Há três anos a família de Tanner Scott se mudou da Califórnia para Utah, fazendo com que sua bissexualidade voltasse para o armário. Agora, com apenas mais um semestre até o fim das aulas no colegial e seu tão sonhado futuro em uma universidade longe da família, ele só deseja que o tempo passe mais depressa. Quando Autumn, sua melhor amiga, se inscreve na aula de escrita e o desafia a participar, Tanner não consegue recusar o convite, afinal de contas, quatro meses é tempo mais do que suficiente para escrever um livro, certo? O garoto está mais certo do que imagina, pois leva apenas um segundo para que ele note Sebastian Brother, o prodígio mórmon que, nas aulas de escrita do ano anterior, escreveu e publicou o próprio livro, e agora orienta a turma. Se quatro meses é muito tempo, um mês pode não ser. E é exatamente esse tempo que leva para Tanner se apaixonar por Sebastian. (Skoob)
LAUREN, Chistina. Minha versão de você. Hoo Editora, 2017. 252 p.
Tanner é um personagem bissexual que está convicto de sua orientação sexual e não tem nenhum problema quanto a ela, seus pais e sua irmã sabem e o amam de todo e qualquer jeito, mas ninguém em sua cidade sabe, nem mesmo sua melhor amiga Autumn, porque... ser qualquer coisa que não seja hétero, infelizmente, ainda é visto como um problema, como uma desculpa para atacar e ser violento, e ele não sabe o que esperar vivendo em Utah, que é infestado de mórmons, que pregam que você pode sentir atração pelo mesmo sexo, mas não "praticar", porque se não você é excluído totalmente da comunidade, tratado como alguém morto, pior do que morto.
Sebastian é filho do bispo, sucesso na cidade porque escreveu um livro no Seminário, uma disciplina que você precisa escrever um livro em quatro meses, e está sendo ajudante nessa mesma disciplina a pedido do professor enquanto seu livro está sendo preparado para ser publicado. E Tanner cursa essa matéria. E quando o vê, sente-se... fixado. Antes que perceba, Tanner está escrevendo um livro autobiográfico, que conta como é se apaixonar por Sebastian Brother, um mórmon numa cidade de mórmons.
"Sou apenas um garoto bissexual, meio-judeu, que está apaixonado por um garoto mórmon. Para mim, o futuro não é tão claro."
Vocês sabem o que acontece, é fácil deduzir o que virá daí: eles se apaixonam. E isso não pode/irá terminar bem, foi a primeira coisa que percebi quando lia, (eu sempre esqueço a sinopse) e tive que me controlar para não ler o final como sempre, embora eu tenha tentado com mais afinco dessa vez, porque o ponto da história é sobre o que vai acontecer, como vai terminar, e eu estava gostando tanto, fiquei tão vidrada, que não queria pular para o final e me arrepender de qualquer que fosse ele. E desistir de ler, é claro. Mas eu sou uma masoquista para leituras desse tipo, não sei por que estava preocupada, todavia estou orgulhosa de mim por ter resistido.
O meu único problema realmente com a narrativa, porque me fazer sofrer era o objetivo da(s) autora(s) (como sabem ou não, Chistina Lauren é um pseudônimo de duas mulheres), foi quando acrescentaram a perspectiva do Sebastian na terceira pessoa no final do livro e mudaram a do Tanner até então em primeira para em terceira pessoa também e... foi uma virada brusca. Eu tenho um pouco de TOC e gosto de algo consistente, embora entenda que precisava ver o outro lado da moeda.
"Tenho o pensamento melodramático de que isso é o que é sentir o coração partido. Não existe um estilhaçar; só existe uma fissura lenta e dolorosa que se espalha bem no meio."
Tanner é uma coisinha adorável que me lembrou Simon de Simon vs a Agenda Homo Sapiens, embora também tenha encontrado diferenças. Ambos são queer, são adolescentes, estão certos de sua sexualidade e são adoráveis, tão fofinhos, que dá vontade de colocar num pote e protegê-los do mundo; as diferenças estão no fato da família do Tanner saber e apoiá-lo e o problema está na cidade, no que ela irá fazer com ele, se irá aceitá-lo ou não (diferente de Simon), porque Tanner vive num local que é totalmente de mórmon e, infelizmente, nunca se pode confiar no que alguém pode fazer em nome de Deus.
Eu também adorei os pais de Tanner, que o apoiam e mostram que são contra aquele relacionamento secreto porque não querem que o filho seja um "caso", mas ainda estão lá por ele, sem ficar repetindo e repetindo sem pausa o desagrado deles. E eu gostei de Sebastian, claro, embora no começo tenha me sentindo um pouco desconfiada, porque ele era bom demais para ser verdade... mas todos os mórmons são, para falar a verdade. Se o que aprendi lendo esse livro for verdade.
"Raios estouram atrás das minhas pálpebras fechadas, tão intensos que quase consigo ouvi-los. É o meu cérebro se desfazendo, meu mundo acabando ou, talvez, eu só tenha sido atingido por um meteoro e isso seja o arrebatamento, e eu tenha recebido um último momento perfeito antes de ser mandado para o purgatório e ele ser mandado para outro lugar muito, muito melhor."
O primeiro destaque do livro vai para o fato que o protagonista se identifica como um garoto queer, que nos EUA foi basicamente uma ofensa, até que os grupos adotaram essa palavra como sua, não deixaram ela ser usada contra eles. Eu também gostei de terem inseridos mórmons, porque um ou outro personagem secundário perdido nos livros é, mas nunca explicaram o que significa ser mórmon até hoje e eu sempre me esquecia de pesquisar porque eles eram secundários e... minha atenção se desviava. Eu pensava que mórmons eram um daqueles povos que vivem afastados sem tecnologia e eles não são, embora tenham suas próprias peculiaridades, como todas as religiões têm, é claro.
Uma coisa que vai parecer contraditória é que eu gostei de terem colocado os mórmons, de terem fugido do clássico cristão em crise de sexualidade, mas eu também me senti um pouco desconfortável, porque estavam falando de uma religião que não conheço. Ouve críticas quanto A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (mórmons fazem parte dela) que me fez sentir uma intrusa, porque estavam falando de uma desconhecida, não de uma parente da minha família, alguma religião conhecida que não seja a minha, que eu me sinto com liberdade para comentar e dar a minha opinião e ser realmente crítica.
"Não gosta de ser melodramático, mas a dor é melhor do que a culpa; é melhor do que o medo; é melhor do que o arrependimento; é melhor do que a solidão. "
Eu adorei esse livro, porque religião é algo que precisa ser discutido, constantemente abordado, porque há ensinamentos que são prejudiciais (não querendo ofender ninguém), dizendo o que é certo e é errado e as pessoas são diferentes e ouvir isso é tão ruim, saber que não está num padrão é péssimo. Se a mídia faz isso e é ruim, imagine quando colocam Algo acima de todos nós julgando-nos ao mesmo tempo que diz que Ele ama a todos nós?
Enfim, tive os sentimentos típicos ao ler uma história dessas: confortar uns, maltratar outros, colocar juízo na cabeça de certos indivíduos abençoados... e aquela sensação desconfortável, de inquietação, de como alguém pode achar que amor não é certo quando é a coisa mais certa da vida. Eu adorei essa história.
Primeira resenha que leio deste livro e como não sabia nadinha a respeito dele, estou aqui sem saber ao certo o que pensar.
ResponderExcluirPois além de trazer todo este drama da sexualidade,traz duas versões: o amor e aceitação da família,ponto positivo!
Mas também traz toda esta sociedade que se acha no direito de apontar, julgar, condenar ou salvar alguém por ela simplesmente ser quem é.
Há também este lance da religião, que não conheço quase nada também,mas que concordo com você, precisa sim, ser discutido e levado a sério!
Se tiver oportunidade, quero sim, poder conferir!
Beijo
Essa capa é maravilhosa!
ResponderExcluirTambém é a primeira vez que leio sobre este livro, e já fiquei interessada. Ainda mais por ter semelhanças com o fofo do Simon.
Parece uma história leve, mas com grandes ensinamentos.
Beijos
A homossexualidade ainda hoje é um assunto muito difícil (no mundo e agr mais especifico no Brasil), não fazia ideia de que o livro tratava desse assunto, assistir recentemente o filme do Simon (e amei, o livro deve ser lindo!) assim quando comecei a ler a resenha reparei na semelhança entre os dois. Muito corajoso das autoras abordarem temas como a religião e a homossexualidade em um único livro (pois são temas tão arraigados de opiniões, eu sou cristã e conhecer outras religiões e ler sobre suas perspectiva, suas peculiaridades é uma fonte de conhecimento), também não entendo como o amor pode ser errado! Amei a resenha! Bjs!
ResponderExcluirNão faz meu estilo livros que abordem personagens gays não... No caso do personagem do livro, bissexual né. Mas parece ser uma historia bem fofinha, que deve trazer uma lição bem legal, todo amor é valido, não é? É o que importa.
ResponderExcluirAinda não fiz nenhuma leitura com um personagem bissexual, gostaria de ler, é bom saber como surge esse sentimento o que se passa com a pessoa, gostei que ele tem o apoio dos pais, o que é difícil de acontecer. É uma pena a sociedade ser assim tão preconceituosa, se meter na vida dos outros é impressionante. Só assisti o filme do Simon e adorei ele é bem fofo mesmo, se esse personagem é parecido com ele já ganha o leitor.
ResponderExcluirOlá, Bela
ResponderExcluirÉ a primeira resenha que leio do livro.
Sabia que era sobre homossexualidade, mas não da religião como tema.
Mas o livro tem um diferencial interessante a família apoia o filho bissexual, mórmons fiquei muito curiosa para ler essa trama.
Beijos
Oi Bela!
ResponderExcluirSegunda resenha que leio do livro, tenho mto interesse em conhecer a história, ainda mais pq aborda temas bem delicados, espero conseguir ler em breve.
Bjs!
Já tenho esse livro na estante, pois acho super bacana essa proposta de diversos assuntos em um só livro, e assim como na tua resenha sempre leio comntários positivis sobre o livro, e nunca tive tive a oportunidade de ler algo sobre essa temática de sexualidade. Espero poder conferir em breve!E essa capa é um charme a parte ♥
ResponderExcluirOlá! Nossa, essa foi a primeira resenha que leio desse livro, já li vários livros com personagens gays, mas bissexual nunca, essa sua resenha me deixou ainda mais curiosa em conferi isso tudo que foi dito aqui.
ResponderExcluirBjs
O livro trata de um assunto complicado, pois as opiniões em relação a religiões e sexualidade se divergem demais, principalmente porque existe o extremo e o meio termo, e é onde acaba havendo discussões porque ninguém sabe ouvir a opinião e a argumentação do outro.
ResponderExcluirBem, parece um livro interessante, sobre quebra de tabus e sobre tudo o amor.
Qual é a página que aparece essa frase:
ResponderExcluir"Não gosto de ser melodramático, mas a dor é melhor do que a culpa; é melhor do que o medo; é melhor do que o arrependimento; é melhor do que a solidão"?