Os quase completos - Felippe Barbosa

Sinopse: O Quase Doutor é um renomado cardiologista que passa os dias em um hospital, mas no fundo é um artista frustrado. A Quase Viúva é uma professora que está de licença do trabalho para ficar com o noivo, em coma após um grave acidente. O Quase Repórter é um jornalista decepcionado com a profissão que sofre há mais de um ano pelo suicídio da esposa. A princípio, a única coisa que essas pessoas têm em comum é a sensação de incompletude e de desilusão com a vida.
Até que, um dia, o Quase Doutor é persuadido por um velho desconhecido a embarcar com ele em um ônibus rumo a uma jornada para se reconciliar com seu passado. Logo a viagem se transforma em uma aventura extraordinária e, em meio a fenômenos como uma chuva de estrelas cadentes, ele precisa fazer escolhas que mudarão seu destino para sempre.
Enquanto isso, eventos misteriosos levam a Quase Viúva a suspeitar que alguém dentro do hospital quer matar seu noivo e uma pesquisa minuciosa do Quase Repórter revela que sua esposa pode ter sido assassinada. Quando os dois tentam descobrir a verdade sobre seus amados, tudo leva a crer que a resposta está dentro do ônibus do Quase Doutor.
Reunidos num lugar que nunca imaginaram existir, os três serão forçados a enfrentar seus maiores medos e verão que, para se tornarem completos, precisarão encarar a batalha mais difícil de todas: aquela que travamos com nós mesmos. (Skoob)

Livro recebido em parceria com a Editora
BARBOSA, Felippe. Os quase completos. Editora Arqueiro, 2018. 384 p.


Em 2017, a Editora Arqueiro, em parceria com a Suzano Papel e Celulose, anunciou o Prêmio Pólen de Literatura, em que o vencedor teria seu livro publicado pela Editora. Assim nasceu Os quase completos, livro de Felippe Barbosa que conta a história do quase doutor, um médico que há muito tempo deixou de lado seu sonho de ser pintor, da quase viúva, cujo noivo está em coma enquanto a data do casamento se aproxima, e do quase repórter, que não consegue superar a perda da esposa e acredita que, diferente do que todos dizem, não se tratou de um suicídio.

Com uma escrita madura e bem desenvolvida, o autor se aprofunda nas dificuldades de se deixar guiar pelos sonhos e de buscar aquilo que se deseja de verdade, geralmente em razão das influências alheias e da necessidade que temos em fazer felizes aqueles que nos rodeiam. Mas a questão que fica nesse contexto é: e a nossa felicidade?

"- Mas... por que raios eu entraria num ônibus qualquer ao lado de um desconhecido?
O estranho abriu ainda mais o sorriso e respondeu:
- A pergunta que deve fazer é: por que não?"

Narrado em primeira pessoa pelo Quase Doutor e pela Quase Viúva e em terceira pessoa nos trechos pelo ponto de vista do Quase Repórter, o livro permite analisar as perspectivas de cada personagem e compreender seus desejos e frustrações. É fácil também se identificar com eles, afinal, quantos de nós não se deixou apenas levar pela vida e, quando percebemos, nos vemos distantes demais de onde gostaríamos de estar?

Embora o leitor não consiga entender a relação entre os personagens no início da trama, aos poucos o autor insere aspectos de suas vidas que fazem seus caminhos se cruzarem. É interessante ver as correlações, não imaginadas inicialmente, se interligarem. Em alguns casos, pode ser até uma surpresa para quem lê, mas eu consegui adivinhar antes algumas construções que só seriam reveladas pelo autor mais para frente da história.

"- [...] Nunca se limite ao 'quase'. Não há nada mais depressivo do que beirar um sonho e jamais tentar alcançá-lo."

Tive certa dificuldade em acompanhar as passagens que tratavam do Oitavo Reino ("um local onde toda a sua vida é perfeita", segundo palavras de uma das personagens), pois os trechos de fantasia inseridos em uma trama realista sempre me deixam um pouco entediada. Livros que inserem realismo fantástico dificilmente me prendem e foi exatamente nesses trechos que a história ficou mais arrastada para mim. Por esse motivo, os enredos que mais gostei foram os da Quase Viúva e o do Quase Repórter, que eram mais ligados à realidade.

Ainda que tenha demorado um pouco mais para concluir a leitura por conta desses percalços, acho que a mensagem que fica de Os quase completos é maravilhosa, por fazer refletir sobre os caminhos que deixamos a vida seguir e aquele que queríamos ter seguido. Além disso, a trama se encerra com aquela sensação gostosa de que tudo pode ser melhor, ainda que seja mais difícil.


Ju
Ju

Apaixonada pela leitura desde a infância, tantos livros lidos que é impossível quantificar. Alguém que vê os livros como uma forma de viajar o mundo e lugares mais incríveis que possam ser criados pela imaginação, sem precisar sair do lugar. Tem o blog como uma forma de dividir experiências e, principalmente, as emoções que as leituras despertaram, para compartilhar idéias e aproveitar sugestões de leitura, envolvendo mais e mais pessoas em um mundo onde a imaginação não tem limites.

9 comentários:

  1. Oi Ju,
    A capa é mesmo linda, e a primeira coisa que nos prende, assim como a sinopse nos deixa curiosos. Eu gostei por conter fantasia, e dessa mistura de gêneros que o autor fez, bem bacana.
    Acredito que o livro seja muito sobre aceitação, descobertas de si mesmo, vejo isso nos três personagens, é quase como uma lição de vida, e gostei de como foi abordado...
    Curiosa para saber como vai ser a jornada dentro desse ônibus.
    Beijos

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  2. Olá Ju!
    Qro ler esse livro mas confesso que não espero mto do enredo, li mtos comentários que me desanimaram um pouquinho...Mas espero que qdo eu conseguir ler a leitura me agrade de alguma forma.
    Bjs!

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  3. Ju!
    O título é intrigante.
    Gosto muito de livros nesse estilo em que temos de repensar algumas coisas em nossa vida e de nos auto descobrimos, mesmo que seja uma fantasia.
    Bom ver que um autor nacional traz essa reflexão e que bom que a mensagem foi bem trabalhada.
    Gostaria de ler.
    “O prazer dos grandes homens consiste em poder tornar os outros felizes..” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA JULHO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  4. Como fã da literatura nacional, fiquei maluca por este livro quando ele foi lançado.Título, capa, sinopse, tudo pareciam se encaixar com perfeição.
    Vou ser bem sincera, esta é a primeira resenha não tão positiva que leio desta obra e mesmo até concordando que o lance da fantasia pode colocar o enredo um pouco mais arrastado,minha vontade ler a obra é imensa!
    Gosto destes livros que fazem o leitor se colocar nos papéis e com isso, refletir sobre suas ações!
    Lerei!
    Beijo

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  5. Tenho curiosidade em ler esse livro e saber como esses personagens vão se conectar. A leitura parece que mexe com a gente e nos leva a ficar pensando nos momentos que se passaram em nossas vidas e em como poderia ter sido se tivéssemos feito outras escolhas.

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  6. Eu julguei livro pela capa, confesso.
    Mas depois que vi a premissa fiquei super encantada, achei a ideia bem diferente com todos esses quases.
    Acho que parece uma leitura bem reflexiva, que nos desperta várias emoções.

    beijinhos
    She is a Bookaholic

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  7. Olá Ju! Já estava bastante interessada em ler esse livro só pela sinopse, e agora depois de ver essa resenha fiquei ainda mais curiosa em conferi essa história, achei a trama bem interessante.
    Bjs

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  8. Oi, Ju
    A capa deve livro é linda.
    Li várias resenhas sobre o livro com comentários positivos e negativos não sabia que o autor tinha ganhado esse prêmio e por esse motivo lançado o livro.
    Tenho muita curiosidade para ler e entender porque eles juntos se completam.
    Beijos

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  9. Me apaixonei primeiramente pela capa, haha. Gostei bastante de como o autor montou a história, é algo diferente e embora provavelmente irá parecer confuso para mim acompanhar as oscilações de narrativa, pretendo lê-lo.

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