As memórias de Sherlock Holmes - Arthur Conan Doyle

Sherlock Holmes é possivelmente o detetive mais amado de toda a literatura policial. Esse volume de suas façanhas traz, na seqüência em que foram originalmente publicados na Strand Magazine entre 1892 e 1893, os 12 contos que compõem As memórias de Sherlock Holmes: Silver Blaze, A caixa de papelão, A face amarela, O corretor, A tragédia do Gloria Scott, O Ritual Musgrave, Os fidalgos de Reigate, O corcunda, O paciente residente, O intérprete grego, O tratado naval e O problema final. (Skoob)
DOYLE, Arthur Conan. As memórias de Sherlock Holmes. Sherlock Holmes #2. Zahar, 2010. 408 p.


Nesse segundo livro, que também reúne 12 contos como o anterior, Sherlock mostra-se mais... humano, não uma máquina perfeita e incapaz de errar. Ao narrar seus primeiros casos, num período pré-Watson, antes mesmo de decidir ser um detetive consultor, vemos um Sherlock mais como observador do que um participador ativo, apenas acompanhando os acontecimentos sem interferir neles ou fazendo nenhuma dedução característica sua.

"Como todos os raciocíonios de Holmes, a coisa, depois de explicada, pareceu a própria simplicidade. Ele leu esse pensamento em meus traços e seu sorriso teve uma ponta de amargura.
- Acho que faço uma tolice ao explicar - disse. - Resultados sem causa são muito mais impressionantes."

Teve dois contos que me marcaram durante a leitura: A caixa de papelão e A face amarela.

A caixa de papelão, o  segundo conto dessa obra,  não foi publicado na primeira vez que As memórias de Sherlock Holmes foram reunidas, porque Conan Doyle o considerava muito fortes para os seus jovens leitores. E eu tenho que concordar; a maioria dos casos desse livro teve uma nota sombria. Eu terminei a leitura de A caixa de papelão como se tivesse terminado o livro todo e estivesse em choque, sem saber o que fazer, refletindo sobre tudo o que aconteceu, porque foi tão real que eu não acreditava, parecia até que terminei de assistir o noticiário e visto uma reportagem horripilante e estivesse incapaz de comentar a respeito, porque poderia ser com qualquer um.

Por sua vez, o conto que se segue, A face amarela, me deixou feliz. Foi uma das vezes que Sherlock Holmes esteve errado e eu acho que isso não significava algo ruim, que nenhum mal foi cometido por causa disso.

Em As memórias de Sherlock Holmes, dois personagens merecem destaque: Mycroft Holmes, irmão de Sherlock Holmes, sete anos mais velho e mais inteligente do que o próprio, em que os dois têm uma relação que me lembrou Thor e Loki em Thor: Ragnarok (melhor filme que eu assisti a respeito do relacionamento entre irmãos), discutindo e completando-se enquanto discutem para provar quem estar certo primeiro; e, claro, não tem como não destacar o Professor Moriarty.

"Ele (Moriarty) é o Napoleão do Crime, Watson. É o organizador de metade do que se faz de errado e de quase tudo que passa despercebido nesta grande sociedade. É um gênio, um pensador abstrato. Tem um cérebro de primeira ordem. Permanece estático, como uma aranha no centro de sua rede, mas essa rede tem mil radiações, e ele conhece cada palpitação de cada uma delas."

Enquanto lia, eu fiquei me perguntando porque esse livro chama-se As memórias de Sherlock Holmes, mas só quando cheguei ao último conto, O problema final, eu percebi. É o conto que Professor Moriarty, nêmesis de Sherlock Holmes, aparece pela primeira vez ao leitor. E se você tem algum conhecimento básico da história, mesmo sem ser fã, vocês sabem como termina, com os dois homens mais inteligentes engalfinhando-se até a morte numa cachoeira.

Mas, como bem sabemos (eu adoro supor que todo mundo sabe o que eu sei), esse não é o fim da jornada de Sherlock Holmes, porque ele volta dos mortos para muitos mais casos! Claro, há teorias, como as notas do livro apresentam, que diz que Sherlock Holmes morreu e foi substituído por um sobrinho seu, ou que talvez Moriarty era inocente ou nunca existiu. A minha preferida é a que diz que Moriarty não morreu, porque ele é o Demônio e, dã, ele não pode morrer.

"(...) e lá, no fundo daquele medonho caldeirão de água em torvelinho e espuma fervilhante, haverão de jazer para sempre o mais perigoso criminoso e o mais eminente defensor da lei da sua geração."
Yuki Kurohime
Yuki Kurohime

10 comentários:

  1. Bela!
    Lembro que li algumas reportagens falando que após a morte de Sherlock e Moriarty, os fãs ficaram tão indignados com o autor que ele teve de trazê-lo de volta a vida para dar continuadade as aventuras e descobertas dele.
    Desejo uma semana plena de luz e paz!
    “O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende.” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA JULHO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  2. tudo que traga um pouco da vida nada pacata de Sherlock me fascina!Sejam livros, filmes ou séries! E isso aí acima é Clássico(com letra maiúscula).
    Sou apaixonada pela obra de Doyle, apesar de ter lido muito pouca coisa do autor. Mas as letras dele atravessaram gerações e ver livros assim, tão "velhinhos" ainda lidos, relidos e apresentados é fascinante e só mostra o quanto o moço mandava bem!
    Beijo

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  3. Interessante saber mais desse Sherlock mais humano, fiquei curiosa com os contos que tem um toque mais sombrio, deve ter ficado mais pesado. Fiquei imaginando essa relação do personagem com o irmão deve ser um páreo difícil rs. Tenho vontade de ler os livros ainda não li nenhum.

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  4. Olá Bela,

    Você acredita que eu ainda não li nada do autor? Quero muito conhecer as famosas história do Sherlock, ótima resenha....bjs.


    http://devoradordeletras.blogspot.com/

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  5. Oi Bela!
    Adorei conhecer mais um livro de Sherlok, mais uma vez me vi presa na resenha espero mto uma oportunidade para conhecer melhor sobre ele.
    Bjs!

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  6. Oi Bela,
    Cá estou eu, o peixe fora d'água por não conhecer o querido detetive Sherlock, sim, nunca li absolutamente nada o personagem, e muito menos assisti. Mesmo assim, gostei de ter mostrado o detetive como um ser humano, que apesar da grande inteligência, comete erros.
    Os contos são bem legais, fiquei intrigada com essa morte que você citou no final.
    Ah, a coleção está belíssima.
    Beijos

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  7. Gosto muito de Sherlock Holmes, mas não me lembro se fiz essa leitura. Creio que não.
    Já até anotei aqui pois fiquei curiosa para saber mais sobre A caixa de papelão.

    Beijinhos
    She is a Bookaholic

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  8. Olá! Ainda não li nenhum livro do Sherlock Holmes, mas assisti todos os filmes e séries pra TV, sempre gostei muito de romance policial, detetive etc... pretendo ler todos algum dia.
    Bjs

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  9. Olá, Bela
    A cada resenha que leio sobre as memórias de Sherlock Holmes fico mas curiosa para ler os livros.
    Nossa esse conto "A caxa de papelão" deve ser maravilhoso a ponto de deixar mal da cabeça.
    Espero poder ler os livros do Holmes.
    Beijos

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  10. Achei a obra tão interessante. Gostaria de conhecer essa face e pedaços de Sherlock. Fiquei curiosa com os contos que escolheu como seus favoritos, sobretudo, "A Caixa de Papelão", por ter sido realista e empolgante. Aliás, sua resenha empolgada me empolgou, hahah.

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