Uma Questão de Confiança - Louise Millar

Créditos da Imagem: Blog Palácio de Livros
Sinopse: Em um subúrbio tranquilo de Londres, algumas mães se ajudam através de amizade, favores e fofocas. No entanto, algumas delas não parecem confiáveis e outras têm segredos obscuros. Quando Callie se mudou para seu novo bairro, pensou que seria fácil adaptar-se. Contudo, os outros pais e mães têm sido estranhamente hostis com ela e com sua filha, Rae, que também descobriu como é difícil fazer novas amizades.
Suzy, seu marido rico e seus três filhos parecem ser a única família disposta a fazer amigos, mas, recentemente, a amizade com Suzy anda tensa.
Ainda mais com a atmosfera pesada que pairou sobre o bairro após a chegada da polícia e o relato de um possível suspeito morando no bairro.
O que Callie e sua pequena Rae podem esperar? Em quem confiar? E, sobretudo, como imaginar que certas atitudes rotineiras podem colocar em risco a vida de sua pequena filha? Verdades e mentiras parecem se esconder nestas pequenas casas. (Skoob)
MILLAR, Louise. Uma questão de confiança. São Paulo: Editora Novo Conceito, 2013. 382 p.

Uma questão de confiança, de Louise Millar, estava na minha estante há um bom tempo. Como sempre acontece quando temos livros demais para ler, alguns ficam para depois, e eu só fui retirar este livro da estante quando elaborei minha TBR para a Maratona Literária de Inverno. Daquela lista, substituí quase todos os livros por outros, mas fico feliz de não ter feito isso neste caso.
 
A escrita de Louise Millar propriamente não tem nada de especial. A linguagem utilizada é bastante simples, fluida, não rebuscada; mas é a construção textual que traz destaque à trama. Os capítulos são curtos, de não mais que seis páginas, e intercalam os pontos de vista de Callie, em primeira pessoa, e de Suzy e Debs, em terceira. Desde o início, sabemos que as três personagens têm segredos, que uma dessas mulheres esconde algo sombrio, mas não se sabe qual, mesmo no caso de Callie, que interrompe seus pensamentos antes de se aprofundar naquilo que esconde.
 
"Nossa amizade não é uma escolha, mas uma carência. A estrangeira americana em Londres e a mãe solitária: empatadas. Está errado apoiar-me tanto nela sem ser sincera sobre quem sou de fato, deixando que a verdade fique escondida em algum canto escuro, como um espírito maligno, à espera. Entretanto, sigo em frente porque preciso dela. Não consigo sobreviver sem ela. Ainda não."

Tal dinâmica torna a leitura sufocante, pois leva o leitor a querer saber as consequências de cada ação - que nem mesmo sabemos quais são, às vezes. Existe um ar de mistério, algumas coisas não ditas, segredos e perigos que se atrelam mais ao psicológico do leitor do que aos acontecimentos da obra. Muitas vezes, durante a leitura, me flagrei espiando os capítulos seguintes para descobrir o que estava por vir.
 
A autora usa de um jogo de palavras que logra o leitor. Não seria difícil imaginar o que acontece na obra, mas a forma como a autora constrói sua trama nos leva a acreditar em outras implicações. Millar solta algumas informações que nos fazem acreditar quererem dizer uma coisa, para mais tarde mostrar que significavam outra. E, no final do livro, quando o desfecho parece surpreendentemente absurdo, você percebe que as pistas estavam o tempo todo ali, espalhadas desde o começo do livro.

"Londres deveria ter sido um novo começo. Um lugar para ser uma pessoa normal, finalmente, com uma família normal e amigos normais, longe dos mentirosos, traidores, aproveitadores e dos demônios de casa. No entanto, parece que aqui também existem mentirosos e traidores"

Uma questão de confiança foi uma leitura bastante surpreendente, porque desconstruiu todos os conceitos que o próprio livro deu. Muitos leitores parecem ter tido dificuldade até engrenar a leitura, já que os primeiros capítulos apenas narravam o cotidiano das três mulheres que tinham papel fundamental na história, mas isso não aconteceu comigo. Foi fantástico não saber o que esperar, e ainda mais fantástico encontrar algo que eu definitivamente não esperava.

Talvez não seja o tipo de leitura que agrade a todos, mas para quem quer um suspense diferente, sem compromisso, a obra pode ser uma ótima companhia.

Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

7 comentários:

  1. Olá Ju,

    Esse livro está na minha lista de espera de leituras, não sei muito o que esperar dele, mesmo depois da sua excelente resenha....bjs.

    devoradordeletras.blogspot.com.br

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  2. Oi Ju!

    Gosto de livros com esse tipo de trama... Principalmente quando narra a história de mais de um personagem ao mesmo tempo. Adoro a sensação de frustração em cada mudança de capítulo, já que queremos saber o que vai acontecer e puf, muda a narração. Para mim, isso seria um dos pontos altos do livro.

    Beijo!
    http://www.roendolivros.com/

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  3. Já tem um tempo que estou querendo muito ler esse livro, curto suspense, a trama parece ser bem envolvente e essa resenha me deixou ainda mais curiosa em conferi essa história.

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  4. Esse livro me surpreendeu também. Fui ler sem muita vontade, achei que a trama era bobinha e em muitos pontos foi irritante. Mas quando peguei o ritmo fiquei meio louca por mais. Ele vai criando graça, gostei disso. O final foi bom, é um livro que vale o risco, mas tem de ler com vontade e não se deixar abater pelas partes irritantes...

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  5. Não conhecia esse livro, adorei sua resenha.
    A capa me chamou bastante a atenção, fiquei curiosa em relação a história, é bom quando um livro nos surpreende, pretendo ler.

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  6. acho que a autora foi inteligente. fez um jogo com as situações que fecha o livro com essa sensação de surpreendente. engraçado que quando a gente lê a sinopse, pensa logo que é mais do mesmo. amo livros assim =) as personagens bem distintas. é um clichê inteligente. tinha tirado ele da minha lista de desejados mas vou colocá-lo de novo ;)

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  7. Ju, eu também me surpreendi muito e amei quando li! E, como você, fui fisgada desde o início, leitura totalmente envolvente!
    Beijão!

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