CRUZ, Melissa de la. Um Lugar para Mim. HarperCollins, 2017. 384p.Sinopse: Jasmine de los Santos sempre fez o que era esperado dela. Bonita e popular, ela estudou muito, deixou seus pais imigrantes filipinos orgulhosos e está pronta para colher os frutos do seu esforço na forma de uma bolsa integral para a faculdade.E então tudo se desfaz. Um convite acadêmico força seus pais a revelarem a verdade: seus vistos expiraram há anos. Toda a sua família está no país ilegalmente. Isso significa que não terá bolsa nenhuma, talvez nem faculdade nenhuma e a ameaça muito real da deportação.Pela primeira vez, Jasmine se rebela, experimentando todos os prazeres adolescentes para os quais ela nunca teve tempo no passado. Logo quando está tentando entender esse novo mundo, ele é virado de ponta-cabeça por Royce Blakely, o filho chamoso de um congressista de alto escalão. Jasmine já não tem mais ideia de onde, nem sequer se se encaixa no sonho americano. Tudo o que sabe é que não vai desistir. Porque quando as regras pelas quais você vivia não se aplicam mais, a única coisa a fazer é inventar suas próprias regras. (Skoob)
Eu estava em uma feira de livros, da qual eu levei vários porque estavam muito baratos (o mais caro que paguei em um foi 15 reais), quando essa capa me chamou a atenção, então eu li a sinopse e fiquei louca por ele. A maioria dos livros que eu comprei eu conheci ali na hora, porque os que eu conhecia não me interessavam muito. E por falar em se apaixonar pela sinopse, eu tenho que dizer mais uma vez que a sinopse no livro é bem melhor que essa do Skoob que tenta exagerar algumas coisas, tipo falando que ela se rebela. A Jasmine foi em uma única festa e tirou algumas notas que não eram 10 mas que ainda eram ótimas.
Bom, essa foi uma das melhoras compras de promoção com pouco conhecimento que eu já fiz. Eu adoro o quão bem o livro mostra a realidade de ser imigrante, acrescentando, claro, algumas coisas meio extraordinárias para ser uma ficção. A Jasmine sempre foi uma aluna perfeita, com várias atividades extracurriculares, principalmente ser capitã das líderes de torcida de um time que vai melhor que o próprio time do esporte da escola (não lembro se é futebol americano ou basquete) e, quando conseguiu uma bolsa, que é tudo para o quê ela sempre trabalhou, descobriu a bomba de que está ilegalmente no país e não pode se candidatar a nenhuma bolsa. Mesmo assim, ela vai pra Washington conhecer o presidente Obama e depois que volta vai passar por várias fases e a família vai tentar resolver sua situação num processo bem complicado. Durante tudo isso, a Jasmine vai duvidar pela primeira vez de sua identidade americana que sempre foi mais forte que a filipina. Ela vai passar a não se sentir pertencente a lugar nenhum.
A diversidade desse livro é incrível. Não só a Jasmine e a empregada do interesse amoroso dela são filipinas, quanto a melhor amiga dela é latina, a mãe do interesse amoroso dela também (tudo bem que eles tinham que parar com a ideia errada que latinos são de um jeito, quando nós temos todas as raças e somos só tipo uma origem, mas lá isso é importante) e eu acho que uma personagem que trabalha com a bolsa de estudos nacional é negra. E também tem asiáticas. Apesar de os Estados Unidos serem esse caldeirão cultural, com certeza muitos de vocês já pegaram livros que todos eram brancos e ainda quase todos eram ou loiros ou morenos (nem mesmo os dois de uma vez, mas milhares de um só). Eu sei que tenho falado bastante disso ultimamente, mas foi bem coincidência mesmo. E eu não sou de exigir diversidade nem nada, mas é legal quando tem naturalmente e bem feita.
Para quem não sabe, as Filipinas ficam na Ásia porém foram colonizadas pelos espanhóis; assim, eles são uma mistura de asiáticos com latinos. Eles são super exigentes quanto a educação dos filhos mas são super altos, comem comidas mais pesadas e um monte de comida sempre que se reúnem, são supercatólicos. A cultura filipina mostrada aqui tem algumas relações com a cultura brasileira no geral (claro que cada família e pessoa é diferente). Então também pode ser bem legal se ver em pessoas que moram longe da gente e nasceram mais longe ainda. Eles também falam um pouco de espanhol.
Eu tenho que dizer que adorei o casal que a Jasmine formou aqui, por mais que seja uma coisa meio clichê de embate de diferenças e tal, a verdade é que eu amo um bom casal meio proibido, às vezes até quando é meio errado, imagina então um desses que os dois são tão bons um para o outro, se complementam tão bem. O Royce é um cara legal, apesar de ter uma hora que os dois têm problemas por umas bobagens dele, mas enfim. Alguns outros personagens têm seus momentos não muito bons, como a Kayla, melhor amiga dela. Mas até o personagem Mason, que é o único que está para irritar especialmente, tem algo bem lá no fundo do coração ou mente dele e vai servir a algum propósito, não só para o mal. É difícil falar sem estragar, mas eu gosto de imaginar que o "depois" é que ele se tornou alguém bem melhor. Ou pelo menos se segura para fingir que sim.
Ao falar de imigração, é claro que o livro vai falar de preconceito, xenofobia, não necessariamente racismo, porque não vi nada específico aos filipinos (e também não sei se seria "racismo" mesmo assim). Também, por se tratar da ida para a faculdade, involuntariamente se acaba falando sobre o quanto as melhores faculdades, ou realmente qualquer uma que não seja comunitária, são muito caras, tudo isso porque a maioria das bolsas pede algum tipo de residência ou o green card e o motivo para a família se arriscar para consegui-lo então é porque se não o fizessem, ela não conseguiria frequentar uma faculdade e ter vindo pros EUA não teria sido de muita ajuda já que os pais já trabalham em empregos de "segunda categoria" porque é difícil contratarem um ilegal. Quando eles vieram, tinham um visto de trabalho, porém ele expirou e eles não conseguiram outro. Uma ironia que eu achei é que grande parte dos vencedores dessa bolsa nacional são ricos e estudam em escola particular. Por mais que a faculdade possa ser cara até para eles, é sem graça isso, não sei. Talvez devessem ser tipos diferentes de bolsa pelo menos, porque é chato. Essa não é qualquer bolsa, é uma das bolsas mais difíceis, que te levam pra Washington, etc. e esses riquinhos ficaram lá fazendo pouco caso do passeio porque já conhecem tudo devido a seus pais políticos. Conseguir essa bolsa deve dar ainda mais prestígio para um desses alunos do que simplesmente passar naquelas faculdades sem ela, mas eu nunca me inscreveria nisso sem precisar. E é esse o tipo de gente que xinga os imigrantes ilegais de preguiçosos ou malandros.
Nos agradecimentos a Melissa de la Cruz comentou que a maior parte da trama é inventada (mas fala todos os pontos no qual se identifica), mas que tem um livro sobre a história da família dela mesmo que se chama Fresh Off The Boat e procurando no Skoob da autora para ver se tinha, eu descobri que só tem em inglês, infelizmente, e que no Brasil ela tem dois livros sobrenaturais publicados e um deles a capa me pareceu familiar, As Feiticeiras de East End. Ainda nos agradecimentos ela cita vários autores que talvez vocês gostem, alguns amigos e outros colegas de publicação: Marie Lu, Tahereh Mafi, Veronica Roth, Rachel Cohn, Eoin Colfer.
Tem uma nota da autora que mostra que é realmente tão difícil quanto no livro conseguir o green card e ela também conta sobre outros detalhes da história dela, é bem legal de ler. A Melanie e a família são muito fortes como qualquer um que passa por essas situações. É difícil não ficar com medo do que acontecerá com eles ou pensar o que você faria no lugar. A imigração é um tema muito delicado no mundo todo, e é difícil pensar em uma solução, principalmente quando ocorre em um país que mal consegue sustentar seus próprios nativos bem, como o nosso. Não é tudo tão preto no branco, mas é bom continuar a haver livros como esse para que essas pessoas possam ser vistas e suas palavras expressadas. E também é bom lembrar que a América toda foi tomada de seus verdadeiros habitantes por imigrantes "ilegais". Eles - e nós - não precisam aceitar e ajudar, mas deviam pelo menos lembrar disso para não serem preconceituosos.
Acabei de ler um livro que fala sobre imigração e achei bem louco porque é um pouco parecido com esse. A garota que quer ir pra faculdade, enfrenta um processo, as diferenças culturais e diversidade. Nossa, tem muito em comum.
ResponderExcluirMas achei legal que esse explora mais coisas. Esse negócio todo da bolsa parece bem doido viu, injusto o povo que ganha isso e não precisa de verdade. Chamou atenção pelas dificuldades de toda a situação de imigrante, os preconceitos e tudo isso. É triste pensar que a pessoa vai em busca de algo melhor e tem que enfrentar tanta dificuldade. Tem muito no livro que é interessante saber e causa empatia, faz ver tudo de errado que tem por aí e essas coisas. Gostei dele.
Um assunto que infelizmente nunca sai de moda e isso não é de agora. Há anos os imigrantes tem sofrido,mas confesso que não havia visto por este lado do estudo e achei super interessante a proposta do livro!
ResponderExcluirEntregar toda esta luta, que por vezes, parece não ser da pessoa, mas que ela tem que travar!
E uma garota tão jovem..
Com certeza, vai para a lista de desejados!!!
Beijo
Eu também compraria esse livro pela capa; achei fofa, mas parece que a leitura é mais do que isso.
ResponderExcluirGostei dr abordar sobre a imigração e de incluir vários nacionalidades, é um tema importante.
Me parece ser uma leitura agradável.
Beijos
Oi, Mah
ResponderExcluirAinda não conhecia o livro e nem a autora.
Tenho amigos que moram nos Estados Unidos e eles tem visto para trabalhar, converso com eles é realmente complicado arrumar o tão sonhado Green Card.
Gostei da premissa do livro e fiquei bem curiosa para acompanhar a trama da personagem, espero poder ler em breve.
Beijos
Olá! Não conhecia esse livro, tema mega atual hem, nossa essa sua resenha me deixou super interessada em conferi isso tudo que foi dito aqui.
ResponderExcluirBjs
Essas feiras de livro que estão tendo, são tudo de bom, já fui em algumas. Ainda não li nenhum livro que o foco é a imigração e gostaria de ler, é algo real, e que sufoco deve ser para as pessoas. Que situação da personagem, deve mexer com a gente e deixar refletindo sobre a vida que ela e muitos levam, sem poder fazer muitas coisas. Achei estranho pessoas ricas em direito a bolsa, a oportunidade deveria ser para aqueles de condições inferiores.
ResponderExcluirEu gostei da proposta do livro eu tentei me colocar no lugar de uma pessoa que está prestes a ser deportada e tem uma grande chance na vida eu acho que seria o que é mexer ia muito com meu emocional porque seria uma coisa que mudaria meu futuro então você se coloca na situação de vários Imigrantes mexicanos nos Estados Unidos
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