Uma narrativa tensa e cheia de reviravoltas. Um livro viciante, assombroso e inesquecível. Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.FLYNN, Gillian. Objetos Cortantes. Intrínseca: 2015. 256 p.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.
Gillian Flynn estourou no Brasil depois do lançamento do livro Garota Exemplar e foi praticamente unânime o reconhecimento do talento da autora, se consideradas todas as resenhas a respeito da obra. Eu não tive a oportunidade de conferir em primeira mão, mas assisti ao filme e fiquei embasbacada com a construção daquele enredo, tanto que permaneci dias chocada com a história de Amy. Desta vez, com Objetos Cortantes, pude compreender um pouco do que está por trás do renome de Gillian Flynn.
Camille Preaker é quem narra os acontecimentos e, em um primeiro momento, a impressão é de que adentramos na vida da personagem em um instante qualquer, que invadimos sua mente sem que ela percebesse e, em razão disso, ela não se preocupa em explicar nada além daquilo que pensa naturalmente. Ela não explica quem é, o que faz, ela somente narra os acontecimentos e deixa o leitor descobrir sua história com o tempo. Essa forma de narrar pode ser frustrante para aqueles que quiserem logo mais informações, mas pode ser perfeita, pois por toda a trama são apresentadas novidades, pequenos detalhes que permitem montar um perfil da protagonista e de todos os outros que interagem com ela.
É fácil perceber que Flynn não se prende a padrões para desenhar seus personagens e acredito que seja por isso que seus textos têm se destacado tanto. Não há vilões ou mocinhos em Objetos Cortantes, há pessoas que agem da forma que agem de acordo com seus motivos, sejam eles condenáveis ou não.
Camille mesmo é o oposto da mulher politicamente correta. Em alguns momentos, cheguei a questionar se ela teria algum filtro, algum discurso moralista, algum padrão do que é certo socialmente, e não, ela não tem. O que significa que, hipócrita, ela não é. Ela é uma pessoa que fez muita coisa moralmente condenável perante a sociedade e que, no entanto, está bem resolvida quanto às suas escolhas, tenham sido elas sensatas ou estúpidas. Mesmo que se pudesse usar o discurso de que a culpa não era sua no caso de Camille, por ela ser da forma que era, ela acreditava que era sim, e assumia a responsabilidade por seus atos.
Além de Camille, são muitos os personagens de destaque, principalmente os femininos. Adora e Amma, mãe e irmã de Camille, respectivamente, eram o retrato de pessoas problemáticas que vivem em famílias inconstantes moldadas pela sociedade. Adora, a mãe, que se portava perfeitamente perante os outros, nada tinha a dar às filhas dentro de casa; Amma, de apenas 13 anos, que na frente da mãe era a garotinha frágil, tornava-se a mulher fatal ao sair da porta para fora. Enquanto isso, “má” gritava na pele.
Os conflitos internos da protagonista ocuparam em grande parte a obra, mas os assassinatos aos quais ela foi cobrir, como jornalista, em sua cidade natal, também tiveram o espaço apropriado. Desde o início, elaborei uma teoria e apontei um suspeito, que mais tarde viria a ser descoberto também pela polícia. Porém, é claro que não seria tão simples e um elemento surpresa ainda foi apresentado para rematar o final.
Se Garota Exemplar é o melhor livro de Gillian Flynn, não sei dizer. Mas Objetos Cortantes remexe a natureza humana como poucos têm coragem de fazer, é perturbador, mas por isso mesmo incrível.
Oi Ju
ResponderExcluirEu curti Garota exemplar, eu já que essa autora literalmente nos tira da zona de conforto, ela inova e sai da mesmice e acredito que isso tem chamado atenção de muitos.
Estou bem curiosa para ler este livro, já está na minha listinha de compras e logo quero conhecer este outro mundo que a autora criou.
beijos Ju*
Oi Nessa, ela realmente nos tira da zona de conforto e nos faz questionar coisas que seriam a princípio banais. O livro é ótimo, vale a pena a leitura.
ExcluirHnnnn.. Assim como a Nessa disse, eu também curti o "Garota exemplar" - não foi meu final preferido (hahaha), mas foi justo e eu curti a leitura como um todo - o filme também é incrível.
ResponderExcluirPreciso ler outro livro da autora para tirar minhas conclusões, e este me parece ser uma boa pedida!
Mega beijos, Lu
http://luizando.blogspot.com.br
Oi Lu, leia sim, acredito que dá para ter uma ideia do que a autora realmente quer mostrar.
ExcluirJá estava bastante interessada em ler esse livro só pela sinopse e pelo autor pois gostei muito de Garota Exemplar, e agora depois de ver essa resenha fiquei ainda mais ansiosa em conferi essa história que parece ser excelente.
ResponderExcluirOi Milena, se você gostou de garota exemplar, acredito que vá gostar desse também.
Excluiruau Ju
ResponderExcluirque resenha menina!!
Eu amei Garota exemplar, e estou na ansiedade para ler esse livro. Pelo visto a autora não perde o tato na hora de criar personagens tão impactantes.
Bjos
www.mybooklit.com
Obrigada Jacque!
ExcluirRealmente os personagens da autora são impactantes, disso não tenho dúvidas ;)
olha Ju a personagem é bem interessante. Gillian Flynn tem dessas, ela faz uma história que poderia cair num drama e na mesmice, e faz um livro inteligente e intrigante. ainda bem que não parece ser chato, Garota Exemplar pecou pra mim pq é tanta informação que ficou chato. Objetos Cortantes já acho que vai ser legal de ler. bj!
ResponderExcluirPois é Ana, esse livro é mais curtinho e tem duas bases, não achei que tivesse muita informação.
ExcluirOi Ju
ResponderExcluirAmei tua resenha.
Garota Exemplar me deixou bem chocada com a habilidade perigosa da mente humana. Amy era loucamente genial.
Já estou pronta para mergulhar em Objetos Cortantes e conhecer essa história tem perturbadora que parece ser uma característica da autora. Ela sabe como mexer com nosso psicológico.
Beijos
Mundo de Papel
Oi Caline, que bom que gostou da resenha.
ExcluirCamille não é tão louca, mas a loucura está bem presente neste livro também. Espero que goste.
Depois de ler algumas resenhas deste livro, resolvi comprá-lo. Adoro suspenses! Assim que ele chegar, começo a leitura!
ResponderExcluir;)
bjs
Patrícia Baikal