Sinopse: Uma poderosa jornada da mente humana, um mergulho profundo nas águas da doença mental.
CADEN BOSCH está a bordo de um navio que ruma ao ponto mais remoto da Terra: Challenger Deep, uma depressão marinha situada a sudoeste da Fossa das Marianas.
CADEN BOSCH é um aluno brilhante do ensino médio, cujos amigos estão começando a notar seu comportamento estranho.
CADEN BOSCH é designado o artista de plantão do navio, para documentar a viagem com desenhos.
CADEN BOSCH finge entrar para a equipe de corrida da escola, mas na verdade passa os dias caminhando quilômetros, absorto em pensamentos.
CADEN BOSCH está dividido entre sua lealdade ao capitão e a tentação de se amotinar.
CADEN BOSCH está dilacerado.
Cativante e poderoso, O Fundo é Apenas o Começo é um romance que permanece muito além da última página, um pungente tour de force de um dos mais admirados autores contemporâneos da ficção jovem adulta. (Skoob)
Livro recebido em parceria com a Editora
Sei que a Bela, colunista aqui no blog, recentemente resenhou O fundo é apenas o começo, de Neal Shusterman, mas por coincidência, também estava lendo esse livro e achei importante falar sobre ele novamente, em especial porque minhas impressões foram um pouco diferente das dela. O livro é ótimo e traz reflexões essenciais, mas tive alguns problemas durante a leitura que acho interessante mencionar.
O fundo é apenas o começo trata as doenças mentais de uma forma muito lúcida. Através da narrativa de Neal Shusterman, é possível entrar na cabeça de uma pessoa que sofre dessa doença e é sufocante, por ser tão real. É como um mergulho aos cantos mais profundos da mente e, assim como o próprio personagem, é difícil ao leitor identificar o que é real ou não, porque ele vive tudo aquilo, mesmo que de uma maneira não convencional.
Acredito que, por ter acompanhado seu filho, Brendan, durante uma jornada semelhante à do personagem do livro, o autor escreva com tanta propriedade sobre o assunto e consiga demonstrar, de fato, o que é a doença mental e como ela pode surgir inesperadamente. Não há rótulos aqui, a doença do protagonista, Caden, não é classificada no livro e, em um trecho do livro, o personagem conversa sobre isso e fica claro que a classificação da doença é só uma tentativa de facilitar o tratamento, já que a mente humana é tão complexa.
No decorrer do livro, os acontecimentos ficam mais nítidos e as cenas começam a fazer mais sentido. Tudo o que o personagem descreve tem alguma justificativa, tudo se encaixa depois que se compreende o contexto. Acredito que essa construção do texto tenha contribuído em muito para a compreensão do personagem, já que o leitor dá um salto no escuro, sem nenhuma explicação prévia, e só quando já conhece os fatores envolvidos é que compreende o porquê deles. Como já comentei, o livro é ótimo, acho que nunca tinha tido contato com uma trama que me permitisse compreender tão bem o tema quanto essa.
O meu único problema durante a leitura foi o momento. Comecei o livro em uma fase de muito estresse na minha vida, então a mistura de realidade e imaginação e a sensação de angústia pela situação do personagem não ajudaram para que eu me envolvesse com a história. Eu tinha a mesma sensação de afastamento que Caden, o que me impediu de criar vínculos e obstou meu interesse em continuar o livro. Levei semanas para concluir a leitura, ficava dias sem tocar no livro e, só quando estava da metade para o final é que o enredo se tornou mais interessante. Por isso, acredito que a leitura será muito mais prazerosa para aqueles que estejam em uma fase leve e possam se envolver emocionalmente com uma história como essa.
De qualquer forma, O fundo é apenas o começo traz lições importantíssimas e esclarecimentos essenciais para diminuir preconceitos acerca das doenças mentais. Quem tiver interesse em conhecer mais sobre o tema, leitura mais do que recomendada.