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Sinopse: Rita, professora universitária, começa a ter visões de uma realidade paralela, como se estivesse o tempo todo mergulhada num aquário. Em casa, no trabalho ou na rua, ela se vê rodeada por seres aquáticos e especialmente pelo "grande peixe", uma criatura fantasmagórica que a persegue, mas que ninguém mais enxerga. Como se não bastasse, sua pele é tomada por escamas aos poucos, de forma dolorida e fantástica. Brânquias surgem em seu corpo, e isso pode significar o início ou o fim de uma jornada. (Skoob)
Conheci a escrita de Patrícia Baikal na época do lançamento de seu primeiro livro, Mariposa, que se enveredava por uma crítica política em um enredo cheio de licença poética. Gostei muito daquele livro, então não demorou muito para que eu viesse a ler Mulher com brânquias depois de seu lançamento. Embora as diferenças entre as obras sejam muitas, há também algumas semelhanças, sem contar que Patrícia conseguiu imprimir seu estilo ao texto sem qualquer dificuldade.
Primeiramente preciso mencionar que não sou uma grande fã de realismo fantástico. Gosto dos dois estilos separados, mas tendo a me angustiar com essa mistura, em especial porque não há uma delimitação exata sobre o que é ou não real. Porém, o interessante é que nos livros de Baikal, embora essa angústia também esteja presente, ela é propositalmente provocada pela autora, de uma forma que, em vez me afastar da leitura, acabou por me aproximar dela.
No livro, Rita é uma professora universitária que começa a ter visões sobre o mundo e sobre si mesma - peixes, bolhas em submersão da água, escamas em sua pele. Depois da morte de uma pessoa querida, ela volta à cidade onde cresceu e, ao mesmo tempo em que começa a desvendar os mistérios que rondam sua família, ela descobre mais sobre esse estranho acontecimento que a atormenta.
Minhas memórias da leitura me trazem à mente cenas em tons sombrios e em cores pastéis. Não tenho certeza se a autora provocou isso por sua construção textual, mas como a maior parte da trama, narrada em primeira pessoa por Rita, resgata memórias antigas para tentar desvendar medos e estigmas profundos, foi assim que pintei o enredo para mim mesma.
Além disso, há um pouco de solidão na narrativa de Rita e certo afastamento quanto aos outros personagens. Não que ela estivesse de fato sozinha ou que não amasse aqueles que estavam à sua volta, mas esconder um segredo a tornava reclusa em si mesma e trazia aquela impressão de ser diferente, de não pertencer, que a rondou por toda a história.
Embora pudesse parecer triste esse afastamento, na verdade era mais um tipo de melancolia, aquela sensação de que as coisas já não eram mais como foram um dia, que vem junto de reflexões sobre não só quem fomos, mas em quem nos transformamos. O cerne de Mulher com brânquias é esse: a transformação de Rita e a descoberta de si mesma, o que não poderia ser feito por nenhuma outra pessoa que não ela mesma.
A escrita da autora é fácil e envolvente, mas ao mesmo tempo madura, conhecedora do que entrega ao leitor e, por isso, a leitura do livro é rápida e instigante. Os vários personagens são bem trabalhados, envoltos em certo mistério e, durante os capítulos, têm extraídas suas mais diversas camadas, de forma que é possível entender a relevância de cada um para o enredo e sua importância na vida de Rita.
O texto inclui uma bela metáfora sobre o medo e a necessidade de enfrentá-lo e eu fiquei encantada também com o desenvolvimento da relação entre Rita e sua irmã. O livro ainda nos presenteia ilustrações lindas. Se alguém procurar um livro nacional bem desenvolvido, indico muito conhecer as obras de Patrícia Baikal.
Como fã da literatura nacional,gosto demais do trabalho da autora com seus livros!Ainda não tinha ouvido e nem visto nada a respeito deste lançamento e vou confessar que à princípio me assustei um pouco com o título, mas lendo sua resenha, a gente entende que é apenas uma metáfora e no contexto geral, um alerta e um tapinha nada de leve na nossa cara, nos alertando na forma como enfrentamos nossos medos e preocupações.
ResponderExcluirSe tiver oportunidade, quero muito conferir o livro.
Beijo
Oi, Ju.
ResponderExcluirToda essa alusão, podem nos fazer questionar se tudo o que estava acontecendo com a personagem, de fato, estava acontecendo...
Oi Ju!
ResponderExcluirEu ainda não tinha ouvido flar do livro, a capa me chamou bastante atenção, achei linda, o enredo parece msm envolvente, vou add aos desejados.
Bjs!
Amo ver a literatura nacional ganhar espaço. Eu já conhecia este livro, li algumas resenhas e as ilustrações me fizeram amar ainda mais. Adoro essa nuvem de mistério envolta nele.
ResponderExcluirOlá Ju! Essa é a primeira vez que vejo falar desse livro e essa sua resenha me deixou super curiosa em conferi isso tudo que foi dito aqui, gosto de uma leitura nacional.
ResponderExcluirBjs
Oi Ju.
ResponderExcluirNão leio muito esse gênero de realismo fantástico, exatamente porque não há essa separação sobre o que é real ou não. Li alguns livros desse gênero e não consegui aproveitar muito a leitura.
Mas, fiquei intrigada com a sinopse desse livro e por ser um nacional, fiquei vontade de ler.
Espero gostar dele.
Beijos
Parece ser uma leitura diferente fiquei curiosa em saber mais, adoro mistério e esse da personagem deve deixar a trama bem instigante. Parece que a trama foi muito bem elaborada, despertando o interesse do leitor em cada página.
ResponderExcluirJu!
ResponderExcluirUm livro bem diferente dos que ando lendo e gostaria de conferir toda essa fantasia realística ou realismo fantástico e ainda mais a escrita da autora que é tão envolvente.
Maravilhoso final de semana!
“Eu gosto de escutar. Eu aprendi muito escutando cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca escuta. “(Ernest Hemingway)
cheirinhos
Rudy
TOP COMENTARISTA MAIO BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!
Oi Ju,
ResponderExcluirNão conhecia essa autora, e é a primeira vez que vejo uma resenha desse livro. Achei a proposta do livro bem interessante, a autora usou de um estilo peculiar e instigante para abordar os dilemas da insegurança da protagonista, criando uma metáfora para tratar do medo que a Rita tem em se abrir para si mesma e para as pessoas que convivem com ela. Confesso que esse estilo de história não me atraia muito, onde não é possível definir o que é realidade e imaginação. Mas fiquei curiosa para conhecer a história da Rita e acompanhar a sua jornada de autoconhecimento. Então, vou anotar essa dica para uma leitura futura.
Beijos
Adoro descobrir autores nacionais!
ResponderExcluirNão conhecia a autora, mas adorei bastante toda essa premissa bem diferente e super interessante.
Parece mexer bastante com a imaginação.
Anotei a dica e vou pesquisar mais sobre a autora.
beijinhos
She is a Bookaholic
Oi, Ju!
ResponderExcluirJá tinha ouvido falar sobre o livro, mas sua resenha é a primeira que leio.
Não li o livro, mas esta na minha lista de desejos.
Quero mergulhar na história de Rita logo.
Beijos
Não conhecia o livro, mas preciso dizer que me despertou interesse para ler. Primeiramente a capa é linda e bem diferente e o o titulo chama uma certa atenção por ser bem incomum. Gosto de história que apesar da trazer magia ela é mesclada com uma certa realidade, por exemplo situações e atitudes que nos deparamos no dia a dia e que presenciamos tanto em nossas famílias como na de outras. A Rita é deve fazer tudo tão real causando uma proximidade com o leitor e deixando a leitura bem mais divertida. Fiquei curiosa pra saber como a Rita vai lidar com tudo.
ResponderExcluirNão conhecia a autora nem o livro, mas achei bem interessante.
ResponderExcluirDiferente e original.
Embora eu tenha achado um pouquinho confuso também.
Se eu tiver a oportunidade, vou querer ler.
bjsss