Objetos Cortantes - Gillian Flynn

Uma narrativa tensa e cheia de reviravoltas. Um livro viciante, assombroso e inesquecível. Recém-saída de um hospital psiquiátrico, onde foi internada para tratar a tendência à automutilação que deixou seu corpo todo marcado, a repórter de um jornal sem prestígio em Chicago, Camille Preaker, tem um novo desafio pela frente. Frank Curry, o editor-chefe da publicação, pede que ela retorne à cidade onde nasceu para cobrir o caso de uma menina assassinada e outra misteriosamente desaparecida.
Desde que deixou a pequena Wind Gap, no Missouri, oito anos antes, Camille quase não falou com a mãe neurótica, o padrasto e a meia-irmã, praticamente uma desconhecida. Mas, sem recursos para se hospedar na cidade, é obrigada a ficar na casa da família e lidar com todas as reminiscências de seu passado. Entrevistando velhos conhecidos e recém-chegados a fim de aprofundar as investigações e elaborar sua matéria, a jornalista relembra a infância e a adolescência conturbadas e aos poucos desvenda os segredos de sua família, quase tão macabros quanto as cicatrizes sob suas roupas.

FLYNN, Gillian. Objetos Cortantes. Editora Intrínseca, 2015. 254p.

Este é o segundo livro da Gillian Flynn que leio, o primeiro foi O Adulto, que é basicamente um conto. Lembro de ter gostado bastante da leitura e fico me perguntando porquê não comecei a ler os outros livros da autora logo em seguida.

Objetos Cortantes conta a história de Camille Preaker, uma jornalista com um passado misterioso, que acabou de sair de um hospital psiquiátrico, pois se automutilava desde muito jovem. Agora ela vive em Chicago, mas nasceu e foi criada em Wind Gap, no Missouri, cidade onde teve que voltar à trabalho. Seu chefe ficou sabendo da morte de uma garotinha e o desaparecimento de outra, e deduzindo ser mais um caso de assassinato em série, solicitou que ela escrevesse uma matéria antes que outro jornal ficasse sabendo da história. Com isso, Camille se vê obrigada a encarar seu passado e se lembrar de coisas que deveriam ser esquecidas e enterradas.

Não se sabe muito sobre o que aconteceu com as garotas e é muito estranho como as pessoas tentam esconder os fatos de Camille, tornando o seu trabalho ainda mais difícil. E pra ficar ainda pior, ela está hospedada na casa da sua mãe e desde o começo vemos que a relação entre as duas é bem estranha. No decorrer do livro vamos descobrindo os motivos por tudo ser assim. E com essa volta a cidade, também descobrimos os motivos por Camille ter saído de lá. Ela acaba revendo muitas pessoas, pessoas que estudaram com ela, que fizeram parte de suas adolescência problemática e que continuam ali, como era de se esperar.

Fiquei impressionada com a forma que a autora consegue criar as personalidades dos personagens, é tudo tão profundo, que dá muita veracidade a história. Consegui entrar na pele de Camille, conhecer seus medos e suas mágoas. Foi a primeira vez que li um livro onde a personagem  se automutilava e confesso que foi bem complicado entender o que ela estava sentindo, pois foi muito real, doeu, principalmente por saber que muitas pessoas passam por isso e na maioria das vezes, sozinhas. No decorrer das páginas, vamos entendendo o quanto ela se sentia só, o quanto precisava de amor, um amor que ninguém nunca sentiu por ela, nem mesmo sua própria mãe. A vontade de fazer algo por ela foi presente em toda a leitura, eu só queria tirá-la daquela cidade, daquela casa, o mais rápido possível. 

Sinceramente eu não esperava uma história tão boa quanto essa, foi muito além das minhas expectativas, a autora me provou que posso ler seus outros livros sem medo, pois é certeza de que coisa boa virá.  Foi interessante como a autora mesclou as histórias sobre o assassinato e o passado de Camille, pois a todo o momento apareciam novas informações sobre as duas situações, deixando o livro com um ritmo muito bom.

São muitos personagens presentes na obra, praticamente toda a cidade aparece um pouquinho, muitos deles são bem importantes para a trama, mas só vou falar de duas pessoas. A mãe de Camille, Adora, é uma mulher desprezível, não demonstra amor por ninguém e é a culpada por todos os problemas psicológicos e sociais que suas filhas tiveram.  Ela com certeza é o tipo de pessoa que não devia ser mãe, é um verdadeiro monstro. A outra é a irmã de Camille, Amma, essa foi uma personagem que me deixou confusa, não sabia se sentia raiva ou pena da garota, pois muito do que ela se tornou, como eu disse, foi por culpa da mãe. A garota é tão perversa e pervertida, tem apenas 13 anos e muita maldade dentro de si. Mas ela também se sente só, sente falta do amor dos pais e parece tentar suprir isso de formas bem cruéis.

Acho que nem preciso dizer que amei a escrita da autora. Gostei muito do desfecho, acabou sendo uma das hipóteses que imaginei, pode parecer estranho, mas ainda assim fiquei surpresa com a formas que os fatos se desenrolaram. Apesar de achar que ficou bem corrido, não afetou de forma alguma o brilhantismo da obra. No fim, só fiquei ainda mais curiosa para conhecer as outras obras da autora e assistir as adaptações.