoa - A nova casa dos Carver é cercada por mistério. Ela ainda respira o espírito de Jacob, filho dos ex-proprietários, que se afogou. As estranhas circunstâncias de sua morte só começam a se esclarecer com o aparecimento de um personagem do mal - o Príncipe da Névoa, capaz de conceder qualquer desejo de uma pessoa, a um alto preço. (Skoob)
Movidos pelo início da guerra, a família de Max Carver se muda para uma pequena cidade no litoral. Assim que chegam, Max encontra um jardim com uma misteriosa estátua, sua irmã mais nova, Irina, começa a ouvir vozes, e a irmã mais velha, Alicia, tem sonhos estranhos e assustadores. Quando Max e Alicia conhecem Roland, um garoto que trabalha em um pesqueiro e possui um pequeno barco de passeio, os três começam uma amizade que irá colocá-los dentro de um barco naufragado e diante da volta do Príncipe da Névoa, um homem que possui poderes do tamanho de sua maldade. E ele volta para cobrar seu pagamento por um desejo concedido anos atrás.
Este foi o primeiro livro Zafón e nele podemos encontrar diversos elementos que foram inseridos nas obras posteriores. Temos o homem misterioso dono de poderes sobre-humanos, os pedidos concedidos em troca de um favor, a nuvem negra, o farol, o barco, o relojoeiro e inventor, a cidade a beira-mar, o romance adolescente de Alicia e Roland e o herói Max, que foi copiado nos livros posteriores, inclusive no mais famoso, A Sombra do Vento.
Por tudo isso, O Príncipe da Névoa é interessante para compreendermos como Zafón não ficou satisfeito com os livros posteriores: As Luzes de Setembro, O Palácio da Meia-Noite e Marina. Ele tentou criar versões diferentes para ações presentes na primeira obra, e só conseguiu com total sucesso em A Sombra do Vento, que, exatamente por isso, é seu livro mais famoso.
Isso quer dizer que as obras anteriores são ruins? Claro que não! Quer dizer apenas que Zafón não se deu por satisfeito com alguma coisa. E para quem leu os quatro livros, pode conseguir identificar os pontos repetidos e o que foi modificado neles. Por exemplo, o final de O Príncipe da Névoa é de cortar corações e apresenta uma situação limite que poderia ser evitada facilmente se ocorresse no mundo real. O final de As Luzes de Setembro também possui um espaço de tempo tão grande para a solução da situação dos dois personagens principais, que fica forçado. O vilão é usado em vários dos livros com pequenas modificações, mas seus poderes são mantidos quase que de forma igual. O relojoeiro está sempre presente. O herói tem apenas sua aparência modificada, ou idade, mas seus comportamentos são idênticos.
E poderia citar vários mais, mas a resenha se tornaria maçante.
O que vale dizer, é que já no seu primeiro livro, Zafón sabia usar as palavras para criar uma combinação harmoniosa. Ainda estava longe da perfeição que é a escrita de A Sombra do Vento, mas os diálogos, principalmente, já eram cheios de sarcasmo e graça.
Max, Alicia e Roland formam um trio mais equilibrado que os dos livros seguintes. O romance entre Alicia e Roland é gostoso de acompanhar, e o fato de Max, o personagem principal, ser remetido a coadjuvante em certos momentos, chega a ser interessante pela novidade. Inclusive existe um pequeno trecho entre o casal adolescente que é belo de acompanhar e emociona.
O embate final dos três heróis com o Príncipe da Névoa é muito emocionante, e a constatação do resultado e do valor cobrado é agoniante, porque percebemos a inevitabilidade do que está por vir, e queremos gritar para Zafón não fazer isso como nossos corações.
Mas ele faz! E é doloroso ler.
Não preciso dizer que a leitura é recomendada. É Zafón, afinal!
"No centro do jardim, uma grande estátua representava um palhaço sorridente, de cabeleira arrepiada, em cima de um pedestal. Tinha o braço estendido para a frente, e o punho fechado dentro de uma luva grande demais, parecia golpear um objeto invisível no ar."
Este foi o primeiro livro Zafón e nele podemos encontrar diversos elementos que foram inseridos nas obras posteriores. Temos o homem misterioso dono de poderes sobre-humanos, os pedidos concedidos em troca de um favor, a nuvem negra, o farol, o barco, o relojoeiro e inventor, a cidade a beira-mar, o romance adolescente de Alicia e Roland e o herói Max, que foi copiado nos livros posteriores, inclusive no mais famoso, A Sombra do Vento.
Por tudo isso, O Príncipe da Névoa é interessante para compreendermos como Zafón não ficou satisfeito com os livros posteriores: As Luzes de Setembro, O Palácio da Meia-Noite e Marina. Ele tentou criar versões diferentes para ações presentes na primeira obra, e só conseguiu com total sucesso em A Sombra do Vento, que, exatamente por isso, é seu livro mais famoso.
"Irina gritou com todas as suas forças e se lançou contra a porta, que cedeu diante dela, fazendo com que caísse no chão do corredor. Sem perder um instante, se jogou escada abaixo, sentindo o hálito frio daquelas vozes na nuca."
Isso quer dizer que as obras anteriores são ruins? Claro que não! Quer dizer apenas que Zafón não se deu por satisfeito com alguma coisa. E para quem leu os quatro livros, pode conseguir identificar os pontos repetidos e o que foi modificado neles. Por exemplo, o final de O Príncipe da Névoa é de cortar corações e apresenta uma situação limite que poderia ser evitada facilmente se ocorresse no mundo real. O final de As Luzes de Setembro também possui um espaço de tempo tão grande para a solução da situação dos dois personagens principais, que fica forçado. O vilão é usado em vários dos livros com pequenas modificações, mas seus poderes são mantidos quase que de forma igual. O relojoeiro está sempre presente. O herói tem apenas sua aparência modificada, ou idade, mas seus comportamentos são idênticos.
E poderia citar vários mais, mas a resenha se tornaria maçante.
O que vale dizer, é que já no seu primeiro livro, Zafón sabia usar as palavras para criar uma combinação harmoniosa. Ainda estava longe da perfeição que é a escrita de A Sombra do Vento, mas os diálogos, principalmente, já eram cheios de sarcasmo e graça.
"A criatura de água se retorceu e o rosto fantasmagórico que tinha visto em sonhos, o semblante do palhaço, se virou para ele. O palhaço abriu a bocarra pontilhada de presas longas e afiadas como facas de açougueiro e seus olhos cresceram até o tamanho de um pires de chá. Roland sentiu que o ar lhe faltava."
Max, Alicia e Roland formam um trio mais equilibrado que os dos livros seguintes. O romance entre Alicia e Roland é gostoso de acompanhar, e o fato de Max, o personagem principal, ser remetido a coadjuvante em certos momentos, chega a ser interessante pela novidade. Inclusive existe um pequeno trecho entre o casal adolescente que é belo de acompanhar e emociona.
O embate final dos três heróis com o Príncipe da Névoa é muito emocionante, e a constatação do resultado e do valor cobrado é agoniante, porque percebemos a inevitabilidade do que está por vir, e queremos gritar para Zafón não fazer isso como nossos corações.
Mas ele faz! E é doloroso ler.
Não preciso dizer que a leitura é recomendada. É Zafón, afinal!
Oi Carlos
ResponderExcluirToda vez que vejo alguma resenha deste autor, eu penso que preciso logo ler algo dele.
Seus comentários só me deixaram mais curiosa para conhecer a escrita dele. Pretendo fazer isso este ano.
Beijos
Comecei a ler Marina desse autor, mas não gostei
ResponderExcluirpor causa disso criei um certo preconceito e não consegui ler mais nada dele.
Vou tentar ler esse, parece ser incrível!
Beijinhos
Rizia - Livroterapias
Oi Carlos!
ResponderExcluirEu sou louca por Záfon, justamente por A Sombra do Vento, que considero um dos melhores livros que já li. Ainda não li O Príncipe da Névoa, mas pela sua resenha vejo que segue com a mesma qualidade!!!
B-jusss!
http://www.quemlesabeporque.com/
Boa noite Carlos!
ResponderExcluirNão li nada do autor ainda, tenho Marina dele e espero gostar da obra, só vejo elogios positivos sobre os livros do autor, parabéns pela sua resenha....abraço.
http://devoradordeletras.blogspot.com.br/
nunca li nada do Zafon. sei que tenho que remediar isso, seus livros são sempre bem falados, tenho a impressão que é quase como poesia. história que flui, um romance bonito, sem contar na emoção. acho a capa desse livro muito linda,passa uma melancolia... bem tocante.
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